domingo, 14 de outubro de 2012

Igrejas cristãs na Alemanha não abrem mão do imposto


Mesmo perdendo seguidores e dinheiro nos últimos anos, arcebispo reafirma a impossibilidade de deixar de pagar contribuição


Fidelidade a toda prova. A Igreja Reinoldi, na cidade de Dortmund: no país, Estado se encarrega da cobrança do dízimo, que é repassado às instituições Foto: Reuters/30-9-2005
Fidelidade a toda prova. A Igreja Reinoldi, na cidade de Dortmund: no país, Estado se encarrega da cobrança do dízimo, que é repassado às instituiçõesREUTERS/30-9-2005
BERLIM - A Igreja Católica alemã decidiu manter uma linha dura com os excomungados, pessoas que se desligam da instituição com o objetivo profano de economizar os 9% do imposto destinado às igrejas, que são cobrados dos católicos e protestantes do país junto com o Imposto de Renda.
Nos últimos dez anos, houve uma enorme evasão, sobretudo do catolicismo, que perdeu mais de 2 milhões de fiéis, causando uma redução no orçamento da instituição. Quem se desliga da Igreja oficialmente para não ter que pagar a taxação religiosa junto com o Imposto de Renda, passa a ser excluído dos sacramentos, do batismo dos filhos até à extrema-unção para os moribundos. Em uma reunião da Conferência dos Bispos da Alemanha, realizada na cidade de Fulda, o arcebispo Robert Zollitsch divulgou um documento, chamado “Decreto Geral da Conferência dos Bispos sobre o Desligamento da Igreja”, que reafirma a impossibilidade de deixar de contribuir com a Igreja e, ao mesmo tempo, continuar seu membro.
— Nós queremos mostrar como a evasão dos fiéis é dolorosa para nós, e como nós levamos o assunto a sério — disse Zollitsch.
Para reunir o rebanho
A novidade, informou o arcebispo, é que a Igreja Católica vai procurar conversar com os fiéis que decidirem abandoná-la, tentar convencê-los a mudar de ideia, mas manter firme a decisão de excluí-los dos sacramentos caso não voltem atrás no propósito de deixar de contribuir com o imposto. Sigrid Grabmeier, do movimento “Wir sind Kirche” (Nós somos a Igreja), criticou a falta de tolerância da conferência dos bispos:
— A porta da Igreja deve continuar aberta para os fiéis, eles pagando imposto ou não.
Como não há separação entre Igreja e Estado na Alemanha, a própria Receita Federal encarrega-se da cobrança do dízimo, que é transferido para uma das duas grandes Igrejas cristãs no país, católica ou luterana, da qual o contribuinte faz parte. Quem quer deixar de pagar esse imposto precisa apresentar um documento que confirme o seu desligamento da Igreja junto com a declaração do imposto de renda, decisão que vem sendo tomada também por um número cada vez maior de protestantes.
Muitos alemães poupam o imposto da Igreja mas, mesmo assim, vão aos templos cristãos no Natal e na Páscoa, por exemplo. Na missa católica, ao distribuir a comunhão, o padre não sabe quem pagou o imposto. Por isso, as igrejas ficam lotadas nessas datas. O problema começa quando alguém precisa de um sacramento que exige identificação, como o casamento ou o batismo.
APOIO DO VATICANO
A linha dura da Igreja é motivo de muitas críticas. Dezenas de pessoas já tentaram, sem sucesso, levar o assunto polêmico ao Supremo Tribunal Federal alemão. Um dos mais célebres casos recentes é o de Harmut Zapp, especialista em direito eclesiástico que entrou com uma ação em 2007 pelo direito de continuar membro da Igreja Católica mesmo sem pagar imposto. Perdeu.
A própria Congregação da Fé do Vaticano reconheceu o decreto geral dos bispos alemães como direito da Igreja, e a lei tornou-se parte do “código penal” da instituição.
Atualmente, 24,4 milhões de alemães se dizem católicos. Há 12 anos, esse número era de 26,8 milhões de pessoas que contribuíam com seu imposto para a prosperidade da Igreja Católica. Mesmo tendo perdido 180 mil fiéis em 2011, a instituição recebeu € 5 bilhões. Não se sabe se por preocupação com a arrecadação, em seu último encontro, os bispos alemães decidiram liberar o direito de comungar para divorciados que se casaram de novo.

Imigrante ilegal com benefícios do Brasil


Série de reportagens que O GLOBO inicia hoje, busca debater questões que vão da imigração ilegal ao excesso de consumo, dos novos problemas de saúde ao número maior de idosos, da geração dos hiperconectados à nova diplomacia



Sonho de vida. Imigrante boliviana amamenta seu filho no camelódromo próximo à rodoviária de Cáceres, no Mato Grosso. Os benefícios concedidos pelo governo brasileiro atraem quem enfrenta a miséria cotidiana em seu país de origem
Foto: André Coelho/Agência O Globo
Sonho de vida. Imigrante boliviana amamenta seu filho no camelódromo próximo à rodoviária de Cáceres, no Mato Grosso. Os benefícios concedidos pelo governo brasileiro atraem quem enfrenta a miséria cotidiana em seu país de origemANDRÉ COELHO/AGÊNCIA O GLOBO
Os avanços do Brasil nos últimos anos fazem o país viver situação peculiar: embora milhões persistam na pobreza, aumentou o número de brasileiros no topo da pirâmide, o que significa enfrentar também desafios de nações desenvolvidas. A série de reportagens “País emergente, problemas de rico”, que O GLOBO inicia hoje, busca debater questões que vão da imigração ilegal ao excesso de consumo, dos novos problemas de saúde ao número maior de idosos, da geração dos hiperconectados à nova diplomacia.
San Juan de Corralito é um daqueles lugares esquecidos pela civilização. Uma fileira de barracos feitos de tábuas desiguais margeia o rio que separa Brasil e Bolívia. Nas vendinhas, produtos básicos são comercializados ao som de Michel Teló nos alto-falantes. No paupérrimo povoado boliviano, o número de “brasileiros” vem crescendo. As bolivianas grávidas cruzam os limites do país para dar à luz na cidade de Cáceres, no Mato Grosso, de forma a garantirem aos seus bebês uma cidadania com mais direitos. E não é só isso. A fim de driblar uma vida miserável, os bolivianos adultos obtêm a nacionalidade brasileira por meio de uma certidão de nascimento tardia. Com isso, eles conseguem receber o Bolsa Família e até a aposentadoria pelo INSS, no Brasil, apesar de continuarem a viver na pátria de origem.
— Você não veio do Brasil para me deixar mal com meus vizinhos, né?! — afirma um morador da vila boliviana, que não quis ser identificado, mas que confirma a história. — Tem muita gente que nasceu aqui, mas conseguiu o documento brasileiro e recebe uma aposentadoria.
Esse boliviano não acha certo fazer isso, mas entende quem usa esse recurso para melhorar de vida, porque a assistência do governo de seu país é precária. O “Bolsa Família” boliviano, pago para aqueles que mantêm o filho caçula na escola, é de apenas R$ 70 por ano. Ele, que é pai, viu os filhos mais velhos fazerem as malas e partirem para o Brasil. E assiste aos mais novos traçarem os mesmos planos.
A cem quilômetros da fronteira com a Bolívia, o cartório da cidade de Cáceres recebe cerca de três pedidos por mês dessas certidões de nascimento tardias. Segundo Juliano Alves Machado, oficial de registro civil do município, frequentemente os bolivianos requerem o documento. Quando há evidências de que o pedido foi feito por um estrangeiro, o processo é encaminhado à Justiça.
ATÉ 500 mil ilegais
Apenas três processos foram julgados improcedentes neste ano. Um deles datava de 1994. Nele, a pessoa que se dizia brasileira nem sabia falar português. Fontes dos dois lados da fronteira confirmam que vem crescendo o número de bolivianos que vão até Cáceres para conseguir o documento. E eles voltam todo os meses para sacar os benefícios do governo brasileiro.
— Nós já sabemos disso — afirmou ao GLOBO o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, com relação ao pagamento de aposentadoria e outros benefícios para estrangeiros que vivem fora do Brasil.
Protagonista do crescimento econômico na América do Sul e com um mercado de trabalho ainda aquecido, o Brasil nunca atraiu tantos imigrantes. Já há 1,54 milhão de estrangeiros vivendo legalmente no país. Com relação aos ilegais, não há registros precisos, mas as estimativas chegam a 500 mil. O governo é mais conservador e prefere adotar as projeções feitas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), de 150 mil ilegais.
As crianças bolivianas cruzam a fronteira todos os dias para estudar na escola do Exército Brasileiro. Não há restrições para estrangeiros frequentarem escolas públicas aqui. O taxista Benedito da Silva assiste ao vaivém das crianças enquanto espera passageiros do lado brasileiro da fronteira, no povoado de Corixa. Ganha R$ 150 por viagem até Cáceres. Ele leva bolivianos que querem comprar comida e volta com sacoleiros em busca das quinquilharias do outro lado.
— Quando o dólar está bom, faço três viagens por dia.
Em Cáceres, a bioquímica boliviana Zulma Chuque trabalha como camelô. Vende sapatos da Bolívia, mas sonha em trabalhar em um laboratório e diz que já deu entrada nos papéis para obter o reconhecimento de seu diploma. Quando ouve a pergunta sobre sua situação como imigrante, interrompe a entrevista e diz que não quer ser fotografada.

 

A raiz do mensalão, por Merval Pereira



Merval Pereira, O Globo
Pode até ser que o mensalão não impeça o PT de vencer a eleição para a prefeitura de São Paulo, como indicam as primeiras pesquisas, mas me parece inegável que o partido sofrerá a médio prazo os efeitos de seu desprezo pelas regras éticas na política.
O PT nasceu defendendo justamente um novo modo de fazer política e foi assim que chegou ao poder, mesmo que no período anterior à eleição de 2002 já estivesse envolvido em diversas situações nebulosas nas prefeituras que vinha governando.
Os assassinatos de Celso Daniel, prefeito de Santo André, e Toninho do PT, prefeito Campinas, são dois exemplos da gravidade dos problemas que envolviam o PT já antes de chegar ao poder central do país, com irregularidades em serviços como coleta de lixo e distribuição de propinas para financiamento de eleições.
Quando o escândalo do mensalão eclodiu, em 2005, dois dos fundadores do PT, o cientista político César Benjamin e o economista Paulo de Tarso Venceslau, revelaram os bastidores da luta de poder dentro do partido nos anos 90 do século passado, ocasião que eles identificam como o “ovo da serpente” no qual teria sido gestado esse projeto de poder que acabou desaguando nas práticas de corrupção.
Coordenador da campanha de Lula a presidente em 1989, Benjamin garantiu que “o que está aparecendo agora é uma prática sistêmica que tem pelo menos 15 anos no âmbito do PT, da CUT e da esquerda em geral. Nesse ponto, a responsabilidade do presidente Lula e do ex-ministro José Dirceu é enorme”.
O episódio do mensalão seria o desdobramento de uma série de práticas que começaram na gestão do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) no fim dos anos 90, quando Delúbio Soares foi nomeado representante da CUT na gestão do fundo.
Esse tipo de prática, segundo César Benjamin, deu “ao grupo do Lula” uma arma nova na luta interna da esquerda. O esquema de Marcos Valério foi apenas um upgrade na prática de desvio de verbas públicas para financiar campanhas eleitorais.
“Esse esquema pessoal do Lula começou a gerenciar quantidades crescentes de recursos, e isso foi um fator decisivo para que o grupo político do Lula pudesse obter a hegemonia dentro do PT e da CUT”, disse Benjamin.
Paulo de Tarso Venceslau, companheiro de exílio do ex-ministro José Dirceu, foi expulso no começo de 1998 depois de denunciar um esquema de arrecadação de dinheiro junto a prefeituras do PT organizado pelo advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula, na casa de quem morou durante anos.
Um relatório de investigação interna do PT, assinado por Hélio Bicudo, José Eduardo Cardozo, hoje ministro da Justiça do governo Dilma, e Paul Singer, concluiu pela culpa de Teixeira, mas quem acabou expulso do partido foi Venceslau. Ele identifica esse episódio como o momento em que “Lula se consolida como caudilho, e o partido se ajoelha diante dele”.

Para ele, “um caudilho com esse poder, um partido de joelhos e um executor como o Zé Dirceu só podiam levar a isso que estamos vendo hoje", garantiu Venceslau.
Segundo ele, na entrevista daquela ocasião, “evidentemente que Lula não operava, assim como não está operando hoje, mas como ele sabia naquela época, ele sabe hoje, sempre soube”.
A reação do PT ao julgamento do mensalão tem obedecido a uma oscilação que depende dos interesses políticos do partido. Da reação inicial de depressão e pedido de desculpas à afirmação de que o mensalão não passava de caixa dois eleitoral, o então presidente recuperou forças para se reeleger.
A partir daí, o mensalão passou a ser “uma farsa”. Agora, que o esquema foi todo revelado à opinião pública, o PT diz que o julgamento é golpe dos setores reacionários contra um governo popular.
O que importa é vencer a eleição em São Paulo, comandada por José Dirceu, como sempre comandou. O mensalão não terá a menor influência no eleitorado, diz o imediatista Lula, que pensa na próxima eleição sem pensar na próxima geração.
Os ensinamentos que o episódio poderia proporcionar ao partido, permitindo que recuperasse o rumo que, pelo menos em teoria, era o seu ao ser fundado, vai sendo engolido pelo pragmatismo que levou o PT aonde está hoje: no poder, mas em marcha batida para se transformar em mais uma legenda vulgarizada pela banalização da política.

Lugar dos corruptos é na cadeia — nos Estados Unidos. Lá, condenam-se em média 1.000 por ano só nas cortes federais



ALVO CERTO -- Cela para quatro, em Englewood, no Colorado: condições próprias para corruptos e poderosos em geral  (Foto: AP)
ALVO CERTO -- Cela para quatro presidiários, em Englewood, no Colorado, EUA: condições próprias para corruptos e poderosos em geral (Foto: AP)
Reportagem de André Petry, de Nova York, publicada em edição impressa de VEJA

LUGAR DOS CORRUPTOS
As prisões americanas estão cada vez piores, mas ainda há muitas que tratam os presos com dignidade – políticos corruptos e poderosos em geral costumam ir para as melhores. Há lógica nisso
Condenado a catorze anos de prisão por transformar sua gestão num paiol de corrupção, o ex-governador de Illinois Rod Blagojevich virou o prisioneiro número 40.892.424 na prisão de sua preferência. Ele pediu para cumprir a pena no Complexo Penitenciário de Englewood, que fica perto de Denver, no Estado do Colorado.
No conjunto de Englewood, há um centro administrativo e duas prisões, uma de baixa segurança e outra de segurança mínima, só para homens. Uma vez que não tem presos violentos nem com alto risco de fuga, Englewood oferece mimos como mesas de sinuca, pingue-pongue e pebolim. Como se vê na fotografia acima, as celas têm espaço razoável, janelas de bom tamanho e iluminação direta. Não são um paraíso, mas também não são o inferno.
Onde o ex-presidente da ex-gigante de energia Enron cumpre seus 24 anos de cadeia
Nos Estados Unidos, o preso tem direito a pedir para cumprir a pena em determinada penitenciária. O juiz pode aceitar o pedido, mas a palavra final é do Federal Bureau of Prisons, órgão que administra o sistema penitenciário federal. Em sua decisão, o FBP leva em conta se o grau de periculosidade do condenado combina com o nível de segurança da prisão.
Blagojevich escolheu Englewood porque é uma prisão razoável. É lá que Jeffrey Skilling, o ex-presidente da Enron, ex-gigante do setor de energia, está cumprindo sua pena de 24 anos. Skilling foi condenado por sua participação no enorme escândalo contábil que acabou levando a Enron à falência, em 2001.
Não existe prisão feliz, mas existem prisões que punem com a perda da liberdade, como deve ser, e não com a perda da dignidade humana.
ENDEREÇO CERTO - Blagojevich (à esq.) e Skilling (à dir.), hóspedes de Englewood: criminosos do mundo político e empresarial (Foto: Seth Pelman / AP :: Johnny Hanson / Getty Images)
ENDEREÇO CERTO - Blagojevich (à esq.) e Skilling (à dir.), hóspedes de Englewood: criminosos do mundo político e empresarial (Foto: Seth Pelman / AP :: Johnny Hanson / Getty Images)
Nos Estados Unidos, a crise que estourou em 2008 chegou às prisões, que estão cada vez mais superlotadas e com menos dinheiro. Na Califórnia, o custo das penitenciárias pressiona os gastos com as escolas e o sistema universitário.
Para aliviar o peso orçamentário das prisões estaduais, o governo criou um programa para que mais criminosos cumpram pena nas cadeias municipais. Há casos de cidades que estão cobrando dos presos pelos gastos com comida, roupa e saúde. Os pobres não pagam nada. Mas, apesar das dificuldades, o sistema americano ainda é um luxo à luz do brasileiro.
Há uma lógica pragmática em manter prisões decentes. Com elas, torna-se socialmente mais aceitável colocar réus não violentos atrás das grades. Os criminosos do colarinho-branco, em geral, são pacíficos. Não andam com metralhadoras russas, não integram gangues sanguinárias, não executam inocentes.
Fica mais fácil enjaular corruptos
Até os juízes ficam constrangidos ao sentenciar um réu pacífico a viver no meio de uma massa violenta e perigosa. Eis a lógica pragmática: prisões decentes não atendem só ao requisito básico de respeito à dignidade humana, mas também tornam mais fácil enjaular corruptos, famosos e poderosos em geral, pois lhes subtraem a legitimidade da alegação da punição excessiva.
Nos Estados Unidos, 1.000 americanos em média são condenados por corrupção a cada ano nas cortes federais. No Brasil, contam-se nos dedos. Um levantamento feito por seis estudiosos da Universidade de Illinois mostra que Chicago é a cidade com mais corruptos – ou que mais prende corruptos. De 1976 até 2010, foram mais de 1.500 condenados.
A segunda cidade é Los Angeles, com quase 1.300 presos, seguida de Nova York, com 1.200. A capital, Washington, é apenas a quarta na lista, com 1.000 corruptos presos em 34 anos. São todos criminosos não violentos.
fila-condenados
Os Estados Unidos têm o problema oposto ao do Brasil: prendem demais. Os americanos correspondem a cerca de 5% da população mundial, mas respondem por quase 25% dos presos do planeta. A cultura da prisão é tão disseminada que existem até guias das melhores prisões federais, com edição bianual.
A última versão de um desses guias, editada por um escritório de advocacia que defende criminosos do colarinho-branco, descreve as 114 prisões federais. É uma leitura útil até para amigos e familiares dos presos, pois traz dicas sobre hotéis e pousadas nas imediações de cada penitenciária.
Englewood, onde cumprem pena o ex-governador e o ex-presidente da Enron, está entre as melhores do país de acordo com a cotação do guia.
“Eles acham que nunca serão pegos”. Mas, nos EUA, são
Mesmo sem a chaga da impunidade, os EUA não baixam a guarda na vigilância contra ladrões do dinheiro público. “Na corrupção, políticos e funcionários públicos acham que nunca serão pegos”, diz o professor Dick Simpson, um dos autores do estudo da Universidade de Illinois.
O número de corruptos condenados oscila ano após ano, mas sempre tem efeito pedagógico. Em Nova York, estado com alto índice de condenações, o número de corruptos presos variou de setenta a oitenta por ano entre 2001 e 2005. De lá para cá, a média caiu para menos de cinquenta condenados por ano.
Se a polícia e a Justiça mantêm o mesmo rigor, é sinal de que a corrupção pode ter diminuído. Em parte, porque as prisões também são próprias para corruptos.

Os com-moral, por Mary Zaidan



Derrotado no primeiro turno por Paulo Maluf, por 32,2% contra 22,9%, e com apenas 70 mil votos de frente sobre a terceira colocada Marta Suplicy, em 1998, Mario Covas virou o jogo e se reelegeu a partir de um mote único: moral.
Conseguiu em pouco mais de 20 dias mostrar que os fins não justificam os meios, que o “rouba, mas faz” não é bordão para eleitor algum se orgulhar. Dividiu a eleição em os com e os sem-moral.
A vitória de Covas desmente com fatos – algo que petistas não gostam muito – a declaração do ministro Gilberto Carvalho de que nunca se deu bem quem aposta no uso de temas morais.
Há 14 anos os tempos eram outros. Ainda que a contragosto de José Dirceu – que convocara a militância para derrotar Covas “nas urnas e nas ruas” – o governador recebeu o apoio de Marta e do PT, em nome de manter São Paulo longe da roubalheira.
Hoje, o PT de Lula posa sorridente nos jardins da mansão de Maluf para receber o apoio de quem Marta taxou como nefasto. Alia-se ao que há de mais retrógado na política - sarneys, collors e renans -, e ainda tem o desplante de colocar o conservadorismo na conta dos adversários.
Chama a Suprema Corte do país de tribunal de exceção. Oito dos 10 ministros do STF foram indicados por Lula e Dilma. E, certamente, o PT considera ingratidão que seis deles tenham acatado a denúncia de Roberto Gurgel, procurador-geral também nomeado por Lula e reconduzido por Dilma.
Pior. O PT reedita, de um jeito moderninho e com ares de nobreza, o jargão eternizado para Adhemar de Barros e plagiado para Maluf.
“A população tem sabedoria para entender que o que vale é a prática de um projeto que está mudando o Brasil”, disse Carvalho ao explicar por que “não é inteligente” usar o mensalão na campanha eleitoral.
Expõe, sem constrangimento, o raciocínio que norteou a voracidade com que o partido abocanhou o Estado. Os crimes não têm a menor importância. Foram cometidos em nome de um projeto, em nome do que o PT considera ser melhor para o povo.
Imoral? E daí?
Safo, o ministro não quer é ver campanhas a mostrar os responsáveis por corrupção, peculato, uso de dinheiro público para comprar parlamentares, desrespeitando o eleitor.
Assim como já vem fazendo ao demonizar as transmissões ao vivo do julgamento, ao desacatar o STF e culpar a imprensa pelas condenações de seus ícones, o PT fará de tudo para o eleitor ignorar a gravidade dos atos de seu governo. Quer manter o tema distante do povo.
Apostam na ignorância. Um trunfo que deixaria qualquer um envergonhado. Mas nunca o PT, que já mostrou que faz qualquer coisa para vencer. Como diz Carvalho, vale tudo.


Mary Zaidan é jornalista, trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa, @maryzaidan

A FGV sabe perguntar, mas não soube responder, por Elio Gaspari



Elio Gaspari, O Globo
Há parafusos soltos na máquina da Fundação Getulio Vargas. Em novembro de 2009, ela assinou com o Ministério das Comunicações um contrato para prestar serviços à Conferência Nacional de Imprensa, a Confecom, aquela que debateu a “criação de instrumentos de controle público e social” da imprensa. Coisa de R$ 2,7 milhões.
Os 1.600 delegados do conclave reuniram-se em Brasília em dezembro, foram saudados por Lula, aprovaram 633 sugestões e consumiram R$ 8 milhões da Viúva.
Mal a reunião terminou, o vice-presidente da Associação Brasileira de Radiodifusores, Walter Ceneviva, disse que o desempenho da FGV comprometera a conferência com “uma quantidade de erros descomunal”.
Passaram-se quase três anos, e veio a encrenca. A repórter Andreza Matais informou que a Controladoria Geral da União quer saber o que a entidade fez com uma parte do dinheiro que recebeu. A saber:
• Cobrou R$ 438 mil para monitorar as conferências estaduais, mas 15 delas já haviam terminado quando o contrato foi assinado, duas estavam em curso, e nove aconteceram no dia seguinte.
• Recebeu R$ 390 mil para entregar um caderno com as propostas que seriam discutidas na reunião, e, segundo a CGU, ele só foi entregue quatro meses depois.
• Outros R$ 486 mil foram pagos para transmissões dos encontros em tempo real, o que não aconteceu.
Numa conferência inventada por Nosso Guia para discutir o comportamento da imprensa, nada melhor do que perguntar à FGV o que houve. Foi o que Matais fez. Recebeu a seguinte resposta, assinada pela assessoria de imprensa institucional da entidade, a Insight:
“A Fundação Getulio Vargas comunica que já prestou todos os esclarecimentos necessários ao Ministério das Comunicações em relação aos serviços prestados à Conferência Nacional de Comunicação, não cabendo, portanto, pronunciar-se sobre o assunto.”
Para uma notável instituição acadêmica que vive de fazer perguntas, fica mal o estilo “não é da sua conta”. Duas tentativas posteriores resultaram em parolagens insuficientes. Numa terceira, a FGV informou que monitorou todas as conferências estaduais, mesmo antes da assinatura do contrato, e sistematizou as propostas no devido tempo.
A transmissão nacional não teria ocorrido porque a Confecom mudou de ideia.
Portanto, a bola volta para a CGU. Tomara que ela continue no jogo, de forma pública.
A FGV meteu-se com a Confecom porque quis. Sua maior contribuição à busca da “criação de instrumentos de controle público e social” da imprensa foi a prática do mais primitivo dos mecanismos: a blindagem.
Há empresas que se blindam e há depoentes de CPIs que ficam em silêncio. É o jogo jogado, pois têm motivos para agir assim. A FGV vive do prestígio que acumulou em 68 anos de trabalho. Malbaratá-lo é maluquice.

CRÔNICA Cartas de Toronto: Bullying não é novidade, mas cyber bullying é



Sim, assim como qualquer adolescente no mundo, eu fui perseguida na escola. Fui bullied por ser magra demais, mas também impliquei com a aparência dos outros e passei tardes no telefone falando mal da fulana de tal. Vi meninos populares empurrando os nerds, vi meninos tidos como CDFs escondendo a raiva enquanto um menino marrento fazia chacota dele perto das meninas.
Bullying não é novidade, mas eu nunca compararia a realidade analógica da minha adolescência ao mundo híper-conectado de 2012. No meu tempo, professores interferiram mais e se a perseguição chegasse ao extremo, mudar de escola e se reinventar era uma possibilidade real.
A adolescente de 16 anos, Amanda Todd, passou por várias escolas antes de publicar o seu vídeo no YouTube. Hoje, visto por mais de 1.6 milhão de pessoas, o vídeo narra a trajetória de uma menina que por quatro anos conviveu com atentados via internet e na escola. Após anos de autoflagelação, tentativas de suicídio e tratamento com antidepressivos, Amanda se enforcou em sua casa em Port Coquitlam, na província de British Columbia.


A história de Amanda começou numa sala de bate-papo com vídeo. Como descreveu em seu vídeo, ela e alguns amigos costumavam usar a webcam para “fazer novos amigos.” Durante uma conversa com um grupo de desconhecidos, depois de receber inúmeros elogios de estranhos, a jovem Amanda de 12 anos mostrou os seios para a câmera pensando que a conversa terminaria naquela sala de bate-papo.
Dias depois, Amanda recebeu um email via Facebook no qual uma pessoa não-identificada ameaçava divulgar fotos dela semi-nua na internet caso ela não topasse fazer um show privativo. Amanda ignorou a mensagem, mas seu perseguidor cumpriu a promessa.
E durante as férias de Natal sua família foi acordada às quatro da manhã pela polícia que investigava o vazamento das fotos de Amanda na internet. Segundo Amanda, obully sabia todos os detalhes de sua vida, do nome dos pais a onde ela morava.
A canadense Amanda Todd não é a primeira vítima do cyber bullying e, infelizmente, não será a última. No entanto, a sua morte reabriu uma discussão necessária sobre o quanto o assédio moral promovido por anônimos e conhecidos na internet deve ser tratado por pais, educadores e pelo sistema criminal canadense.
A polícia canadense investiga o caso e, dada a repercussão pública, também monitora as mídias sociais em busca de pistas.
Enquanto isso, todos tentam entender como a vida de Amanda poderia ser poupada...
E no Brasil, como educadores e responsáveis monitoram a atividade online e protegem seus filhos do cyber bullying?

Veronica Heringer é bacharel em Jornalismo pela PUC-Rio, mestre em Media Production pela Ryerson University e estrategista em marketing digital. Bloga noMadame Heringer.com e escreve para o Blog do Noblat aos domingos.

Pat Metheny Trio interpreta 'James'




Mensalão, política e eleição, por Gaudêncio Torquato



A dúvida continua na ordem do dia: o mensalão influenciou as campanhas do primeiro turno e, agora, com a condenação do núcleo político, do qual faz parte o ex-ministro José Dirceu, terá efeitos sobre os candidatos petistas que abrem trincheiras na guerra do segundo turno?
Não tem sido fácil convencer integrantes das alas sobre as hipóteses que cercam a questão, seja a que enxerga danos seja a que os nega.
Cada partido defende a abordagem mais adequada aos seus interesses. A ideia de que valores éticos e morais – que se pinçam do julgamento da ação penal 470 - balizarão, no calor eleitoral, o voto das massas, parece levar em conta a teoria da agulha hipodérmica, bastante conhecida na área da comunicação, pela qual a injeção de medicamentos sob a pele, implica melhoria imediata da saúde da pessoa inoculada.
Já o argumento que despreza consequências nefastas do julgamento sobre o segundo turno, estribado na hipótese de que o eleitor associa o voto às suas necessidades imediatas, também deixa margem a questionamentos, podendo ser meia verdade.
Ora, para eleitores de segmentos médios, o mensalão corrobora posições previamente assumidas por eles. Tal fato, por si só, constitui grande conquista, na medida em que a semente ética se espalhará a partir dos canteiros localizados no meio da sociedade.
Portanto, nem lá nem cá. A conexão entre mensalão e voto sugere uma abordagem menos pontual e mais global.
Ou, para usar o enfoque fenomênico que o sociólogo Joseph Klapper contrapôs à teoria da agulha hipodérmica, um conjunto de fatores contribui para influenciar o processo de persuasão das massas, como demandas comunitárias, cultura política dos segmentos, condições eleitorais, qualidades dos atores políticos e circunstâncias espaciais e temporais.
Errado é imaginar que eleitores se influenciam por estímulos isolados. Não se trata de entes passivos, submissos exclusivamente ao império dos contendores.
Massas passivas e obedientes ao toque de recolher dos pastores eleitorais, lembrando a imagem de Norberto Bobbio sobre as ovelhas que acorrem aos currais para comer o pasto (cidadãos passivos), dão vez a comunidades ativas, conscientes e desejosas de imprimir seu tom à orquestração eleitoral.
Sob essa leitura, abre-se um vasto leque de alternativas, cada qual com arcabouço próprio.
Primeiro, é oportuno distinguir os níveis de percepção dos fenômenos políticos pelos estratos sociais.
As classes médias, que detêm maior conhecimento sobre política, abrigam os formadores de opinião que agem na vanguarda da defesa dos bastiões morais. Eventos, como o mensalão, que embutem uma pauta de valores cívicos abrem a tuba de ressonância tocada pela orquestra do meio da sociedade.
O mensalão deflagra sobre esse ajuntamento dois fenômenos. Um, interno, se volta para a corroboração do ideário e confirmação dos posicionamentos político- eleitorais assumidos por estes segmentos ao longo da trajetória. Ou seja, reforça a preferência no candidato escolhido.
O outro, externo, se projeta na formação dos círculos concêntricos, cuja função é irradiar pensamentos que se espraiam até as margens da sociedade. Essas ondas se movimentam em processo contínuo e em fluxos mais fortes ou mais fracos, na esteira das características de cada campanha.
Donde se puxa o cordão de mais uma hipótese: eventos de alta visibilidade e denso acervo litigioso exercem influência na política.
Atente-se, porém, para a observação de que isso não implica, necessariamente, impacto imediato na frente eleitoral. Uma coisa é semear a cultura ambiental com valores éticos e, dessa forma, elevar as aspirações da sociedade, outra é imaginar que, da noite para o dia, viceje a Árvore Moral.
Os frutos valorativos do mensalão, pois, demorarão a brotar. O edifício da Cidadania é uma obra que se constrói, tijolo por tijolo, ao longo de gerações.
Vejamos, agora, mais uma abordagem.
Contingentes que habitam os espaços das margens são muito sensíveis aos remédios (e soluções) que trazem melhoria às suas condições de vida. Bens e produtos materiais, de pronto uso, são mais bem-vindos que valores espirituais, por mais nobres que estes sejam.
Não é o caso de desesperança. A planilha valorativa que se extrai do julgamento do mensalão baterá às portas da representação política, cutucando mentes e plasmando um conjunto de ações reformistas que acabarão moldando os vãos dos costumes e os desvãos da corrupção.
Quanto aos habitantes da base da pirâmide, vale lembrar que sua preferência pela micropolítica não significa desprezo por princípios doutrinários.
Mais uma vez, não são entes inermes. Embalam-se, também, no cobertor cívico, que sai da Corte Suprema e corre pela sociedade. Percebem que a lei é para todos. Os grandes também vão para a cadeia.
Quanto aos escândalos que batem em seus ouvidos, tendem a decodificá-los como práticas de todos os políticos. (Reforçando a percepção, o próximo capitulo do mensalão deverá abrigar o caso de políticos mineiros).
Igual por igual, sem distinção de perfis, o eleitor das margens acaba escolhendo o que lhe é mais próximo. O candidato que mais se encaixa na cachola.
Postas as coisas em seus devidos compartimentos, chega-se a uma resposta satisfatória para a indagação que abre este texto: o mensalão influencia a política ao compor a moldura de valores que inspiram a mudança de padrões políticos; reforça o ideário de setores médios, animando-os a entoar hinos cívicos; mas não induz as massas eleitorais a substituírem figurantes, situação que ocorre só esporadicamente ou dentro da massa de indecisos.
Ganhar o voto do eleitor, induzi-lo a mudar de posição, enfeitar os bolos eleitorais com confeitos coloridos, criar versões para as histórias e mistificar fazem parte da engenharia das campanhas.
Muito cuidado, porém: quando a embalagem é exageradamente maior que o produto, o consumidor percebe.

Gaudêncio Torquatojornalista, professor titular da USP é consultor político e de comunicação. Twitter: @gaudtorquato

HUGO CHÁVEZ GANHOU OUTRA VEZ, DE NOVO (1)



Giulio Sanmartini
O poríssima louca venezuelano Hugo Cháves, pela quarta vez consecutiva elegeu-se presidente de seu país. Criou um tipo de ditadura maquiada de democracia e pretensiosamente    diz-se a reencarnação de Simão Bolívar.
Mas entre os dois há uma grande diferença, o primeiro é um bufão de pantomima circense enquanto o último foi uma homem instruído, culto, liberal e cativante.
Sempre cito um exemplo da presença de espírito de Bolívar, contada por Gabriel Garcia Marques no livro “El general en su laberinto” (O general no seu labirinto – 1990).
Estava Bolívar numa festa quando foi apresentado a uma lindíssima mulher, que falava francês, então deu-se o seguinte diálogo:
- Que belo o francês com quem a senhora está me brindando. – disse o mulherengo Simão.
- É que eu nasci e me criei em Fort-de-France, na Martinica.
- Ah! Terra de Josefina Bonaparte – continuou ele.
- General, pela sua fama, eu esperava algo mais desse detalhe, que é o que dizem todos sobre minha terra.
Bolívar não se apertou e começou a descrever detalhadamente a casa onde nascera Josefina e ainda discorreu com propriedade sobre os lugares românticos da ilha.
A bela dama, mostrando agradável surpresa disse:
- Perdoe-me general, mas não sabia que o senhor conhecia Martinica.
- Nunca estive na Martinica – começou Bolívar com um sorriso conquistador – mas tinha a certeza que um dia conheceria a mais bela mulher do mundo nascida nessa ilha, portanto passeia vida inteira estudando sobre o local até que o fato se concretiza-se, como está acontecendo agora.
Bem, voltando ao canhestro Chávez.
Sua popularidade contrasta com a rejeição pela classe média, afetada pelas restrições econômicas impostas em nome de sua revolução e pelas políticas de desapropriação de empresas privadas.
Seu discurso beligerante tem polarizado a sociedade, ao demonizar seus oponentes e queimar todas as pontes de entendimento com a outra metade do país -politicamente, uma estratégia muito rentável, admitem fontes próximas ao governo.
Chávez trata seus homólogos no plano internacional com a mesma intensidade, respeito ou desprezo, chegando a dizer que havia sentido cheiro de “enxofre” na tribuna da Assembleia Geral da ONU, em 2007, depois de ter passado pelo então presidente americano, George W. Bush.
Ele retomou do líder cubano Fidel Castro, seu mentor, as bandeiras contra os Estados Unidos e liderou um grupo de governos regionais de esquerda hostis a Washington. Também teceu parcerias com os governos polêmicos de Irã, Belarus e Líbia.
Mas tem sido pragmático o suficiente para continuar a vender diariamente para os Estados Unidos um milhão de barris de petróleo.
Com seus petrodólares, também estabeleceu iniciativas regionais como o grupo de coordenação política Alternativa Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) e subsidiou o petróleo da Petrocaribe.
Por sorte será difícil que termine seu mandato, acometido pelo câncer que o corrói, caso contrário, podem crer tentaria o 5° mandato.
(1) Fonte: The Passira News
(2) Charge na fotomontagem: Chappatte.

HOCUS&POCUS



Ralph J. Hofmann
Caros Professores Hocus & Pocus
Fui informado que os prisioneiros no Brasil devem executar trabalhos, particularmente trabalhos com os quais tenham certa experiência, talvez afinidade.
O que fazer com este sem número de políticos que deverão ingressar nas celas das penitenciarias brasileiras nas próximas semanas e meses?  Não parece haver espaço profissional para a função de conchavar, desviar fundos, enfiar estiletes no meio das omoplatas de colegas dentro de um presídio.
Atenciosamente
Amicus Panther (*)
Caro Amicus
Muita honra receber uma carta sua.  Freqüentemente comentamos como a época atual no Brasil teria sido especialmente talhada para seus talentos peculiares, sua habilidade de emitir aquela frase precisa que faz aflorar o ridículo de cada situação.
Mas quanto à sua pergunta creio que não haverá problemas em encontrar trabalho adequado para estes indivíduos, ressalvando que este tipo de gente sempre achará uma forma de esfaquear os colegas pelas costas. Como disse o escorpião ao sapo enquanto lhe aplicava a ferroada mortal no meio do rio caudaloso:  “É a minha natureza”.
Quanto ao trabalho propriamente dito, basta criar um bio-digestor em cada presídio gerando gás e adubo para a horta. O bio-digestor seria alimentado pelos apenados. O material ativo seriam as fezes do esgoto cloacal e se necessário seriam importados dejetos de porcos e galinhas de  criações nas imediações. Como os últimos anos comprovaram esta gente tem jeito para mexer na merda.
Passe muito bem Amicus
Hocue & Pocus
(*) Panther ou Panther Onca = Onça Pintada

RECLAMES CENSURADOS (IX)



Marc Albert
Clique na foto para ampliá-la

Casa-galeria resiste ao clima do deserto


Blocos de concreto criam fortaleza no Idaho

25/04/2012 | POR REDAÇÃO

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casa_outpost_deserto_eua (Foto: Tim Bies)
A escultura armada em cimento se mescla à paisagem árida do deserto: é ali, em meio à imensidão do estado de Idaho, no noroeste dos Estados Unidos, que um artista escolheu fazer sua morada e transformá-la em galeria.
Para isso, ele chamou os arquitetos do escritório Olson Kundig, que projetaram a casa Outpost para ser resistente como os cactos. Os materiais estruturais, como os blocos de concreto da fachada e os deques acústicos, são capazes de aguentar as duras variações climáticas do deserto, que vão da neve ao calor, sem precisar de manutenção.
Por trás dos muros grossos e altos, um jardim secreto leva os visitantes até a porta de entrada. Lá dentro, o imóvel de três andares é dividido de acordo com os usos. No térreo, fica o ateliê; no último nível – um mezanino murado por uma estante de livros – está o quarto. A área social da casa está no segundo andar, que é fechada apenas por vidro para facilitar a entrada de luz na cozinha e nas salas de estar e jantar. 
casa_outpost_deserto_eua (Foto: Tim Bies)



casa_outpost_deserto_eua (Foto: Tim Bies)



casa_outpost_deserto_eua (Foto: Tim Bies)



casa_outpost_deserto_eua (Foto: Tim Bies)



casa_outpost_deserto_eua (Foto: Tim Bies)



casa_outpost_deserto_eua (Foto: Tim Bies)



casa_outpost_deserto_eua (Foto: Tim Bies)



casa_outpost_deserto_eua (Foto: Tim Bies)