quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A DESORDEM ECONÔMICA PROVOCADA PELO GOVERNO DA PETISTA DILMA ROUSSEFF

terça-feira, 7 de janeiro de 2014


Tive entre estas segunda e terça-feiras os mais prosáicos exemplos da desordem econômica que se está vivendo no Brasil. "Desordem econômica" é aquele estado em que as pessoas perdem a noção de valor das coisas, bens, etc... Quanto mais simples os bens, produtos, serviços, mais grave a situação de "desordem econômica". Saí a caminha ao entardecer da última segunda-feira e fui até a cafeteria Press Café do Barrashoping, em Porto Alegre. Pedi um cafezinho, um "carioquinha". Preço: R$ 3,75. Saí de novo a caminhar nesta terça-feira e fui até a cafeteria Variettá, do Shopping Praia de Belas. Sentei e pedi um cafezinho, um "carioquinha". Preço: R$ 4,75. Desci e fui a outra cafeteria, da loja Prawer, e pedi um "carioquinha". Preço: R$ 3,50. Algo de muito grave está acontecendo, porque os preços estão descontrolados, absolutamente sem comparação de valor. Não vamos nem falar dos preços dos alimentos processados, das frutas, das verduras, dos legumes, das carnes, tudo absolutamente com preços descontrolados, onde impera uma inflação que é, no mínimo, o dobro da inflação oficial. Isso é o que come renda do assalariado, corrói o valor dos salários, deteriora a vida social.

OS DECAPITADOS DE ROSEANA TAMBÉM SÃO OS DECAPITADOS DO PT. OU: AINDA O SILÊNCIO VERGONHOSO DE MARIA DO ROSÁRIO, JOSÉ EDUARDO CARDOZO E ...... DILMA


Posted: 08 Jan 2014 08:56 AM PST

Os decapitados da governadora Roseana Sarney também são os decapitados do PT, o que explica o silêncio vergonhoso de Maria do Rosário, ministra dos Direitos Humanos, e José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, a quem está subordinado o sistema penitenciário nacional. Pouco destaque se dá ao fato, mas o PT elegeu o vice-governador na chapa encabeçada por Roseana. A composição foi uma imposição de Luiz Inácio Apedeuta da Silva. O petista Washington Luiz era o vice-governador até novembro do ano passado. Renunciou para assumir uma vaga no Tribunal de Contas do Estado. Deu-se bem: arrumou um emprego permanente até os 70 anos…. No Maranhão das decapitações, o PT é poder, o que explica o silêncio dos companheiros, inclusive da companheira Dilma Rousseff. Por muito menos, essa gente já falou pelos cotovelos. Lembremo-nos da gritaria quando se deu a tal desocupação do Pinheirinho, em São Paulo. A Polícia Militar cumpria uma decisão judicial. Os extremistas de esquerda infiltrados entre os moradores incitaram o confronto com a polícia. Um assessor do ministro Gilberto Carvalho estava na turma.

Maria do Rosário falou.
José Eduardo Cardozo falou.
Gilberto Carvalho falou.
Dilma falou — achou a desocupação uma “barbárie”.
Felizmente, ao contrário do que alardearam petistas e afins, não morreu ninguém na operação. Denúncias de maus-tratos e espancamentos vieram a se provar falsas. Em Pedrinhas, no entanto, é tudo verdade. Os petistas não disseram um “a”. Dilma não deve achar aquilo… barbárie! O governo do Maranhão comentou, sim, o vídeo que exibe as decapitações. Por incrível que pareça, numa nota que espanca o bom senso e a língua, preferiu criticar a divulgação das imagens. Numa nota, disparou o seguinte:
“Divulgar esse tipo de gravação é repudiante, pois só corrobora com uma ação no mínimo criminosa, com apelo sensacionalista e que fere todos os preceitos dos direitos humanos e as leis de proteção ao cidadão e à família [dos detentos mortos], que se vê novamente diante de uma exposição brutal”.
Repudiante? O valente que redigiu esse troço pode ter querido dizer “repugnante”. 
O Maranhão desafia a lógica e o bom senso. Há estiagens, sim, no estado — neste ano 81 municípios sofrem com a falta de chuvas. Mas não há a seca propriamente. Não obstante, como demonstrou reportagem da VEJA.com, está em penúltimo lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano. Só ganha de Alagoas. E tem, atenção!, a menor renda per capita do país: apenas R$ 348 reais. Só 4,5% dos 217 municípios do estado contam com rede de esgoto. Segundo o IBGE, 20,8% dos maranhenses são analfabetos.
Por que evocar esses dados num texto que trata da decapitação de detentos? Porque tanto esse show de horrores como os dados sociais do estado remetem a uma mesma questão: a verdadeira tragédia do Maranhão não está na geografia; a verdadeira tragédia do Maranhão não está no clima; a verdadeira tragédia do Maranhão não está na natureza. O mal do Maranhão muda de prenome, mas não muda de sobrenome. Chama-se Sarney. O homem está no poder, no estado, pessoalmente ou por intermédio de prepostos, desde 1966. Só a ditadura dos Irmãos Castro, em Cuba, é mais longeva, Sarney também construiu a sua ilha de atraso. Nestes 48 anos em que o estado está sob a gestão da família, sucessivos governos se encarregaram de transformar a vida da população numa rotina de pobreza e desesperança.
Mas vocês não precisam acreditar em mim. Acreditem na voz do patriarca. Em dezembro, ele concedeu uma entrevista à Rádio Mirante, que pertence à sua família. Em um ano, 59 detentos já haviam sido assassinados. O homem disse esta preciosidade: “Aqui no Maranhão, nós conseguimos que a violência não saísse dos presídios para a rua”. Graaande pensador! Como se nota, ele conseguia ver algo de positivo naquelas ocorrências trágicas. Os detentos devem ter ouvido a sua ladainha macabra e ordenaram aos “companheiros” que estavam nas ruas que botassem o terror na população. A menina Ana Clara Santos Souza, de 6 anos, morreu às 6h45 de segunda-feira no Hospital Estadual Infantil Juvêncio Matos, em São Luís. Ela teve 95% do corpo queimado em um ataque a um ônibus ocorrido no dia 3. A ordem para atacar os ônibus saiu… dos presídios para as ruas.
Não creio que Dilma tenha telefonado para a mãe de Ana Clara.
Não creio que Maria do Rosário tenha telefonado para a mãe de Ana Clara.
Não creio que José Eduardo Cardozo tenha telefonado para a mãe de Ana Clara.
Não creio que Gilberto Carvalho tenha telefonado para a mãe de Ana Clara.
Os petistas só são defensores fanáticos dos direitos humanos no quintal dos adversários. Por Reinaldo Azevedo

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO


“Vamos ajudar os que precisarem”
Emídio de Souza, presidente do PT-SP, alegando que Genoino, que levou R$ 520 mil da Câmara em 2013, é pobre


POR ELEIÇÃO, MINISTROS PRIVILEGIAM SEUS ESTADOS

Alvo de críticas após ter dado o bolo nas emendas prometidas ao PT e PMDB, o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), empenhou para a Paraíba R$ 41,6 milhões, de R$ 331 milhões extraorçamentários liberados em dezembro de 2013. Segundo levantamento feito no Siafi, Aguinaldo está entre recordistas de liberação de verba extra, perdendo apenas para Gastão Vieira (Turismo) e Antônio Andrade (Agricultura).

EM BENEFÍCIO...

De olho na reeleição, deputado Gastão (PMDB) destinou ao Maranhão R$ 66,3 milhões de verba extra em dezembro, de total de R$ 479,9 mi.

...PRÓPRIO

Já Antônio Andrade (PMDB) tirou R$ 50,1 milhões para Minas, sua terra, dos R$ 186,4 milhões de verba extraorçamentária empenhada.

E AGORA, JOSÉ?

Único deputado do PP da Paraíba, Aguinaldo terá dificuldade para explicar por que negou emendas à sua bancada quando se beneficiava

COMPRA DE APOIO

Conforme revelou a Coluna no dia 25 de dezembro, a bancada da PB quer convocar o ministro para explicar suposta ‘cooptação’ de prefeitos.

TRAMOIA AMEAÇA PARAÍSO DA BARRA DE SÃO MIGUEL

Especialista em desmantelar maracutaias, o Ministério Público Estadual de Alagoas deveria investigar o iminente assalto à Barra de São Miguel: para beneficiar um projeto hoteleiro incompatível com a frágil estrutura urbana da cidade, prefeitura e Câmara Municipal tramam alterar o gabarito dos prédios à beira-mar, de 3 para até 7 andares, e a transformação de áreas verdes em estacionamentos para o hotel.

GOLPE IMINENTE

A Câmara se prepara para votar, com suposto aval do prefeito Zezeco (quem diria...), a alteração do gabarito e a destruição das áreas verdes.

ESQUEMA PODEROSO

Na Barra de São Miguel, são conhecidas as conexões entre políticos, inclusive graúdos, e empresários de hotelaria no golpe contra a cidade.

PLANO CRUEL

O plano de especuladores para tomar de assalto a Barra de São Miguel inclui expulsar barracas, como as tradicionais do Manoel e da Maria.

PEDALANDO

Rendeu cerca de R$ 20 mil até o meio da tarde de ontem a campanha na internet dos “companheiros” petistas, para pagar os R$ 468 mil da multa condenatória do mensaleiro-presidiário José Genoino.

BOI NA LINHA

Condenado à cadeia pelo STF, o deputado-mensaleiro João Paulo Cunha não economiza na falação ao telefone. Em seis meses, torrou R$ 14 mil dos cofres públicos para pagar suas continhas com telefonia.

ATCHIM!

De saída para concorrer ao governo de São Paulo, o ministro Alexandre Padilha (Saúde) escapou de boa: vacinar Dilma na próxima campanha. Ela pegou a terceira gripe em dois anos.

NO FIO DA NAVALHA...

O Ministério da Justiça, que suspendeu licitação no fim do ano após denúncia desta Coluna, gosta de arriscar: vai pagar R$ 13,8 milhões por “equipamentos de inteligência de sinais”, ou seja, “espiões móveis” na Copa, a uma empresa mal falada no mercado.

...PARA FECHAR O ANO

Levantam suspeitas a retirada de um item no edital, modificado na última hora, impedindo questionamentos previstos em lei, e a data do certame: 31 de dezembro de 2013. A empresa é conhecida por revender produtos para espiões domésticos de site americano.

DE FACHADA

No PSB, desconfia-se que a ex-senadora Marina Silva tenha lançado o nome de Luiza Erundina para disputar o governo de São Paulo a fim de depois negociar uma terceira via: Walter Feldman, seu fiel escudeiro.

MELADO

O cafezinho da Secretaria de Planejamento de Fortaleza vai custar R$ 1,5 milhão aos cofres públicos. Foram comprados 437,4 mil pacotes de 250g de café a R$ 2 cada um para 436,3 mil quilos de açúcar a R$ 1,61.

MARKETING

É constrangedor o silêncio da ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) e do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), após a barbárie cometida no açougue-presídio de Pedrinhas (MA).

PENSANDO BEM...

... os condenados vão ignorar a multa judicial de R$ 10 milhões, se prevalecer a tese dos mequetrefes de que o “mensalão não existiu”.


PODER SEM PUDOR

PAGANDO APOSTA E MICO

Torcedor doente do Fluminense, o presidente João Figueiredo aceitou uma aposta com o ajudante de ordens, major Dourado, na véspera de um Fla x Flu: se o seu time perdesse, usaria uma camisa do Flamengo na primeira audiência de segunda-feira. Conta Pedro Rogério Moreira, em seu livro Jornal Amoroso, que a audiência era ao deputado amigo João Carlos de Carli. Na hora marcada, o deputado se deparou com o general, em seu gabinete, vestido de Flamengo e com dedo em riste:

- Se rir de mim, te meto a mão na cara!

Realismo diante da Copa do Mundo - EDITORIAL O GLOBO


O GLOBO - 08/01

Os estádios deverão estar prontos para receber os jogos, enquanto os problemas ocorrerão pela falta de investimentos em infraestrutura, como em aeroportos


O relacionamento entre autoridades brasileiras e a cúpula da Fifa nunca chegou a ser risonho em torno do projeto da Copa. Escolhido o país, há sete anos, para sediar pela segunda vez o torneio — a primeira, em 1950 —, é certo que houve uma demora para o inicio dos trabalhos. Apenas em 2010 instalou-se o comitê de organização do evento.

Não seria um problema se o poder público, em todos os níveis, fosse um exemplar gerenciador de obras. É muito o contrário, sabe-se. Portanto, cartolas da Fifa — o suíço Joseph Blatter, o primeiro deles, e o francês Jerome Valcker — têm motivos para reclamar de atrasos, embora não contribua em nada para a boa convivência entre a entidade e países-anfitriões a conhecida arrogância com que a federação internacional de futebol conduz seus interesses pelo mundo afora.

Nos últimos dias, Blatter se chocou com a própria Dilma, ao afirmar que a Copa brasileira seria a mais atrasada, à esta altura do calendário, desde sua chegada à Fifa, em 1975. Logo recebeu uma resposta presidencial via twitter, com a garantia de que a deste ano será a “Copa das Copas”.

Exagero de ambos os lados. Desconte-se, ainda, que o relacionamento pessoal entre os dois seria acidentado, a ponto de Blatter ter reclamado da presidente ao técnico Luís Felipe Scolari, segundo o jornal “O Estado de S.Paulo”.

A seis meses do efetivo pontapé inicial, configura-se um quadro previsto já há muito tempo: estádios prontos, ou pelo menos em condições de receber jogos; o entorno de infraestrutura com precariedades e, num plano mais amplo, legados para as cidades-sede parcos ou inexistentes, a depender do caso.

Dos 12 estádios, faltam concluir seis, que não cumpriram a data-limite da Fifa, 31 de dezembro: São Paulo, Manaus, Natal, Cuiabá, Curitiba e Porto Alegre. Mas a previsão é que eles sejam entregues, paulatinamente, até abril. Nada desastroso, portanto. Não há mais solução possível e definitiva é para as dificuldades que existirão, por exemplo, nos aeroportos, cujas obras são vítima dos atrasos nas licitações provocados pela resistência ideológica dentro da máquina pública à cessão de terminais ao setor privado. O resultado está no Portal da Transparência, do governo, em que o balanço dos investimentos em aeroportos é o seguinte: do total previsto de R$ 6,7 bilhões a serem investidos, apenas R$ 1,7 bilhão (25,3%) havia sido contratado e só R$ 900 milhões (13,4%), gastos. O retrato não muda — até piora, em certas cidades —, ao se verificar o andamento de projetos de mobilidade relacionados ao torneio.

Então, não há por que temer um retumbante fracasso, mas, infelizmente, além de estádios, pouco ficará para a população, quando o circo da Fifa for desarmado — com a exceção do Rio, em que há projetos em curso para as Olimpíadas de 2016. É exigir demais da capacidade de o Estado executar projetos. Ele é bom em pagar salários, aposentadorias, etc. E na cobrança de impostos e similares.

O horror encarcerado - EDITORIAL ZERO HORA


ZERO HORA - 08/01

A divulgação de um vídeo de puro horror ao longo de dois minutos e 32 segundos, no qual detentos filmam e comemoram selvageria em presídio no Maranhão, é um indicador do quanto a sociedade está exposta aos criminosos por falhas do poder público. O que as imagens sintetizam, na verdade, é mais do que uma manifestação de extrema violência, é o sequestro do sistema penitenciário pelos próprios apenados. Maranhão é justamente o Estado no qual uma menina de seis anos morreu depois de ter o corpo queimado num ataque a ônibus supostamente comandado de dentro da mesma prisão. Quando todas as atenções estavam voltadas para o Presídio Central de Porto Alegre, citado até mesmo em relatório internacional como o de piores condições no país, o Brasil se vê diante de criminosos que, além de apontados como comandantes de ataques externos à sociedade, se mostram capazes de comemorar decapitações de colegas com frieza inacreditável.
O episódio de São Luís acrescenta afronta e tragédia ao cenário macabro do sistema prisional brasileiro. Fatos semelhantes ocorreram em 2012 e 2013 em Santa Catarina, quando líderes presos determinaram ataques a coletivos, sem se preocupar com quem eram, afinal, seus ocupantes. Operários, idosos, mulheres, estudantes e crianças foram vítimas de investidas indiscriminadas, na mais covarde de todas as ações da criminalidade. Agora, com as filmagens no Maranhão, que mostram três presos decapitados, fica evidente que prisões completamente degradadas brutalizam ainda mais delinquentes que se matam por desentendimentos em torno do controle de galerias e ainda emitem ordens para que os comparsas cometam assassinatos nas ruas.
Nada justifica o que as lideranças mais ferozes dos detentos cometem na prisão, e os autores de chacinas devem ser punidos com o rigor da lei e confinados à distância da sociedade. Mas é enganoso, como alertam os juízes responsáveis pela execução penal, pensar que penitenciárias transformadas em depósitos de presos são a melhor forma de punição para condenados considerados violentos ou irrecuperáveis. Está comprovado que, ao contrário, quanto mais precária for a cadeia, maiores são os riscos de ter sua gestão assumida pelos detentos, com todas as distorções daí decorrentes. É assim que proliferam as guerras entre facções, os julgamento sumários com decapitações e a total autonomia para que os chefes comandem, de dentro das celas, raptos, sequestros, assaltos e ataques a ônibus.
O caos prisional é a denúncia categórica das omissões dos governos e, em muitos casos, também da Justiça. Uma prisão em que 62 pessoas morrem num ano, como ocorreu no Maranhão, é a expressão do primitivismo. O adiamento de soluções faz com que as instituições se tornem cúmplices da multiplicação do horror, nas suas mais variadas formas, dentro e fora das cadeias.

Barbárie maranhense - EDITORIAL FOLHA DE SP


FOLHA DE SP - 08/01

Selvageria em unidades prisionais do Estado e fraca resposta do governo fazem com que ganhe adeptos tese de intervenção federal


A esta altura, mesmo a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), mostra-se convencida de que unidades prisionais de seu Estado se transformaram em antros de barbárie, onde detentos para lá enviados pelo Poder Judiciário agem como verdadeiros monstros em plena luz do dia.

Há dois dias, a mandatária ainda parecia disposta a negar, ou pelo menos minimizar, as violações que têm ocorrido no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís --com 1.700 vagas e 2.500 presos.

Por meio de nota, acusou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de escrever um relatório contendo "inverdades" sobre o sistema carcerário maranhense. O objetivo seria "agravar ainda mais a situação" nas cadeias, a fim de "descredibilizar medidas" adotadas.

Agora a governadora já não pode insistir na negação. Vídeo divulgado ontem por estaFolha não deixa lugar para dúvidas --e evidencia, com força rara, o grau de desumanidade a que ali se chegou.

A mera descrição das imagens basta para embrulhar o estômago. Assistir ao filme na íntegra, gravado pelos detentos com a câmera de um celular, é tarefa para poucos. Durante dois minutos e 32 segundos, três homens decapitados são exibidos de perto; em volta, presos amotinados parecem se divertir com o "documentário".

Desde o ano passado, disputas entre facções criminosas resultaram na morte de 62 presos e, segundo consta, inúmeros estupros de mulheres que visitavam os presídios. Sem conhecer limites, o horror ganhou a região metropolitana de São Luís em ataques incendiários a ônibus. Em um deles, uma menina de seis anos teve 95% do corpo queimado e não resistiu.

Governado pelo clã Sarney há quase meio século (com um breve interregno de dois anos), o Maranhão tem se destacado sobretudo pelos indicadores negativos.

Sua renda per capita média, de R$ 360, é a pior do Brasil; 96% de seus domicílios não têm acesso adequado à rede de saneamento básico; mais de um quinto de sua população com 15 anos ou mais não sabe ler ou escrever.

Não por acaso ganha adeptos a ideia de que o Estado deveria sofrer intervenção federal, prevista na Constituição, entre outras hipóteses, a fim de garantir a observância dos direitos humanos --dependendo, neste caso, de manifestação do Supremo Tribunal Federal.

A medida é extrema, sem dúvida, e seus efeitos, duvidosos. Como recurso para proteger a democracia, deve ser usada apenas quando o governo local não estiver procurando interromper as violações, ou quando for absolutamente incompetente para tanto.

Trata-se de análise subjetiva, mas que o governo de Roseana Sarney, ao tentar negar o óbvio ou criticar quem revela a selvageria, torna cada vez mais objetiva.

Com reformas, economia colombiana serve de exemplo - EDITORIAL O GLOBO


O GLOBO - 08/01

A estatal de petróleo da Colômbia tem um terço do tamanho da Petrobras, mas o mercado já lhe dá um valor próximo ao concedido à empresa brasileira


A Colômbia deixou de ser um país abalado por décadas de uma guerra contra facções guerrilheiras e cartéis de traficantes de drogas. Sequestros e atentados terroristas praticados pelas Farc, libertação de reféns dos guerrilheiros e cercos a chefes de quadrilhas do narcotráfico deixaram de figurar com destaque no noticiário internacional referente ao país vizinho. Embora a Colômbia não tenha ainda todo o seu território pacificado — está em curso uma negociação entre o governo e a principal facção guerrilheira para pôr fim a essa guerra, depois de as Farc terem se debilitado política e militarmente, com a prisão ou morte de seus líderes —, já se apresenta como importante destino turístico na América do Sul.

Entre outras razões porque a economia colombiana está indo bem. Em 2013, cresceu cerca de 5%, com uma inflação de apenas 1,8%. Em entrevista à “Folha de S. Paulo”, o ministro da Fazenda da Colômbia, Mauricio Cádernas, atribuiu esse bom desempenho a um processo de reformas de longo prazo com objetivo de “estimular investimentos, melhorar o ambiente de negócios e assegurar a entrada do país na OCDE”, organização que reúne as nações economicamente mais ricas.

A Colômbia conquistou a confiança dos mercados ao executar uma política fiscal responsável. Enquanto as taxas básicas de juros estão lá em 3,25% ao ano, para uma inflação inferior a 2%, no Brasil foram elevadas para 10% e mesmo assim a variação dos preços continuaram, em média, próxima dos 6%, bem acima da meta (4,5%) estipulada pelo próprio governo.

É inevitável uma comparação entre os dois países na questão do petróleo. A Colômbia também caminha para ser grande produtor de hidrocarbonetos, em termos relativos. Várias empresas atuam no setor, mas a indústria é igualmente liderada por uma companhia estatal (Ecopetrol), com cerca de 80% das ações em mãos governamentais. A Ecopetrol tem um terço do tamanho da Petrobras, mas seu valor de mercado aumentou de US$ 27 bilhões em 2007, quando lançou ações na bolsa, para aproximadamente US$ 80 bilhões. A Petrobras fez o caminho inverso: depois de valer quase US$ 200 bilhões há alguns anos, atualmente seu valor em bolsa seria da ordem de US$ 90 bilhões.

A Colômbia não caiu na tentação de intervir nos preços dos combustíveis, desatrelando-os das cotações internacionais, como se fez no Brasil. Não por acaso, mesmo sem ter resolvido ainda completamente seus problemas políticos internos, a indústria petrolífera local consegue atrair investidores de fora.

O ano de 2014 será também de eleições presidenciais na Colômbia. Curiosamente, após uma reforma trabalhista que estimulou a criação de empregos formais, a agenda do país estará voltada para um tema considerado muito espinhoso por aqui: mudanças em seu sistema previdenciário.

Por que educação é importante? - HÉLIO SCHWARTSMAN


FOLHA DE SP - 08/01

SÃO PAULO - Para um indivíduo prosperar, basta que ele consiga um trabalho. Mas, para a sociedade progredir, é preciso que as pessoas façam seu trabalho, ou seja, que efetivamente criem bens e serviços.

Essa diferença já era conhecida dos economistas clássicos. Frédéric Bastiat (1801-50), em seus impagáveis "Sofismas Econômicos", imagina uma petição ao rei para que todos os súditos sejam proibidos de usar a mão direita. A razão do pedido é explicada na forma de silogismo: quanto mais uma pessoa trabalha, mais rica ela fica; quanto mais dificuldades precisa superar, mais trabalha; logo, quanto mais dificuldades uma pessoa tem de superar, mais rica ela se torna.

Quando a coisa é colocada assim de forma escancarada, percebemos o ridículo da situação. O problema é que raciocínios muito parecidos com esse, quando vendidos sob a palavra de ordem da preservação de empregos, ganham sólido apoio popular. Esse é, na opinão de Bryan Caplan, uma espécie de viés econômico que compromete a noção de democracia.

Fazendo coro a Bastiat e outros economistas ortodoxos, Caplan sustenta que, enquanto a população vê o desemprego como "destruição de postos de trabalho", especialistas nele veem a "essência do crescimento econômico, a produção de mais com menos". Um exemplo esclarecedor é o da evolução da mão de obra agrícola nos EUA: "Em 1800, era preciso utilizar quase 95 de 100 americanos para alimentar o país. Em 1900, 40%. Hoje, 3%... Os trabalhadores que deixaram de ser necessários nas fazendas foram usados na produção de casas, móveis, roupas, cinema...".

E onde entra a educação nessa história? Uma força de trabalho intelectualmente preparada não apenas produz com maior eficiência como ainda pode ser mais facilmente readaptada para outras funções, quando seus trabalhos se tornam obsoletos. Cada vez mais, a educação se torna matéria-prima do crescimento.

Banquete totêmico - IGOR GIELOW


FOLHA DE SP - 08/01

BRASÍLIA - As estarrecedoras imagens da barbárie no presídio de Pedrinhas constituem rotina.


Para ficar na memória pessoal: desde meus tempos de repórter de polícia, no fatídico 1992 que tornou Carandiru sinônimo de massacre, até hoje, pouco mudou. Busque no Google: há dezenas de notícias sobre estupros, esquartejamentos e decapitações intramuros Brasil afora.

O que o vídeo revelado por esta Folha traz é uma espiada rara para nós, o mundo exterior. Observamos com horror aqueles que esquecemos se comportando como a mítica horda primitiva de Freud em "Totem e Tabu", matando não só os companheiros, mas acima de tudo o "Pai" dominador representado pelo Estado.

O texto clássico completou 100 anos recentemente, e o termo "banquete totêmico" é tristemente adequado para o que se vê. Na brilhante análise freudiana, as regras da sociedade (e, por extensão, do indivíduo) surgem do remorso decorrente do assassinato e antropofagia do "Pai" pelos filhos renegados. A consciência moral advém, pois, da culpa.

Nas prisões sem "padrão mensalão", símbolos do exílio imposto pelo Estado, não parece haver espaço para essa esperança de ordem. A brutalização, que espelha de forma aguda o mal-estar de uma sociedade na qual a desconfiança do outro é a regra, soa insolúvel. Não há intervenção federal pontual que resolva.



Sábado passado, confundi-me aqui ao comentar as parcerias entre empresas de defesa que competem entre si e citar que o radar do sueco Saab Gripen deverá ser francês como o Dassault Rafale derrotado por ele na disputa da FAB. Deveria: o modelo francês escolhido inicialmente foi substituído por um da italiana Selex.

Isso não altera o argumento em si. O Gripen segue tendo componentes franceses, e a Saab é parceira da Dassault em um projeto de avião não-tripulado, por exemplo.

De mau jeito - DORA KRAMER


O Estado de S.Paulo - 08/01

Com todas as críticas que se possa fazer à entidade, fato é que a Fifa não pediu que a Copa de 2014 fosse no Brasil. Foi o governo brasileiro que resolveu se candidatar e se empenhar para o País ser o anfitrião. Deu garantias de que sairia tudo ao tempo e à hora firmados no contrato, cujas cláusulas foram aceitas.

Para não falar da infraestrutura, que nem atende as necessidades do cotidiano dos cidadãos locais, o que dirá para receber multidões de hóspedes, nada saiu conforme o combinado em relação à entrega dos estádios.

Por um motivo que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, expôs com clareza meridiana: o Brasil teve sete anos para se preparar e não o fez. Mal e mal usou os últimos três. O governo foi exímio nas comemorações em 2007, mas só começou a pegar (mais ou menos) no pesado em 2010.

Tal a cigarra da fábula: cantou durante o verão ao pé do formigueiro que providenciava suas provisões para o inverno e, quando veio mau tempo, viu-se desprotegida no frio a mendigar abrigo às formigas.

De onde não há razão para ninguém se revoltar com as críticas. Notadamente porque elas são a expressão da verdade. A Copa vai acontecer? Sem dúvida. Tudo pode dar certo? Pode.

Mas as coisas poderiam ser feitas com planejamento e não na base do improviso que de alguma forma surge com uma ponta de orgulho nas declarações ufanistas.

A cada alerta, a presidente Dilma Rousseff reage como se houvesse ouvido uma ofensa à pátria amada e promete a realização da "melhor Copa de todos os tempos". Com base em quais dados objetivos não é possível enxergar a olho nu.

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, reforça esse comportamento. Inesquecível aquela comparação com as noivas que sempre atrasam, mas nem por isso deixam de se casar.

Metáfora descabida, como que enaltecedora da capacidade de fazer as coisas em cima da hora, de maneira atabalhoada, a custos muito mais altos que os previstos e ainda considerar o método exemplar. Uma lição a ser aprendida pelos apressados.

A Alemanha entregou 100% de seus estádios no prazo? A França tinha 80% prontos cinco meses antes da Copa, conforme atesta levantamento feito pela Folha de S. Paulo? Ora, mais aqui é o Brasil, tudo se resolve assim mesmo e, no fim, o que vale é o rebolado, parecem dizer nossas autoridades.

Um jeitinho brejeiro que põe o País sob o desnecessário risco de vir a ter de pedir desculpas pelo mau jeito.

Soma zero. Ainda que a substituição de ministros prevista para este início de ano não tivesse como critério a entrega dos cargos em busca do tempo de televisão dos partidos contemplados, a providência não poderia ser chamada de reforma.

Por definição reformar significa fazer mudanças com o objetivo de se aprimorar algo para a obtenção de melhores resultados.

Tal conceituação não faz parte de nenhuma conversa, no governo nem entre os partidos, sobre a troca de guarda na equipe presidencial. Não se fala em eficiência, não se apresentam os nomes dos possíveis ministros tendo como referência a capacidade específica para gerir essa ou aquela pasta, muito menos se discute o desempenho passado, presente ou futuro do ministério como um todo ou dos que ficarão vagos.

A Integração Nacional é um exemplo. PMDB, PTB e PP reivindicam o posto, os três interessados naquilo que o ministério pode fazer por eles e nenhum deles cobrados a dizer o que podem fazer pelo bom andamento da pasta, responsável pelo interminável projeto de transposição das águas do Rio São Francisco.

Caiu a ficha - ANTONIO DELFIM NETTO


FOLHA DE SP - 08/01

A grande vantagem do calendário é que ele, psicologicamente, define um período ao qual damos significação. Temos a sensação de que 31 de dezembro encerra um período. Em 1º de janeiro inicia-se outro, novinho, como se houvesse uma descontinuidade física no tempo vivido.

Tudo se passa como se os fogos do Ano-Novo tivessem consumido consigo as alegrias e decepções, os erros e acertos de 2013. As contas são fechadas de forma inexorável e definitiva. É inútil ficar triste. É inútil blasfemar. É inútil arrepender-se. É inútil recorrer a contrafactuais que eram então oportunidades mas foram perdidas. O tempo terminou: 2013 foi o que nossas escolhas (do governo e do setor privado) fizeram dele! O que está feito está feito. Não pode ser não feito! Talvez possa ser refeito!

O problema é que a realidade física do mundo de janeiro é a mesma de dezembro à qual insistimos dar nomes diferentes na busca de novas esperanças que não se concretizarão se não houver convergência mais rápida do entendimento da realidade (e das limitações que ela impõe) por parte do governo e do setor privado. Três anos de desconfianças, suspeitas e incompreensões do setor privado e de um longo aprendizado do governo no tempo contínuo de 1.095 dias produziram um resultado pobre: 1) taxa de crescimento do PIB de 6%; 2) taxa de inflação de 19% e 3) deficit em conta corrente de US$ 187 bilhões.

Pobre, mas em relação a que? Àquilo que era razoável esperar, descontado o efeito da menor expansão mundial: 1) crescimento de 3% ao ano (ou 9% no período) contra os 6% (2/3 do esperado); 2) uma taxa de inflação declinante, a partir dos 5,9% de 2010, de 0,5% ao ano, para entregar a "meta de 4,5%" em 2013. Algo como 16% contra os 19% verificados (20% acima do esperado) e 3) um deficit em c/c de 2,7% do PIB, contra 1,8% do triênio anterior, o que o aumentou de US$ 127 bi para US$ 187 bi (47% acima do que ocorreu no triênio anterior cujo PIB cresceu 13% contra os 6% atuais!).

Não adianta sofisticar os diagnósticos e as receitas que eles sugerem. Com a enorme desconfiança recíproca entre o governo e o setor privado empresarial, existente até há pouco, não havia política econômica que funcionasse. Felizmente "caiu a ficha": a Casa Civil e os ministérios da Fazenda e dos Transportes, que "escutavam, mas não ouviam", passaram a "ouvir". E o setor privado, por sua vez, entendeu que "modicidade tarifária" não era "socialismo". Os primeiros resultados são visíveis: os sucessos dos leilões de infraestrutura mostram que o diálogo está restabelecendo a confiança. Com ela virão os investimentos!

Talvez essa seja mesmo uma descontinuidade temporal que fará um 2014 melhor do que a média do triênio 2011-13.

Sai dos fundos, entra na poupança? - VINICIUS TORRES FREIRE


FOLHA DE SP - 08/01

Caderneta atrai cada vez mais dinheiro, mas em 2013 não rendeu nada em termos reais


A POUPANÇA teve um ano excepcional em 2013, soube-se ontem. A quantidade de dinheiro nas cadernetas aumentou 20,5% em um ano (captação bruta). Já para o bolso de seus investidores, foi a decepção habitual, com rendimento de 5,85% no ano.

Tal rendimento não bate nem a inflação, que deve ter ficado em torno de 5,8% (medida pelo IPCA). Ou seja, quem depositou na caderneta viu seu dinheiro render coisa alguma, zero, em termos reais. Apenas manteve seu poder de compra.

Ainda assim, a poupança atraiu mais dinheiro, em termos relativos, do que o conjunto dos fundos de investimento, que até novembro tiveram uma captação bruta de 8,8%.

Os fundos tiveram um ano agitado, com tombos no valor das cotas devidos aos tumultos de meados do ano (com altas de juros nos EUA e no Brasil naqueles meses de "disparada do dólar). Os fundos chamados de "renda fixa" e os multimercados juros e moedas sofreram as maiores sangrias de 2013.

Além do mais, o setor continua a oferecer opções horríveis, careiras, com taxas de administração tão altas que levam vários fundos a perder até do rendimento ruim da poupança.

Considerados todos os pesares e a perda relativa de espaço para as aplicações em cadernetas, os fundos resistiram. Até novembro, os depósitos na poupança representavam 23,8% do total do patrimônio líquido nos fundos.

Desde 2004, as aplicações na poupança têm representado entre 20% e 25% do patrimônio dos fundos. As cadernetas têm ficado mais gordas nos anos de governo Dilma Rousseff, quando as taxas de juros caíram, expondo os rendimentos pífios de muito fundo de investimento.

O pobre do poupador comum, pois, tem estado entre a cruz e a caldeirinha. Se é trabalhador com carteira assinada, vê seu dinheiro guardado no FGTS perder valor (pois a remuneração do FGTS perde feio da inflação). Se aplica na caderneta, no máximo consegue evitar que sua poupança suada seja corroída pela inflação. Se faz um plano de previdência privada, em geral paga muito pela comodidade de não administrar sua aposentadoria.

Faz tempo, a melhor aplicação em renda fixa é, de longe, o Tesouro Direto (emprestar dinheiro diretamente para o governo, comprando títulos públicos). No título indexado, de vencimento mais curto (maio de 2017) e atraente em termos tributários, é possível conseguir rendimento de uns 4% ao ano mais inflação.

Em novembro passado, o estoque de dinheiro investido no Tesouro Direto, no entanto, não passava de R$ 11 bilhões, menos de 8% do total do dinheiro aplicado na poupança.

O problema do Tesouro Direto é que a aplicação é difícil para o investidor comum (aliás, para quase todos os investidores). É preciso escolher os títulos; é preciso entender que não se pode vendê-los antes do vencimento sem o risco de perdas fortes.

Em suma, é necessário ter algum conhecimento básico de finanças. Mas dá para entender parte do básico pelo site do Tesouro Direto e vale a pena fazer algum esforço adicional de aprendizado. Do jeito que andam as opções no mercado, há grande chance de o seu dinheiro suado não estar rendendo nada. Preste atenção.

Freio de arrumação - MIRIAM LEITÃO


O GLOBO - 08/01

A desaceleração da indústria automobilística este ano precisará mesmo de um freio ABS. Ela vai sair de um ritmo de crescimento de 9,9% para o ponto morto de 0,7% de previsão de crescimento. A explicação dada pelo setor surpreendeu: a redução se deve à Copa e ao Inovar-Auto. A Copa, pelos feriados, e o regime feito para proteger o setor, pelo aumento temporário das importações.

Donde se conclui que nada é suficientemente bom para o setor automotivo. O governo fez tudo para agradar: aumentou barreiras às importações, enfrentou problemas na OMC por causa dessas barreiras, reduziu o IPI em sucessivas reedições. Agora eles dizem que não vão crescer e que o número maior de montadoras no país deve elevar o nível de estoques.

O Inovar-Auto é exatamente esse aumento de tributos na importação de carros de quem não está instalado no Brasil. Trazer carro de fora é muito mais barato para as montadoras aqui instaladas, por isso a participação dos veículos importados no mercado caiu de 27% em dezembro de 2012 para 18,8% no fim do ano passado, depois que o programa entrou em vigor.

Só que o programa prevê que as montadoras que estiverem em processo de instalação terão uma cota maior de importação enquanto não estiverem produzindo.

— O calendário de importações este ano será mais forte, mas isso é temporário e não se repetirá em 2015. Será um ano também com muitos feriados por causa da Copa do Mundo, o que vai afetar as vendas e a produção — disse o presidente da Anfavea, Luiz Moan.

Nos dados de 2013 há boas e más notícias. A produção cresceu quase 10%, mas os licenciamentos caíram 1,1%. Máquinas agrícolas tiveram um aumento de 20%. O setor conseguiu exportar mais 26,7%. Se olharmos um horizonte mais longo, o mercado brasileiro saiu de 1,685 milhão de carros em 2003 para 3,740 milhões. Para esse resultado, o governo abriu mão de bilhões de impostos, subsidiou o combustível e entupiu as avenidas e rodovias do Brasil. Eles tiveram novo regime tributário, fechamento do mercado e subsídios.

O presidente do Centro de Estudos Automotivos, Luiz Carlos Mello, acha que uma desaceleração do ritmo de crescimento é natural, mas está mais otimista do que a Anfavea. Em vez da previsão de crescimento de 0,9% feito pelo órgão oficial do setor, Mello acredita em 3%. E isso porque o desemprego continua baixo, a renda cresce e a oferta de crédito permanece. A Anfavea acha que o setor de máquinas agrícolas em 2014 não vai crescer quase nada.

Economistas que acompanham o setor acham que a indústria automobilística, com as novas empresas que entraram, aumentou sua capacidade de produção e ficará, em parte, ociosa. Ótimo momento para que haja uma boa competição de preços no setor e caiam as margens de lucro. Os executivos, no entanto, não falam dessa possibilidade. Explicam a enorme diferença de preços com os carros em outros países pela carga tributária.

De qualquer maneira, o que os últimos anos mostraram é que para garantir o crescimento do PIB não basta estimular o setor automobilístico com barreiras à entrada de produtos importados e reduções setoriais de tributos. Tudo o que se consegue é antecipar decisões de compra. O aumento das vendas acaba quando o imposto volta a subir.

O pior na política de estimular por crédito, subsídio e renúncia fiscal a compra de carro é que o país colheu como resultado o agravamento da crise da mobilidade urbana. Isso só faria sentido se houvesse também um investimento em infraestrutura e transporte coletivo.

O setor entra em 2014 com o pé no freio. Pelo menos se sabe que é freio ABS, porque a proposta de adiar a instalação desse item de segurança para ajudar o setor foi arquivada depois das críticas à ideia, que chegou a ser defendida pelo ministro da Fazenda.

Revolução ignorada - CELSO MING


O Estado de S.Paulo - 08/01

Um dos maiores acontecimentos da economia global em 2013, com graves consequências para o Brasil e enorme impacto estratégico, foi praticamente ignorado pelo governo Dilma. Trata-se da revolução energética que, em apenas seis anos, deverá tornar os Estados Unidos não apenas autossuficientes em petróleo e gás, mas fortes exportadores em potencial.

O assunto não chega a ser novidade, mas é preocupante que não esteja sendo levado em conta pelo governo Dilma em suas formulações de política econômica. Quando se referiram à economia mundial, os dirigentes brasileiros têm olhos voltados para a crise europeia, para a persistência de altos riscos no mercado financeiro global e para os problemas que poderiam ser produzidos pelo desmonte da política monetária altamente expansionista dos Estados Unidos. Mas tendem a ver a revolução energética nos Estados Unidos somente como aposta de alguns, ainda sujeita a confirmações. Quando acordarem, pode ser tarde.

E, no entanto, como consta no relatório do Departamento de Energia dos Estados Unidos divulgado no dia 23 de dezembro, a produção de petróleo e gás subirá nada menos que 800 mil barris diários a cada ano até 2016, quando atingirá 9,6 bilhões de barris diários. Será, então, batido o recorde de 1970.

Há poucos anos, os Estados Unidos importavam 50% do petróleo que consumiam. Esse número já caiu para 37% e, em 2016, o país deverá trazer de fora apenas 25%. Em 2020, aponta a Agência Internacional de Energia (EIA, na sigla em inglês), os Estados Unidos serão autossuficientes.

A revolução energética está sendo obtida graças ao emprego de nova tecnologia de exploração das reservas de xisto, que são rochas fortemente impregnadas de petróleo e gás. Essa tecnologia consiste em um bombardeio a alta pressão das camadas de xisto por uma mistura de água, areia e produtos químicos, que liberta o óleo e o gás aprisionados na rocha.

Os impactos econômicos serão impressionantes. O relatório do Departamento de Energia dos Estados Unidos prevê que o preço médio do barril (159 litros) de petróleo, que esteve em US$ 112 em 2012, baixará para US$ 92 em 2017, queda de 17,9%.

Os baixos preços do gás, que começam a ser negociados a US$ 4 por milhão de BTU (ante os US$ 14 a US$ 16 por milhão de BTU vigentes aqui e na Europa), deverão atrair novos projetos de indústria, não apenas na petroquímica, mas também nos setores eletrointensivos, como química básica, cimento, vidro, cerâmica e metalurgia eletrolítica.

Do ponto de vista da indústria brasileira, que já está alijada dos grandes centros de suprimento global, se for confirmada, essa revolução não implica apenas perda de competitividade em relação à indústria americana. Implica, também, risco de migração da indústria brasileira para lá ou desistência de projetos no Brasil.

Do ponto de vista estratégico, a independência energética dos Estados Unidos forçará mudanças importantes na política voltada para o Oriente Médio, grande centro exportador de petróleo. O atual equilíbrio de forças na região parece ameaçado. O impacto sobre a Venezuela, maior exportador da América Latina, também poderá ser dramático. Hoje, a economia está altamente dependente do faturamento com petróleo, cujos preços cairão em três anos.

O governo do México, outro grande exportador, entendeu o que está em jogo e tratou de criar as bases de sua própria revolução do petróleo. Acabou com o monopólio estatal exercido pela Pemex e também vai tratando de explorar suas reservas de xisto.

Enquanto isso, o governo brasileiro segue excessivamente confiante com as descobertas de petróleo no pré-sal e seus dirigentes preferem desconversar a respeito das consequências sobre a economia brasileira. Alegam que os problemas ambientais causados pela tecnologia do craqueamento hidráulico do xisto acabarão por desencorajá-la. Provavelmente não serão, porque a tecnologia do craqueamento hidráulico está sendo aperfeiçoada. Pode ser mais uma grave omissão do governo Dilma.

Meta cumprida e imaturidade reafirmada - MURILO DE ARAGÃO


Brasil Econômico - 08/01

No último dia 3 de janeiro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou o resultado do superávit fiscal. Disse que queria começar o ano dando boas notícias. Mantega ressaltou que os dados ainda não são definitivos e ajustes poderão ser feitos. Normalmente, esse número é divulgado na última semana de janeiro. O ministro quis antecipar o anúncio para sinalizar comprometimento do governo com a austeridade fiscal, depois de um ano de críticas e desconfiança em relação à política fiscal.

O Brasil cumpriu sua meta de superávit primário de 2013. Tempos atrás, afirmei que dificilmente chegaríamos aos R$ 75 bilhões acordados. Queimei a língua. Conseguimos cumprir a meta com sobra de R$ 2 bilhões. No entanto, ela foi cumprida com base em receitas extraordinárias do final do ano, em especial com o programa de refinanciamento de dívidas tributárias e o leilão do campo de Libra. O Refis rendeu ao governo R$ 20 bilhões. Já o leilão de Libra permitiu uma receita de R$ 15 bilhões. Isso sem falar nas receitas com as concessões Não foram feitas mágicas contábeis, mas tivemos de contar com o extra para cumprir a meta. Boa notícia, em termos. Caso tivéssemos feito o dever de casa, teríamos poupado muito além e reforçado a robustez fiscal do país.Conforme artigo de Miriam leitão, no Jornal O Globo (03/01/14), a meta do governo no início era de R$ 155 bilhões. Depois do governo abater gastos com o PAC e desonerações, foi entregue um resultado de R$ 130 bilhões.

Ao anunciar o cumprimento da meta, Guido Mantega deu um recado aos "nervosinhos" do mercado financeiro, que, como eu, achavam que o Brasil não cumpriria a meta. Em pronunciamento anterior, a presidente Dilma Rousseff também foi na mesma linha, ao atacar a "guerra psicológica"
que se faz contra a política econômica. Ambos demonstram certo recalque e imaturidade que não deveriam existir por parte de nossas lideranças.

A credibilidade econômica do país foi abalada por conta de decisões tomadas no âmbito financeiro e fiscal do governo. As idas e vindas nos processos de concessão foram decorrentes de decisões governamentais e não do mercado. Essas decisões podem resultar em um rebaixamento da nota do Brasil pelas agências de classificação de risco. A Standard & Poor"s anunciou que mudanças na nota brasileira podem ocorrer "antes ou depois" das eleições de outubro. De acordo com o responsável pela América Latina da S&P, Sebastian Briozzo, o descontrole do governo com as contas públicas deixou o país sem condições de contar com a política fiscal para estimular o crescimento. A agência está atenta à piora na relação entre a dívida bruta e o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, hoje em 58,8%, segundo o Banco Central.

Considerados os equívocos de condução da política econômica ao cumprir a meta fiscal com base em receitas extraordinárias, era hora de mostrar humildade, sobriedade e consistência. Mas isso não é suficiente. O governo deve reafirmar compromissos com a boa gestão fiscal do Brasil e com mudanças que façam do país um ambiente ideal para investimentos.

Deveria haver também um comprometimento claro com o cronograma das obras de infraestrutura e com medidas destinadas a acelerar o processo decisório do governo. Não é hora de confronto nem de ironias e, muito menos, de trocos. A hora é de reafirmar a intenção de fazer um governo que funcione melhorpara todos os brasileiros.

Critérios trocados - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 08/01

O alto comando do bloco PP-Pros se reuniu ontem em Brasília e decidiu que pedirá à presidente Dilma Rousseff tratamento igualitário àquele dispensado ao PMDB. Isso significa, no mínimo, três ministérios, considerando que os peemedebistas têm Agricultura, Turismo, Aviação Civil, e, ainda, Previdência Social. O cálculo é o de que, embora o PMDB tenha mais de 70 deputados, volta e meia seus líderes colocam uma faca no pescoço de Dilma, coisa que o bloco jura não fazer. Ou seja, por esse critério, “pepistas e prosistas” se consideram com direito a mais espaço. A esse argumento, eles aliam o fato de estarem fechados com a reeleição de Dilma, garantindo à presidente-candidata o tempo de tevê das duas siglas. Dizem ainda esses deputados que Dilma, enquanto presidente, não pode ater-se apenas à lógica eleitoral para compor seu governo. Tem que levar em conta a composição das bancadas na Câmara.

Ocorre que Dilma não pensa assim. Seus coordenadores eleitorais vêem o apoio à petista na eleição de 2014 como a espinha dorsal da reforma ministerial. E, nesse quesito, o PP está em baixa porque, apesar do tempo de tevê, faltam os palanques e, para completar, ressurgiu o racha interno na bancada. Essa queda de braço terá longos capítulos.

Reserva de mercado
O PT elencou Saúde, Educação e Comunicações como áreas fora do toma lá dá cá da reforma ministerial. Fazenda, Planejamento e as agências reguladoras são setores que Dilma Rousseff não negocia. Isso explica a briga de foice entre os partidos pela Integração Nacional e o balançar sobre o Ministério das Cidades.

Nem vem
A apresentação de Ciro Gomes para ser o ministro em nome do Pros é tratada como “pessoal e intransferível”. Significa que, se Ciro não quiser vir para o governo no cargo que Dilma oferecer, caberá à bancada e não aos cearenses indicar outro nome para representar a legenda no governo.

Vai render
O setor de comunicação do Senado realmente reformulará a programação da tevê e promoverá corte no contrato de servidores terceirizados, mas não vai tirar 30% do pessoal. Se fizer isso, não terá meios de manter uma cobertura extensiva dos trabalhos da Casa.

Previdência petista
Prevaleceu no PT a ideia de que o ex-deputado Paulo Delgado expôs nesta coluna de que o PT deve ser a previdência de José Genoino. O partido, além de promover a tal “vaquinha” para pagar a multa, ajudará na aposentadoria dele.

Mal-estar/ O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (foto), que se cuide. O líder do PP, deputado Dudu da Fonte, reclamou com amigos que o ministro só se preocupou com a Paraíba no fim de 2013 e deixou alguns deputados do partido a ver navios no quesito liberação de emendas.

Interessados/ Os americanos já estão de olho nas eleições brasileiras deste ano. Hoje, o cientista político Murillo de Aragão fará palestra sobre o cenário político e eleitoral do Brasil para uma plateia de banqueiros, analistas e investidores do mercado financeiro, em Nova York. O evento é promovido pela Emerging Markets Traders Association.

Ninguém acreditou/ Embora o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho, tenha dito que não será candidato nas eleições deste ano e permanecerá no cargo, seus amigos estão que nem São Tomé, “ver pra crer”. É que todas as vezes em que foi candidato, Teo Vilela sempre dizia primeiramente que não seria.

Ops!/ A propósito da nota publicada em 2 de janeiro “um novo nome para São Paulo”, Ricardo Young não é mais presidente do Instituto Ethos desde 2010, quando deixou o cargo para concorrer ao Senado pelo PPS. O atual presidente do Instituto é Jorge Abrahão.

O banquete de Roseana - BERNARDO MELLO FRANCO - PAINEL


FOLHA DE SP - 08/01

Com os presídios em chamas, o Maranhão escolherá nesta semana as empresas que abastecerão as geladeiras de Roseana Sarney (PMDB) em 2014. A lista de compras da governadora inclui 80 kg de lagosta fresca, uma tonelada e meia de camarão e oito sabores de sorvete. As iguarias deverão ser entregues na residência oficial e na casa de praia usada pela peemedebista. O Estado prevê gastar R$ 1 milhão para alimentar a família Sarney e seus convidados até o fim do ano.

Fartura O pacote para os palácios maranhenses também inclui 750 kg de patinha de caranguejo, por R$ 39 mil. O governo do Estado comprará ainda duas toneladas de peixe e mais de cinco toneladas de carne bovina e suína.

Para adoçar As residências oficiais receberão 50 caixas de bombom e 30 pacotes de biscoito champanhe. Outro item curioso: R$ 108 mil em ração para peixes.

Jesus tá vendo O edital ainda prevê a compra de 2.500 garrafas de 1 litro de "refrigerante rosado" com "água gaseificada, açúcar e extrato de guaraná". Descrição sob medida para a compra do guaraná Jesus, bebida famosa do Maranhão.

Martelo Com tantas encomendas, o governo fará duas licitações para escolher os fornecedores. O primeiro pregão, de R$ 617 mil, está marcado para amanhã às 14h30. O segundo foi agendado para esta sexta-feira.

Em silêncio Com tradição de enfrentar governos para defender os direitos humanos, a OAB não tem dado um pio sobre a barbárie nas prisões do Maranhão. O presidente da entidade, Marcos Vinicius Coêlho, foi advogado de Roseana no TSE.

Maresia A presidente Dilma Rousseff passou os últimos dois dias de molho no Palácio da Alvorada. Ela voltou das férias na Bahia com uma leve gripe e decidiu despachar de casa.

Vandalismo Com spray de tinta vermelha, vândalos picharam um tridente no marco que sinaliza o local onde o guerrilheiro Carlos Marighella foi morto, nos Jardins, em São Paulo. A placa de metal já havia sido arrancada. A pedra que restou está manchada há mais de um mês.

Levantando a bola Programas esportivos de TV têm turbinado a imagem do técnico de vôlei Bernardinho, convidado a disputar o governo do Rio pelo PSDB. Na véspera do Natal, ele apareceu vestido de Papai Noel em um hospital infantil. No domingo passado, relembrou a ajuda que deu a uma menina com deficiência motora.

Assombrações Em conversa recente, o ex-deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) advertiu o treinador sobre armadilhas da política fluminense. "Para quem vem de fora, é um mundo meio assustador", avisou o verde.

Por sinal... Os últimos dois candidatos que enfrentaram o PMDB do governador Sérgio Cabral deixaram a política. Gabeira, que ficou em segundo lugar em 2010, voltou ao jornalismo. Denise Frossard (PPS), derrotada em 2006, afastou-se do partido e hoje dá aulas de Direito.

Agenda 1 O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) avisou à Justiça que só deve concluir em março a análise do material apreendido nas sedes das empresas acusadas de participar do cartel dos trens em São Paulo. A previsão inicial era novembro de 2013.

Agenda 2 Auxiliares de Geraldo Alckmin (PSDB) temem que, com o atraso, novas informações sobre o caso sejam reveladas às vésperas da campanha eleitoral. Isso prejudicaria o governador, que disputa a reeleição.

com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN

tiroteio
"O problema de Eduardo Campos é ser refém de uma vice maior que ele. Por isso, não consegue ditar as regras de sua campanha."

DO DEPUTADO CARLOS SAMPAIO (PSDB-SP), sobre as divergências entre aliados de Eduardo Campos e Marina Silva acerca das decisões da campanha do PSB.

contraponto


Bem na foto
Na inauguração do Hospital de Clínicas de São Bernardo do Campo (SP), em dezembro, Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e o prefeito Luiz Marinho posavam para fotos quando um fotógrafo não reconheceu Miriam Belchior (Planejamento) e pediu que ela se afastasse.

--Moça, moça! Pode dar licença, por favor? --disse.

Sem jeito, Miriam se afastou e a foto foi batida.

--Acho que ela ficou brava --comentou Marinho.

--Que nada! A Miriam deve ter ficado feliz porque foi chamada de "moça". Assim, era até capaz de sair do prédio para não atrapalhar --retrucou o ex-presidente.

CHOQUE DE GESTÃO - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 08/01

São Paulo é um dos Estados com maior número de municípios que ainda não assumiram a manutenção da rede de iluminação pública no país, como determina a Constituição. Apenas 145 das 645 cidades paulistas fizeram a transferência para a administração municipal no prazo estipulado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

CHOQUE DE GESTÃO 2
A data limite fixada para o fim de 2013 foi prorrogada para dezembro de 2014. De acordo com a Aneel, apenas 65% dos municípios brasileiros cumpriram a determinação. Além de São Paulo, os Estados mais atrasados são Minas Gerais, Pernambuco, Ceará, Amapá e Roraima. As prefeituras alegaram dificuldade na criação da Contribuição de Iluminação Pública para custear o serviço.

CHOQUE DE GESTÃO 3
A capital paulista é um dos municípios que fizeram a transição. Criou uma empresa pública, a Ilume. Outros optaram pela terceirização. A Secretaria de Estado de Energia preparou cartilha para auxiliar os gestores municipais no processo. A maioria dos prefeitos empurram com a barriga a criação da taxa.

TERRA E AR
A família Guinle deu mais um passo para provar na Justiça que a União rompeu os termos da doação da área que abriga o aeroporto de Cumbica. Em 1940, o terreno foi doado por eles ao Ministério da Guerra para ser um aeródromo militar. O imbróglio começou após o aeroporto ter 51% de seu controle privatizado.

TERRA E AR 2
Em 9 de dezembro, a família registrou ata em cartório para documentar o caso. "Eles (a União) queriam desqualificar a escritura de doação dizendo que era antiga. A ata torna os fatos incontroversos", diz Fabio Goldschmidt, advogado dos Guinle. A Advocacia-Geral da União afirma "que é indevida a tentativa de reverter a doação da área".

TERRA E AR 3
Os herdeiros querem entrar com ação contra a União e a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) até março.

PEIXINHO
o mais novo piloto do clã Piquet, Pedro, 15, vai disputar sua primeira corrida de carro neste fim de semana. Ele está na Nova Zelândia para competir na Toyota Racing Series, categoria de formação disputada em cinco etapas. Será o mais novo do grid de largada.

PEIXINHO 2
Recuperado da cirurgia cardíaca feita no ano passado, Nelson Piquet embarcou com o filho logo após o Ano-Novo. O herdeiro do tricampeão de F-1 leva na bagagem resultados no kart, como o troféu FIA Academy na Itália em 2013, espécie de mundial para jovens.

MEDIDA CERTA
Preta Gil passa temporada no spa Sete Voltas, desde o dia 2, acompanhada do namorado, Rodrigo Godoy, do amigo e apresentador Gominho e de uma assessora. Após perder 7,9 kg no "Medida Certa", a cantora aderiu à dieta de 800 calorias por dia, com muita soja. Myriam Abicair, dona do spa, diz que a hóspede famosa não quer ouvir falar em exercícios, enquanto o namorado malha e não tem restrição alimentar.

DE ESPARTILHO
Adriana Alves vai encarar duas personagens de época no cinema em 2014. Namorada do chef Olivier Anquier, a atriz foi escalada para "Helena", adaptação da obra de Machado de Assis, com direção de Sérgio Araújo. Em "Dona Beja", de Débora Torres, fará o papel de Dona Crioula.

BRINDE NA PAULISTA
Os empresários Sérgio Kalil e Lygia Lopes receberam convidados anteontem no aniversário de 20 anos do restaurante Spot, nos Jardins. O ex-jogador de futebol Raí e a namorada, Viviane Lescher, o ator Tato Gabus Mendes, a blogueira Julia Petit e a designer Nasha Gil foram ao coquetel. A stylist Flavia Brunetti, o cineasta Arnaldo Jabor, os atores Tuna Dwek, Claudio Curi e Linda Conde e o DJ Felipe Venancio também estiveram na comemoração.

CURTO-CIRCUITO
A peça "Pedro e o Capitão" retoma temporada hoje, às 20h, no CCBB-SP. Em cartaz até 19/1. 16 anos.

Fabrício Carpinejar lança o livro "Vida em Pedaços" na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Amanhã, às 19h.

A turnê do Guns N' Roses no país vai passar por Belo Horizonte (22/3), Brasília (25/3), São Paulo (28/3), Curitiba (30/3), Florianópolis (1/4) e Porto Alegre (3/4).

Russos estão chegando - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 08/01

A Fifa está esperando para a Copa do Mundo de 2014, aqui, a chegada de uns 55 mil mexicanos, 50 mil ingleses, 40 mil italianos, 30 mil holandeses e 25 mil russos.
A maioria fará algum tipo de escala no Rio.

Os alcaguetes
A Comissão da Verdade do Rio localizou, no Arquivo Público do Estado do Rio, uma lista de 411 funcionários públicos que, além dos salários, receberiam um dindin por fora para dedurar inimigos da ditadura.
Na lista, entre os alcaguetes, recrutados pelo Dops, está o policial Mariel Mariscotte, acusado de ser do Esquadrão da Morte.

Acadêmicos da seca
O presidente da Cedae, Wagner Victer, estava, sábado, na quadra da União da Ilha do Governador, quando Letícia Martins, rainha do carnaval do Rio em 2014, aproximou-se e disse:
— A casa da minha mãe, em Belford Roxo, está sem água faz tempo!

Mãe boa
Luana Piovani, a atriz e mãe do pequeno Dom, está cada vez mais envolvida com o universo infantil. A bela começa a ensaiar, na próxima semana, seu novo espetáculo para crianças.
Com texto de Adriana Falcão e direção de Gabriel Villela, a peça “Mania de explicação” vai contar a história da menina Isabel, que gosta de inventar novos significados para as palavras.

No mais
Na mitologia nórdica, o mundo tem nova data para acabar: 22 de fevereiro de 2014.
Mas o apocalipse já começou pelo Maranhão de Sarney.

A Igreja se mexe
Papa Francisco mandou mensagem de saudação aos participantes do 13º Encontro Nacional das Comunidades Eclesiais de Base, que vai de hoje até sábado, em Juazeiro do Norte, no
Ceará, terra do “Padim Ciço”.
É a primeira vez que um Papa faz isto.

Como se sabe...
As CEBs, por causa de sua ligação com a luta política no passado, foram satanizadas pela cúpula da Igreja.

A voz da favela
Vários eventos estão sendo organizados para celebrar o centenário de Carolina Maria de Jesus (1914-1977). Trata-se da autora do livro “Quarto de despejo”, que foi traduzido para 13 línguas.
Em abril, ela será homenageada no VI Colóquio Mulheres em Letras, em Minas. A abertura será feita pelo historiador José Carlos Sebe Bom Meihy, autor do livro “Cinderela negra: a saga de Carolina Maria de Jesus”.

Em tempo...
Negra e catadora de papel, ela foi descoberta para a literatura pelo coleguinha Audálio Dantas, numa favela onde hoje fica o estádio da Portuguesa, em São Paulo.

Batalha das Canoas
O Comitê Rio450, como aperitivo das comemorações pelos 450 anos da cidade do Rio, ano que vem, realizará, sexta agora, um evento em plena Baía de Guanabara, na altura do Flamengo. 
De um barco, dom Orani Tempesta, o arcebispo do Rio, fará orações e jogará flores ao mar em memória de índios, portugueses e franceses que morreram na famosa Batalha das Canoas, em 1566.

Mãozinha...
Reza a lenda que durante a Batalha das Canoas a imagem de São Sebastião teria aparecido em meio à fumaça, afugentando os bravos índios tamoios, aliados dos franceses.

A vida não é justa
A Editora Agir vai lançar, este ano, o segundo livro da série “A vida não é justa”, da juíza Andréa Pachá.
O primeiro, com histórias de encontros e desencontros numa Vara de Família, vendeu, até agora, 30 mil exemplares.

Estrela solitária
Uns apaixonados torcedores do Botafogo se juntaram e criaram, como se sabe, o grupo Botafogo Sem
Dívidas, que trabalha para ajudar o clube a pagar o que deve à Receita Federal. Em um dia, a turma conseguiu arrecadar R$ 17 mil.
Agora, só faltam uns R$ 129 milhões.

Cena carioca
Um casal que visitava, sexta passada, o Museu Imperial, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, ficou impressionado com uma cadeirinha de arruar, aquele meio de transporte de tração humana muito comum por aqui nos séculos XVII e XVIII. A mulher soltou:
— Nossa! Cabiam duas pessoas aí? Mas é muito apertado.
E o marido:
— E você ainda reclama da Fiat Uno. Há testemunhas.