segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Operação Zelotes: em Brasília cresce a desconfiança diante da não prisão da ex-ministra Erenice Guerra


 
erenice_guerra_1001
A Operação Zelotes (Polícia Federal, Receita e Ministério Público Federal) tem ingredientes de sobra para provocar rumorosas surpresas de agora em diante, pois alguns dos investigados continuam em liberdade. A operação desmontou um esquema criminoso no Conselho Administrativo de recursos Fiscais (CARF), onde propinas milionárias negociadas para anular ou reduzir multas tributárias.
Em Brasília, cada vez mais trepidante por conta dos muitos escândalos de corrupção, pessoas que gravitam na órbita mais restrita da política nacional garantem que o imbróglio do CARF é muito maior do que o Petrolão, pelo menos em termos de prejuízo ao Estado.
Um dos alvos da Zelotes, Erenice Alves Guerra, ex-chefe da Casa Civil da Presidência, ainda não foi incomodada pela Polícia Federal, mas essa visita pode acontecer a qualquer momento. No meio político, na capital dos brasileiros, causa estranheza o fato de Erenice ter sido poupada até agora, pois muitos creem que não há como negar a relação da outrora “braço direito” da presidente Dilma Rousseff com José Ricardo da Silva, preso na mais recente fase da Zelotes.
José Ricardo, de acordo com mandado de busca e apreensão expedido pela 10ª Vara da Justiça Federal, foi apontado como sócio do lobista Alexandre Paes dos Santos, conhecido como “APS”, também preso na última segunda-feira (26).
Em outra operação, defalgrada em abril, a Polícia Federal apreendeu uma procuração que confirma a atuação de Erenice Guerra, em parceria com José Ricardo Silva, para defender, no CARF, os interesses do capítulo brasileiro da Huawei, gigante chinês da área de telecomunicações. A Huawei discute no órgão ligado ao Ministério da Fazenda um débito de R$ 705,5 milhões, fruto de cobranças feitas pela Receita Federal.
Nos documentos aparece o suposto prêmio a ser pago a Erenice em caso de êxito: 1,5% do valor que a empresa deixaria de recolher aos cofres federais. Considerando a hipótese de a mencionada cobrança da Receita ser anulada na totalidade, a remuneração de Erenice seria de R$ 10 milhões. Coincidência ou não, o contrato com a Huawei foi selado em 2013, sendo que José Ricardo permaneceu como conselheiro do CARF até fevereiro de 2014.
fonte - http://ucho.info/operacao-zelotes-em-brasilia-cresce-a-desconfianca-diante-da-nao-prisao-da-ex-ministra-erenice-guerra

O sociólogo e o operário - Ricardo Noblat


Nada deve doer tanto em Lula ultimamente do que as críticas que lhe faz o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Os dois foram parceiros políticos no passado. Separou-os a fundação do PT. FHC preferiu ficar em um partido para chamar de seu – o PSDB.

Embora o candidato do seu governo fosse José Serra, nada deixou FHC mais feliz do que passar a presidência da República para Lula.

Por vaidade, imaginava-se citado no futuro em livros de História como o sociólogo que foi sucedido pelo operário.

De resto, se Lula fracassasse, o sociólogo estava pronto para substitui-lo. O operário se reelegeu e elegeu Dilma. Deixou o cargo com 80% de aprovação.

Por razões que ainda não estão claras, Lula aproveitou seus oito anos de governo, e os quatro primeiros de Dilma, para bater em FHC sem piedade.

Chamou de “maldita” a herança que recebera dele. Debochou dos conhecimentos de FHC e exaltou sua própria ignorância.

Pois bem: a hora do troco chegou. FHC retribui a pancadaria sem perder a classe. Vale-se da cultura que acumulou e dos seus reconhecidos bons modos.

Nem por isso o que ele diz deve doer menos em Lula. Talvez doa mais. Porque FHC trata Lula não como um adversário, mas como um objeto a ser analisado.

Tal postura é de alguém que se julga superior, que olha o entorno do alto do seu trono. Lula tem ouvido FHC sem responder por que sua situação é muito ruim.

E tende a piorar, tamanho é o cerco que lhe movem a Polícia Federal e o Ministério Público. Não sem razão.

Que líder político entre nós ainda conservaria parte da popularidade sendo alvo de todas as suspeitas que alcançam Lula?

É suspeito, por exemplo, de ter beneficiado empreiteiras que o têm beneficiado desde que ele saiu do governo.

É suspeito de ter bancado a “sofisticada organização criminosa” que se apoderou de parte do aparelho do Estado durante o mensalão.

E foi ele que nomeou os diretores que saquearam a Petrobras em proveito próprio, do PT e de outros partidos e políticos.

Enquanto Lula tenta escapar de um fim de vida trágico, FHC antecipa a publicação dos seus livros de memória à espera do aplauso da posteridade.

Enquanto Lula tenta justificar o enriquecimento dos seus filhos, FHC confraterniza com o filho que adotou, e que leva uma vida simples.

Lá ele não indicou ninguém ao STF: pessoas próximas a Lula são investigadas em Portugal - by MARLOS ÁPYUS

Apesar de o enredo lembrar bastante as investigações em curso no Brasil, a blindagem de Lula é menos eficiente no "primeiro mundo".

Por Marlos Ápyus | Tópicos 
O colunismo político informou no fim de semana que Lula estaria agindo para se blindar contra três grandes investigações que chegam à sua família e amigos: Lava Jato, Zelotes e Acrônimo. Pois o ex-presidente precisará se virar em cinco, já que duas investigações em Portugal miram pessoas próximas ao petista.
Lula | Foto: Valter Campanato/ABr
Lula | Foto: Valter Campanato/ABr
O enredo na Europa lembra bastante o que já acontecia no Brasil: pagamentos suspeitos garantiriam uma autorização do governo brasileiro e agências reguladoras, com a participação de construtoras brasileiras, que teriam quitado dívidas de R$ 1,2 bilhão junto à Portugal Telecom em negócio com a Oi. Escreveu o jornal português Público, sobre as suspeitas investigadas:
“Pagamentos de várias dezenas de milhões de euros ao universo restrito do ex-presidente da República Lula da Silva, bem como a ex-governantes e gestores brasileiros e portugueses.”
A imprensa portuguesa cita a Andrade Gutierrez como uma das construtoras sob suspeita, assim como Luís Oliveira Silva, sócio e irmão de José Dirceu, e dono da casa onde documentos sobre a Portugal Telecom teriam sido encontrados.
Mas o diferencial é que, na Europa, a blindagem de Lula é bem menos eficiente – o PT não indicou a maior parte dos ministros Suprema Corte portuguesa.
FONTE - http://www.implicante.org/blog/la-ele-nao-indicou-ninguem-ao-stf-pessoas-proximas-a-lula-sao-investigadas-em-portugal/

Dilma troca cargos de 2º e 3º escalões por apoio


02/11/2015 10:25
Com o intuito de assegurar fidelidade nas votações na Câmara, Dilma Rousseff deu a partidos da base aliada (PTB, PP, PSD e PRB) cargos de segundo e terceiro escalões em órgãos federais. O movimento visa barrar pedido de impeachment e aprovar o ajuste fiscal.

As funções, ocupadas antes por funcionários de carreira, são entregues a pessoas sem especialização. Há turismólogo em fundação de saúde na Bahia e corretor de imóveis em companhia de trens na Paraíba. Segundo os partidos, os indicados têm “experiência”

Governo distribui cargos de segundo escalão a leigos e partidos

João Pedro Pitombo, Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo

SALVADOR, BRASÍLIA - Um turismólogo vai comandar a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) na Bahia. Um corretor de imóveis irá gerir a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) na Paraíba. Um engenheiro sem experiência no setor portuário assumiu a Companhia Docas no Rio Grande do Norte.
Sem especialização, apadrinhados de congressistas estão sendo abrigados em cargos estratégicos do governo. O sentido é o mesmo da recente reforma ministerial, que ampliou o espaço do PMDB na esplanada: pacificar a base da presidente Dilma Rousseff, concluir o ajuste fiscal e afastar o risco de impeachment.

Alguns casos motivaram protestos. Como o do novo superintendente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) na Bahia, Fernando Ornelas, que por indicação do deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), substitui Carlos Amorim, com mais de 30 anos de experiência.

O Instituto dos Arquitetos do Brasil repudiou a nomeação de um gestor "sem qualquer experiência ou qualificação na área de preservação do patrimônio cultural", indicado "exclusivamente por questões político-partidárias".

Na Paraíba, o corretor de imóveis Paulo Barreto virou superintendente da CBTU por indicação do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP). Barreto foi gestor da autarquia do governo da Paraíba que fiscaliza jogos de azar e assessor no ministério das Cidades.

A diretoria da Funasa na Bahia será chefiada pelo ex-presidente da Embratur Vicente Neto, turismólogo por formação, sem experiência na saúde. Atende a um pleito do PC do B, numa indicação da deputada Alice Portugal (BA).

A distribuição de cargos também envolveu parentes. No Rio Grande do Norte, o novo diretor financeiro da Companhia Docas é Emiliano Rosado, indicado pelo primo deputado, Beto Rosado (PP-RN). Engenheiro civil, Emiliano trabalhou em empreiteiras, mas não possui experiência no setor portuário.

Desfaxina
A onda de nomeações também alcança cargos que foram palco da chamada faxina feita por Dilma em seu primeiro mandato, quando demitiu vários por suspeita de corrupção. Nesses casos, foram contemplados PTB, PP, PR, PSD e PRB, siglas que, em outubro, ajudaram a esvaziar a sessão do Congresso de análise de vetos presidenciais, impondo derrota ao governo.

Para a diretoria de administração e finanças do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), por exemplo, a presidente nomeou Fernando Fortes Melro Filho, indicação da bancada do PR de Alagoas na Câmara.

Responsável pela malha viária, o Dnit passou por uma devassa em 2011, que derrubou vários servidores, como o diretor-geral, Luiz Pagot (indicado pelo PR), e teve como desfecho a saída do ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, também do PR.

Na diretoria da Companhia Nacional de Abastecimento, o governo acomodou Igo Nascimento, do PSD-TO. Em 2011, Dilma ordenou uma faxina na empresa, vinculada à Agricultura, após denúncia de que Oscar Jucá Neto, então diretor da Conab, teria liberado pagamento irregular de R$ 8 milhões a uma empresa.

Irmão do senador Romero Jucá (PMDB-RR), Oscar saiu dizendo que havia um esquema de corrupção na pasta, o que foi refutado pelo então ministro Wagner Rossi.

Alvo também de denúncia no primeiro mandato, a Casa da Moeda foi entregue à bancada do PTB, que indicou o presidente Mauricio Luz. Em 2012, o então chefe da empresa, Luiz Felipe Denucci, também indicado pelo PTB, foi demitido por suspeita de recebimento de propina.

Dilma entregou ainda a Superintendência da Zona Franca de Manaus ao PP. E a Superintendência do Patrimônio da União em São Paulo para nome indicado pelo PRB. Os dois órgãos foram palco de crises no início do primeiro mandato, sempre por conta de denúncias.

Desde a faxina, esses cargos vinham sendo ocupados por servidores de carreira.

Outro lado
Os deputados que fizeram indicações de nomes não especializados para cargos destacam a "experiência" de seus apadrinhados.

José Carlos Araújo (PSD-BA) disse que sua indicação ao Iphan foi condizente e que Fernando Ornelas, oriundo da área de telecomunicações, é "um estudioso" que se adaptará a nova função.

"Todo mundo tem que começar uma hora em determinada função", diz. "E a questão do patrimônio [histórico] é fazer reforma, não há dificuldade em se adaptar."

Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) destaca a experiência do corretor Paulo Barreto, indicado à CBTU: "Ele ocupou cargos em diversas administrações e sairá bem no novo desafio."

Alice Portugal (PC do B-BA) nega ter indicado o ex-presidente da Embratur à Funasa. Diz que a nomeação é do partido. Mas defende o nome: "É um gestor experimentado, que foi nomeado para um cargo de salário pequenininho. Não entendo o porquê deste interesse desmedido."

A Folha não conseguiu localizar Beto Rosado (PP-RN).


Tão diferentes, tão iguais - Por Mary Zaidan

01/11/2015 01:01

Por Mary Zaidan - Jornalista

Mary Zaidan
Eles são os maiores partidos do país, têm as maiores bancadas no Congresso Nacional, por duas vezes consecutivas emplacaram a mesma dobradinha na Presidência e na vice-presidência da República. Mas vivem às turras. Parceiros de eleição e reeleição, PT e PMDB se diferem e se igualam em quase tudo. São e estão no governo. E se opõem a ele.
Ambos abusam da mania de cobrir com vestes de interesse nacional o olhar fixo que têm em seus próprios umbigos. A “Resolução política sobre a conjuntura”, aprovada pelo Diretório Nacional do PT, dia 29, e o documento “Uma ponte para o futuro”, liberado pelo PMDB na mesma quinta-feira, mais uma vez provam isso.
São textos opostos, impossíveis de conviver sob o mesmo teto.  Aplicar qualquer um deles obrigaria o expurgo do outro. Algo que até podem desejar, mas que não está na conta nem do PT – que precisa alucinadamente dos peemedebistas, mesmo que só possa contar com alguns deles -, nem do PMDB, que depois de galgar os melhores postos do primeiro escalão avança ávido sobre os segundo e terceiro.
Na prática, nem o PT pretende aplicar as teses do século XIX expostas em sua resolução, nem o PMDB tem como fazer valer as ideias impressas, a maior parte delas muito semelhantes às expressas por Armínio Fraga, economista que Aécio Neves chegou a anunciar como seu ministro da Fazenda caso vencesse Dilma Rousseff.

Com alarmismo quanto ao avanço das forças retrógradas de direita, que estariam interessadas em desestabilizar o país e, em especial, penalizar o ex Lula, o PT pretende, com a sua resolução, atrair o público que até pouco tempo era cativo e já não lhe é fiel.
Já o PMDB, partido que integrou todos os governos desde a redemocratização, sempre soube quando e a quem apoiar. Mais ainda, a hora precisa do desembarque.
Na campanha de 2014 se postou ao lado de Dilma e, portanto, contra as propostas tucanas que agora defende. Diante do fracasso da presidente, das crises econômica e política, quer sair bem na fita. Posa como salvador da pátria, como agremiação que se preocupa com os destinos do Brasil.
Em seu documento, defende o óbvio – responsabilidade fiscal, controle de gastos e privatização da infraestrutura -, mas fica caladinho quanto aos protagonistas na mais grave crise ética do país. Não dá um pio sobre Eduardo Cunha, atolado até muito acima do pescoço com múltiplas contas na Suíça, sobre Fernando Baiano e a Operação Lava-Jato.
O presidente da Câmara é um caso à parte. Cunha manipula não só a presidente Dilma, a quem pode impor o processo de impedimento do mandato, o PT e o PMDB, mas também a oposição – PSDB e DEM à frente. Hoje, a dinâmica da política está nas mãos dele.
Aqui, mais um traço em comum. Ao PT de Lula, que já deu a ordem para que não mexam com Cunha, e ao PMDB, que finge que não é com ele, nada melhor do que ter a oposição como cúmplice da imoralidade.
PT e PMDB agradecem.  
O próprio umbigo (Foto: Arquivo Google)

Fonte: Blog do Ricardo Noblat - O Globo


Leia mais: http://www.josenildomelo.com.br/news/tao-diferentes-tao-iguais-por-mary-zaidan/