quarta-feira, 15 de julho de 2015

A ascensão meteórica de Tiago Cedraz - O ANTAGONISTA


O Globo de hoje tem uma ótima reportagem sobre Tiago Cedraz, acusado pela Lava Jato de ter recebido propina de Ricardo Pessoa:
“Filho do presidente do TCU, ministro Aroldo Cedraz, Tiago teve ascensão meteórica — acumulou clientes, sócios, patrimônio, negócios e prestígio político — desde a chegada do pai ao cargo de ministro, em 2007. Uma fatia importante das causa de seu escritório, o Cedraz Advogados, está atrelada à pauta de processos do TCU. Um de seus sócios, Thiago Groszewicz Brito, atua ou atuou em 61 processos do TCU. Outra sócia, Valeria Bittar Elbel, defende clientes em 24 autos no tribunal”.
Aroldo Cedraz vai se intimidar? Ou vai reagir às denúncias reprovando as contas de Dilma Rousseff?

O INFERNO DOPLANALTO SEAPROXIMAVELOZMENTE!EDUARDO CUNHASERÁ DENUNCIADO.


cunha - Ed Fererira Folha press
(Folha)Para enfraquecer Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que tem imposto derrotas ao Planalto e terá o controle da Câmara dos Deputados em caso de processo de impeachment contra Dilma Rousseff, o governo conta com uma denúncia contra o peemedebista na Operação Lava Jato, o que pode ocorrer nos próximos dias.
A novidade seria um depoimento do executivo Júlio Camargo, que fez acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.
O próprio Cunha já confidenciou a aliados que espera ser denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e promete retaliar o Planalto.
O deputado federal, assim como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), atribui sua investigação a uma ação do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça). A cúpula do Congresso queixa-se de que o governo Dilma não fez nada para impedir inquéritos contra eles.
Nesta terça-feira (14), Cunha avisou a Michel Temer (PMDB), vice-presidente da República, que irá instalar CPIs prejudiciais ao governo na volta do recesso parlamentar. São elas a do BNDES e a dos fundos de pensão.
Preocupado, Temer conversou com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o informou das intenções de Cunha. Mercadante procurou o presidente da Câmara para tentar apaziguar os ânimos e rechaçar qualquer tipo de interferência do governo na Lava Jato.
Cunha, no entanto, tem dito a aliados que a denúncia contra ele vai ter efeito oposto, prometendo “aumentar a pressão” sobre o governo.
Junto ao PMDB na Câmara, ele diz ainda que vai articular a convocação de Mercadante e Edinho Silva (Comunicação Social) na CPI da Petrobras.
Os ministros foram citados na delação do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC. Ele disse ter dado dinheiro proveniente de caixa dois a Mercadante em 2010 e ter sido pressionado por Edinho a contribuir com a campanha de 2014 de Dilma em troca de obras na Petrobras. Os petistas negam as irregularidades.
Em outra frente, Cunha vai dar início, conforme a Folha revelou no domingo (12), à apreciação de contas presidenciais de anos anteriores para abrir caminho para a análise das contas de 2014 de Dilma. O TCU (Tribunal de Contas da União) deve rejeitar as contas da petista.

ELES ESTÃO DE VOLTA


Eles ocuparam a Câmara em Porto Alegre, foram identificados e processados. Assustados, voltaram para a casa. Agora, voltam pelas mãos do Cpers e da CUT - do PT. -



A Assembléia do RS já tem imagens e fotos de desordeiros do Bloco dos Pelados, indiciados pela Polícia Civil, que estiveram ontem apupando deputados.

Todos estavam custodiados por dirigentes do Cpers e da CUT.

Em São Paulo, como se viu esta semana, também os Black Blocs voltaram às ruas.

A idéia do governo do PT e do PT é botar suas tropas mercenárias nas ruas para perturbar as manifestações previstas para o dia 16 de agosto.

Esquecem que a história só se repete como farsa.

“Lei Geral das Religiões” é aprovada pela Câmara dos Deputados



A proposta que cria a “Lei Geral das Religiões”, como é conhecido o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 160/09, que trata das garantias e dos direitos fundamentais ao livre exercício da crença e dos cultos, foi aprovada na reunião da Comissão de Assuntos Econômicos. O relator, senador Marcelo Crivella (foto), manifestou-se a favor de sete emendas aprovadas pela Comissão de Assuntos Sociais, entre elas a ausência de exigência de registro para qualquer grupo que queira compartilhar crenças e ritos. Entretanto, será requerida personalidade jurídica para a entidade realizar parceria com o Estado em atividades de interesse público.
De autoria do deputado licenciado George Hilton, atual ministro do Esporte, o projeto enviado ao Senado resultou de substitutivo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. A proposta garante normas já reconhecidas pela jurisprudência brasileira sobre questões como a inexistência de vínculo empregatício entre religiosos e igrejas. Sacerdotes de todas as religiões poderão ter acesso, observadas as exigências legais, a fiéis internados em estabelecimentos de saúde ou detidos em presídios.
Ao disciplinar a assistência religiosa no âmbito das Forças Armadas, o projeto garante que cada credo constituirá organização própria com a finalidade de dirigir, coordenar e supervisionar essa assistência aos seus fiéis. Para isso, deverá ser assegurada igualdade de condições, honras e tratamento a todos os credos. O projeto estabelece também que a violação à liberdade de crença e à proteção dos locais de culto e suas liturgias sujeita o infrator a sanções do Código Penal, além da responsabilização civil pelos danos provocados. Com a aprovação do parecer, a proposta seguirá para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania.

fonte - www.alef.com.br

Dilma, o líder e o genro do líder - O Estado de SP


Em mais um sinal de decomposição política e administrativa de seu governo, a presidente Dilma Rousseff indicou para uma das diretorias da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) o advogado Ricardo Fenelon das Neves, genro do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE). A iniciativa foi justificada pelo Palácio do Planalto como forma de reforçar a base aliada no Poder Legislativo, especialmente com o PMDB, a agremiação que comanda a Câmara e o Senado. A mensagem de indicação foi encaminhada pela Casa Civil três dias antes do casamento de Fenelon das Neves com a filha de Eunício. A presidente Dilma foi ao casório. 
Fenelon das Neves – o felizardo – tem 28 anos de idade, formou-se há três anos em direito numa universidade de segunda linha do Distrito Federal e conhece muito pouco a área de aviação comercial. As experiências que tem no setor foram um estágio na procuradoria jurídica da própria Anac entre abril de 2009 e outubro de 2010 e um trabalho de conclusão de graduação intitulado A autorização no transporte aéreo regular. A diretoria para a qual foi indicado, de Operações de Aeronaves, não trata de questões jurídicas.
Para assumir essa diretoria, com salário de R$ 14.376,03, mais verba de representação, Fenelon das Neves terá de passar por uma sabatina no Senado e ser aprovado por voto secreto. Para evitar problemas nas respostas às perguntas que poderão ser feitas, dado seu jejum em matéria de aviação comercial regular, táxis-aéreos, aeronaves privadas e ordenamento técnico e de segurança operacional de aviões e aeroportos, o genro do senador Eunício de Oliveira anexou à mensagem de Dilma um arrazoado em que tenta apontar suas afinidades com o sistema aeroportuário. “Optei por realizar um dos estágios obrigatórios do curso de graduação no Juizado Especial do Aeroporto de Brasília, onde realizei diversas mediações entre usuários do transporte aéreo e empresas aéreas”. Ou seja, sua especialidade – pelo tanto que um estágio especializa – é mediação judicial, e o fato de ele ter-se desincumbido das obrigações curriculares num aeroporto é mera circunstância. 
A decisão de Dilma deixou revoltadas as entidades do setor aéreo, que repudiaram a escolha de um advogado inexperiente e sem qualquer conhecimento em aviação para ser um dos dirigentes de uma importante agência reguladora. Também manifestaram contrariedade com nomeações baseadas em critérios que não têm relação técnica entre o indicado e as especificidades do setor regulado. “A possibilidade de nomeação política, baseada na mais asquerosa troca de favores partidários, é por nós, especialistas, veementemente rejeitada”, disseram os dirigentes da Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves. 
A instrumentalização partidária não ocorre exclusivamente na Anac. Desde a ascensão do PT ao poder, os cargos de confiança de quase todas as agências reguladoras foram loteados entre os partidos da base governista. O descalabro chegou a tal ponto que, quando alguns dos detentores desses cargos se converteram em alvo de investigações da Polícia Federal, especialmente da Operação Porto Seguro, o Sindicato das Agências Reguladoras distribuiu nota informando que os investigados não eram servidores concursados do quadro permanente das agências, mas apadrinhados de líderes partidários. 
Criadas com autonomia administrativa e personalidade jurídica própria para substituir as antigas autarquias, as agências reguladoras são órgãos de Estado. Cabe a elas ordenar, fiscalizar e orientar a modernização dos setores estratégicos da economia, pondo o interesse público à frente dos interesses das empresas que nelas atuam. Quando são usadas como cabides de empregos para parentes, amigos e correligionários, elas perdem autoridade e credibilidade. E o resultado pode ser desde a sua ineficiência até sua captura pelas empresas reguladas, o que abre caminho para a degradação de serviços essenciais, corrupção, zoneamento de mercado e abuso do poder econômico. 
A indicação do genro do líder do PMDB no Senado para a Diretoria de Operações Aeronáuticas da Anac só acelera esse processo de deterioração funcional e moral da administração pública. 

Mais que garantir a sobrevivência, o médico deve zelar pela qualidade de vida de seus pacientes - ÉPOCA

Os limites do médico diante da morte


ATUL GAWANDE*
21/06/2015 - 10h00 - Atualizado 21/06/2015 10h00
Rio Ganges, na Índia (Foto: Jonathan & Angela Scott/JAI/Corbis)
Ser mortal é lutar para lidar com nossas restrições biológicas, com os limites estabelecidos por genes, células, carne e osso. A ciência médica nos confere um poder extraordinário para desafiar esses limites, e o valor potencial desse poder foi uma das principais razões pelas quais me tornei médico. No entanto, vi repetidas vezes o dano que nós, na medicina, causamos quando deixamos de reconhecer que esse poder é finito e sempre será.

Enganamo-nos a respeito de nossa função como médicos. Acreditamos que nosso trabalho é garantir a saúde e a sobrevivência. Mas, na verdade, é muito mais que isso. É possibilitar o bem-estar. E o bem-estar tem a ver com as razões pelas quais alguém deseja estar vivo. Essas razões são importantes não apenas no fim da vida ou quando a pessoa se torna debilitada, mas durante todo o percurso. Sempre que alguém é vítima de uma doença ou lesão séria e seu corpo ou mente entra em colapso, as questões vitais são as mesmas. Como você entende a situação e seus possíveis resultados? Quais são seus medos e suas esperanças? Quais são as concessões que você está disposto a fazer e as que não está? E qual é o plano de ação que melhor corresponde a esse entendimento?
>> Cristiane Segatto: O médico super sincero

A área de cuidados paliativos surgiu nas últimas décadas para trazer esse tipo de pensamento para os médicos e seus pacientes que estão morrendo. E a especialidade está avançando, levando a mesma abordagem a outros pacientes com doenças graves, quer estejam morrendo ou não. Isso é encorajador. Mas não é motivo de comemoração. Só será possível comemorar quando todos os clínicos tiverem esse tipo de posicionamento com cada pessoa por eles tratada; quando não houver mais necessidade de uma especialidade separada.

Se ser humano é ser limitado, então o papel dos profissionais e das instituições encarregados de oferecer cuidados – de cirurgiões acasas de repouso – deveria ser de ajudar as pessoas em sua batalha contra esses limites. Às vezes podemos oferecer cura, às vezes apenas alívio, outras vezes nem isso. Porém, independentemente do que possamos oferecer, nossas intervenções, assim como os riscos e sacrifícios que envolvem, só são justificadas se atendem às metas maiores da vida da pessoa. Quando nos esquecemos disso, podemos infligir um sofrimento bárbaro. Quando nos lembramos, podemos fazer um bem enorme.
 
O médico, Dr.Atul Gawande (Foto: Susannah Ireland/eyevine/Glow Images)
Nunca esperei que minhas experiências mais significativas como médico – e, na verdade, como ser humano – fossem resultar de ajudar os outros a lidar não só com o que a medicina pode fazer, mas também com o que não pode. Mas esse demonstrou ser o caso, fosse com uma paciente, como Jewel Douglass, com uma amiga, como Peg Bachelder, ou com alguém que eu tanto amava, como meu pai.

Meu pai chegou ao fim sem nunca ter tido de sacrificar suas prioridades ou de deixar de ser quem era, e por isso sou grato. Tinha claros em mente seus desejos, mesmo para depois de sua morte. Deixou instruções para minha mãe, minha irmã e para mim. Queria que cremássemos seu corpo e jogássemos as cinzas em três lugares que lhe eram importantes: em Athens, no vilarejo em que crescera e no Rio Ganges, sagrado para todos os hindus. De acordo com a mitologia hinduísta, quando os restos mortais de uma pessoa tocam o grande rio, ela tem assegurada a salvação eterna. Há milênios famílias levam as cinzas de seus entes queridos até o Ganges e as espalham sobre suas águas.
>> Quando o hospital vai à floresta

Alguns meses após a morte de meu pai, portanto, seguimos essa mesma tradição. Viajamos até Varanasi, às margens do Ganges, uma antiga cidade de templos datada do século XII a.C. Acordamos antes do nascer do sol e caminhamos até um dos ghats, as paredes de degraus íngremes que ladeiam as margens do enorme rio. Tínhamos reservado com antecedência os serviços de um pandit, um guru, e ele nos guiou até um barquinho de madeira com um remador que nos conduziu pelo rio antes da aurora.

O ar fresco era revigorante. Um véu de névoa branca pairava sobre os pináculos da cidade e sobre a água. O guru de um templo cantava mantras e sua voz era difundida, junto com ruídos de estática, por meio de alto-falantes. O som atravessava o rio, chegando aos primeiros banhistas do dia, com suas barras de sabão, às fileiras de lavadeiras que batiam roupas em tábuas de pedra e ao martim-pescador sentado em um ancoradouro. Passamos por plataformas com enormes pilhas de madeira, que aguardavam as dezenas de corpos a serem cremados naquele dia. Quando já tínhamos percorrido uma distância considerável e o sol começou a aparecer em meio à névoa, o pandit começou a entoar mantras e a cantar.

Como o homem mais velho da família, fui chamado para auxiliar nos rituais necessários para que meu pai alcançasse moksha – a libertação do interminável ciclo de morte e renascimento para alcançar o nirvana. O pandit colocou um anel de barbante no quarto dedo de minha mão direita. Mandou que eu segurasse a urna de latão de um palmo contendo os restos de meu pai e que espalhasse as cinzas sobre ervas medicinais, flores e pedaços de comida: uma noz-de-areca, arroz, groselhas, cristais de açúcar e cúrcuma. Depois mandou que os outros membros da família fizessem o mesmo. Queimamos incenso e sopramos a fumaça sobre as cinzas. O pandit estendeu a mão por sobre a proa com um copinho e me fez beber três minúsculas colheradas da água do Ganges. Então me disse que lançasse as cinzas no rio por cima de meu ombro direito, seguidas da própria urna e de sua tampa. “Não olhe”, advertiu-me em inglês, e não olhei.

Embora meus pais tivessem tentado, é difícil criar um bom hindu em uma cidadezinha de Ohio. Eu não acreditava muito na ideia de deuses controlando o destino das pessoas e não achava que nada do que estávamos fazendo fosse oferecer a meu pai um lugar especial no além. O Ganges podia ser sagrado para os seguidores de uma das maiores religiões do mundo, mas para mim, o médico, era mais conhecido como um dos rios mais poluídos do planeta, graças, em parte, a todos os corpos incompletamente cremados que nele eram jogados. Sabendo que teria de tomar aqueles três golinhos de água do rio, eu havia pesquisado a contagem bacteriana na internet e tomado os antibióticos adequados de antemão. (Mesmo assim, tive uma infecção por giárdia, já que havia me esquecido da possibilidade de ser contaminado por parasitas.)

Ainda assim, fiquei intensamente tocado e grato por ter tido a chance de fazer meu papel. Primeiro, porque era a vontade de meu pai, assim como de minha mãe e irmã. Além do mais, embora eu não sentisse que meu pai estivesse naquela urna ou naquelas cinzas, senti que o havíamos conectado a algo muito maior do que nós, naquele lugar onde as pessoas vinham realizando esse tipo de ritual havia tanto tempo.
 
Livro, Mortais  (Foto: Divulgação)
Quando eu era criança, as lições que meu pai me ensinou foram sobre perseverança: nunca aceitar as limitações que atravancavam meu caminho. Como adulto, observando-o em seus últimos anos, também vi como aprender a aceitar os limites que, por mais que desejássemos, não poderíamos fazer desaparecer. Com frequência, não é fácil determinar quando devemos parar de desafiar os limites e passar a tirar o melhor proveito possível deles. Mas está claro que às vezes o custo de desafiá-los excede os benefícios. Ajudar meu pai a lidar com a dificuldade de definir esse momento foi, ao mesmo tempo, uma das experiências mais dolorosas e mais privilegiadas de minha vida.

Parte da maneira como meu pai lidou com os limites que enfrentou foi os encarando sem ilusão. Embora suas circunstâncias às vezes o deixassem abatido, nunca fingia que eram melhores do que de fato eram. Sempre entendeu que a vida é curta demais e que o lugar de cada um de nós no mundo é pequeno. Porém, também se via como um elo na cadeia da história.

Flutuando naquele rio caudaloso, não pude deixar de sentir as mãos das muitas gerações ligadas através do tempo. Ao nos levar até ali, meu pai nos ajudara a enxergar que ele era parte de uma história que remontava a milhares de anos – e nós também.

Tivemos sorte de ouvi-lo verbalizar seus desejos e se despedir. Ao ter essa chance, mostrou-nos que estava em paz. E isso, por sua vez, nos permitiu ficar em paz também. Depois de ter espalhado as cinzas de meu pai, flutuamos em silêncio por um tempo, deixando que a corrente nos levasse. O sol começou a dissipar a névoa e a nos aquecer os ossos. Fizemos um sinal ao barqueiro para que apanhasse os remos e nos dirigimos de volta à margem. 
* Trecho do livro Mortais, lançamento da editora Objetiva

CHARGE DO SPON - Dona Marisa e os 2 Cagões


Luciana Lóssio tem de se declarar impedida de julgar campanha de Dilma no TSE. E seu substituto também! - FELIPE MOURA BRASIL

13/07/2015
 às 20:56 \


TSE PTEntre os ministros do Tribunal Superior Eleitoral que julgarão as contas de campanha de Dilma Rousseff, estão dois advogados historicamente ligados ao PT, como este blog já cansou de denunciar: o presidente Dias Toffoli e Luciana Lóssio.
Toffoli é mais ligado a Lula que a Dilma. Foi advogado do PT em três campanhas presidenciais do Brahma, em 1998, 2002 e 2006, além de ter sido indicado por ele para o Supremo Tribunal Federal em 2009 e, antes, para a Advocacia-Geral da União em 2007, após ficar desde 2003 como subordinado de José Dirceu na Casa Civil.
E como disse o senador Cristovam Buarque: “Lula não aguenta mais Dilma”, “tem muita gente que fala que o Lula está querendo que ela renuncie”.
Já Luciana Lóssio foi assessora direta de Dilma na campanha de 2010 e indicada à corte pela própria petista, além de ter defendido o ex-governador do DF José Roberto Arruda e a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney.
Em outubro, eu mostrei aqui como Lóssio rejeitou liminarmente, sem entrar no mérito da questão, o pedido de dois advogados para suspender a participação de Dilma nas eleições.
Coincidentemente, dos sete ministros do TSE, Toffoli (por enquanto) está entre os três que tendem a votar contra o governo (com Gilmar Mendes e João Otávio de Noronha) e Lóssio entre os três a favor (com Henrique Neves e Maria Thereza Assis Moura), de acordo com matéria recente da Folha. O placar pró-Dilma no tribunal estaria por um voto, segundo o jornal: o do ministro Luiz Fux, que, no mensalão, surpreendeu e condenou todos os réus.
Que uma advogada que defendeu Dilma Rousseff na primeira campanha deveria declarar-se impedida de julgar a segunda campanha de Dilma Rousseff, é algo evidente para quem conserva o senso de ética faltante nos tribunais aparelhados pelo PT.
Mas sabe quem seria o substituto natural de Lóssio?
Outra figurinha reincidente neste blog: o ministro Admar Gonzaga, também ele – imagine –advogado da campanha presidencial de Dilma em 2010(!) e curiosamente reconduzido pela petista para a vaga de substituto no TSE semanas atrás, no dia 23 de junho, com a chancela do STF.
Cada ministro do TSE tem um substituto, que é oriundo da mesma classe do titular, seja do STF, do STJ ou dos advogados – e, como diz o artigo 4º do regimento interno: “No caso de impedimento de algum dos seus membros e não havendo quorum, será convocado o respectivo substituto, segundo a ordem de antiguidade no Tribunal”.
No caso em questão, é exigido o quorum completo, conforme o parágrafo único do artigo 6º: “As decisões que importarem na interpretação do Código Eleitoral em face da Constituição, cassação de registro de partidos políticos, anulação geral de eleições ou perda de diplomas, só poderão ser tomadas com a presença de todos os membros do Tribunal.”
Esta é a tabela de ministros:
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Na classe dos advogados (JURI), Admar Gonzaga, indicado em 2013 e atualmente em seu segundo biênio, é mais antigo que Tarcisio Vieira.
Na vaga de Lóssio, ao que parece, teríamos então o ministro que obrigou o site de VEJA a conceder a Dilma Rousseff o direito de resposta à reportagem na qual a revista simplesmente divulgou, às vésperas da eleição, o conteúdo do depoimento à Polícia Federal do doleiro Alberto Yousssef, segundo o qual Dilma e Lula sabiam de tudo do petrolão. Pior: Gonzaga obrigou o site de VEJA a aumentar o tamanho da chamada na ‘home’.
Com a quebra dos sigilos dos depoimentos da Operação Lava Jato em março de 2015, VEJA mostrou no artigo “Verdades inconvenientes” que estava certa quanto ao conteúdo do depoimento de Youssef, mas àquela altura Dilma já estava reeleita, com Gonzaga tendo feito a sua parte.
Também mostrei aqui como foi dele o único voto contrário à multa irrisória de 30 mil reais aplicada pelo TSE à Coligação Com a Força do Povo, pela qual Dilma se reelegeu, por uso irregular de propaganda eleitoral por meio do site Muda Mais. Mostrei ainda que, na hora de multar o PT por ter pago um empréstimo de fachada do Banco Rural com dinheiro do Fundo Partidário, Gonzaga sugeriu um valor menor que a metade da proposta vencedora de Gilmar Mendes.
Admar Gonzaga está lá para fazer o companheiro Dias Toffoli parecer moderado, escrevi na ocasião.
O advogado da primeira campanha de Dilma Rousseff também deveria declarar-se impedido de julgar a segunda campanha de Dilma Rousseff, em caso de necessidade. É um tanto complicado, no entanto, exigir de Lóssio e Gonzaga que não façam precisamente aquilo que estão lá para fazer.

Platão - PROF. AMILCAR BERNARDI




Platão é uma das maiores figuras de todos os tempos na filosofia. A extraordinária envergadura do gênio filosófico de Platão está em ter tirado a especulação filosófica das incertezas e da ingenuidade dos inícios e, tê-la levado a uma profundidade, maturidade e amplitude assombrosos.
Ele nasceu em Atenas, 427 ªC. Seus pais foram Aristão e Perizona, ambos descendentes das mais nobres famílias da Grécia. Depois de ter recebido uma esmerada educação, seu primeiro contato com a cultura deu-se no terreno da pintura e da poesia. Mas bem depressa começou o estudo da filosofia, frequentando a escola de Crátilo, longínquo discípulo de Heráclito.
Enquanto Platão ouvia as lições de Crátilo já começara a frequentar a escola de Sócrates. Essa foi a maior influência na formação da personalidade de Platão.
Após a condenação de Sócrates, Platão, temendo represálias, deixou Atenas com destino a Mégara. De lá iniciou uma série de viagens, visitando cidades da Grécia e da Itália. Quando voltou a Atenas, fundou sua Academia. É a primeira universidade, onde estava previsto o estudo da matemática e geometria. Forneceu a Grécia uma série de grandes matemáticos e espíritos organizadores e imprimiu a matemática e à geometria um enorme desenvolvimento.

A teoria platônica das ideias:

Platão parece ter-se considerado em condições de resolver todos os problemas filosóficos. Procurava verdadeira causa de tudo. Para encontra-la julgou que devia refugiar-se nas idéias e considerar nelas a realidade das coisas existentes. Para Platão uma coisa é bela porque participa da beleza. Só é verdadeira porque participa da verdade. Esta é a causa do mundo sensível: a sua participação no mundo intelectual. Isto significa que, existindo um mundo sensível, deve existir também o mundo inteligível. Existem bancos porque existe à parte, separado, subsistente, o banco.  Só existem os homens porque existe o homem.
Vê-se assim que, segundo Platão, existem dois mundos, o inteligível e o sensível, e que o primeiro é a causa do segundo.
Para demonstrar a existência do mundo inteligível (mundo das ideias), Platão aduz três argumentos:
Argumento da reminiscência: temos a ideia de verdade, de bondade, de igualdade, a ideia universal de homem, etc. Essas idéias nós não as tiramos da experiência, logo o conhecimento atual é a recordação de uma intuição que se deu em outra vida.

Reminiscência: Segundo Platão, lembrança do que a alma contemplou em uma vida anterior, quando, ao lado dos deuses, tinha a visão direta das idéias; anamnese. 

Argumento do verdadeiro conhecimento: Não existe ciência a não ser do verdadeiro; ora, a verdade exige correspondência entre o conhecimento e a realidade, mas o único conhecimento humano que merece o nome de ciência é o que diz respeito aos conceitos universais. Logo, deve existir um mundo inteligível, universal.
Argumento da contingência: deve existir a ideia necessária e estática para que se explique o nascer e o parecer das coisas: uma coisa é bela não por certa combinação de cores, mas porque é uma aparição terrena do Belo em si; o dois é dois não pela adição de duas unidades, mas pela participação na Dualidade.

As idéias são sempre descritas como realidades simples, incorpóreas, imateriais, não sensíveis, incorruptíveis, eternas, divinas, imutáveis, auto-suficientes, transcendentes. Uma questão de difícil solução para os estudiosos de Platão, é o lugar de Deus no mundo inteligível. Platão acredita nos deuses, mas também na existência de um Ser supremo (Demiurgo), criador e pai do universo, artífice de todas a sorte de objetos. Para o filósofo das idéias, Deus é uma das idéias soberanas.  Para Platão Deus constitui um grande mistério. Ele diz que é difícil encontrar o Autor e Pai do Universo, e, uma vez encontrado, é muito difícil falar nele.
Platão afirma que no princípio existiam, além das idéias (os modelos a reproduzir), o caos (uma matéria informe a plasmar) e o Demiurgo (o artífice soberano). O Demiurgo, observando as idéias, plasma a matéria informe e assim produz o mundo material. Terminada a tarefa, o Demiurgo infunde no mundo material uma alma universal, a fim de conservar a vida do mundo, sem uma contínua intervenção do Demiurgo.

O pensamento político de Platão[1]

No livro VII de A República, Platão ilustra o seu pensamento como o famoso muito da caverna.   Vamos observar a questão política. As questões que então aparecem são as seguintes: como influenciar os homens que não vêem? Cabe ao sábio ensinar e dirigir. Trata-se da necessidade da ação política, da transformação dos homens e da sociedade, desde que essa ação seja dirigida pelo modelo ideal contemplado.
Platão imagina uma cidade, Callipolis (cidade bela). É uma cidade utópica. É uma cidade que não existe, mas que deve ser modelo.
Partindo do princípio que as pessoas são diferentes e por isso devem ocupar lugares e funções diferentes na sociedade, Platão diz que o Estado, e não a família, deve se ocupar da educação das crianças. Aqui quer uma forma de comunismo em que são eliminadas a propriedade e a família, a fim de evitar a cobiça e os interesses decorrentes dos laços afetivos, além da degenerescência das ligações inadequadas.  O Estado orientaria as formas de eugenia (ciência que estuda as condições mais propícias à reprodução e melhoramento genético da espécie humana), criaria creches para a educação coletiva das crianças.
A educação estatal deve ser igual para todos até os 20 anos, quando dar-se-ia o primeiro corte identificando as pessoas que, por possuírem alma de bronze, têm a sensibilidade grosseira e por isso devem se dedicar à agricultura, ao artesanato e ao comércio. Dedicariam-se a subsistência da cidade.
Os outros continuariam os estudos por mais 10 anos, até o segundo corte. Aí seriam identificadas as almas de prata, que teriam a virtude da coragem essencial aos guerreiros.  Constituiriam a guarda do estado, seriam os soldados.
Os mais notáveis, que sobrariam desses cortes, teriam a alma de ouro. Seriam instruídos na arte de pensar a dois, ou seja, na arte de dialogar. Estudariam filosofia, que eleva a alma a ter o conhecimento mais puro.
Aos 50 anos, aqueles que passassem com sucesso pela série de provas estariam aptos a serem admitidos no corpo supremo dos magistrados. Estes governariam a cidade, exerceriam o poder, pois apenas eles teriam a ciência da política.  Por serem os mais sábios, também seriam os mais justos, uma vez que justo é aquele que conhece a justiça. E esta é a principal virtude, condição das demais. Só poderá ser chefe quem conhece a ciência política. Por isso a democracia é inadequada, pois desconhece que a igualdade deve se dar apenas na repartição dos bens, mas nunca no igual direito ao poder.  É preciso que os filósofos se tornem reis, ou que os reis se tornem filósofos.

A ética platônica:

Toda a filosofia de Platão tem uma orientação ética. Ela ensina o homem a desprezar os prazeres, as riquezas e as honras, a renunciar aos bens do corpo e deste mundo e a praticar a virtude. Afinal, no mundo sensível a alma é prisioneira do corpo, é peregrina à procura de um bem superior que perdeu. O homem está na terra de passagem. A alma será julgada de acordo como justiça e a injustiça que cometeu, será julgada em função da temperança e da intemperança, da virtude e do vício. Para ser feliz é necessário dedicar-se a prática da virtude. A virtude consiste no conhecimento, ao passo que o mal consiste na ignorância. A virtude é uma só: o conhecimento da verdade.
Então a realização da natureza humana [2] não consiste em uma disciplina racional da sensibilidade. Mas na supressão da sensibilidade, na separação da alma do corpo. Agir moralmente é agir racionalmente, e agir racionalmente é filosofar, e filosofar é suprimir o sensível, morrer aos sentidos, ao corpo, ao mundo, viver para o espírito, o inteligível, a ideia. Visto que a alma humana racional se acha, de fato, neste mundo, unida ao corpo e aos sentidos, deve principiar a sua vida moral sujeitando o corpo ao espírito, para impedir que o primeiro seja obstáculo para o segundo. Para que se realize a sabedoria, a contemplação, a filosofia, é necessário que a alma racional domine, daí a virtude da temperança (moderação).


O mito da caverna:


Um grupo de pessoas vive acorrentado numa caverna desde que nasceu, de costas para a entrada. Elas vêem refletida na parede da caverna as sombras do mundo real. Elas acham que as sombras são tudo o que existe. Um dos habitantes se livra das amarras. Fora da caverna, primeiro ele se acostuma com a luz, depois vê a beleza e a vastidão do mundo, com suas cores e contornos. Ao voltar para a caverna para libertar seus companheiros, acaba sendo assassinado, pois não acreditam nele.
O mito da caverna [3] é uma alegoria a respeito das duas principais formas de conhecimento: o mundo sensível, dos fenômenos e o mundo inteligível, das idéias.    Se escapasse da caverna [4] e alcançasse o mundo luminoso da realidade, ficaria livre da ilusão. Mas, estando acostumado às sombras, às ilusões, teria de habituar os olhos à visão do real: primeiro olharia as estrelas da noite, depois as imagens das coisas refletidas nas águas tranquilas, até que pudesse encarar diretamente o sol e enxergar a fonte de toda a luminosidade.





[1] Aranha, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo. Editora Moderna. 1993.


[2] Padovani, Humberto. História da Filosofia. 7a edição. São Paulo, Edições melhoramentos. 1967.
[3] Aranha, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando: introdução à filosofia.. 2a edição. São Paulo. Editora Moderna, 1993.
[4] Cotrin, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: ser, saber e fazer. São Paulo. Editora Saraiva. 1997.

FONTE - http://profamilcarbernardi.blogspot.com.br/2015/05/platao.html