CARLOS VIEIRA
Salvar é tirar alguém ou alguma coisa do perigo; é colocar à disposição do outro a nossa generosidade, o nosso amor; é prevenir perigos e riscos maiores, é dar civilidade aos que não tem e, principalmente criar condições de sobrevivência.
O crescimento e desenvolvimento de um país vai na direção de dar recursos para melhorar as condições básicas de sobrevivência: saúde, educação, trabalho, moradia e justiça social. Nosso país, o Brasil, carece muito ainda do perfil de uma sociedade dita de “primeiro mundo”. Mortalidade infantil, doenças endêmicas e epidêmicas, falta de moradia, acesso à escola, trabalho, emprego, saúde, mesmo que já apontem índices de progresso, ainda nos falta.
Não me prendo agora a estatísticas, mas ao fato corriqueiro, comum, diário de homicídios e suicídios no Trânsito. Um veículo é um meio de encurtar distâncias, um jeito de tornar a vida mais livre e proporcionar à pessoa um deslocamento saudável diante dos obstáculos inerentes da vida humana. Um veículo, nas mãos de uma pessoa, também é uma arma feroz, uma navalha na carne, uma flecha que dizima outras pessoas, quando as deixa inválidas por toda vida. Um carro é um objeto de necessidade, mas, ao mesmo tempo, pode se transformar num meio de realizar fantasias de poder, de controle, de matar ou se matar. O narcisismo doentio de um motorista é guerreiro destrutivo que quer ganhar todas as lutas, tripudiar sobre os seus semelhantes, mostrar sua estupidez, arrogância e burrice. Alcoolizado então, o sangue sobe à cabeça e, saia da frente quem puder, pois lá vai “His magesty, the killer”(Sua majestade, o assassino).
Numa rodovia, nas vias públicas de uma cidade, sob a faixa de pedestre, no movimento enlouquecido da pressa de chegar primeiro, no desejo de ser o mais poderoso e potente, uma pessoa perde o sentido do social, do respeito à vida do outro e à sua própria. Psicanaliticamente falando, realiza suas fantasias homicidas oriundas das frustrações não concebidas: o outro, o pedestre, o companheiro motorista não sabe que se torna o “bode expiatório” do ódio daquela pessoa.
Outro dia, na saída de uma casa noturna, vi um jovem entrar no carro com uma garrafa de vodka nas mãos e acelerar como quem estivesse dando a largada de uma corrida de Fórmula 1. Na mente daquele estúpido animal, não humano, o mundo é dele, somente dele. Tudo obedece aos seus desejos e como uma Majestade, todos saiam da frente ou serão mortos pelo seu poder. É claro que sabemos desse lado destrutivo da mente humana, mas também sabemos que civilizar, domesticar, é um recurso para evitar os desastres. Se ele, o jovem, não tem recursos mentais para isso, o Governo cria, educa, dá limites, multa, obstrui e desenvolve campanhas preventivas: preventivas de acidentes, e preventivas pondo freio ao impulso assassino de algumas pessoas. E isto está sendo feito, de fato, pelos nossos Ministérios das Cidades e da Saúde.
Caro leitor, ainda que seja pai, e pai é paizão às vezes, reproduzo aqui um depoimento de minha filha Juliana, falando não somente dela, mas da paixão de todos os profissionais de Publicidade nesses Ministérios. Aliás, esse ano, em setembro, a Federação Brasileira de Psicanálise realiza na cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, um congresso nacional dedicado ao tema – Medo e Paixão, o Ser Contemporâneo. O depoimento não é de medo, é de paixão, mas uma paixão que nasce do medo e da revolta de ver pessoas mortas e assassinadas nesse nosso país.
O crescimento e desenvolvimento de um país vai na direção de dar recursos para melhorar as condições básicas de sobrevivência: saúde, educação, trabalho, moradia e justiça social. Nosso país, o Brasil, carece muito ainda do perfil de uma sociedade dita de “primeiro mundo”. Mortalidade infantil, doenças endêmicas e epidêmicas, falta de moradia, acesso à escola, trabalho, emprego, saúde, mesmo que já apontem índices de progresso, ainda nos falta.
Não me prendo agora a estatísticas, mas ao fato corriqueiro, comum, diário de homicídios e suicídios no Trânsito. Um veículo é um meio de encurtar distâncias, um jeito de tornar a vida mais livre e proporcionar à pessoa um deslocamento saudável diante dos obstáculos inerentes da vida humana. Um veículo, nas mãos de uma pessoa, também é uma arma feroz, uma navalha na carne, uma flecha que dizima outras pessoas, quando as deixa inválidas por toda vida. Um carro é um objeto de necessidade, mas, ao mesmo tempo, pode se transformar num meio de realizar fantasias de poder, de controle, de matar ou se matar. O narcisismo doentio de um motorista é guerreiro destrutivo que quer ganhar todas as lutas, tripudiar sobre os seus semelhantes, mostrar sua estupidez, arrogância e burrice. Alcoolizado então, o sangue sobe à cabeça e, saia da frente quem puder, pois lá vai “His magesty, the killer”(Sua majestade, o assassino).
Numa rodovia, nas vias públicas de uma cidade, sob a faixa de pedestre, no movimento enlouquecido da pressa de chegar primeiro, no desejo de ser o mais poderoso e potente, uma pessoa perde o sentido do social, do respeito à vida do outro e à sua própria. Psicanaliticamente falando, realiza suas fantasias homicidas oriundas das frustrações não concebidas: o outro, o pedestre, o companheiro motorista não sabe que se torna o “bode expiatório” do ódio daquela pessoa.
Outro dia, na saída de uma casa noturna, vi um jovem entrar no carro com uma garrafa de vodka nas mãos e acelerar como quem estivesse dando a largada de uma corrida de Fórmula 1. Na mente daquele estúpido animal, não humano, o mundo é dele, somente dele. Tudo obedece aos seus desejos e como uma Majestade, todos saiam da frente ou serão mortos pelo seu poder. É claro que sabemos desse lado destrutivo da mente humana, mas também sabemos que civilizar, domesticar, é um recurso para evitar os desastres. Se ele, o jovem, não tem recursos mentais para isso, o Governo cria, educa, dá limites, multa, obstrui e desenvolve campanhas preventivas: preventivas de acidentes, e preventivas pondo freio ao impulso assassino de algumas pessoas. E isto está sendo feito, de fato, pelos nossos Ministérios das Cidades e da Saúde.
Caro leitor, ainda que seja pai, e pai é paizão às vezes, reproduzo aqui um depoimento de minha filha Juliana, falando não somente dela, mas da paixão de todos os profissionais de Publicidade nesses Ministérios. Aliás, esse ano, em setembro, a Federação Brasileira de Psicanálise realiza na cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, um congresso nacional dedicado ao tema – Medo e Paixão, o Ser Contemporâneo. O depoimento não é de medo, é de paixão, mas uma paixão que nasce do medo e da revolta de ver pessoas mortas e assassinadas nesse nosso país.
“Ontem descobri que hoje faz 12 anos que estou nessa vida louca de publicitária. Por outro lado, sinto um prazer enorme por tudo que fiz e ainda quero fazer! Loucura? Não sei. Talvez um grande amor porque paixão passa e o amor é o que fica. Claro que se a palavra ‘tempo’ fizesse parte desse contexto, todos nós agradeceríamos, mas em todos esses anos nunca escutei ela perto de mim, a não ser nas cobranças dos amigos e da família que sentiam falta da minha presença. Eu preciso enfatizar que me encontrei na minha formação, e mais que isso, em todos os empregos que passei nesses anos. Como boa capricorniana, sempre me entreguei de corpo e alma, e acredito que um dos segredos de estar onde estou foi o comprometimento/responsabilidade com tudo que fiz desde meu primeiro estágio.
Confesso que trabalhar no Ministério da Saúde trouxe um plus a mais: salvar vidas! Em seis anos e meio, dediquei de corpo e alma a uma causa nobre e por mais que faltasse tempo com a família e amigos, sabia que estava fazendo o bem. Foram muitas lições, muitas vitórias, erros e acertos, aliás, uma lição de vida! Agradeço em especial ao Ministro Temporão por uma gestão incrível!!! Ter a notícia de que mais pessoas estavam doando órgãos; de que batemos a meta de várias vacinações, e de que juntos conseguimos controlar uma epidemia de H1N1, realmente não teve preço. Estamos falando de vidas e de vidas salvas!!! Sem falar em muitas outras vidas por meio de várias campanhas que produzimos e conseguimos ter o retorno. Deixei pessoas queridas por lá, e sei que dei o melhor de mim para o aprendizado de todas elas.
Quando vim para o Ministério das Cidades, parte de mim ficou na saúde, mas com o tempo vi que hoje estou completa! A minha sensação era que não iria mais conseguir continuar salvando tantas vidas. E mais uma vez a vida me surpreendeu! Hoje luto diariamente para que as pessoas tenham mais consciência no trânsito, e que possam poupar as suas vidas e a dos outros. Quando você luta para salvar vidas, o sangue corre na veia acelerado; você vira noites e noites, mas tem certeza de que no final está fazendo o bem.”
Carlos.A.Vieira, médico, psicanalista, Membro Efetivo da Sociedade de Psicanálise de Brasília e de Recife. Membro da FEBRAPSI e da I.P.A - London.