segunda-feira, 22 de julho de 2013

O Brasil é de cima a baixo um enorme canteiro de gambiarras, guaribas e puxadinhos


É comum em nosso País construir-se uma casa sem planta, sem projeto, sem alvará, sem o recolhimento dos encargos sociais e, por fim, sem as devidas averbações cartorárias. Quando vai vendê-la, principalmente se há financiamento habitacional na transação, é quando o proprietário “descobre” que,  para realizar a venda será preciso providenciar uma série de documentos. Aí começa um procedimento tortuoso e intempestivo, pois se tratam de documentos que, em tese, deveriam preceder o início da obra. 
Como não dá para jogar “na chon” como diria D. Armênia (personagem da novela “A Rainha da Sucata”), o proprietário providencia um despachante, que é mais especialista em engraxar os pequenos burocratas do que mesmo para providenciar documentos. E em poucos dias a documentação estará toda em ordem. Alvará de construção, projeto averbado, recolhimento da previdência social, habite-se, averbação no cartório de registro de imóveis e tudo o mais. 
Dizem que os pequenos construtores ainda hoje preferem esse caminho. É mais rápido e até mais econômico do que seguir o trâmite legal, na ordem correta do processo. Acho que aqui não precisa de mais nenhuma explicação. O leitor pode facilmente deduzir as razões desse descalabro.
Tomo esse exemplo como símbolo de nosso país. Não vai aqui nenhuma conotação antinacionalista. Acho que nosso País tem várias ilhas de excelência, mas quase sempre como exceção à regra, como as pesquisas agrícolas e algumas especialidades médicas. Sem contar que temos alguns segmentos culturais de alto requinte, como música, literatura, teatro, dança, manifestações populares. É uma pena que o gosto dominante venha preferindo as manifestações que remetam ao brega, ao chulo e ao baixo calão.
No mais, nós somos o País do desleixo. Em todos os sentidos. A propaganda oficial quer nos convencer que de estamos melhorando dia após dia. E é verdade. Se olharmos somente para nós, sem comparação com outras nações soberanas, a gente até que melhorou bastante. As novas gerações não fazem ideia do que era esse Brasilzão profundo de 50, 60 anos atrás. Era um atraso quase neolítico. 
Mas quando fazemos um olhar comparativo, as propagandas soam mentirosas. Países que têm história econômica comparável com a nossa estão anos-luz à nossa frente. Imagine nos comparar com Austrália ou Coreia. A do Sul. Porque a do norte, como é comum às ditaduras ineficientes, fechou os meios de comunicação e as fronteiras. E a mentira oficial apregoa que se trata do país mais avançado do mundo. Só que quando um nacional consegue escapar para a Coreia do Sul, para a  China ou Japão, o sujeito entra em estado de choque. Como pôde ser tão desgraçadamente iludido por tanto tempo?
Mas voltando ao nosso exemplo, o Brasil é de cima a baixo um enorme canteiro de gambiarras, guaribas e puxadinhos. O Governo ainda se dá ao descaso de começar uma obra de rodovia ou hidrelétrica, por exemplo, sem projetos, com a estimativa de custo sendo alterado ao sabor das conveniências ao longo do tempo.  De interromper a construção de uma obra por falta de licença ambiental, que é dada pelo próprio governo. De erguer pontes onde não vão passar estradas, de construir ferrovias com bitolas incompatíveis.  Aqui parece que é tudo desorganizado. Menos o crime, é claro!
Permeiam nossas cidades grandes emaranhados de fios expostos. E não estou falando das favelas. Se o governo brasileiro fosse Deus e Ele fosse fazer o homem, certamente o faria com as tripas por fora da barriga e o crânio por dentro do cérebro. Nossas cidades se parecem com vasos mal-recuperados.  É comum asfaltar-se uma rua e em seguida vir outra área do governo abrindo valas para assentar a tubulação de água. Depois de remendado vem outra quebrando novamente para instalar o sistema de esgoto, depois de gás, e assim vai. As calçadas das ruas são todas em desníveis e cacarecadas. Lixões são os cartões de visita na porta das médias e pequenas cidades.
Nossos sistemas de transportes públicos são caóticos.  A sinalização das cidades não é nada urbana:  ruas com um nome na placa e outro no mapa, avenidas que mudam de nome sem quê nem pra quê,  números fora de ordem, falhados ou repetidos. E pelas placas de indicação, um forasteiro dificilmente consegue se orientar pelas ruas e estradas do país.
Nossa indústria de utilitários corriqueiros é uma vergonha. As garrafas térmicas escapam o calor, as jarras de suco jorram pra trás, os parafusos espanam facilmente, o encanamento dá infiltração e a ducha higiênica é feita para vazar. Não teria condições de concorrer internacionalmente. E assim vai indo. Toda a nossa infra-estatura deixa a desejar, com aeroportos, portos e estradas em petição de miséria. Nosso ensino é fraco, a saúde é triste, a segurança é falha e a justiça tardonha, quando não, canhestra. Nosso sistema legal, se fosse uma rede elétrica, seria um enrosco de favela.  Só para se ter uma ideia, a constituição americana, que é de 1787, recebeu 27 emendas nesses 226 anos. A nossa Constituição, a  dita Cidadã, que é de 1988, em 25 anos recebeu 72 emendas, se não errei na contagem. Isso nos coloca entre os últimos países em desenvolvimento,  no quesito segurança jurídica.
Em termos de paisagem, a gente leva um susto, quando chega à China, por exemplo. Com a beleza e a funcionalidade dos aeroportos, com o asseio das ruas, com a eficiência dos meios de transporte, com a sensação de segurança. Mas também pudera! Em mais de três décadas eles vêm tendo um crescimento econômico de dois dígitos e nós temos tido um crescimento pífio e há até uma década perdida aí pelo caminho. Democracia é mais lento mesmo, dizem. E, o mais interessantes, é que a gente aceita pagar, devido aos nossos sistemas corrompidos, até quatro ou cinco vezes mais caro por um km de asfalto ou de linha de VLT. Assim realmente a coisa não rende. Mas a gente consegue entender porque estamos na situação em que estamos.
Por coincidência,  a nossa revolta popular acontece exatamente no momento que há a maior leva de brasileiros visitando o exterior e vendo como é que a vida está transcorrendo por lá. Finalmente estamos vendo que, na calada da noite ou à luz do dia, estão surrupiando os nossos cabedais. Finalmente estamos percebendo o enorme buraco que existe entre o que poderia ser e o que é a nossa vida de fato.        

Exame com um só professor


Carlos Chagas
Mais uma vez o ex-presidente Lula declarou que não pretende ser candidato, que apóia Dilma com todas as suas forças. Mesmo assim, no PT, crescem as exortações para o primeiro companheiro colocar-se em condições de disputar a presidência da República em 2014, se continuar a queda na popularidade da sucessora.
O único empecilho a uma eventual candidatura do Lula seria sua saúde, mas ainda na semana que passou ele riu das especulações e garantiu estar muito bem. A  doença foi extirpada e não voltou, garantem seus médicos. 
A presidente Dilma não se oporia a uma reviravolta no processo sucessório. Primeiro porque se acontecesse, a causa estaria nas pesquisas de opinião. Depois, porque não discutirá qualquer decisão do antecessor e criador.
Em suma, por enquanto a reeleição segue seu curso, mas lá diante, no começo do ano que vem, precisará haver um exame da situação. Exame com um só professor. Se ficar aberta a possibilidade de derrota da presidente, o Lula entrará em campo. 
SÓ EM ABRIL 
Tem gente confundindo vontade com realidade. Sucedem-se as especulações de uma próxima reforma do ministério, até mesmo com redução de seu número. Nada corresponde, repetem os porta-vozes do governo.Em abril de 2014 vence o prazo para a desincompatibilização dos ministros que disputarão as eleições de outubro. Pode ser que um ou dois meses antes a presidente Dilma recomponha a equipe, já  que pelo menos treze ministros serão candidatos a governos estaduais, à Câmara e ao Senado.
Essa disposição não afasta a hipótese de mudanças pontuais, a qualquer momento, pois nomear e demitir ministros é prerrogativa presidencial.   Se um ficar doente, se o partido de outro abandonar a base oficial, até mesmo se algum for flagrado em ilícito, deixarão de ser ministros. Fora daí, podem ficar sossegados.
IMPOSSÍVEL BOMBARDEAR  MEIA PONTE
Vale repetir o episódio da indignação do general Douglas MacArthur quando, perto de invadir a China, na guerra da Coréia, recebeu do presidente Truman a ordem de não avançar nem bombardear território chinês. Deveria restringir suas operações à Coréia. Uma ponte ligava os dois países, por onde entravam os soldados de Mao. MacArthur ia destruí-la mas foi alertado para só destruir a metade coreana. “Nunca vi, na história das guerras, a possibilidade de bombardear meia ponte…”
Guardadas as proporções, assim está a presidente Dilma diante do PMDB. É impossível romper apenas com meio partido, com aqueles parlamentares que a hostilizam, preservando os demais.  Mesmo sem ser uma ponte, o PMDB é um só. 

A Proclamação da República. As articulações. A difícil decisão de Deodoro.


Hugo Gomes de Almeida
Dependesse apenas de sua vontade, o marechal Deodoro da Fonseca,  mesmo tendo sido herói na guerra do Paraguai, não estaria imortalizado na História pátria.
Enquanto o Império cuidava do Baile da Ilha Fiscal, cercado de clamoroso escândalo, idealistas como Benjamim Constant, Sólon Ribeiro, Menna Barreto e outros oficiais do Exército mantiveram-se ativos. Conseguiram  acesso a Deodoro. Este, embora enfermo, recebeu-os na véspera da sublevação, a instâncias de um sobrinho, o tenente do Exército Clodoaldo Fonseca.
Também os líderes republicanos Quintino Bocaiuva e Aristides Lobo foram recebidos na casa do marechal, por empenho de outro sobrinho, o capitão Hermes da Fonseca, que duas décadas depois, já general, viria a ser eleito presidente, tendo por contendor Rui Barbosa, o genial baiano que fez o País estremecer de consciência cívica, com a Campanha Civilista.
Esses líderes militares e civis puseram Deodoro a par de que o Imperador ia reorganizar a Guarda Nacional, comandada por homens ricos do interior, com direito a fardas e patentes. Cientificaram-lhe também que seria fortalecido o aparelho policial da sede da Corte, para fortalecimento da defesa do Império, em contraposição ao Exército, com seus quadros já refertos do ideário republicano.
As visitas foram decisivas para Deodoro pôr-se à frente das tropas, porque estava doente, preso à cama, com febre alta e falta de ar. Além disso, dedicava estima especial a D. Pedro II. Era-lhe grato por favores recebidos.
CONSTANT E SÓLON
O tenente-coronel Benjamim Constant Botelho de Magalhães, oficial de convicções positivistas, pertencente à elite intelectual, lente de Matemática na Escola Militar da Praia Vermelha, tinha forte liderança, porém restrita aos discípulos cadetes, com os quais a tropa não simpatizava. Fora mestre dos netos do Imperador, função a que renunciou por achá-los não concentrados nas aulas.
Junto com Sólon Ribeiro, Constant  sabia que era indispensável o apoio do marechal, formado na tropa, com prestígio para congregá-la e colocá-la na rua sob o seu comando. Antes, a Escola Militar fora palco de insubordinação dos cadetes em presença do Ministro da Guerra que a visitava. À oportunidade, o jovem cadete Euclides da Cunha, em protesto contra o governo, quebrou o sabre em frente ao visitante. Devido à pregação contra a monarquia, Benjamim Constant viu-se suspenso do magistério na Escola Militar.
O major Sólon Ribeiro era relativamente jovem, porém respeitadíssimo. Fora condecorado por atos de bravura na Guerra do Paraguai e participara da campanha pela Abolição dos Escravos. Pai da famosa Ana de Assis, mulher de Euclides da Cunha e pivô de tragédia que se tornaria histórica.
Sólon Ribeiro revelou-se ardiloso ao atrair o marechal alagoano para o comando do movimento. Primeiro cuidou de espalhar na Rua do Ouvidor tudo que desejava fosse do conhecimento de Deodoro. A Rua do Ouvidor e cercanias, à época, o principal centro nevrálgico do Rio de Janeiro, onde havia os principais cafés e confeitarias e onde estavam sediados diversos jornais.
SILVEIRA MARTINS
Quando recebido pelo marechal, disse-lhe Sólon Ribeiro que Afonso Celso de Assis Figueiredo, Visconde de Ouro Preto, último chefe de governo do Império, houvera decidido prendê-lo. Disse-lhe também que o político gaúcho Silveira Martins caíra nas graças do Imperador e seria nomeado presidente do conselho de ministros, em substituição a Ouro Preto.
Deodoro fora, durante alguns anos, comandante-chefe de Armas na Província do Rio Grande do Sul. Nessa época, apaixonara-se pela baronesa do Triunfo, Ana Carolina Fonseca Jacques — jovem viúva de um Brigadeiro. Nessa disputa amorosa teve o marechal por competidor justamente Silveira Martins. Este passou a levar vantagem por frequentar a belíssima fazenda, onde fazia passeios a cavalo com a baronesa. Numa dessas cavalgadas, Silveira Martins sofreu uma queda e passou cerca de um mês em recuperação.
Deodoro e Silveira Martins, este mais jovem sete anos, tornaram-se desafetos rancorosos. Essa inimizade incontornável era alimentada por cáusticas invectivas lançadas contra o marechal por Silveira Martins, em discursos no Senado.
As intrigas de Sólon Ribeiro atingiram o brio de Deodoro, que não mais se deixou prostrar pela doença. Na mudança de atitude, chegou a proclamar: “Eu queria acompanhar o caixão do imperador, que já está idoso e a quem respeito muito, mas o velho já não regula”. No dia 15 de novembro de 1989, o Marechal, montado no bonito cavalo e com admirável capacidade de mobilização, saía à frente da tropa e o povo assistiu — bestificado — à proclamação da República, na linguagem atribuída a Aristides Lobo.
CONDE D’EU
Havia muito, em 1870, a partir do fim da Guerra do Paraguai, militares patriotas, inclusive Deodoro, passaram a preocupar-se com a velhice de D. Pedro II. Por falecimento do Imperador, o cargo seria preenchido pela filha — a Princesa Isabel — casada com o Conde D’Eu, francês de nascimento e formação militar, de espírito arrogante, que, conquanto tenha participado da Guerra do Paraguai, era sumamente malvisto pela população do Rio de Janeiro, onde se tornara proprietário de cortiços, alugados por valores exorbitantes a pessoas pobres. Predominava o temor de que, morrendo Dom Pedro II, o governante de fato do Brasil seria o conde francês.
Proclamada a República, o major Sólon Ribeiro viveu situação deveras constrangedora. Foi escolhido para cumprir a árdua missão de levar a Dom Pedro II o ultimato de que deveria deixar o território brasileiro no prazo de 48h!
No mesmo dia 15 de novembro, Aristides Lobo, escolhido ministro do Interior, escreveu um artigo, somente publicado no dia 18, em que afirmava: “O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem saber o que significava. Muitos acreditavam estar vendo uma parada”. Disse mais: “O que se fez é um degrau, talvez nem tanto, para o advento da grande era”. E arremata: “Estamos em presença de um esboço rude, incompleto, completamente amorfo. Não é tudo, mas é muito”.
Na verdade, o ministro-chefe do novo Gabinete da preferência do Visconde de Ouro Preto era Silveira Martins. Mas o nome que estava na cabeça de Dom Pedro II, para presidir o ministério monárquico, era o do advogado baiano José Antônio Saraiva, político de larga experiência, que já houvera exercido três vezes o mesmo cargo. Afirma-se que o Imperador chegou a nomeá-lo — mas significou gesto frustrado. Já era tarde demais. Os republicanos estavam vitoriosos!

Rejeição a Dilma no Distrito Federal é muito grande


Irineu Evangelista
Quem é a fonte do jornalista Carlos Newton no PT? Suas análises batem com o sentimento de desânimo que grassa no PT com relação a Dilma Roussef… Nunca uma presidente desiludiu a tantos em tão pouco tempo.
Sou filiado do PT de Brasília e aqui no DF o PT sentirá na carne as altíssimas rejeições a Dilma, se ela ousar (e o PT deixar) ser candidata em 2014. A inapetência dela para a articulação política já era conhecida, mas não sabíamos que a gestão dela seria esse desastre completo que estamos vendo.
Arrogante, destemperada e irascível, Dilma dilapidou, em escassos três anos, todo o capital político que herdou de Lula. Afora todos esses adjetivos negativos, Dilma se especializou em bater, humilhar e espezinhar os servidores públicos, ao mesmo tempo em que faz afagos à mídia e concede desonerações fiscais em série para um bando de empresários que jamais repassarão essas desonerações ao preço final de seus produtos.
Aqui em Brasília, onde ela já perdera em 2010, Dilma colherá (se for candidata) a mais espetacular e fragorosa derrota da história política…Que a direção nacional do PT escolha: ou lançar outro candidato ou colher uma esmagadora e humilhante derrota com Dilma!

Charge do Duke


Charge O Tempo 21/07

Delírios de populismo


Paul Krugman (Folha)
Você já ouviu falar do “populismo libertário”? Se ainda não o fez, vai ouvir. Com certeza a ideia será difundida nas rádios, televisões e páginas de opinião pelas pessoas do mesmo tipo que, alguns anos atrás, asseguravam que o deputado Paul Ryan era o paradigma de um conservador sério e honesto. Então me permita fazer um anúncio de utilidade pública: é bobagem total.
Algumas informações básicas: estes são tempos difíceis para os membros da “intelligentsia” conservadora –os frequentadores de “think tanks” e páginas de opinião que sonham em ver o Partido Republicano tornar-se novamente “o partido das ideias” (se ele alguma vez o foi é outra questão inteiramente).
Durante algum tempo eles pensaram ter encontrado seu herói nerd na pessoa de Ryan. Mas o famoso plano Ryan revelou não passar de enganação rudimentar, e desconfio que, reservadamente, até os conservadores percebem que seu autor é mais marqueteiro que visionário. Então qual é a próxima grande ideia?
É quando entra em cena o populismo libertário. A ideia aqui é que existe um pool de eleitores brancos, de classe trabalhadora e insatisfeitos, que não compareceram às urnas para votar no ano passado, mas podem ser mobilizados novamente com o tipo certo de programa econômico conservador –e que essa remobilização poderá restaurar a sorte eleitoral do Partido Republicano.
É fácil entender porque muitos da direita acham essa ideia atraente. Ela sugere que os republicanos possam reconquistar sua glória passada sem mudarem quase nada: não seria necessário buscar uma aproximação com os eleitores não brancos, nem reconsiderar sua ideologia econômica. Talvez você pense que também isto soa bom demais para ser verdade –e é. A noção do populismo libertário é enganosa em pelo menos dois níveis.
Primeiro, a ideia de que a mobilização branca é tudo o que seria preciso se baseia em grande medida nas afirmações do analista político Sean Trende de que Mitt Romney não conseguiu votos suficientes no ano passado devido aos “eleitores brancos faltantes” –milhões de “brancos de baixa renda, rurais e nortistas” que deixaram de comparecer para votar.
CONSERVADORES
Os conservadores que se opõem a qualquer mudança grande na posição do Partido Republicano –e em especial aqueles que são contra a reforma da imigração– se aferraram rapidamente à análise de Trende, vendo-a como prova de que não é preciso empreender nenhuma mudança fundamental, apenas melhorar a difusão de mensagens.
Mas cientistas políticos sérios como Alan Abramowitz e Ruy Teixeira agora também deram seu parecer, concluindo que a história dos eleitores brancos ausentes é mito. Sim, o índice de comparecimento às urnas dos eleitores brancos foi menor em 2012 que em 2008; o mesmo aconteceu com os eleitores não brancos.
A análise de Trende basicamente imagina um mundo em que o comparecimento dos brancos às urnas volte aos níveis de 2008 enquanto o dos não brancos não o faz. É difícil imaginar como isso poderia fazer sentido.
Mas vamos supor que deixemos de lado esse trabalho de desmontar os argumentos deles e aceitemos que os republicanos poderiam desempenhar melhor se conseguissem inspirar mais entusiasmo entre os brancos de baixa renda. O que o partido tem a oferecer que pudesse inspirar tal entusiasmo?
Bem, pelo que é possível discernir, no ponto em que estamos o populismo libertário –conforme é ilustrado, por exemplo, pelos pronunciamentos políticos do senador Rand Paul– consiste em advogar as mesmas velhas políticas de sempre, mas insistindo que elas são realmente boas para a classe trabalhadora. Na realidade, não são. Mas de qualquer maneira é difícil imaginar que proclamar mais uma vez as virtudes do dinheiro seguro e das alíquotas marginais baixas vá fazer alguém mudar de ideia.
CONTRADIÇÃO
Ademais, se você analisar o que o Partido Republicano moderno realmente defende na prática, ficará claro que ele contraria os interesses daqueles brancos de baixa renda cuja adesão o partido pode supostamente reconquistar.
Nem a alíquota única nem o retorno ao padrão-ouro estão sendo discutidos realmente, mas cortes nos seguro-desemprego, auxílio alimentação e Medicaid estão. (Vale lembrar que o que o plano Ryan tinha de substancial envolvia principalmente cortes selvagens nos auxílios dados aos pobres.)
E, embora muitos americanos não brancos dependam desses programas públicos que formam uma rede de segurança, o mesmo se aplica a muitos brancos de renda mais baixa –exatamente os eleitores que se deixariam influenciar pelo populismo libertário.
Especificamente, não mais que 60% dos beneficiados pelo seguro-desemprego são brancos. Um pouco menos que a metade dos beneficiados pelo auxílio-alimentação são brancos, mas nos Estados de tendência eleitoral indecisa a proporção é muito mais alta. Por exemplo: no Ohio, 65% das famílias que recebem auxílio-alimentação são brancas. Ao nível nacional, 42% dos atendidos pelo Medicaid são brancos não hispânicos, mas no Ohio esse número salta para 61%.
Assim, quando os republicanos arquitetam reduções grandes nos benefícios dos desempregados, bloqueiam a ampliação do Medicaid e buscam cortes profundos nas verbas para o auxílio-alimentação –todas medidas que já tomaram–, podem estar prejudicando desproporcionalmente “aquela gente”, mas também estão prejudicando muito as famílias brancas, nortistas e que enfrentam dificuldades, justamente aquelas que supostamente vão mobilizar.
E isso nos traz de volta à razão pela qual o populismo libertário é pura bobagem, como eu disse. Seria possível, imagino, argumentar que destruir a rede de segurança é um ato libertário; talvez a liberdade não passe de outra palavra para assinalar que não resta nada a perder. Mas populista ela não é.

A Política como “Religião”?


Posted: 21 Jul 2013 07:07 AM PDT
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Leia também o site Fique Alerta – www.fiquealerta.net 
Por Jorge Serrão – 
serrao@alertatotal.net

O Brasil é um País corrupto e subdesenvolvido que vende o almoço para tentar comprar a janta, mas ainda termina devendo na operação, por falta de Política (definir o que fazer, de preferência, corretamente). O Brasil também é uma nação naturalmente rica que é mantida artificialmente na miséria por um velho esquema de poder globalitário.

A pergunta é: por que aceitamos este jogo? Somos ignorantes, otários ou safados - cultural, histórica e civilizatoriamente falando? Será que devemos dar razão ao imortal Nelson Rodrigues, quando ele reclamava que “o brasileiro, quando não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte”. Aliás, releia o artigo deste Alerta TotalAté quando seremos tão canalhas? 

Momento ótimo para tocar neste assunto, já que o Brasil se prepara para a festiva chegada do Papa que é pop (e dizem, não poupa ninguém politicamente errado). No seu discurso na Jornada Mundial da Juventude, Francisco já tem programado um recado estratégico. Na visão do líder católico, a religião precisa dialogar com a Política. Certamente, o Pontífice prega isto sabendo que a religião exerce uma influência muito mais profunda sobre a sociedade e os indivíduos que a tradicional política.

Nestes tempos de crise generalizada, parece que virou moda mandar fazer a tal da Política (definir o que fazer, de preferência, corretamente). O chefão Luiz Inácio Lula da Silva, em palestra recente para estudantes em uma universidade federal, fez essa recomendação, inclusive para quem estiver puto da vida com tudo, com todos e até com ele mesmo e a Dilma: “Faça-se Política”.

Claro, tal recomendação divina do Lula não tem a mesma força do companheiro Deus, quando proclamou “Faça-se a Luz” e, segundo Nelson Rodrigues, foi criado o Fla-Flu (a maior divergência política da história do futebol antes mesmo de o mundo ter sido criado e ter alguma História para ser contada).

Irrelevando essa brincadeira de extremo mau gosto contra os princípios sagrados da religião – mas ponderando que é melhor perder os amigos que a anedota no País da Piada Pronta -, é mesmo essencial fazer Política (definir o que fazer, de preferência, corretamente). O problema é que o Brasil nunca define um Projeto para si. Fica sempre naquela doença do “amanhã a gente faz”, e nada acontece para melhorar.

Ano que vem tem eleições. Será que algo vai realmente mudar em termos de representatividade, sob o efeito salutar dos protestos nas ruas que devem continuar? A hipótese mais sincera e provável de ser concretizada é que pouco mudará. Praticamente nada mudará nas regras eleitorais e nas máquinas de cassino (tão confiáveis quanto Deus, segundo a Justiça eleitoral) que nos farão, pela vontade antidemocrática do voto obrigatório, escolher quem vai nos representar no parlamento, nos governos estaduais e no trono imperioso da falsa República tupiniquim.

Embora nunca estivessem com os deles tão apertadinhos, os políticos estão confiantes. Na cínica fórmula de quem já está mamando na teta da politicagem, o modo mais simples de transformar a aparente má vontade do eleitorado é investir ainda mais pesado na máquina eleitoreira.

Aliás, nunca falta dinheiro para esse negócio que movimenta e desperdiça bilhões e cada dois anos... E aqueles que desejam se apresentar como “alternativa a tudo que aí está” já têm pronto o discurso de que não são políticos tradicionais, porém prometem consertar e sanear as coisas”.

Enquanto isso, a Vaccarezza está indo para o brejo. O Partido da Traição já trabalha contra a Presidenta Dilma Rousseff da Silva. A reeleição dela não será fácil nem com a vaca tossindo. Dilma foi jogada para baixo da carne seca porque não sabe fazer Política. Desde seu nada cândido tocador da reforma política, até seu péssimo trato com tantos ministros (alguns dos quais com quem sequer despachou até hoje).

Rola até a fofoca de que a Dilma só despacha, no sobe e desce do elevador presidencial, com seu ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, General José Elito. Se a Dilma trata assim quem cuida da área de inteligência do governo, imagina o que ela não faz com aqueles a quem ela já até xingou de “burro”, na rispidez de uma reunião, como Moreira Franco (ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos). Ainda bem que os despachos não acontecem no banheiro...

O problema escatológico é que a Dilma está (ou é) politicamente perdida. O azar é que o País está pior que ela. Por negarmos a Política de verdade, sem definir um projeto para o Brasil, estamos condenados a ser a “Vanguarda do Atraso”. Só temos saída Política se revertermos, urgentemente, a histórica falta de investimento em defesa, infraestrutura, educação, ciência & tecnologia. Sem isto somos Impotência. País sem futuro!

O Brasil só tem solução se implantar uma Política baseada no espírito empreendedor, desenvolvimentista, realmente democrático, e com mecanismos de controle para coibir a corrupção (conatural ao ser humano que pratica os sete pecados capitais).

Será possível fazer dessa “Política” a nossa “Religião” para tornar o Brasil uma Nação Divina? E, perguntamos novamente: até quando seremos tão canalhas e não fazemos o dever de casa?        

Pura Politicagem



Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.



© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 21 de Julho de 2013.

BRINCANDO COM A SAÚDE

Plínio Zabeu
A presidente Dilma, seguindo os passos de seu tutor, faz de tudo para incrementar a atividade demagógica.  Sem saber, ou fazendo de conta que não sabe, da realidade da saúde no Brasil e, sob impacto de movimentos de revolta de uma população que foi  às ruas para reclamar, pliniotoma atitudes incoerentes e esquisitas  e que ferem os princípios da democracia, dos direitos individuais, enfim, coloca tudo num barco à deriva nas águas impuras onde navega a política brasileira nos últimos tempos.
Diante da precariedade da assistência médica pública, e, para se esquivar dos fracassos de imposição de plebiscitos e mudanças constitucionais e tantas falácias sem consistência, emite decisões sem nenhuma possibilidade de melhora no setor.
A primeira foi a   “Mais Médicos”. Segundo essa medida cujos possíveis resultado viriam  em 2015 para  algum efeito em 2025, em seguida  outra,  também sem sentido prático.  A primeira muda o curso médico de 6 para 8 anos com obrigatoriedade de trabalhar 2 anos para o SUS. Como  pode o governo obrigar um profissional a fazer o que ele não quer e não tem obrigação constitucional de fazer?  Falam e aumentar o número de médicos e de faculdades,  sem levar em conta nada do necessário para uma formação completa e bem feita. Ela não sabe que no século 20  foram criadas 86  escolas médicas e, de 1996 até agora foram mais de 100. Muitas delas sem condições de uma formação completa e útil.  E vem mais por aí…
O  projeto que tramitou no congresso por anos acaba de ser aprovado. O Ato Médico. Pois bem, a presidente vetou grande parte da lei, preferindo que pessoas não formadas em medicina passem  a fazer diagnósticos e prescrever medicamentos. Onde o país vai parar com uma situação assim? Está na hora de  se iniciar um novo período baseado em capacidade, seriedade e não demagogia…

CLAREZA


MaguVocês, leitores, tem idéia do porque a gasolina custa o preço que pagam por litro para encher o tanque de seus veículos? Não tem? Pois então vejam a criatividade desse dono de posto de combustíveis, ao mesmo tempo expondo as entranhas do desgoverno brasileiro, a razão da gasolina brasileira ser uma das mais caras do mundo.a petrobras vai mal
No cartaz afixado, estão todos os detalhes sórdidos: O álcool adicionado, o Pis/Cofins, o Icms, o IR e INSS, mais a remuneração pelo transporte até o posto e o lucro bruto do posto.

Mas o cálculo do líquido combustível está errado, porque quem confeccionou o cartaz esqueceu um ítem: A CIDE, abreviação curta para o pomposo nome Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico.
A CIDE combustíveis, de competência exclusiva da União, foi criada pela Lei nº 10.336, de 19/12/2001, na gestão do presidente FHC. É incidente sobre a importação e a comercialização de gasolina, diesel e respectivas correntes, querosene de aviação e derivativos, óleos combustíveis (fuel-oil), gás liquifeito de petróleo (GLP), inclusive o derivado de gás natural de nafta e de álcool etílico combustível.  Essa contribuição incide sobre os produtos importados e sua comercialização. Têm como fato gerador os combustíveis em geral. Os contribuintes são o produtor (refinaria), o formulador (laboratórios de pesquisas) e o importador (pessoa física ou jurídica) dos combustíveis elencados no art. 3º da Lei nº 10.336, de 2001. A contribuição é de R$ 860,00 por m³ de gasolina.
Do total arrecadado, 71% vão para o orçamento da União, e os outros 29% são distribuídos entre os estados e o Distrito Federal, em cotas proporcionais à extensão da malha viária, ao consumo de combustíveis e à população. Os recursos devem ser aplicados em: programas ambientais para reduzir os efeitos da poluição causada pelo uso de combustíveis, subsídios à compra de combustíveis; ou infra-estrutura de transportes.
Funcionou assim até 31 de Dezembro de 2002. A partir da assunção do galignácio (apud Old Man) ao poder, perguntem se os recursos recolhidos foram aplicados na redução da poluição e na infra-estrutura de transportes. Desde que começaram as cagadas petralhas, principalmente transformando a Petrobrás em caixa dois do Tesouro, vai só para subsídios na compra de combustíveis.
Eita país do cesto da gávea…