Meu amigo Zeca Fonseca me mandou uma mensagem deliciosa e muito engraçada; é cada coisa que acontece nessa cidade...
"Amiga querida, vivi momentos interessantes num ônibus cheio voltando pra casa depois de uma consulta no médico. Um ônibus comum, desses que vemos apinhados de gente e sentimos pena só de olhar, mas esse, felizmente, nem estava tão lotado assim. Eu, que não sou bobo, levei um livro para ler na sala de espera do médico e no ônibus, já que moro no finalzinho do Recreio e o médico era no inicio da Barra. O livro "Contos de Odessa" do Isaac Babel, maravilhoso!
Eis que entrou no ônibus um sujeito maltrapilho, mas com dignidade nos olhos e sentou do meu lado, o único lugar ainda vago. Ele não tirava os olhos de mim. Eu perguntei: "Tudo bem?" Ele não respondeu, mas perguntou:"Tá lendo o quê?" Eu respondi rápido, meio desinteressado nele: "Babel" E ele: "Não conheço, é brasileiro?" Eu respondi, ainda sem saco: "Judeu russo." E ele puxou um texto seu de uma pasta de couro surrada; uma matéria do Globo devidamente plastificada; título "Brasil, educação zero" e me pediu encarecidamente para eu ler em voz alta, pois ele estava sem os seus óculos, para aquele povo alienado que estava no ônibus. Ele nem me deu chance de resposta, e já foi se levantando e pedindo a atenção de todos. "Eis aqui um cidadão que lê, peço a tenção de todos para a leitura de um texto importante." Aí eu comecei a ficar realmente interessado no homem e naquela situação incrível que estava se desenrolando ali. Eu me levantei, e me dediquei a ler seu texto, que era inédito para mim, apesar de ser de outubro de 2013. Muito bom por sinal.
Quando chegou na parte em que vc escreve que nunca ouvira falar de um presidente ou ex-presidente que dissesse que ler é como andar numa esteira, o homem me interrompeu e explicou para o povo, com sua voz de barítono, que o Lula não gosta de quem lê, porque quem lê sabe das coisas e não vota no PT. E emendou num discurso político contra a Dilma e a corja do PT. Ele foi aplaudido, eu me senti como um figurante de um filme italiano comédia, sei lá, incrível; depois ele acenou para eu terminar a leitura. Confesso que me esmerei tanto na dicção que preciso ler o texto melhor. Só percebi que era bom como todos os seus textos, mas esse é um texto que agora faz parte da minha vida!
Depois que acabei entrou no ônibus uma vendedora de balas, que disse: "Desculpe interromper o maravilhoso silêncio de vcs, e blábláblá" Mal sabia ela do que acabara de acontecer, e o povão começou a rir. Meu Deus, que cena! A mulher contou que largara a profissão de faxineira numa grande empresa para ser ambulante, e vendendo bala ela arrumava no mínimo 80 pratas por dia; "e no fim de semana se fizer sol vou com o isopor pra praia cheio de empada e sanduíche natural, daí arrebento e nem tenho coragem de dizer pra vcs quanto faturo se a praia estiver cheia." E todos riam e compravam balas e amendoins e doces, uma festa aquele ônibus.
Fiquei triste quando chegou no ponto final na Alvorada. Peguei outro ônibus para o Recreio, um tal de BRT muito do sem graça. Parecia um metrô de rodas. E todos calados e eu lendo Babel sem parar! Um beijo, Zeca"
Publicado no dia 03/05/2014 na página do Facebook da Cora Ronai
Tudo leva a crer que está em curso no Brasil, embora não percebida por grande parte da sociedade, uma revolução de cunho político-social de grande alcance. Ela não possui alicerce ideológico definido, posto que, hoje em dia, as ideologias, como as que conhecemos, esbravejantes, há 50 anos atrás, caducaram. Mas está sendo turbinada por uma força ainda mais devastadora, o narco-tráfico, e se caracteriza por uma luta de classes que começou a tomar ímpeto quando o PT assumiu o poder, através do discurso marcado pelo "nós e eles", tão explorado ainda hoje por seus ideólogos histéricos e pelo seu principal ícone, que ameaça voltar.
Um inventário dos fatos preocupantes do dia a dia, com repercussão nacional inclui, entre outros aspectos: invasões ilegais e impunes;
dilapidação do patrimônio público, mediante incêndios criminosos a unidades de transporte coletivo e destruição de repartições públicas e privadas, por motivos muitas vezes fúteis;
demonização e esvaziamento das polícias e das forças de segurança;
sacralização e heroicização de bandidos;
perceptível anomia;
justiça desmoralizada, por não ser capaz de reagir a declarações irresponsáveis relacionadas ao julgamento "80% político"; abandono, por parte da classe política, do interesse público, em detrimento da ascensão individual;
demagogia repugnante que se aproveita do nível de educação do povo, mantido propositalmente baixo, revelado até por organismos internacionais;
falta de confiança generalizada nas instituições e nas figuras públicas;
população humilhada e revoltada pela péssima qualidade dos serviços públicos que lhe são devidos;
politização de grupos, queridinhos do governo vigente, que, em nome de uma reforma agrária que corrói até áreas produtivas, e de outros falsos movimentos, incitam a desordem e reivindicam parcelas de poder;
o esquartejamento da soberania, mediante a distribuição de vastas áreas do território nacional a "nações" indígenas, estimuladas por interesses internacionais cuja origem e financiamento não são conhecidos nem rastreados por nenhum dos nossos órgãos de informação e, por último mas não menos importante, a atmosfera de corrupção que permeia todos os setores de atividade do país. Estes são alguns dos sintomas aparentemente pontuais mas que, aos poucos, estão abrangendo todo o estado brasileiro, ameaçando sua integridade.
São situações análogas às que vigoraram em todos os países onde rupturas importantes ocorreram.
Tal quadro leva qualquer cidadão consciente a indagar qual será a convergência de todo esse processo e a quem interessa a instalação de regimes estranhos á índole do povo brasileiro.
Espera-se que os eleitores entendam a gravidade do cenário e as lideranças nacionais despertem e se coordenem a fim de salvar o país, através do trabalho dedicado e da transparência de suas ações, no sentido de implementar o bem estar do povo e de estimular a prática de uma política democrática saudável, sem o apelo do poder pelo poder, isso enquanto ainda houver tempo.
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
O desgoverno do Partido dos Trabalhadores continua promovendo um arrocho salarial do ponto de vista tributário. O confisco promovido mensalmente pelo “Imposto de Renda” sobre os salários ajuda a piorar a situação do bolso de quem sofre com o “aumento real do custo de vida” ou “perda do poder de compra”. Quem encontra cada vez mais dificuldade para fazer compras, pagar as contas obrigatórias do mês ou quitar empréstimos a juros absurdos cobrados por bancos e cartões de crédito prepara o voto de vingança que vai impedir a reeleição de Dilma Rousseff. A bronca dos encalacrados formadores de opinião, que tem efeito multiplicador imediato, preocupa os estrategistas de marketing do PT.
A defasagem de correção na tabela do Imposto de Renda já chega a 61,42% desde 1996. Só nos quatro anos do governo Dilma Rousseff, existe uma perda real de 6,7% em relação ao índice oficial de inflação (que é bem menor que a inflação verdadeira, sentida pelos mortais assalariados, no dia a dia). Esse cálculo do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco) ridiculariza “o grande ganho salarial indireto” propagandeado por Dilma, em seu discurso radiotelevisivo do Dia do Trabalho, quando anunciou a correção de 4,5% na tabela do Imposto de Renda em 2015.
Nas contas do Sindifisco, para quem ganha acima de R$ 5 mil, a redução será de apenas R$ 37,17 por mês, ou R$ 483,21 por ano, valor que não inclui as deduções do INSS e nem com dependentes. No ano que vem, a faixa de renda sobre a qual incide a alíquota do IR de 7,5% subirá de R$ 2.679,29 para R$ 2.799,86. No caso da alíquota de 15%, o limite de rendimentos saltará de R$ 3.572,43 para R$ 3.733,19. A faixa de isenção atingirá quem ganha R$ 1.868,22. Atualmente, é de R$ 1.787,77. E, como se fosse grande vantagem, o Ministério da Fazenda já propagandeia que abrirá mão de arrecadar R$ 5,3 bilhões com a correção na defasadíssima tabela do Leão.
A mordida leonina na Era PT já entra na pauta reeleitoral. Segunda-feira que vem, o presidenciável tucano Aécio Neves promete apresentar, no Senado, uma proposta de Emenda Constitucional para que a tabela do Imposto de Renda, nos próximos cinco anos, seja reajustada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA). Também semana que vem, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados tende a aprovar o Projeto de Lei 6.094/13, proposto pelo Sindifisco, propondo que a tabela do IR seja reajustada em 5%, mais a variação do rendimento médio do trabalhador, medido pela PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. O reajuste aconteceria de 2015 até 2024, a partir de quando os 5% sairiam do cálculo.
Por tudo isso, o “Aumento real do custo de vida” ou “perda do poder de compra” (nome que quiserem dar ao fenômeno inflacionário, de depreciação do sempre irreal Real), junto com o peso da alta carga de impostos, é a maior preocupação de Dilma Rousseff e seus marketeiros em seu nada fácil plano reeleitoral. O mais complicado é que tanto Dilma quando seus principais opositores, Aécio Neves e Eduardo Campos, também terão de fazer malabarismos para não mexerem em outro vespeiro: os absurdos juros praticados no Brasil, que dão sempre lucros recordes aos bancos e operadoras de cartões de crédito (tradicionais financiadores de campanhas eleitorais).
Até agora, nenhum dos candidatos (de situação ou oposição) fala, claramente, em mudança do modelo econômico, no campo a usura e da tributação, que são os maiores entraves ao desenvolvimento do Brasil, junto com o alto gasto e desperdício da máquina estatal. Nenhum deles demonstra, claramente, como fazer uma reforma tributária urgente. Reforma política, para viabilizar a primeira, menos ainda. Releia o artigo de Hélio Duque, publicado no Alerta Total de 30 de abril, para entender a gravidade do problema: “A inadiável reforma tributária”.
Assim, sem previsão de mudanças estruturais, o cenário para a eleição fica medíocre. Resume-se a tirar o PT e seus comparsas do poder. Sem a garantia de que o substituto da gang petralha fará algo diferente para romper com o corrupto e incompetente sistema Capimunista na República Sindicalista do Brazil. Eis a tragédia anunciada para a eleição em que somos obrigados a votar e acreditar, piamente, que as urnas eletrônicas, sem direito a auditoria e conferência impressa de votos, vão eleger, realmente, os sujeitos em quem votarmos. Eis a Barbárie Institucional.
Efeito Vaia
O que os petistas mais temiam começa a acontecer: vaias sinceras, obrigando-os a ficar de boquinha calada e de vara curta em eventos públicos nos quais não têm a torcida amestrada.
Ontem, os políticos petistas não conseguiram falar na festança do 1º de Maio, liderada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores (CTB) e Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), no Vale do Anhangabaú, em São Paulo.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), o pré-candidato ao governo do estado Alexandre Padilha (PT), o ministro Ricardo Berzoini e o senador radical-chic Eduardo Suplicy tiveram de ficar quietinhos, enquanto o insatisfeito público vaiava e atirava papéis, latas e garrafas na direção do palco.
Diálogos complicados
Um dos líderes religiosos do lulo-petismo, o Secretário Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, grande figurão da chamada “República de Londrina”, teve a maior dificuldade em falar no evento “Diálogos Governo-Sociedade Civil – Copa 2014”, no último dia 28 de abril, no Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro:
“Eu fico com medo do tipo de democracia que algumas pessoas aqui nesta sala querem impor, no grito... Fico com muito medo”...
O temeroso Carvalho garantiu que Dilma não vai apoiar projetos que impeçam as livres manifestações – o que levou muitos jovens à gargalhada...
Reinvenção da Pólvora?
Nosso ilustrador honorário, Johil Camdeab Abreu, tira a maior onda com uma nota da revista Veja que mostra como a petralhada já começa a atuar, de forma suja, na campanha reeleitoral:
“No feriado de Páscoa, cerca de 2000 petistas se reuniram em um evento batizado de Camping Digital, em São José dos Campos (SP). 0 objetivo era aperfeiçoar os presentes na arte da guerrilha pela internet. Bancado pelo partido, custou 400 000 reais. Os palestrantes eram alguns dos principais defensores do PT na rede - donos de blogs e colaboradores de sites financiados por anúncios de governos e de empresas comandadas pelo partido. Junto com os chamados "estrategistas" do jogo nem sempre limpo das redes sociais, eles ensinavam o melhor meio de atacar os adversários e fazer reverberar suas acusações - uma espécie de Minimanual do Guerrilheiro da Internet. Uma das principais táticas recomendadas à plateia foi a criação e disseminação de "memes" - vídeos, imagens ou frases que, embalados por bom humor, se espalham rapidamente pela internet, neste caso, com o propósito de beneficiar o PT ou achincalhar seus adversários. Explicou Leila Farkas, responsável pela página Fernando Haddad Prefeito: "Uma mesma imagem serve para explorar qualquer coisa. Você pega qualquer foto e põe o significado que quiser, não é uma delícia?".
Nosso Panfletário Virtual acha uma gracinha que a petralhada tenha descoberto a pólvora antes dos chineses...
Aplauso remunerado
Tem coisas que só acontecem no “Congreço” tupiniquim...
O resto eles compram, a preço superfaturado, com o cartão de crédito corporativo do serviço público federal...
Kit necessário
Gaiatos da internet já difundem o uniforme básico que o torcedor deve usar, em caso de chuvas durante a Copa do Mundo da Fifa, no Rio de Janeiro...
Nova Deusa da Justiça?
Nem toda nudez termina castigada no falso moralista planeta Terra.
A juíza Enisa Bilajac, de 35 anos, chegou a ser exonerada do Tribunal da Bósnia-Herzegovina, acusada de depor contra a moral e os bons costumes do Judiciário.
Enisa Bilajac foi alvo de um fotógrafo indiscreto que a flagrou deitada no chão do gabinete, totalmente nua, tentando se bronzear com o sol que penetrava pela janela, enquanto fazia exercícios para fortalecer suas torneadas pernas.
A meritíssima defensora da boa forma física acabou perdoada pelos colegas da Suprema Corte de Sarajevo, e pode voltar a vestir sua toga, normalmente.
Nudez perdoada
A naturista magistrada se salvou porque provou que a porta de seu gabinete estava trancada, pois não tinha a intenção de que ninguém visse seu habitual exercício matinal, antes de começar o expediente do Tribunal.
A tese aceita pela Comissão Disciplinar foi a de que Enisa teve seu direito a privacidade invadido por quem fez a indiscreta fotografia dela se exercitando como veio ao mundo...
O caso da juíza peladona, que acabou perdoada “por estar cumprindo apenas um ritual matinal”, “sem ferir a credibilidade profissional da magistratura”, é um dos maiores sucessos virais do maravilhoso mundo imagético da internet.
De volta ao Lar?
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
O Alerta Total tem a missão de praticar um Jornalismo Independente, analítico e provocador de novos valores humanos, pela análise política e estratégica, com conhecimento criativo, informação fidedigna e verdade objetiva. Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog Alerta Total: www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos.
A transcrição ou copia dos textos publicados neste blog é livre. Em nome da ética democrática, solicitamos que a origem e a data original da publicação sejam identificadas. Nada custa um aviso sobre a livre publicação, para nosso simples conhecimento.
O célebre assaltante de trens inglês deve estar se revirando de inveja da Petrobras
por Ney Carvalho
Bem mais notável foi o assalto aos cofres da Petrobrás coma operação Pasadena. A compra da refinaria de Petróleo custou um total de US$1,2 bilhão ou qualquer coisa perto de R$3 bilhões, e não chega a valer 10% disto. Arredondando é quase 150 vezes o valor do alcance de Ronald Biggs.
Tanto quanto a arremetida ao comboio dos correios de Sua Majestade Britânica, o avanço ao caixa da petroleira foi meticulosamente planejado. A diferença está nas sutilezas e ferramentas utilizadas. Uma coisa é estudar um trajeto, verificar as rotas de fuga, parar um trem e saqueá-lo sob a mira de armas de fogo. Outra é montar uma intrincada engenharia societária envolvendo filigranas jurídicas de compreensão bem mais complexa do que simplesmente sacar um revólver. Afinal de contas, no mundo dos negócios, foi necessário aparentar sofisticação, o que apenas disfarçava o objetivo de acessar os recursos da empresa.
Foram análises técnicas apressadas, prazos urgentes, contratos obscuros, cláusulas nebulosas, e até uma suposta e insanável divergência societária que, por certo, estava também previamente combinada para produzir o resultado pretendido.
A quadrilha de Biggs contava 15 membros para dividir o butim. A de Pasadena deve ser maior, mas o montante do roubo é muito superior. São conselheiros, diretores, gerentes, políticos, advogados, consultores, analistas, todos regiamente recompensados, alguns por dentro, mediante prestação de serviços profissionais e os principais por fora, em contas numeradas de paraísos fiscais.
O célebre assaltante inglês deve estar se revirando de inveja em seu túmulo no Reino Unido. Teria sido menos arriscado e mais proveitoso participar da gangue de Pasadena do que do bando que saqueou o trem postal.
Este foi um 1º de Maio de dissabores para o PT, algo impensável não muito tempo atrás. Nunca se poderia profetizar, em sã consciência, que, em um comício da CUT, braço sindical do partido, no Dia do Trabalho, lideranças petistas seriam vaiadas e impedidas de falar. O veto, digamos, popular atingiu o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, setorista de “movimentos sociais”, o novo ministro de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, o próprio prefeito Fernando Haddad e o pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes Alexandre Padilha.
O fato, ocorrido no Vale do Anhangabaú, na capital paulista, faz recordar algumas manifestações, em junho do ano passado, que mantiveram militantes de partidos à distância, entre eles os do PT, até então os “donos das ruas”.
Sinal de que há mesmo um clima de mau humor generalizado. A origem pode ser difusa — inflação, corrupção, escassas perspectivas de melhoria —, mas o governo Dilma e o PT são um dos alvos.
Com medo de vaias, Alexandre Padilha não discursou no evento da CUT. Foto:Agência Estado
O que aconteceu quinta-feira no comício da CUT é mais importante que a circunstância de a Força Sindical ter aberto palanque, também no Dia do Trabalho em São Paulo, para os candidatos de oposição Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Afinal, o deputado Paulo Pereira da Silva (Solidariedade-SP), líder da central sindical, se notabiliza por cultivar alto senso de oportunidade diante de alterações nos ventos da política. Foi aliado de FH com a mesma fidelidade com que seguiu Lula e, até há pouco tempo, Dilma.
Prestes a completar 12 anos de poder em Brasília, o PT é acometido de algum tipo de fadiga de material que leva à irritação até mesmo militantes da CUT. No aspecto político-eleitoral, as duas manifestações sindicais no 1º de Maio foram um teste de popularidade negativo para o pacote de bondades populistas desembrulhado pela presidente na noite anterior, no pronunciamento à nação em rede nacional, por ocasião do Dia do Trabalho, indevidamente transformado em palanque da candidata à reeleição.
Se havia dúvidas de que Dilma e PT estariam dispostos a explorar o caminho do populismo para tentar uma reeleição a qualquer custo — mesmo o da desestabilização do início do seu segundo governo e até do fim do atual mandato —, elas acabaram na noite de quarta-feira. Os anunciados reajustes do Bolsa Família (10%) e da tabela do Imposto de Renda da pessoa física (4,5%) somarão mais R$ 9 bilhões na conta dos gastos públicos até o fim do ano que vem.
Em queda nas pesquisas eleitorais — mas ainda favorita —, a presidente Dilma luta em várias frentes. Inclusive internas, pois também precisa esvaziar o movimento “Volta Lula” dentro do PT e de legendas aliadas.
Para isso, deverá contar com a ajuda do próprio Lula. Já quanto ao eleitorado, ela começou, infelizmente, a colocar o Tesouro Nacional a serviço da campanha, a fim de atraí-lo.
Uma Constituinte Exclusiva (golpe institucional no melhor estilo do socialismo boliviariano do Foro de São Paulo) e o tão sonhado projeto de regulamentação da mídia (nos moldes de leis restritivas à liberdade de informação aprovadas na Argentina e Venezuela). Estas duas prioridades foram claramente definidas no espetaculoso 14º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores, no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo.
Concretamente, o evento petista deu uma travada na autofágica guerra interna no PT que pregava o “volta, Lula”. Boatos chegaram a revelar que Dilma Rousseff teria cometido a bravata de “ameaçar renunciar”, caso sua candidatura não fosse lançada, oficialmente, antes da convenção do PT. O rosto animado de Lula, levantando o braço de sua “campeã”, revela como o subconsciente trai quem falta com a verdade política...
O plano de golpe petralha ficou bem delineado. Além de puxar a votação simbólica para definir, claramente, que a Presidenta Dilma é a candidata è reeleição, sem o risco de ser atropelada pelo Presidentro Lula da Silva (que não poderia voltar de onde nunca saiu de fato), o presidente do PT, Rui Falcão, deixou claro que a reforma constitucional e a intervenção legal no controle dos meios de comunicação de massa são as prioridades do partido, após a prioritária luta pela vitória de Dilma. O plano golpista de Falcão foi endossado por Lula, olhando para Dilma: “Temos que discutir marco regulatório para democratizar os meios de comunicação. O que causa preocupação é que o principal partido de oposição à vossa excelência é a nossa gloriosa imprensa”.
Tem culpa a imprensa?
Lula não conseguiu mentir nem para ele mesmo, ao admitir, psicologicamente, que existe risco de derrota: “Nós estamos com o jogo mais ou menos garantido, mas não podemos entrar de sapato alto”. Só faltou o Presidentro ter a sinceridade de lembrar que os principais adversários de Dilma, que têm tudo para derrotá-la, foram fabricados por seu desgoverno: “aumento real do custo de vida” com “perda do poder de compra dos salários” (vulgo inflação), “juros cada vez mais altos” com “lucros recordes para os bancos e dificuldades para quitar o crédito tomado a fórceps” e “má gestão, excessiva interferência estatal e corrupção descontrolada que causaram enormes prejuízos a grandes investidores, principalmente estrangeiros, que só aceitam fazer novos negócios no Brasil se houver mudança no trono do Palácio do Planalto”.
O presidentro sepultou, definitivamente, a ameaça de ser candidato no lugar de Dilma: “Foi importante o Rui Falcão colocar aqui a Dilma como pré-candidata. Vamos parar de imaginar que existe outro candidato que não a Dilma, os adversários tiram proveito disso. Não podemos gastar energia com coisa secundária. Não teremos campanha fácil”. Lula terminou seu discurso de 35 minutos advertindo: “Dilminha, se me permite chamar assim. É só você preparar a agenda que o Lulinha estará junto com você para ganhar as eleições”.
Dilma abriu o discurso dela, que duraria intermináveis 58 minutos, puxando o saco do Presidentro: “Dirijo a você, presidente Lula, minhas palavras de respeito e carinho. É uma prova forte e contundente da nossa confiança mútua e os laços profundos que nos unem ao povo brasileiro”. Como era esperado, já se sentindo menos pressionada pelo risco de bola nas costas, proclamou que aceitava a “missão honrosa, desafiadora, de ser a pré-candidata do PT à Presidência”. Como boa marxista-brizolista, Dilma não deixou de meter o pau nas tais “elites” e no fantasma que mais a apavora, que é uma improvável volta de um regime militar:
“O rancor que os saudosistas do passado e uma certa elite têm de nós provém do nosso êxito e da nossa visão de Brasil, e não do fracasso pelo qual eles tanto torceram e torcem. Esse é um Brasil que não aceita retrocessos, mesmo que venham travestidos de novidade, da estranha novidade de medidas que se denominam impopulares e que, na verdade, são antipopulares. Vivemos um tempo estranho e temos que ficar atentos. Um tempo em que aqueles que até ontem não tinham a menor sensibilidade pela questão social se apresentam como paladinos da questão social. O Brasil não vai voltar no tempo, porque o povo não vai deixar”.
O discurso com frases negativas – e não afirmativas, como é recomendável pelo mais simplório marketing político em campanhas eleitorais – deixa clara a insegurança dos petistas com a conjuntura reeleitoral. Dilma tem tudo para perder a reeleição. Seus supostos opositores - Aécio Neves e Eduardo Campos – só precisam de algumas gotas de competência política para tirar o PT do poder. O PT no poder é a consolidação do projeto autoritário bolivariano do Foro de São Paulo – que vai consolidar o sistema Capimunista no Brasil. Por isso, a prioridade urgente é tirar a petralhada e seus comparsas do poder. Depois, reconstruir o País, limpando as cagadas que eles fizeram.
Falsa Faxineira para sempre
Psicologicamente, Dilma também deixou claro que seu grande temor é ter a imagem associada a um governo corrupto. Por isso, aproveitando para fazer uma defesa prévia dos escândalos na Petrobras - que mais a atormentam e lhe atingem diretamente, como ex-presidente do Conselho de Administração da estatal -, Dilma repetiu o discurso moralista, de paladina da honestidade e faxineira da corrupção, montado por seus marketeiros:
“Antes de nós, a corrupção era muitas vezes varrida para debaixo do tapete. Engavetava-se muito, investigava-se pouco. Agora que abrimos as gavetas, muito aparece e muito é investigado. Eu nunca admitirei ilícitos”.
Só não ficou claro se o “antes de nós” se referia aos tempos do Presidentro Lula ou aos tempos do FHC – que já deixou o poder há mais de 15 anos...
Para o discurso de falsa faxineira ficar completo, só falta os marketeiros lhe arrumarem um uniforme de fada, com uma vassoura vermelha, tendo a estrelinha do PT na ponta do cabo...
Para quem acredita em pesquisa...
Resultado da recente pesquisa IstoÉ-Sensus, confirmando que Dilma está em queda livre e quais problemas mais afetam a opinião pública.
Ausência nada sentida...
Participaram do evento de apoio a Dilma os dirigentes de PMDB, PSD, PTB, PCdoB, PP, PROS, PTC e PTN.
Só a turma do PR não apareceu, por um motivo simples: não desagradar Dilma.
A mais explícita declaração favorável ao “volta, Lula” partiu de seus dirigentes.
Lula onipresente
Lula da Silva avisou que, a partir de julho, estará “por conta da campanha” eleitoral:
“Temos um pequeno problema para resolver que é o seguinte: a Dilma, por conta dos acordos da aliança, ela não vai poder ir a vários lugares. Eu não sou presidente do PT. Então, não estou subordinado aos acordos que o Rui Falcão fez. Aonde tiver candidato do PT, eu estarei lá”.
Até junho, Lula define até se será candidato ao Senado por São Paulo, para garantir a imunidade parlamentar e foro privilegiado para eventuais broncas judiciais – que vão explodir como bombas atômicas, caso o PT perca o poder federal.
Agora, o “volta, Lula” é a piada do século: Como Lula vai “voltar”, se ele nunca saiu da Presidência, continua lá, Presidentro?
Gozando com a candidata
Os gaiatos do YouTube não perdem a chance de bagunçar com a santa imagem da Presidenta-Candidata...
Sonho complicado do Bolsonaro
Setores conservadores, principalmente ligados aos militares na reserva, podem até sonhar com a candidatura presidencial de Jair Bolsonaro.
Mas o partido dele, o PP, controlado por Francisco Dornelles, que é membro da tradicional família mineira Neves, dificilmente deixará de apoiar a candidatura do tucano Aécio.
Assim, a bem intencionada candidatura Bolsonaro já nasce morta, sem a menor chance política, apesar do grande apoio a ele manifestado nas redes sociais.
Cuba Libre no Brasil
Plinio Monte, do Movimento Brasileiro de Resistência, grava um flagrante diretamente de Caraguatatuba, mostrando os doutrinadores cubanos trabalhando no Brasil.
Eike forever
Alvo de investigações da Polícia Federal por suspeitas de crimes financeiros, Eike Batista conseguiu ontem duas façanhas econômicas.
O bilionário foi reeleito, junto com todos os seis membros do Conselho de Administração da Óleo e Gás Participações, incluindo seu pai, Eliezer Batista da Silva (vice-presidente).
E ainda garantiu R$ 21,015 milhões (aumento de 11% em relação ao ano passado) para remuneração dos administradores da empresa.
Excelente para uma empresa que está em recuperação judicial e fechou ano passado com R$ 17,5 bilhões de prejuízo...
Investidores se rebelam
Quem perdeu fortunas com as empresas de Eike já aciona o Ministério Público Federal e a Comissão de Valores Mobiliários, para impedir que o empresário fique bem na fita.
Investidores já formalizaram ao MPF denúncias de que Eike manipulação de mercado, insider trading (uso de informação privilegiada) e lavagem de dinheiro.
Agora, investidores suspeitam que Eike esteja comprando a dívida da empresa, com descontos incríveis, com o objetivo de, no final das contas, ficar devendo para ele mesmo – o que significa sumir com o endividamento...
Crítico da Maconha
O presidente do Uruguai, o figuraça esquerdista José Mujica, avisou ontem à agência de notícias Associated Press (AP) que a legislação uruguaia para permitir a comercialização da maconha será bem menos permissiva que a lei aprovada no Colorado (EUA) em relação aos usuários de droga.
Mujica criticou que “a maconha não é algo benéfico, poético e cercado de virtudes”.
Mujica repetiu que a regulamentação da produção, venda e uso da droga no Uruguai será uma forma de controlar o consumo no país, tratando o assunto mais como uma questão de saúde do que de segurança.
Responsáveis por tudo
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
O Alerta Total tem a missão de praticar um Jornalismo Independente, analítico e provocador de novos valores humanos, pela análise política e estratégica, com conhecimento criativo, informação fidedigna e verdade objetiva. Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog Alerta Total: www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos.
A transcrição ou copia dos textos publicados neste blog é livre. Em nome da ética democrática, solicitamos que a origem e a data original da publicação sejam identificadas. Nada custa um aviso sobre a livre publicação, para nosso simples conhecimento.
Um estrangeiro que ignorasse a nossa história, mas conseguisse ler a nossa imprensa, certamente chegaria à conclusão de que este é um país que padece de uma doença social rara, talvez única, nativa mesmo, como a jabuticaba. O nome dessa doença é esquizofrenia histórica.
Como sabemos, nestes 50 anos do chamado “golpe”, nunca os militares foram tão demonizados como agora. Alguns poderão dizer que não é bem assim; que as críticas são dirigidas aos desmandos e aos excessos havidos durante a ditadura, mas a gente sabe que isso não é verdade. Os militares são tratados como intrusos. Passa-se adiante a impressão de que tudo caminhava às mil maravilhas no mundo civil; de que o governo João Goulart era um exemplo de democracia e disciplina, e aí chegaram os gorilas fardados para nos tirar no paraíso. Notem: é evidente que eu acho que militares não têm de se ocupar da política. Mas acho também que as pessoas que se ocupam da história devem se ater aos fatos. E é fato que foi o governo civil de 1964 que criou as condições paro o golpe militar. Negá-lo é fazer pouco caso das evidências — e nada disso impede que se reconheçam os desmandos havidos, porque é certo que os houve. Ponto parágrafo.
O Brasil é governado por civis desde 1985. Embora as primeiras eleições diretas para presidente, depois do ciclo militar, tenham ocorrido só em 1989, chamar de “ditadura” o governo vigente em 1982, por exemplo, é um pouco mais do que licença poética — é mentira mesmo. Mas nem me atenho a isso agora. O fato é que, depois de quase três décadas, quando se precisa de uma referência de confiabilidade, de seriedade, de incorruptibilidade e de eficiência, eis que se apela às… Forças Armadas.
Garantir a segurança pública é tarefa precípua dos civis, é evidente. Sim, o artigo 142 da Constituição reconhece às Forças Armadas papel subsidiário na manutenção da lei e da ordem, mas essa não é sua tarefa primeira. Não obstante, a partir de sábado, 2050 homens da Brigada de Infantaria Paraquedista e 450 da Marinha vão ocupar o Complexo da Maré, no Rio. Lá ficarão, no mínimo, até 31 de julho — sim, leitores, a Copa do Mundo acontece nesse intervalo.
Pessoalmente, já disse, nada tenho contra a intervenção das Forças Armadas no combate ao narcotráfico. Há quase 30 anos, já disse, escrevi meu primeiro texto defendendo tal ação. Ocorre que não estou entre aqueles que saem por aí a defender uma tal desmilitarização da polícia — seja lá o que isso signifique — ou que tratam os militares como espantalhos.
E notem: no Complexo da Maré, o Exército e a Marinha não se limitarão a fazer um trabalho de apoio, não. Vão mesmo exercer função de polícia. Segundo o general Ronaldo Lundgren, chefe do Centro Operacional do Comando Militar do Leste, os homens estão autorizados a realizar patrulhamento ostensivo, revista e prisões em flagrante.
Todo cuidado é pouco. A chance de haver problemas é gigantesca. O narcotráfico costuma mobilizar agentes provocadores para incitar uma resposta violenta dos soldados e, assim, jogar a comunidade contra os militares. Lundgren afirmou, durante entrevista coletiva no Palácio Duque de Caxias, no Centro do Rio, que haverá um telefone para que os moradores da Maré possam denunciar eventuais abusos de autoridade.
Nos 50 anos do golpe, o poder civil foi bater à porta dos quartéis. Como se vê, as Forças Armadas não são intrusas, mas parte da história do Brasil.