segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Um dos homens que socaram Oscar Filho, do CQC, e que integrava a tropa fascistoide de Genoino, que até derrubou velhinha, é membro da… Comissão de Ética do PT



De todos os relatos sobre o comportamento dos bate-paus fascistoides que acompanharam José Genoino à urna, dando porrada, empurrado e botando literalmente pra quebrar, o melhor é o de Márcia Abos e Tatiana Farah, noGlobo. Leio que houve até cárcere privado. Muito bem! Sabem o que é mais espantoso? Um dos que socaram o humorista Oscar Filho, do CQC, é o advogado petista Danilo Camargo. Ele pertence, imaginem vocês, à Comissão de Ética do PT paulista e já foi coordenador da Comissão Nacional. Foi tesoureiro de várias campanhas eleitorais do partido em São Paulo e é homem de Genoino.
Em 2005, quando um assessor do deputado José Nobre (PT) — irmão do agora mensaleiro condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha — foi preso com a cueca recheada de dólares, a reunião para decidir “o que fazer” foi realizada no flat de Danilo. Entendi. O homem da “ética” do PT sai no braço. Imaginem os que não se sentem especialmente obrigados a ser éticos… Leiam texto de O Globo. Volto depois.
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Cercado por aproximadamente 50 militantes do PT, o ex-deputado José Genoino votou neste domingo na cidade de São Paulo em meio a um tumulto que terminou em pancadaria e cenas de vandalismo. Os petistas, que xingavam e batiam em jornalistas, além de derrubar eleitores que estavam no local, avançaram pelos corredores da universidade empurrando cadeiras, chutando lixeiras e quebrando vidros de um dos murais da entidade. Usando bengala, a aposentada Jose Bacarácia, 82 anos, foi derrubada no chão durante a passagem da militância petista.
Genoino carregava uma bandeira do Brasil, vestindo-a como uma capa e usando-a em algumas ocasiões para esconder o rosto e evitar ser fotografado. No tumulto, apenas seguiu em direção à seção de votação. Depois de votar, caminhou agitando o braço esquerdo com o punho cerrado, sempre rodeado pelos militantes, que impediram a aproximação ou perguntas dos jornalistas.
O humorista Oscar Filho, do CQC foi agredido repetidas vezes pelos petistas. Ele recebeu socos e foi jogado para dentro de uma das salas de votação. Com machucados na boca e pressão alta, o comediante foi atendido na enfermaria do colégio eleitoral e disse que registraria um Boletim de Ocorrência.
Um dos envolvidos na pancadaria foi o advogado Danilo Camargo, da Comissão de Ética do PT paulista e um dos petistas mais ligados a Genoino. Apesar de ter sido visto agredindo Oscar Filho antes de José Genoino votar, Camargo disse que se atracou com o repórter do CQC depois, ao deixar o colégio eleitoral, porque foi provocado. “Estava com minha mulher, tentando sair com meu carro. Ele estava bloqueando a passagem e disse ‘passa por cima, mensaleiro’. Isso não é jornalismo! Passa por cima, mensaleiro?”, falou o petista, que disse ter empurrado o jornalista.
Danilo disse que participou da votação de Genoino porque é delegado do partido e tem autorização para entrar nas áreas de votação. Mas o advogado admitiu que o grupo perdeu o controle: “Era uma massa de gente. Foi uma loucura. Estava difícil controlar”. Enquanto aguardavam a chegada de Genoino, militantes do PT e do PSDB trocaram ofensas. A polícia foi chamada para apartar a briga, que envolvia cerca de 20 pessoas. Ninguém foi detido. Enquanto os tucanos gritavam “partido dos bandidos” e “malufistas”, os petistas repetiam: “burguesada reacionária, vocês vão ter que nos engolir”.
EncerroEntendi! Um “delegado” do partido, com direito a ter acesso ao local de votação, se comporta dessa maneira lhana e cordata. Quando se é membro de uma comissão de ética e se ouve um insulto, o óbvio, claro!, é quebrar o nariz de quem se coloca na frente e sair por aí derrubando velhinhas.
No PT, todo mundo faz discurso “tchutchuco”, como o de Haddad. Desde que a brasileirada não abuse, né? Ou vem pancadaria.
ApostaÉ bem provável — faz parte do show — que a turma de Haddad procure o CQC para desfazer mal-entendidos, desculpar-se etc e tal. Muito gente até se comove com esse ato de humildade…
Pois é… Só pode se desculpar pelos socos e pontapés deferidos quem desfere socos e pontapés, não é mesmo? É o aspecto mais encantador no comportamento dos brutos. Se eles não se comportam como alimárias, como exercer depois o charme do arrependimento?
Texto publicado originalmente às 5h10
Por Reinaldo Azevedo

Lenda urbana que nunca deixa de intrigar: as coincidências de datas e números envolvendo os presidentes americanos Lincoln e Kennedy — que governaram com 100 anos de diferença



Abraham Lincoln e John F. Kennedy, dois grandes ex-presidentes, com histórias com muito em comum
Abraham Lincoln e John F. Kennedy: 100 anos separam sua eleição, várias datas e números aproximam seus destinos
É algo verdadeiramente surpreendente, chegando às portas do assombroso, verificar o quanto existe de coincidência em números cruciais da vida de dois dos mais marcantes presidentes da história dos Estados Unidos — Abraham Lincoln, o 16º e para muitos o maior entre os 44 presidentes americanos, e John F. Kennedy, o 35º e o primeiro presidente católico do grande país.
A lista de coincidências é uma lenda urbana quase tão antiga quanto a morte de Kennedy, ocorrida em 1963. Pelo que se sabe, começou a circular no ano seguinte e, conforme a versão, é acrescida de um, dois ou até dez itens em relação aos de abaixo.
Mas vejam só que interessante:
* Abraham Lincoln foi eleito deputado à Câmara de Representantes em 1846 e John F. Kennedy foi eleito para o mesmo posto exatamente em 1946.
* Abraham Lincoln foi eleito presidente dos Estados Unidos em 1860, e John F. Kennedy em 1960.
* Ambos se empenharam pelos direitos civis — Lincoln, pelo fim da escravidão, Kennedy, por igualdade plena de direitos aos negros.
* As mulheres de ambos — Mary Todd Lincoln e Jacqueline Bouvier Kennedy — perderam filhos quando residiam na Casa Branca.
* Abraham Lincoln foi assasinado numa sexta-feira. John Kennedy também.
* Lincoln foi assassinado com um tiro na cabeça. Pelo menos um dos tiros que mataram John Kennedy foi na cabeça.

Os dois ex-presidentes foram assassinados em uma sexta-feira, com um tiro na cabeça
Entre vários exemplos de coincidências, os dois presidentes foram assassinados em uma sexta-feira, ambos com um tiro na cabeça, ambos por um assassino do Sul, que em ambos os casos foram mortos antes de serem julgados
Agora, como se já não bastasse, as semelhanças ganham um pouco mais de mistério:
* A secretária de Abraham Lincoln tinha como sobrenome Kennedy, e a secretária de John F. Kennedy tinha como sobrenome Lincoln.
* Ambos foram assassinados por sulistas
* Ambos foram sucedidos por um vice com o mesmo sobrenome: Andrew Johnson substituiu Lincoln, Lyndon Johnson, a Kennedy.
* Andrew Johnson nasceu em 1808, e Lyndon Johnson, em 1908.
* John Wilkes Booth, o assassino de Lincoln, nasceu em 1839, e Lee Harvey Oswald, que assassinou Kennedy, nasceu em 1939. Ambos eram conhecidos por seus nomes por extenso, o que é incomum na cultura norte-americana, que privilegia a versão com o segundo nome ou o primeiro sobrenome grafado apenas com a inicial.
Ambos lutaram para melhorar os direitos civi
Ambos lutaram para melhorar os direitos civi
Quer mais? Tem mais:
* Abraham Lincoln levou um tiro na cabeça dentro de um teatro, o Ford Theatre de Washington, e John F. Kennedy foi alvejado dentro de uma limusine Lincoln – produzido pela Ford.
* Os dois assassinos, Booth e Oswald, acabaram sendo assassinados antes de serem julgados por seus crimes.
Já quase no fim, mais uma coincidência :
* Uma semana antes de ser morto, Lincoln esteve em Monroe, no Estado de Maryland. Uma semana antes de morrer, Kennedy esteve com Marilyn Monroe.
Finalmente, um acréscimo à lenda urbana:
* O filho caçula de Lincoln, Tad, foi sepultado no dia 16 de julho de 1871. Mais tarde, seu corpo foi exumado e transferido para outro túmulo.
* O filho caçula de Kennedy, John Jr., o John-John, que sobreviveu ao pai por mais de três décadas, morreu no mar num acidente com o avião que ele pilotava num mesmo 16 de julho — de 1999. Mais tarde, bombeiros encontraram seu corpo, que foi retirado do mar próximo à ilha de Martha’s Vineyard, em Massachusetts, para autópsia e, posteriormente, conforme seu desejo, suas cinzas lançadas ao mar em outro ponto da costa do mesmo Estado

Carlos Brickmann: Tem escuridão no fim do túnel



"Três apagões em 34 dias são mais do que três problemaços: são uma indicação de que o sistema brasileiro de energia enfrenta problemas"
"Três apagões em 34 dias são mais do que três problemaços: são uma indicação de que o sistema brasileiro de energia enfrenta problemas"
A ESCURIDÃO NO FIM DO TÚNEL
Julgamento do mensalão? OK, é importante, tem consequências políticas, mas não mexe com nossa vida do dia a dia.
Campanha do PT contra a imprensa, anunciada pelo irmão do José Genoino, aquele cujo assessor andava com dólares na cueca? Previsível: há muito tempo se usa punir o portador de más notícias.
Já a sucessão de apagões mexe com a vida de todos nós.
Um apagão é um problemaço. Três apagões em 34 dias são mais do que três problemaços: são uma indicação de que o sistema brasileiro de energia enfrenta problemas.
Pior: o governo sabe dos problemas, tanto que teme falta de luz quando acaba uma novela; e continua brincando de explicar. A última: “não é apagão, é apaguinho”.
Seja qual for o nome que as autoridades queiram dar à incompetência administrativa do setor, na quinta foram atingidos onze Estados – os nove do Nordeste, mais dois do Norte, além de Brasília. No apagão de setembro, ficaram no escuro oito dos nove Estados nordestinos.
O professor Ildo Sauer, da Universidade de São Paulo, petista até debaixo d’água, diz qual é o principal problema: falta de manutenção da rede. “Uma parte do sistema é cinquentão e deveria ter passado por um processo de manutenção e substituição. A indicação mais óbvia de que isso não ocorreu são os apagões”.
Claro (ou escuro): manutenção não dá voto, não tem inauguração, não tem discurso, não rende matéria na TV.
O ministro das Minas e Energia, Édison Lobão, está hospitalizado em São Paulo. Ele sabe o que faz: no Hospital Israelita Albert Einstein, há ótimos geradores.

Trabalhando duro
No ministério, tudo certo: Lobão, o titular, está seguro - no Einstein há geradores -; e Márcio Zimmermann, o interino, diz que não tem culpa, mas vai ver o que pode fazer
No Ministério, tudo certo: Lobão, o titular, está seguro - no Hospital Albert Einstein há geradores -; e Márcio Zimmermann, o interino, diz que não tem culpa, mas vai ver o que pode fazer
O ministro interino das Minas e Energia informou que há um problema e que alguém tem de fazer alguma coisa – não ele, claro.
Mas convocou uma reunião.

Em meio a crise, lojas de 2ª mão ligadas a ONGs têm boom na Grã-Bretanha



Atualizado em  29 de outubro, 2012 - 08:13 (Brasília) 10:13 GMT

Fachadas de lojas de ONGs britânicas
ONGs aumentaram número de lojas, contra tendência de fechamento de pontos comerciais
Em meio à persistente crise, um setor da economia britânica vem se saindo bem: as lojas de objetos de segunda mão ligadas a organizações de caridade, cuja presença é cada vez maior nas ruas comerciais do país.
Segundo um estudo recém-divulgado, as lojas ligadas a organizações de caridade tiveram no ano passado um aumento de 6,8% nas vendas e de 14,3% no lucro.

O estudo encomendado pela revista Charity Finance mostra ainda que as organizações não-governamentais estão também ampliando o número de lojas, enquanto muitas lojas tradicionais fecham suas portas.No mesmo período, o comércio em geral na Grã-Bretanha teve uma queda de 0,6% nas vendas. A economia do país cresceu apenas 0,8% no ano passado.
O número total de pontos comerciais ligados às 74 organizações pesquisadas passou de 6.007 para 6.233 entre o final de 2010 e o final de 2011.
De acordo com o British Retail Consortium, associação que representa os lojistas britânicos, 11,4% dos pontos comerciais do país estão vazios.
Outra pesquisa, realizada pela consultoria independente JRA Research em maio, indicou que 22% dos britânicos dizem estar comprando em lojas ligadas a ONGs com mais frequência do que dois anos antes.

'Preços baixos'

"Tenho encontrado menos trabalho ultimamente, então certamente ajuda poder comprar algumas coisas essenciais, como roupas, por preços mais baixos", comenta a designer gráfica freelancer Tatiana Alexeyeva, de 27 anos, após comprar por 7 libras (cerca de R$ 23) uma calça de segunda mão na loja da ONG Cancer Research UK no bairro londrino de Marylebone.
Para Alexeyeva, uma das vantagens de comprar em uma loja de ONG em um bairro de alto padrão como Marylebone é que muitas das peças doadas à venda foram compradas originalmente em lojas caras e têm boa qualidade.
Rua comercial em cidade britânica (foto: Pauline Eccles)
Lojas de ONGs tiveram aumento de 6,8% nas vendas em 2011; comércio em geral caiu 0,6%
O aposentado Nick Greenwood, de 63 anos, tem opinião parecida. "Por 5 libras (cerca de R$ 16) consigo comprar um blazer bom para usar todos os dias. Só compro esse tipo de roupa em lojas assim", diz ele.
Mesmo as pessoas que dizem não ter sido afetadas pela recessão observam que a possibilidade de encontrar itens de qualidade baratos, ainda que usados, é atraente. "Procurando, é possível encontrar roupas de designers por preços razoáveis", observa a secretária Sharon Morrison, de 54 anos.
Enquanto procurava livros em uma loja da ONG Oxfam no centro de Londres, a aposentada Cristobel Aldous, de 67 anos, disse que a caridade é um dos fatores que a levam a comprar em lojas de ONGs. "Gosto de saber que estou também ajudando algum projeto social ao comprar", diz.

Impacto negativo

Representantes de lojas de ONGs comemoram o aumento das vendas, mas afirmam que isso não significa que a recessão tenha sido positiva para as organizações.
"Outra consequência da atual crise econômica é que há muito mais demanda pelos serviços que as organizações oferecem, além da redução das subvenções públicas e de outras fontes de financiamento", observa Wendy Mitchell, vice-diretora executiva da Charity Retail Association, associação que reúne as lojas do setor.
Segundo ela, o fechamento das lojas tradicionais também tem um efeito negativo sobre as lojas de ONGs, por reduzirem o fluxo de compradores nas ruas de comércio.
Ainda assim, Mitchell enfatiza o papel das lojas de ONGs em oferecer produtos baratos para parcelas da população mais afetadas pela crise.
"As pessoas sabem que as lojas de organizações de caridade oferecem bens de alta qualidade por um preço bom, e que 60% das pessoas nos grupos D e E, de menor poder aquisitivo, compram nesses locais, então elas são uma fonte vital de bens com custo mais baixo para quem está em dificuldades financeiras", diz.

Doações em queda

Roupas expostas no Interior de loja de ONG
Valorização das roupas de segunda mão tem impacto negativo em doações recebidas por ONGs
Apesar de a maioria das ONGs ter registrado aumento significativo nas vendas e nos lucros em suas lojas no ano passado, a pesquisa realizada pela Charity Finance também destaca alguns motivos de preocupação para as organizações decorrentes da crise econômica.
Um dos principais pontos é a redução das doações de itens para revenda, relatada por 75% das lojas pesquisadas.
"Uma das razões para a queda das doações é que as pessoas podem estar usando suas roupas ou outros bens por mais tempo antes de comprar novos itens por causa da recessão", afirma Wendy Mitchell, da Charity Retail Association.
Além disso, segundo ela, o valor de roupas de segunda mão vem aumentando nos últimos anos, levando as ONGs a competir por doações com empresas privadas que recolhem o material para revenda.
O levantamento da Charity Finance observa que a valorização dos têxteis de segunda mão levou até mesmo a casos de roubos de material doado.

Charge do Duke (O Tempo)



O humor na poesia de Oswald de Andrade



O advogado, escritor, ensaísta, dramaturgo e poeta paulista José Oswald de Souza Andrade (1890-1954) foi um dos principais articuladores do movimento modernista literário e da célebre Semana de Arte Moderna, espécie de marco divisório na história das artes brasileiras, realizada em São Paulo, em 1922.
A rebeldia de Oswald o levava a querer muito mais do que simplesmente revolucionar forma e conteúdo da criação artística. O que ele queria mesmo era uma revolução que transformasse a vida social dos brasileiros, suas instituições e costumes.
O poema “brasil”, com letra minúscula, forma de satirizar até o nome do país, faz parte da primeira fase do Modernismo. Este período é o mais radical, pois os escritores dessa época ainda buscam definições, destroem paradigmas, enfim, é um a época de construção, onde notamos a busca ao passado, do quinhentismo brasileiro, porém, sem aquele ufanismo dos românticos. Aqui, na literatura de Oswald de Andrade há uma crítica ao ufanismo exagerado e, assim, ele busca o passado, mas de forma crítica, irônica, com isso, surgem os poemas piadas, a paródia.
É notório o humor nesse poema, o “eu-lírico” retrata a construção da etnia brasileira, com o português, o índio e o negro: “O Zé Pereira chegou de caravela, guarani de mata virgem e o negro zonzo saído da fornalha”. Ao mesmo tempo, que faz a junção dessas três etnias na construção do Brasil, o “eu-lírico” afirma que essa mistura retrata o carnaval, uma vez que a mistura das raças, dos costumes, da cultura, da religião, é a formação do povo brasileiro e, consequentemente o surgimento do carnaval.
Vale salientar que a valorização do falar do povo da terra, a linguagem coloquial, como “preguntou, pro”, era valorizada pelos Modernistas que colocavam esse falar na literatura.
Outrossim, nos versos “Não, Sou bravo, sou forte sou filho da morte/O negro zonzo saído da fornalha/E fizeram o carnaval”, Oswald de Andrade troca “Norte por Morte”, para questionar o genocídio com os povos indígenas, porque quando os portugueses “descobriam” o Brasil, os índios entraram em contato com o homem branco, em consequência surgiram várias doenças, assassinatos, ou seja, aconteceram muitas mortes.
 Oswald, pintado por Tarsila
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brasil
Oswald de Andrade
O Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani de mata virgem
-Sois cristão?
-Não, Sou bravo, sou forte sou filho da morte
Tetetê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá de longe a onça resmungava Uu! Ua! Uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
-Sim pela graça de Deus
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o carnaval.

Reflexões sobre a reforma política



Antonio Santos Aquino
Concordo com a reforma política. Mas financiamento público de campanha, tempo igual para partidos nanicos? Não! Digo por quê: financiamento público não vai acabar com o caixa dois, o pilantra, o safado continuará delinquindo.
Deve ser regulamentada a doação. Não se pode impedir que uma empresa, ou pessoa de posses, ajude um candidato de sua preferência, não é democrático. Tempo igual para partidos, seria uma violência contra os que passaram 20/30 anos lutando por um partido e depois aparece alguém funda um partido em seis mêses e ganha o mesmo tempo de TV.
O que ningém fala é no crime praticado pelo Gilberto Kassab ao fundar o PSD. “Um crime que foi referendado pelo TSE, exclusivamente por interesse do governo federal. Alguém pode imaginar que não tenha corrido grana alta nesse “arranjo”?

Modo PSOL de governar?



Gilvan Rocha
Participamos, como membros fundadores, da organização do Partido dos Trabalhadores- PT. Como antigos militantes, desconfiávamos de sua imprecisão política. Apostávamos, entretanto, no seu instinto de classe, na sua intuição. É evidente que esses atributos são insuficientes para assegurar um rumo político de grandes consequências. Na falta de um discurso elaborado, o velho PT limitava-se a se dizer “um partido diferente”.
Quanto a nós, timidamente, perguntávamos: “mas em quê consiste tal diferença?” Seria diferente porque maior? Seria diferente porque mais aguerrido? Seria diferente porque possuído de miopia? Ou seria diferente por se tratar de um partido que traduzisse os interesses históricos dos trabalhadores? Ou seja, seria diferente porque teria os olhos voltados para a conquista de uma nova ordem econômica e social como negação radical da sociedade capitalista? Essa sim, uma diferença substancial!
Nada se respondia e continuava a repetir-se: “o PT é um partido diferente.” À falta de estabelecer essa diferença, propôs-se o PT a espalmar a bandeira da moralização do capitalismo. Numa feliz expressão do político gaúcho Leonel Brizola, o PT foi chamado de UDN de macacão. Pretender moralizar o capitalismo corresponde ao mesmo que pretender enxugar gelo.
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“GENIOS” DO PT
Mas, os “gênios” do PT não enxergavam essa verdade. Em 1984, como membro do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, tornei público um artigo sob o título: “ PT, uma proposta e muitos riscos”. Neste artigo, dizia de forma peremptória, que essa nova agremiação política trazia para a burguesia o perigo de levantar bem alto a bandeira do anticapitalismo, a bandeira do socialismo.
Por outro lado, essa nova e gloriosa organização política que brotava das fábricas, dos campos, dos meios estudantis poderia descambar para o reformismo e se transformar num instrumento eficaz de sustentação do próprio sistema capitalista.
Infelizmente, foi justamente isso que aconteceu, quando os petistas lograram, através de expedientes espúrios chegar ao governo. E é grave que do seu ventre tenha nascido o PSOL, proclamando “uma nova forma de fazer política”. É evidente, que essa nova forma não existe, desde que ela não seja explicitamente anticapitalista e se negue a colocar-se como agremiação cujo intento é galgar postos nos diversos aparelhos de governo, sejam eles, federal, estadual ou municipal. Em outras palavras: ou teremos a bandeira do socialismo ou repetiremos a trilha sinistra do velho PT.

A Charge do Chico Caruso



CRÔNICA Cartas de Londres: Adeus, Londres!



Que essa hora ia chegar, eu já sabia. Por mais que gostasse daqui, não dava para viver a vida toda longe da família, da boa culinária nordestina, do calor humano. E por falar em temperatura, não dava para viver outro inverno. Não com uma criança de dois anos presa em casa.
Então você está feliz em voltar, né? Ah… é… estou...
Felizes mesmo estão os amigos ingleses, e de toda parte desse mundo chamado Londres. Porque, convenhamos, negócio demais para eles: com a Copa do Mundo e a Olimpíada no Brasil, nada melhor do que ter uma amiga anfitriã, pronta para recebê-los daquele jeito que só brasileiro sabe…
Difícil convencê-los de que o Brasil não é o melhor país do mundo para viver. E nem sei se quero que pensem que não é. Vá, que pensem!
E que viagem o quanto antes para me visitar, porque certamente a saudade vai bater, e melhor que estejam por perto para me falar um pouco sobre o que anda acontecendo em West End, ou para me doutrinar sobre novas gírias que ainda estão por nascer.
É assim mesmo, essa coisa da mudança. Como dizem em inglês, um tal de “mixed feelings”, um mexidão de sentimentos. Algo “bittersweet”, bom e ruim, amargo e doce… tudo ao mesmo tempo.
Aí vocês me perguntam, do que mais sentirá saudades? De tudo e de nada, não… engano meu. Vou sentir saudades das estações do ano, do ritmo dos dias que passam.
É bom que esteja deixando Londres no outono, quando a cidade fica dourada, dando ideia de festa, renovação, recomeço. Sempre gostei do outono. É quando Londres fica ainda mais bela.
Há pouco tempo, nosso grande amigo Bruno veio nos visitar. Ele morou muitos anos aqui, agora vive em São Paulo. Mas nos seus tempos europeus, era praticamente um guia turístico, sabia tudo de Londres, até a história das estátuas espalhadas por toda a cidade. Eu ficava besta.
Agora, depois de pouco tempo vivendo no Brasil, Bruno chega aqui em casa abrindo mapa, e acabou cometendo o grande erro de me perguntar como se chegava a tal lugar.
Foi quando a minha ficha caiu.
Londres sempre estará aqui, é verdade. Mas, inevitavelmente, assim como um casal que se separa, perderemos a intimidade, a cidade e eu. E, se bobear, um dia viro simples turista. Dessas que ficam do lado esquerdo da escada rolante, irritando todos os londoners usuários do metrô.
Também sentirei falta das Cartas de Londres, dos comentários que vocês deixam aqui, dos mais carinhosos aos mais desaforados. Faz parte da democracia da Internet. “It is what it is”, dizem os ingleses. And it was wonderful!
Brasil, estamos chegando! E que venham novas emoções, descobertas, oportunidades.
Adeus, Londres. Hello, Brasília!

Mariana Caminha é formada em Letras pela UnB e em jornalismo pelo UniCEUB. Fez mestrado em Televisão na Nottingham Trent University, Inglaterra. Casada, mora em Londres, de onde passa a escrever para o Blog do Noblat sempre às segundas-feiras. Publicou, em 2007, o livro Mari na Inglaterra - Como estudar na ilha...e se divertir 

Mais do mesmo, por Téta Barbosa



Passei toda minha infância vendo meu pai pedir filé, arroz e fritas nos restaurantes. Não importava se era sushi ou pizzaria, o jantar tinha, necessariamente, molho madeira.
Pedir mais do mesmo é se sentir seguro. É saber que ali, no conforto do conhecido, as chances de decepção são mínimas.
Pode ser que o camarão aos quatro queijos seja ótimo ou que o farfalle à parisiense esteja uma delícia, mas de “pode ser” o inferno está cheio.
Como meu espírito de rebeldia contra os padrões familiares está de férias, me pego repetindo o código de barras paterno. Leio os mesmo autores, assisto aos mesmos seriados e sim, tenho certa dificuldade em provar comidas diferentes.
Meu namorado tem síndrome de James Oliver e me faz provar coisas que, até então, eu jurava que ficavam no setor de jardinagem do supermercado. In love we trust, então tenho me libertado aos poucos do cárcere alimentício.
O filé com fritas foi relocado para o arquivo confidencial do meu paladar infantil e de lá não deve sair tão cedo. Transferência realizada com sucesso!
Na literatura, no entanto, meu espírito de aventura e experimentalismo não anda tão desenvolvido. Saramago encarnou em mim como o espírito em Emily Rose e não sai nem com exorcismo.
Já tentei de tudo: Dostoievski, Drummond, João Guimarães Rosa, Machado de Assis, reza, água benta e vela preta. Nada funciona. Começo a ler e logo o pensamento Brastemp me vem à cabeça; “esse cara é bom, mas não é assim um Saramago”.
Querendo me livrar do karma familiar do mais mesmismo, fui domingo à livraria ensaiando o mantra: “não vou comprar mais um Saramago”.
Porque, minha gente, a livraria tem 5.865.902 títulos (assim me disse a busca avançada) e não era possível que eu não encontrasse um livro Brastemp.
Meu critério: não poderia ser do escritor português vencedor do Nobel. Fácil assim.


Rodei, rodei, rodei e me vi com três boas opções: Memórias do Subsolo (Dostoievski),Contos de Imaginação e Mistério (Allan Poe) e... Claraboia (Saramago). Não sei senhores e senhoras do júri, como esse terceiro foi parar em minhas mãos. Muito menos sei explicar como ele chegou ao caixa para, em seguida, aparecer misteriosamente na minha casa.
É hora de aceitar minha sina: Saramago é meu filé com fritas.
E como eu gosto de mais do mesmo, estou mais uma vez aqui no blog escrevendo as mesmas impressões da minha vida nordestina/contemporânea. E aqui continuo a mesma de sempre, com muitas opiniões e pouco juízo. 

Téta Barbosa é jornalista, publicitária, mora no Recife e vive antenada com tudo o que se passa ali e fora dali. Escreve aqui sempre às segundas-feiras sobre modismos, modernidades e curiosidades. Ela também tem um blog - Batida Salve Todos 

OBRA-PRIMA DO DIA - ARQUITETURA Coluna de Trajano (113 d.C.): Semana dos Monumentos



A Coluna de Trajano foi erguida para comemorar a conquista da Dácia (território às margens do Danúbio, hoje Romênia), uma grande vitória do Imperador Trajano. Em ordem absolutamente cronológica, estão esculpidas na coluna as diversas etapas da guerra.
Esse tipo de coluna, criado pelos romanos que o chamaram de “coclide” (nome que se origina na palavra “chioccola”, caracol) tem as seguintes características: o fusto (ou corpo) é composto por 18 blocos em mármore de Carrara e é decorado por uma frisa contínua em baixo-relevo, com 200 metros de comprimento, e que o envolve em espiral até o topo.


No interior, oco, uma escada espiralada de 185 degraus, com 43 pequenas aberturas por onde passam luz e ar, leva ao topo e ao capitel, que conclui a decoração. Originalmente a estátua em bronze de Trajano reinava em sua coluna. Mas em 1588 o papa Sixto V, mandou retirar a estátua do Imperador e fez colocar no lugar uma estátua de São Pedro, também em bronze.
A localização da coluna pôs à prova a engenhosidade dos romanos: como fica num pequeno pátio nos fundos da Basílica Ulpia, entre o que se supõe fossem duas bibliotecas, ali ergueram uma galeria aberta para facilitar a visão dos baixos-relevos.
Para ler toda a história o visitante pode contornar a coluna por essa galeria ou, se quiser, e aí mais uma vez impressiona a extraordinária criatividade dos escultores, pode ficar parado e seguir uma ordem vertical, posto que a sobreposição das cenas obedece a uma lógica coerente. (É recomendável o uso de binóculos).
Em nossos dias, a vida do pesquisador interessado está muito facilitada: moldes numerados, em gesso, de toda a frisa, podem ser examinados com conforto e boa visibilidade no Museu da Civilização Romana, em Roma. Curiosidade: esses moldes foram mandados fazer por Napoleão III, em 1861. Há outros moldes, em museus de Londres e Bucareste.


Abaixo, foto do relevo número 16 que retrata um posto avançado do exército romano:
 



A Coluna Trajano foi uma novidade absoluta na Arte Antiga e tornou-se um ponto de vanguarda na história da escultura romana.
Pela primeira vez na arte daquele povo nascia uma expressão artística totalmente original, em todos os aspectos, apesar de culturalmente ser uma continuação do rico passado artístico das culturas mediterrâneas.
Inaugurada em 12 de maio de 113, conforme inscrição em sua base, com os episódios que apresenta talvez baseados nos “Comentários” de Trajano (infelizmente desaparecidos), uma de suas funções seria, pelo menos assim contam os registros da época, guardar as cinzas de Trajano após sua morte.


Mas seu objetivo mais importante era marcar os feitos militares do Imperador, para que ele ficasse para sempre conhecido como grande comandante.
A Coluna de Aureliano, inspirada na de Trajano, da qual falaremos amanhã, relata cenas de barbárie por parte do inimigo e dos soldados romanos; já a de Trajano mostra um exército romano organizado e sob as ordens do Imperador, clemente com os perdedores.
Apesar da destruição do Foro Trajano, a coluna sobreviveu no local onde foi erguida. Um documento do Senado Romano, de 1162, faz da Coluna Trajano propriedade pública e proíbe qualquer dano ao monumento.

Foro Trajano, Roma, Itália

O que significa e como funciona o laudêmio?


Artigo escrito para a coluna “Mercado Imobiliário”, sob responsabilidade do Engenheiro e Advogado Francisco Maia Neto, publicada quinzenalmente no jornal Estado de Minas, de Belo Horizonte-MG
Os questionamentos referentes à taxa denominada laudêmio 
 surgem com maior freqüência após a temporada de férias de verão, quando as pessoas se interessam em adquirir imóveis litorâneos, pois trata-se de um tributo federal obrigatório, cobrado nas transações imobiliárias de compra e venda com escritura definitiva, que envolvam imóveis localizados em terrenos de Marinha ou em área dita “aforada”.
Sua criação remonta aos tempos coloniais, quando a totalidade das terras brasileiras pertenciam à Coroa portuguesa, que tinha interesse em promover a colonização do país, distribuindo porções do território nacional a quem se dispusesse a cultivá-las.
Em troca, cobrava uma contribuição, que pode ser comparada a um pedágio, por estes quinhões, que passaram a ser classificados como terras aforadas, fazendo com que todas as vezes que fossem comercializados, teria que ser pago o laudêmio, que sobrevive até hoje.
A grande diferença decorre do fato da Coroa portuguesa não ser mais a dona destas áreas, sendo que no litoral grande parte de nossa orla pertence à Marinha, que recebe uma taxa de 5% do valor dos imóveis situados à beira-mar.
Os terrenos de Marinha compreendem toda a extensão localizada na zona litorânea, inclusive ilhas, considerada estratégicas desde 1831, compreendendo a faixa de terra localizada a 33 metros da maré mais alta, em relação à linha de preamar, que significa o ponto médio das marés observadas durante o ano.
No que se refere à propriedade destes imóveis, consta que a União Federal possui e detém apenas 30% dessas terras, enquanto a Igreja Católica possui 60%, ficando o restante com particulares e com herdeiros da família imperial brasileira.
Como exemplo de imóveis situados fora da orla litorânea, encontramos alguns prédios localizados próximos ao Pátio do Colégio, na cidade de São Paulo, e aqueles existentes na cidade de Petrópolis, cujo tributo reverte-se aos herdeiros de D. Pedro I, e em Minas Gerais, na cidade de Tombos, pertencentes à Igreja Católica.
Importante frisar que a responsabilidade pelo pagamento do laudêmio, ao contrário dos demais encargos usuais da compra e venda, não é do comprador, mas do vendedor, bem como este somente será cobrado quando a transferência do domínio, ou seja, a propriedade de um imóvel, ocorrer mediante venda ou dação em pagamento, não sendo devido no caso de recebimento através de herança ou doação.
Outro detalhe interessante, de interesse jurídico, refere-se às previsões legais deste instituto, que foram preservadas no texto do novo Código Civil, em seu artigo 2038, que, além de proibir a constituição de novas, subordina as existentes às disposições do diploma legal anterior, cuja instituição decorre do aforamento denominado enfiteuse.
Não obstante a previsão legal existente, existem ações judiciais discutindo a legalidade do tributo. Uma delas refere-se aos moradores de Alphaville, conhecido condomínio nas cercarias de São Paulo, e outra de um edifício situado no bairro Ponta da Praia, na cidade de Santos, que já obtiveram sentenças favoráveis, mais ainda sem uma decisão final.

BANQUETE



Magu
O prefeito eleito da minha cidade resolveu oferecer um banquete de comemoração pela sua eleição em primeiro turno, para os amigos mais chegados. Como é um político filho da puta de esperto, convidou também o padre da igreja central e o rabino da sinagoga. A chefe do cerimonial, imaginando, não sei porque, que os representantes de religião deveriam ficar juntos, botou o padre católico sentado na mesma mesa do rabino judeu ortodoxo, aqueles com filactérios (faixa de pergaminho, com escritos religiosos, que os judeu enrolam no braço e prendem à fronte, também um amuleto contra os inimigos) e peiot (cachos de cabelos laterais característicos dos judeus ortodoxos). Coincidentemente, a minha mesa ficava exatamente ao lado dos dois. Como sou muito curioso, estava de antena ligada, uma vez que a Mme. Marie de Choux estava mais preocupada em comer. Quando foi servido o “plat de résistance” (a parte principal da refeição), num carrinho que ia parando ao lado das mesas, o padre encheu o prato de pedaços do suculento leitão assado em suco de laranja, com pedaços de maçã espetados. Depois, cumprindo o ritual de educação à mesa, oferece para o “colega”. E o rabino recusa, dizendo:
– Muito obrigado. Penso que o sr. não sabe que a minha religião não permite a carne de porco.
Aí o padre, querendo tirar uma da cara do rabino, comenta com ironia:
– Noooossa! Que religião mais esquisita! Comer leitão é uma delííícia!
E a coisa foi andando. Findo o jantar, na despedida, já de pé, o rabino se dirige ao padre e diz:
– Mande minhas recomendações a sua mulher!
O padre ficou horrorizado:
– Minha mulher? O sr. não sabia que a minha religião não permite casamento de sacerdotes?
O rabino, sem rir mas com uma expressão de ironia que nunca vi na vida, diz, em voz baixa mas que permitiu-me ouvir, me deixando engasgado de rir, mordendo o guardanapo branco de algodão 400 fios, com Mme. Marie de Choux me dando cotoveladas para não fazer escândalo:
– Noooossa! Que religião mais esquisita! Comer uma mulher é uma delííícia!

O ESTOICISMO NA POESIA DE DRUMMOND



Laurence Bittencourt (1)
É consenso dizer que Carlos Drummond de Andrade foi um cético. Sua poesia e ele. Certamente que há exemplos claros em sua vasta obra que parecem corroborar com esse ponto de vista. No entanto, mais do que um cético, penso eu, Drummond foi, na verdade, um estoico, se tomarmos esta palavra como a de alguém que entendeu o sentido último da vida, qual seja, a de que o humano muda pouco em seu primitivismo primordial e que o final que nos cabe está sempre a nos espreitar e que por isso mesmo a grande sabedoria é se tornar imune ao infortúnio que parece comum a todos.
Um dos altos momentos de estoicismo em sua poesia pode ser verificado no seu poema “A procura da poesia” em que Drummond refaz com a maestria própria de quem já refletiu bastante sobre a condição humana: “Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir…Teu iate de marfim, teu sapato de diamante, vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável”.
Muito mais que um pessimista, Drummond foi um estoico. Um valoroso e derradeiro estoico, essa filosofia que caiu em desuso, se fez pobre e sem valor, em um tempo de “homens partidos”, como ele próprio anuncia em outro momento grandioso da sua moderna poesia brasileira: “A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua. Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos. As leis não bastam. Os lírios não nascem da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se na pedra”.
A condição de estoico, como se depreende do seu fazer poético, não se mostra inata, e sim, se chega por um processo de maturação, de alquimia, de sofrimento, num drama interior em que o momento de concluir nunca precede a angústia, e mais ainda, sem a busca sintética de um momento esperado, mas apenas virtual e imaginário.
A grande síntese fausto-goethiana em Drummond aparece com força momentosa em seu poema “Nosso tempo”, numa luta urdida no interior do ser. A divisão humana cobra seu preço diante de um Fausto quase em delírio a soçobrar dissabores contínuos, “esse é um tempo de divisas, tempo de gente cortada. De mãos viajando sem braços, obscenos gestos avulsos”, revelando, portanto, um marcador assimétrico e implacável do tempo, inapelável diante de uma ordem social imposta, em que a única saída é não perder a condição verbal para contar a grande história: “E continuamos. É tempo de muletas. Tempo de mortos faladores e velhas paraliticas, nostálgicas de bailado, mas ainda é tempo de viver e contar”.
O grão-vizir e sua placidez do fundo de um soterramento que não se dissipa encontra espaço e revela a face que lhe cabe, que lhe coube na grande horda soturna, ambulante, certamente fútil, inútil, das falas pobres, “Escuta a pequena hora noturna de compensação, leituras”, contraponto necessário ao inócuo e vazio como prenúncio: “escuta o horrível emprego do dia em todos os países de fala humana, a falsificação das palavras pingando nos jornais, o mundo irreal dos cartórios onde a propriedade é um bolo com flores”.
Drummond foi um estoico. Derradeiro e firme estoico. Afinal o que nos cabe na esteira rolante da vida. Vale como uma clausula pétrea ainda que discordante para tantos.
(1) Jornalista. laurenceleite@bol.com.br

MATANDO A COBRA E MOSTRANDO OS VÍDEOS



Giulio Sanmartini.
O apagão que afetou nove estados do Nordeste do país desde o final da noite de quinta-feira (25) e início da madrugada desta sexta (26), é o quinto desde 22 de setembro.
O governo vem à publico e só consegue dizer coisas  estapafúrdias, numa tentativa desesperada de explicar o inexplicável.
Fato é que essas interrupções de luz, tornaram-se uma triste rotina. O próprio ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, foi obrigado a admitir que o sistema está perdendo confiabilidade.
A presidente Dilma Rousseff,  tem falado em apagões, mesmo antes de ocupar o cargo. Quando ainda ministra da Casa Civil e, como sói, descaradamente falta com a verdade.
Em 29/10/2009, no programa radiofônico “Bom Dia Ministro”, da estatal EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), quando perguntada, se os investimentos do governo em energia davam a “completa certeza” de que não haveria novo apagão no país, ela com toda a segurança afirmou: “Pode, sim, significar essa certeza. Primeiro, porque nós estamos, sistematicamente, fazendo como se faz na bicicleta (…)A gente não pode parar de construir usinas hidrelétricas, usinas térmicas, usinas eólicas” (vide vídeo Ministra Dilma: “Não haverá apagão”).
Doze dias depois ela pagou pelo pecado da soberba, o país foi atingido por um dos maiores apagões de sua história. Foram desligados da tomada 18 Estados. Ficaram no escuro cerca de 70 milhões de brasileiros.
Voltando  a ser entrevistada a repórter perguntou sobre sua  declaração de que não haveria apagão?. Dilma irratada e com a falta de educação que a caracteriza, tentou fazer um infantil jogo de palavras:  “E não teve.  Você está confundindo duas coisas, minha filha. Uma coisa é blecaute. Trabalhamos com um sistema de transmissão de milhares de quilômetros de rede (…) E interrupções desse sistema ninguém promete que não vai ter”. Só não conseguiu explicar qual a diferença entre apagão e blecaute. ( vide vídeo Ministrada Casa Civil afirma que blecaute de quarta-feira).
Nesse ano, até agora o país teve um recorde do número de apagões, “somente” 63. Para um país que não teria mais interrupções energéticas, a coisa está de ótimo tamanho, não é mesmo?

Cientistas israelenses dão mais um passo para o desenvolvimento de terapia anticâncer

- Pesquisadores israelenses descobriram uma proteína que é fundamental para retardar a morte celular, o que “poderia levar a novas abordagens para tratamento do câncer”. Os estudos, que são liderados por especialistas da Universidade Hebraica e do Instituto Weizmann, foram publicadas no "Journal of Biological Chemistry". Eles explicam: “as células cancerígenas geralmente evitam esse processo devido a mutações nos genes que codificam as proteínas relevantes. O resultado é que as células cancerígenas sobrevivem e assumem o controle, enquanto as saudáveis morrem. Esses segmentos de proteínas poderiam ser a base das futuras terapias anticâncer nos casos em que o mecanismo da morte celular natural não funciona adequadamente”.