Avenida Paulista comemora 120 anos
hoje
Frenética, apressada, barulhenta
e eclética. A Avenida Paulista, que completa 120 anos nesta quinta-feira (8),
continua a cara de São Paulo. É múltipla. E até a festa vai do erudito ao
popular. A programação oficial está por conta da Associação Paulista Viva,
entidade que desenvolve ações em prol da avenida. O público assistirá a um
concerto de músicas eruditas, tocadas por uma orquestra, e em seguida a uma
apresentação de samba.
Na ocasião, também será lançado o
Guia da Paulista, com dicas para paulistanos e visitantes sobre o que há de
melhor na avenida. O evento será na Livraria Cultura, que fica no Conjunto
Nacional. O prédio é um dos símbolos da Paulista e fica na esquina com a Rua
Augusta.
O que não falta na Paulista é
gente. De acordo com o Data Popular, instituto com pesquisas no chamado mercado
popular, transitam diariamente pelos 2,8 km da avenida cerca de 1,5 milhão de
pessoas. Desse total, 883 mil vão a trabalho.
A pesquisa do Data Popular,
realizada em junho deste ano, mostra que a avenida mais charmosa de São Paulo
tem as mulheres como as maiores frequentadoras: seis em cada dez pessoas que
transitam pela avenida são do sexo feminino. Os dados foram baseados em entrevistas
com 200 pessoas que passavam pela avenida. Apesar de ser um forte centro
financeiro, a Paulista tem alguns poucos edifícios residenciais.
Ao todo,
abrigam 5 mil moradores. A escritora Isabel Vasconcellos é um deles.
“Moro na Paulista há 26 anos e,
para mim, não mudou quase nada. Agora tem mais prédios comerciais. A calçada e
a iluminação estão melhores”, afirma Isabel, que mora a poucos metros da
Alameda Joaquim Eugenio de Lima, chamada assim em homenagem ao engenheiro
uruguaio que criou a Paulista em 1891. No livro “O Fantasma da Paulista”,
Isabel põe o ‘fantasma’ do engenheiro para vagar pela avenida e acompanhar seu
progresso no decorrer dos anos.
Isabel diz que percebeu um
aumento no número de pessoas transitando pela avenida, que liga os bairros do Paraíso
à Rua da Consolação, abriga três estações de Metrô e 44 linhas de ônibus
municipais. “Tem muito mais gente. A Paulista já tinha museu, banco, teatro e
comércio, mas agora vieram as grandes lojas de departamento. A maioria detesta,
mas eu amo.”
Arquitetura
A arquitetura da Paulista também
é muito diferente. Casarões históricos dividem a mesma calçada com prédios
altos, espelhados e alguns menos modernos, mas bastante tradicionais, como o
Conjunto Nacional, que é tombado pelo patrimônio histórico. Segundo a
Secretaria de Estado da Cultura, o Museu de Arte de São Paulo (Masp), o Parque
Trianon, a Casa das Rosas e um casarão do início do século XX também foram
tombados.
“A transformação da avenida foi
total. [Quando foi inaugurada] Era um grande descampado. Aos poucos, foram
sendo construídos os casarões. Todos os arquitetos que batalhavam pelo estilo
moderno para romper com o neoclássico participaram do processo de transformação
da avenida com uma arquitetura mais simples e democrática”, diz o arquiteto
Eloy de Souza, que acabou de lançar o livro “Arquitetura Avenida Paulista”.
Para ele, o Conjunto Nacional,
uma mistura de unidades comerciais e residenciais, “é um dos exemplos mais bem
sucedidos de escala urbana da cidade”. Souza conta que o térreo do prédio foi
pensado para uma circulação livre de pessoas. “Uma grande marca é permitir que
as pessoas passem de uma rua para outra vendo vitrines, comprando livros,
ouvindo música ou conversando. É um espetacular centro de convivência.”
Mas há quem more na região e,
apesar de poder desfrutar de todas as facilidades que a avenida oferece,
prefira a tranquilidade ao agito. “A Paulista às 8 horas da manhã é
simplesmente o paraíso. Quando não tem aquela agitação você consegue ver os
prédios”, afirma a estudante Letícia Fávero, de 22 anos.
Fonte: G1