O Brasil registrou uma saída de dólares de US$ 12,7 bilhões no ano passado, já descontado o ingresso de recursos, segundo o Banco Central. Trata-se da maior saída de moeda americana desde 2002, quando o fluxo cambial ficou negativo em US$ 13 bilhões, num ano marcado por turbulência no mercado financeiro durante a campanha do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo analistas, a saída de dólares torna o dólar mais caro para os brasileiros e deve aumentar neste ano.
Sem a entrada de dólares por causa do comércio exterior, o rombo poderia ter sido maior. O investidor internacional tirou US$ 23,4 bilhões do mercado financeiro em 2013. Com a saída de recursos, o fluxo cambial em dezembro ficou negativo em US$ 8,8 bilhões, o terceiro pior resultado mensal já registrado no país. O montante supera a fuga de capitais de janeiro de 1999, mês da maxidesvalorização do real, quando saíram US$ 8,6 bilhões. Ainda assim, fica atrás dos valores registrados em agosto e setembro de 1998, quando deixaram o país US$ 11,8 bilhões e US$ 18,9 bilhões, respectivamente.
O desempenho negativo no fim do ano era esperado pelos economistas depois que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou o início do corte de estímulos à economia, o que deve limitar ainda mais o fluxo de recursos para o Brasil. Para Ítalo Abucater, economista da corretora Icap, o cenário deve piorar mesmo com as captações de empresas. Ele destaca também o risco de rebaixamento da nota de crédito do país.
Em outro sinal de piora da avaliação de investidores, clientes de grandes fundos de investimento que aplicam em ações do Brasil sacaram US$ 5,892 bilhões em 2013. Foi um recorde e o montante foi superado apenas pelos saques de aplicações similares que investem na China (US$ 5,9 bilhões). Os dados são da consultoria EPFR Global, que rastreia o comportamento de fundos globais com US$ 20 trilhões em ativos. Brandt Cameron, economista da consultoria, escreveu em relatório que a piora do sentimento sobre a China e a desaceleração da economia brasileira explicam os resultados.
No mercado de câmbio, com novos dados sobre o mercado de trabalho nos EUA — que gerou 238 mil postos no setor privado em dezembro, o melhor ritmo em 13 meses — o dólar fechou em alta pelo terceiro dia, cotado a R$ 2,39, valorização de 0,5%. Nesta quarta-feira, o Fed divulgou a ata de sua última reunião, revelando que os membros da autoridade monetária defenderam postura cautelosa quando decidiram iniciar o corte de estímulos. (O Globo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário