domingo, 13 de abril de 2014

A LEBRE QUE MIA - Percival Puggina


          
            A compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras, tanto na transação em si, quanto no que aconteceu após se tornar de conhecimento público, é dos atos mais constrangedores de nossa história administrativa. Nem encomendando se conseguiria produzir semelhante sucessão de ações e reações que primam pela falta de decoro e pela hipocrisia. Atenção, jornalismo nacional! Hora de acordar, rapaziada! O rolo é conhecido desde 2012! É difícil entender as razões pelas quais a pauta dormiu nas gavetas durante todo o ano de 2013.
            Seja como for, o melhor ficou para o fim. Aconteceu no Congresso Nacional, com a disputa entre governo e oposição sobre a proposta de criar CPI para investigar a operação. Como a medida se revelou inevitável, o PT partiu para o contra-ataque, e quis investigar, também, o metrô de São Paulo e o porto de Suape em Pernambuco. Foi uma antecipada confissão. Foi reconhecimento pelo réu de que comprometedoras digitais estavam na cena do crime. O que espera a sociedade de um partido político que respeite a própria imagem diante de fato com tal magnitude? Que participe das investigações, que controle o trabalho da oposição, que busque a verdade e, naturalmente, que evite maiores explorações políticas dos fatos apurados. Em vez disso, o PT quis tumultuar, embrulhar e inviabilizar a CPI, acrescentando-lhe outros objetivos que, supostamente, poderiam causar dano ao seus principais opositores na corrida presidencial em curso: PSDB e PSB. Tudo num grande esforço para "blindar a Petrobras". A Petrobras? Me poupem.
            A Constituição Federal não deixa margem para interpretações quando afirma que as CPIs devem tratar "de fato determinado" e não de fatos indeterminados. Se o PT tem conhecimento de determinados fatos a merecer investigação no metrô de São Paulo e no porto de Suape, envolvendo recursos federais, por que não pediu oportunamente as respectivas CPIs? Por que fazê-lo como contraponto à CPI sobre a refinaria de Pasadena?  Ao agirem como estão agindo no caso, o PT e seus associados no Congresso Nacional tornam inequívoco perante a opinião pública que, de fato, houve rolo no negócio. Caso contrário, fosse a operação sábia e proba, economicamente interessante, como chegaram a afirmar alguns agentes partidários na frente de batalha das redes sociais, nada melhor do que uma CPI para comprová-lo e retocar a imagem da presidente. Afinal, ela foi vendida a seu eleitorado como gestora competente. Mas autorizou a Petrobras a pagar mais de um bilhão de dólares por uma lebre que mia.
            Todo esse imbróglio serve para mostrar o quanto é maléfica a confusão que fazemos no Brasil entre Estado, governo e administração pública, como se fosse tudo a mesma coisa. Não contentes, embrulhamos o pacote para presente e entregamos a um partido político. Só pode dar nisso! Que raios tem um partido político a fazer na Petrobras? E não só aí, mas também no Banco do Brasil, no BNDES, em dezenas de estatais e em todo o aparelho administrativo federal, ocupando dezenas de milhares de postos que deveriam ser providos por servidores de carreira com a formação adequada?
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Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+. 

A PETISTA GRAÇA FOSTER PEITOU A POLÍCIA FEDERAL E FOI ADVERTIDA: ENTREGA OS DOCUMENTOS OU VAMOS VASCULHAR A EMPRESA

sábado, 12 de abril de 2014


O Estadão revela que, na Operação Lava Jato II, que na sexta-feira incluiu até mesmo busca e apreensão na sede da Petrobras, a primeira reação da presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, ao receber os policiais, por volta de 9 horas, na sede da empresa, foi se recusar a repassar dados sobre um contrato milionário assinado na sua gestão com a empresa Ecoglobal Ambiental Comércio e Serviços. Avisada de que a resistência daria à Polícia Federal o direito de vasculhar a empresa em busca dos documentos, uma vez que estava autorizada judicialmente por um mandado de busca e apreensão, a executiva recuou e liberou a papelada. A negociação levou a permanência de um delegado e de três agentes na sede da Petrobrás por quase seis horas. De acordo com um segurança da sede da Petrobrás, os agentes policiais entraram a pé pela recepção da garagem do prédio, se identificaram e informaram sobre a Ordem Judicial, expedida pela Seção Judiciária do Paraná. Funcionários do setor jurídico da estatal desceram para receber os policiais ainda no estacionamento. Segundo o segurança, os agentes disseram que iriam cumprir "intimações" na estatal. No final da noite, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, saiu em defesa da presidente da Petrobrás e repetiu o que as duas notas já haviam afirmado, de que os documentos foram entregues pela empresa "espontaneamente". A nota divulgada pela Polícia Federal recebeu o aval de Cardozo antes de ser publicada. Segundo fontes, o ministro compartilhou seu conteúdo com o colega da Casa Civil, Aloizio Mercadante, um dos mais próximos da presidente Dilma Rousseff. O texto apresenta duas explicações em referência aos mandados cumpridos na sexta-feira. A Polícia Federal informa que "a Justiça Federal no Paraná expediu mandados de intimação prévia para que a Petrobrás apresentasse documentos. Como houve colaboração, não foi necessário o cumprimento de mandados de busca e apreensão para o êxito na obtenção desses papéis". Menciona, também, que a "presidência da Petrobrás colaborou com os policiais federais apresentando os documentos, que foram apreendidos e contribuirão para a continuidade das investigações". A Polícia Federal não explicou porque os agentes ficaram várias horas na sede da estatal, embora a justificativa seja que apenas foram coletados documentos, cuja entrega já havia sido acertada com a empresa. A nota da Petrobrás informa que a estatal recebeu uma ordem judicial para entrega de documentação sobre um contrato investigado pela Polícia Federal. Segundo o comunicado, a presidente acionou "imediatamente" a gerência jurídica da empresa para dar encaminhamento às solicitações dos agentes. O comunicado informa ainda que a empresa cumpriu as determinações expedidas pela Seção Judicial do Estado do Paraná.

IGREJAS FECHADAS

G. Mendoza


Não vou entrar no mérito mas, o último bastião da liberdade, aquele que qualquer sujeito pode usar sua garagem para fazer pregação religiosa, e depois ir ampliando para criar uma importante igreja evangélica, à medida que consegue seguidores, começa a ser atacado pela política petralha de conseguir sua dominação completa da população.

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SE DILMA NÃO FOSSE DILMA



Repito integralmente conforme publicado lá:

Se Dilma não fosse Dilma

Postado em fevereiro 15, 2014 por Tribuna da Internet

Percival Puggina

Ao se desligar do programa “Mais Médicos”, a doutora Ramona Matos Rodriguez abriu a caixa de Pandora desse suspeitíssimo convênio firmado entre o governo brasileiro e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) para locação de médicos cubanos.

Ramona exibiu à imprensa cópia do seu contrato com uma certa sociedade anônima “Comercializadora de Serviços Médicos” e informou que dos 10 mil reais por cabeça, pagos pelo Brasil, ela só recebia o equivalente a mil reais no câmbio atual. Ou seja, confirmou ganhar apenas aqueles 10% que eu, desde o início das tratativas para vinda dos médicos, afirmei que constituíam o padrão para contratos desse tipo na Castro & Castro Ltda. – antigamente conhecida como ilha de Cuba -, empresa familiar com sede e foro na cidade de Havana. E ainda há quem ouse se referir a tais negociatas como evidências da “admirável solidariedade” da Cuba comunista para com os necessitados do mundo. Vê se eu posso!

Em torno de dona Ramona se formou a primeira das encrencas que haverão de cercar esse convênio nascido nas confabulações do Foro de São Paulo (aquela supranacional esquerdista que a imprensa brasileira faz questão de solenemente desconhecer). Muitas outras encrencas virão porque tudo que é mal feito em algum momento cobra conserto.

APENAS UM CLUBE

O problema é que Dilma, apesar de seus 40 ministros, não tem um ministério nem dirige um governo. Ela preside um clube, destinado ao lazer dos sócios, vale dizer, dos partidos políticos que compõem sua base de sustentação. Tivesse ela um bom ministro do Trabalho, este lhe diria que a situação dos cubanos é totalmente irregular perante a legislação brasileira (a doutora Ramona já anuncia que vai buscar na Justiça do Trabalho o que lhe é devido pelo Brasil).

Tivesse ela um bom ministro da Saúde, ele a advertiria sobre a deficiente formação média dos profissionais médicos formados em Cuba.

Tivesse ela um bom ministro da Defesa, ele haveria de alertá-la para os riscos decorrentes da importação, em larga escala, de agentes enviados por um país que, desde 1959, se caracteriza por infiltrar e subsidiar guerrilheiros no resto do mundo.

Tivesse, Dilma, uma boa ministra de Direitos Humanos, menos fascinada por ideologia e mais pela humanidade, esta iria às últimas consequências para impedir que o Brasil protagonizasse escancarado ato de escravidão, trazendo os cubanos sob as condições postas por Havana.

Tivesse Dilma um bom ministro da Fazenda, ele certamente lhe demonstraria o quanto é abusivo pagar um overhead de 900% em relação a cada profissional enviado pelos Castro. Tivesse ela um bom ministro da Economia, este abriria um berreiro para mostrar que a contabilidade desse convênio é altamente prejudicial ao interesse nacional diante da desproporção entre o valor do serviço prestado no Brasil e o montante enviado para a matriz cubana.

Tivesse Dilma um bom ministro da Justiça, ele ficaria de cabelos em pé diante do atropelo que esse contrato produz nos mais comezinhos princípios de Justiça e na legislação nacional.

Tivesse Dilma um bom ministro da Previdência Social, ele mostraria ser líquido e certo o caráter regressivo ao governo de qualquer ação dos médicos cubanos em busca de seus direitos previdenciários porque o patrão de fato desses profissionais é o governo brasileiro.

Tivesse Dilma um bom ministro de Relações Exteriores, ele lhe mostraria o quanto resulta negativo à imagem do Brasil o conhecimento internacional das bases em que o país firmou esse convênio.

FESTA E GRANA

Mas Dilma preside um clube. E se o clube está nem aí para suas verdadeiras ocupações, menos ainda haverá de estar para quaisquer preocupações. O clube, afinal, gosta mesmo é de festa e grana.

Se Dilma não fosse Dilma e tivesse um bom ministério, se estivesse ocupada em solucionar problemas estruturais em vez de ficar quebrando galhos e agradando parceiros, ela teria atendido à reivindicação dos médicos brasileiros.

Há muito tempo eles pedem uma carreira atrativa no serviço público, a exemplo de outras que iniciam em postos remotos e, gradualmente, promovem seus integrantes para centros maiores. Mas Dilma é apenas Dilma.

Postado por Anhangüera

Ex-diretor da Petrobras fez fortuna vendendo facilidades na estatal


Documentos revelam que Paulo Roberto Costa intermediou interesses de grandes empreiteiras dividindo o lucro com políticos

Rodrigo Rangel e Hugo Marques
ARRECADADOR – O engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, tinha uma missão extraoficial conferida pelo partido que o indicou ao cargo, o PP: articulava com empresas e fornecedores da estatal ajuda financeira para campanhas políticas
ARRECADADOR – O engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, tinha uma missão extraoficial conferida pelo partido que o indicou ao cargo, o PP: articulava com empresas e fornecedores da estatal ajuda financeira para campanhas políticas (Helia Scheppa/JC Imagem)
O macacão corta-fogo laranja com o nome impresso sobre o bolso, o logo com o nome da Petrobras em verde sobre fundo branco, o olhar confiante e o gesto firme apontando com precisão o objetivo. Tudo na foto ao lado transmite a ideia de um líder da empresa que orgulha os brasileiros, provavelmente um diretor técnico de alto calibre, um PhD em mineralogia ou um engenheiro premiado por inovações tecnológicas originais que ajudaram o petróleo a brotar mais facilmente das profundezas, contribuindo, assim, para aumentar dramaticamente o valor da companhia. As aparências enganam. A imagem ao lado já foi anexada ao melancólico histórico de corrupção no mundo oficial do Brasil. Ela viaja o mundo pelas agências noticiosas com o homem identificado na legenda como Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras preso pela Polícia Federal, personagem central do escândalo de pagamento de propinas a políticos.
A RELAÇÃO DOS COLABORADORES
Mendes Júnior – A anotação diz que o dono da empreiteira está “disposto a colaborar”. Procurada, a empresa informa que mantém contrato de prestação de serviços de engenharia com a Petrobras, mas desconhece a colaboração
UTC/CONSTRAN – A anotação informa que a empreiteira “já está colaborando”. A UTC afirma que desconhece a colaboração e que não comenta anotações de terceiros
ENGEVIX – A anotação diz que a empresa “já teve conversa com candidato”. A empreiteira assegura que desconhece tal lista e que suas doações eleitorais seguem a legislação
IESA – A anotação informa que a empresa “vai colaborar a partir de junho”. A companhia afirma que seu presidente da área de óleo e gás conhece Paulo Roberto Costa, mas não fez doações eleitorais
HOPE RH – A anotação diz que a empresa “já vem ajudando e vai ajudar mais a pedido do PR”. A prestadora de serviços na área de recursos humanos não respondeu aos questionamentos
TOYO-SETAL – A anotação diz que a empresa começa a ajudar “a partir de março”. A firma de engenharia naval também não respondeu
Na semana passada, vazaram as primeiras informações obtidas pelos policiais no exame ainda superficial da agenda, algumas planilhas e outros documentos apreendidos com Paulo Roberto Costa. O conteúdo é explosivo. Mas os investigadores que cuidam do caso dizem que se trata apenas de um pequeno trecho do propinoduto que o preso operava na Petrobras, tendo de um lado corruptores, do outro, corruptos e ele no meio fazendo a integração entre as duas partes do empreendimento criminoso.
De 2003 a 2012, o engenheiro Paulo Roberto Costa dirigiu a área de Abastecimento da Petrobras, que comanda um orçamento bilionário e lida com as maiores empresas do Brasil e do mundo. Pelo volume de dinheiro movimentado e os múltiplos interesses envolvidos, é o lugar perfeito para aninhar uma quadrilha de corruptos. A Polícia Federal descobriu que Paulo Roberto, um doleiro, políticos e prestadores de serviços estão interligados em um consórcio criminoso montado para fraudar contratos na Petrobras, enriquecer seus membros e financiar políticos e partidos.
Paulo Roberto Costa é o que em Brasília se chama de “indicado político”. É assim que ele aparece na ata de uma reunião com seus advogados pouco depois de sair da Petrobras. Está lá, em um dos recortes estampados na página 70 — escrito a mão por quem secretariou a reunião —, a preocupação extra dos causídicos com o fato de o doutor Roberto ter ocupado cargo de “indicação política” na Petrobras. Por essa razão seria muito arriscado ir adiante com o plano de abrir uma “offshore”, eufemismo para empresa-fantasma em algum paraíso fiscal. Em outro trecho, registra-se a recomendação de que, ele abrindo uma empresa, a “holding” deveria ser colocada em nome da mulher e das filhas. São típicos cuidados de quem está se metendo em um negócio obscuro, com finalidade não muito clara e, definitivamente, com o objetivo de ser mantido longe dos olhos das autoridades. Enfim, uma atividade típica de alguém que chegou a uma estatal ou órgão público não pela competência técnica, mas por “indicação política”.
Foi o Partido Progressista, o PP, uma das agremiações que apoiam o governo, que instalou Paulo Roberto Costa na estratégica diretoria da Petrobras. No que é um dos grandes contos de fadas do Brasil oficial, o papel do indicado político é explicado pela necessidade de os políticos terem quem resolva problemas paroquiais deles e dos eleitores. No caso do indicado político do PP na Petrobras, a explicação era que ele poderia eventualmente facilitar a outorga de uma autorização de funcionamento para um posto de gasolina. Só isso? No mundo da fantasia, sim. No universo da mentira tacitamente aceita como parte do jogo político, sim. Mas o homem do macacão laranja, do olhar confiante e gesto firme talvez nunca tenha sabido o que é preciso para abrir um posto de gasolina. Os documentos que a Polícia Federal encontrou em seu escritório começam a revelar as verdadeiras atividades de um sujeito que desembarca em uma estatal ou ministério como “indicação política”. Paulo Roberto Costa foi colocado na Petrobras para intermediar negócios entre empreiteiras e outras empresas com a estatal brasileira de petróleo e, assim, abastecer o propinoduto ligando corruptores a corruptos.
VEJA teve acesso ao material apreendido pela Polícia Federal. Ele revela os verdadeiros motivos por trás da disputa acirrada dos partidos para indicar um afilhado, um amigo ou um correligionário para um cargo público. As anotações na agenda do engenheiro apontam uma contabilidade financeira envolvendo políticos. Numa delas, Paulo Roberto registra o repasse, em 2010, de 28,5 milhões de reais ao PP, o partido responsável por sua indicação ao cargo. 

Até Collor, o mais novo aliado do PT, levou dinheiro da corrupção

http://polibiobraga.blogspot.com.br/2014/04/ate-collor-o-mais-novo-aliado-do-pt.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+JornalistaPolibioBraga+(Jornalista+Polibio+Braga)

Protagonista de um dos principais fatos políticos da recente história do Brasil, o senador alagoano Fernando Collor de Mello (PTB-AL), alvo de impeachment no Congresso Nacional, aparece como um dos beneficiários de uma espécie de “banco clandestino” operado pelo ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, preso na operação Lava Jato, da Polícia Federal. Na agenda de Costa apreendida pelos policiais veio à tona uma contabilidade financeira paralela envolvendo políticos e, para a surpresa dos investigadores, o recibo de um depósito bancário de 8.000 reais em favor de Collor. A revelação está na edição de VEJA desta semana, em reportagem de Rodrigo Rangel e Hugo Marques.Leia mais:

. Os valores, ainda que quase simbólicos, intrigam os policiais principalmente após documentos da Lava Jato terem apontado que a Investminas, empresa controlada por Pedro Paulo Leoni Ramos, secretário de Assuntos Estratégicos no próprio governo de Fernando Collor, também já havia feito um pagamento de 4,3 milhões de reais para a consultoria de Paulo Roberto Costa. Para os policiais, Collor seria mais um dos beneficiários de uma central de distribuição de propina a políticos dos mais diversos partidos.

(...)

. Paulo Costa, tratado como Paulinho por Lula,  construiu a carreira na estatal de petróleo desde os anos 1970. Chegou à diretoria de Abastecimento da companhia em maio de 2004 pelas mãos do ex-presidente Lula e após indicação do PP. Mesmo tendo sido alçado ao cargo com as bênçãos do PP, contava com respaldo de setores do PMDB e do grupo ligado ao deputado petista Cândido Vaccarezza (SP

Na caderneta, em linguagem cifrada, aparecem, além dos nomes de políticos, referências à empreiteira Queiroz Galvão, uma das prestadoras de serviço da Petrobras, à empresa UTC, que também fornece à petroleira, e à Engevix, companhia que gerencia empreendimentos nas áreas de energia, indústria e infraestrutura. Em todos os casos, há indicativos de que as companhias estariam “dispostas a colaborar” com o banco clandestino de financiamento a políticos.

Vem pra Papuda você também


Quem enquadrará agnelo, o amigo dos mensaleiros? Cadê as ONGs legalistas? O congresso? O MP?

GUILHERME FIUZA
12/04/2014 10h00 - Atualizado em 12/04/2014 10h33

 

Delúbio Soares não pôde comemorar com a tradicional feijoada de sábado na prisão a decisão final do Supremo Tribunal Federal (STF) – livrando a quadrilha do crime de formação de quadrilha. O juiz Bruno Silva Ribeiro, da Vara de Execuções Penais, advertiu o detento e cortou a feijoada. Espera-se que o juiz Bruno tenha outro emprego em vista, porque todos sabem o que acontece com quem mexe com alguém da ex-quadrilha. O vice-diretor do Centro de Progressão Penitenciária, que mandou Delúbio cumprir as regras e tirar a barba, foi encostado num depósito de veículos. Só não se sabe quem é que enquadrará o dublê de governador do Distrito Federal e pombo-correio de prisioneiros.

Inicialmente, Agnelo Queiroz até que tentou ser discreto. Disse que estava numa inauguração próxima da Papuda e resolveu dar uma esticada até o presídio, onde acabou esbarrando com José Dirceu – que, por coincidência, residia lá. Questionado, disse que era governador e visitava quem quisesse. Com o aumento dos questionamentos a esse encontro, por assim dizer, exótico, o governador Agnelo rasgou a fantasia e declarou: “Vou continuar indo à Papuda visitá-los. Vou, sim”.

Essa turma acha que o Brasil é trouxa. E está coberta de razão. A questão central no julgamento do mensalão (que o Brasil evidentemente não viu) era a ligação entre réus e governantes. Não era um filme de época sobre um caso terrível de corrupção julgado em outro tempo. Quando saiu a ordem de prisão de Dirceu, Lula disse a ele: “Estamos juntos”. Dirceu até poderia ter respondido: “Então, vem pra Papuda você também”. Mas, como Lula não sabia, talvez não entendesse a piada.

Em plena reta final do julgamento do STF, Dilma Rousseff foi a um congresso do PT e participou, de braço erguido, de um ato em apoio aos mensaleiros. Para quem perdeu o fio da meada: a presidente da República foi se manifestar, em público, a favor de criminosos que roubaram o país e já estavam condenados pela corte máxima por isso.

O Brasil, que achou sua dignidade no lixo, nem ligou. Até as grades da Papuda sabem que Dirceu continua dando as cartas no PT. Em outras palavras: a ex-quadrilha está no comando da política brasileira. É por isso que um governador de Estado se presta, qual um vassalo, ao papel de plantonista de presídio. Se não for por isso, Agnelo tem de se explicar. Ou melhor: teria, se o Brasil ainda tivesse alguma instituição com um resto daquilo que antigamente se chamava vergonha na cara.

Onde está a heroica e pirotécnica OAB? Há um governador de Estado agindo com prepotência, por sobre instituições que guarnecem o estado de direito, indo visitar companheiros de partido presos por corrupção e flagrados com privilégios em área de jurisdição desse mesmo governador. Delúbio, o tesoureiro mais famoso do Brasil, mesmo preso, mostrou ser capaz de arrecadar milhões de reais em questão de dias. Chegou a ter reunião na cadeia com ninguém menos que o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, pré-candidato a deputado. Se fosse piada do Porta dos Fundos, diriam que o roteirista exagerou.

Quem enquadrará Agnelo, o amigo de fé dos mensaleiros? Onde estão as ONGs legalistas, que só servem para proteger black blocs assassinos? Onde estão a banda boa do Congresso Nacional e os procuradores intrépidos do Ministério Público? Ninguém interrogará formalmente o governador do Distrito Federal sobre o motivo de suas visitas aos correligionários criminosos? Ninguém suspeitará que esteja aí o flagrante da relação entre os crimes do passado e a desastrosa administração atual do país – repleta do mesmo parasitismo que originou o mensalão?

Ou já estariam todos devidamente domesticados, como a UNE, o MST e pencas de associações de classe agraciadas com belos convênios? Onde estará o respeitável senador Cristovam Buarque? Estará achando normalíssima essa conexão palácio-presídio? Ou terá sido mais um a capitular ante a cara de pau dos profissionais?

O Brasil resolveu achar que o julgamento do mensalão foi uma revolução. Afinal, os chefes da ex-quadrilha passaram Natal, Ano-Novo e Carnaval na cadeia. É a primeira vez na história que políticos são punidos exemplarmente sem deixar o poder. Cada país tem a revolução que merece.