sexta-feira, 20 de julho de 2012

Bilhão suspeito sob os colchões


15:08:19

Candidatos em 2012 dizem ter um volume bilionário de dinheiro em casa; para sindicato contábil, valor não existe e é fruto de declaração ilegal

Os candidatos às eleições 2012 dizem ser proprietários de um verdadeiro cofre do Tio Patinhas. No total, as declarações de bens registradas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) somam mais de R$ 1 bilhão em dinheiro vivo, fora de banco ou de qualquer fundo de investimento, dentre os R$ 62 bilhões totais declarados. Em notas de R$ 10, o valor seria suficiente para preencher mais de 30 containers e pesaria 100 toneladas. ...

É quase três vezes mais do que os candidatos declararam ter em caderneta de poupança: R$ 362 milhões. O valor também é superior a outros tipos de investimento, como renda fixa (R$ 473 milhões) e ações (R$ 392 milhões).

Mas este valor pode ser fictício. Segundo contadores, é uma prática usual deixar um "caixa" de dinheiro vivo, fora do banco, na declaração do Imposto de Renda, mesmo que o valor não exista de verdade. Isso ocorre quando os gastos declarados são menores que as receitas. Ao longo do tempo, o dinheiro acumulado na declaração pode ser usado para justificar investimentos para a Receita Federal.

"Este valor não é sobra de dinheiro, porque ninguém mais deixa dinheiro em espécie guardado debaixo de colchão (...) Fisicamente esse dinheiro não existe, senão estaria aplicado em algum lugar", afirma o presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis de São Paulo (Sescon-SP), José Maria Alcazar.

"A pessoa pode ter omitido despesas, como viagens e gastos que não precisam constar na declaração (...) e acha que com esse dinheiro vai poder justificar a compra de um imóvel, barco, mansão", diz Alcazar.

R$ 128 milhões. No total, 28 mil candidatos declararam ter dinheiro em casa. Mas somente 10% deles são responsáveis por 60% do montante total, de R$ 1,027 bilhão. São 2.006 pessoas que disseram ter mais de R$ 100 mil em dinheiro vivo. Acima de R$ 1 milhão em espécie, são 33 candidatos.

No topo da lista do TSE está Juarez Gontijo, o Juarez da Papelaria Comercial, candidato a vereador pelo PT do B no município de Inhumas (GO). Segundo os registros, ele teria "debaixo do colchão" R$ 128 milhões. Mas, de acordo com o candidato, novato nas eleições, o valor informado está errado. O correto seria R$ 128 mil. "É zero demais da conta."

Devido ao engano, o comerciante afirma que já foi até ameaçado por telefone. "Eu passei muita dificuldade com isso, muito medo. Mas não tem lógica um candidato a vereador em uma cidade pequena (ter este valor em espécie). Mas o Brasil é cheio de coisa estranha, dá para entender (que as pessoas acreditem que o valor é de R$ 128 milhões)", diz Gontijo.

Segundo ele, os R$ 128 mil também não existem em espécie. "Dinheiro guardado não tem. Quando a gente faz declaração de Imposto de Renda, vai acumulando "dobrinha" que tem direito a não pagar imposto. Aí, tem esse dinheiro, coisa de papel, que vai guardando", explica o candidato.

Atrás do dono da Papelaria Comercial, aparece Jair Correa, o Nozinho Correa, candidato a prefeito de Linhares (ES) pelo PDT. Pecuarista, ele declarou ter R$ 4,5 milhões em dinheiro vivo. Em entrevista para o site da revista Carta Capital, Correa afirmou nunca ter visto o valor. Depois, retificou o que disse. Segundo ele, o negócio de gado movimenta valores altos e é possível que o montante tenha ficado disponível em dinheiro vivo.

Ilegal. O presidente do Sindicado dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP), Victor Galloro, explica que ter tanto dinheiro em casa "não é comum, mas pode acontecer".

"Depende da circunstância, do ramo. Se o sujeito vendeu a casa em 31 de dezembro e recebeu em dinheiro, por exemplo, pode declarar para a Receita que o valor ficou em caixa", exemplifica Galloro.

Mas, se o dinheiro não existir, a declaração é ilegal. "Perante a Receita, isso se chama simulação. É iilegal. É um dinheiro que não tem sustentação para nenhum uso futuro em qualquer investimento. É uma estratégia ultrapassada e uma orientação de risco para o contribuinte", afirma Alcazar, do Sescon-SP.

O contador explica ainda que o fisco tem autuado contribuintes que usam dinheiro vivo fictício para justificar investimentos.

A Receita Federal foi procurada pelo Estado mas não se manifestou até o fechamento desta edição.

Por Amanda Rossi, José Roberto de Toledo

Fonte: Jornal de Brasília - 20/07/2012

FHC em entrevista: governo Dilma tem DNA diferente do de Lula — se é que este tinha algum DNA



"Não vamos ignorar que o governo da presidente Dilma é mais voluntarioso na sua relação com o mercado" (Foto: Gilberto Tadday)
FHC: "No vento a favor, Lula cuidou do consumo, não da produção, do investimento" (Foto: Gilberto Tadday)
(Entrevista feita por André Petry, de Washington, publicada nas Páginas Amarelas da edição de VEJA que está nas bancas. O título original está abaixo.)

Mas onde foi parar o debate?

Honrado com um prêmio equivalente a um Nobel, o ex-presidente diz que o Brasil continua no rumo, mas reclama da apatia social e da falta de discussão política
Com seu proverbial bom humor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso contou a uma plateia de 200 pessoas em Washington que só não aceitou ficar nos Estados Unidos nos anos 70, quando dava aulas no país, porque o convite não incluía uma cadeira de senador. “No Brasil, concorro e ganho”, brincou. Voltou e ganhou a cadeira. Aos 81 anos, FHC cumpriu uma carreira brilhante, que lhe rendeu, na semana passada, o prêmio Kluge, concedido pela Biblioteca do Congresso americano.
Equivalente a um Nobel na área de humanas, o prêmio vem com um cheque de 1 milhão de dólares, que ele pretende partilhar com os netos para ensinar-lhes a fazer ação social. Depois da premiação, em seu hotel na capital americana, ele falou do mundo e do Brasil na entrevista a seguir.

No exterior, até o ano passado o Brasil era uma estrela mundial, o país do futuro ao qual o futuro finalmente chegou. Agora, deu uma virada. Houve exagero antes ou agora?
Houve exagero tanto antes quanto agora. O Brasil melhorou muito, mas não foi tanto assim. Faltou a percepção de que o PIB cresceu mas a sociedade continua com problemas. Não somos uma sociedade organizada, com democracia enraizada, acesso à educação e à saúde de boa qualidade. O mundo começou a olhar para o Brasil como se tudo estivesse resolvido. O exagero não se deu apenas em relação ao Brasil. Fiz uma visita recente à China, e lá eles fazem questão de insistir que são um país em desenvolvimento. Olhe que a China é o segundo PIB do mundo. Mas, efetivamente, é um país em desenvolvimento. Como o Brasil.

A mudança da percepção externa sobre o Brasil não é fruto do ativismo econômico do governo atual?
A mudança começou quando apareceram alguns sinais de que talvez o Brasil fosse se desviar do caminho anterior, com as intervenções tópicas do governo na economia. Depois, a balança comercial deixou de ser tão favorável. O sujeito que tem bilhões de dólares investidos no Brasil começa a ficar com receio. Mas a situação não é tão negativa quanto está sendo pintada. O governo tem obrigação de se ajustar à conjuntura. A economia política é política por um lado, mas não é propriamente ciência por outro.
É uma navegação. Se tem uma ilha, desvia-se. Sem tem tormenta, reduz-se a velocidade. Só não pode perder o rumo. Agora, não vamos ignorar que o governo da presidente Dilma é mais voluntarioso no que diz respeito à sua relação com o mercado. É o comando do Estado sobre o mercado, mas não é estatista. Tanto que acabou de fazer a concessão dos aeroportos.
O que se percebe é que o DNA do governo atual é outro. O presidente Lula procurava disfarçar o seu DNA, se é que o tinha. A presidente Dilma é mais consequente com aquilo em que ela acredita. E ela acredita mais na regulação.

DNA Governo Dilma (Foto: Agência Brasil)
"A presidente Dilma é mais consequente com aquilo em que ela acredita. E ela acredita mais na regulação" - por parte do Estado (Foto: Wilson Dias/ABr)

Há risco de o Brasil perder o rumo?
Não acredito. Falaram muito por causa da mudança cambial, mas é bobagem. Eu mesmo mexi no câmbio várias vezes. Já demiti presidente do Banco Central. O perigo está na tendência ao protecionismo. A Argentina tem tendência protecionista abertamente. O Brasil também, mas é topicamente. O protecionismo seria ruim para nós. Temos de aumentar a produtividade para poder baixar os preços e assim beneficiar a todos. Mas, quando se fecha o mercado, reduz-se a competição e, ao fazê-lo, reduz-se também o incentivo para as pessoas aumentarem a produtividade. Com o tempo, fica-se defasado. Nada disso é do interesse do Brasil.

Para manter o rumo, qual deve ser a prioridade do Brasil nos próximos anos?
O vento no mundo não sopra mais a nosso favor. Então, o desafio do governo da presidente Dilma é retomar algumas reformas e fazer o que o governo do presidente Lula não fez durante o bom momento do crescimento econômico, que é cuidar do investimento e da poupança. No vento a favor, Lula cuidou do consumo, não da produção, do investimento.
A produtividade da nossa indústria perdeu em comparação com a de outros países. Mas não é a produtividade de dentro da fábrica. É de fora. São as estradas, o custo da energia, os aeroportos, o sistema tributário, a educação. Mais do que a possibilidade, a presidente Dilma tem a necessidade de olhar para a poupança e o investimento. Nosso futuro está aí.

A crise no capitalismo ocidental está ajudando a tornar o capitalismo de Estado da China mais atraente?
Há muita insatisfação social nos países ocidentais e, daí, há um fascínio com o que se imagina que seja o outro lado. Mas a China tem um modelo complicado. Ali, deu-se a aliança do capitalismo de estado com as grandes corporações internacionais. O preço é menos liberdade. Não é um caminho para o Brasil. Nós somos mais ocidentalizados, estamos acostumados à liberdade. E PIB não é tudo. Nos anos 70, nosso PIB cresceu muito mas as pessoas não foram beneficiadas. Havia concentração de renda. Monopólios, públicos ou privados, concentram renda. Só ter grandes empresas concentra renda. É o perigo do Brasil de hoje.
Mais do que a possibilidade, a presidente Dilma tem a necessidade de olhar para a poupança e o investimento. Nosso futuro está aí (Foto: stock.XCHNG)
"Mais do que a possibilidade, a presidente Dilma tem a necessidade de olhar para a poupança e o investimento. Nosso futuro está aí" (Foto: stock.XCHNG)

Mas o Brasil não vive um processo de desconcentração de renda?
A transferência de renda saudável é para baixo, mas também temos a transferência para cima. O BNDES pega dinheiro do Tesouro e empresta a empresas com juros subsidiados. Quem paga o subsídio? Nós, os contribuintes. Dá cerca de 20 bilhões de dólares. A Bolsa Empresa está forte no Brasil. É provável que na década de 70, com grandes estatizações e grandes empresas, a renda tenha se concentrado. Agora, não será igual porque temos os dois movimentos: concentração para cima e desconcentração para baixo. O Brasil hoje é o país da Bolsa Família e da Bolsa Empresa, o que resultou na felicidade geral. Daí o apoio ao governo.

Isso é ruim?
Primeiro, a felicidade é quase geral. A classe média ficou de fora. Mas, com a prosperidade das bolsas, as pessoas perderam a motivação para debater. Não há mais debate. O debate político-partidário perdeu sua centralidade. Não é um fenômeno só brasileiro. A Europa vive isso, os EUA também, mas com menor intensidade. No nosso caso, isso decorre da desconexão entre o mundo institucional da política e a sociedade. Passou a haver uma relação direta do Executivo com o povo, pulando o Congresso. É uma tendência brasileira antiga, mas se acentuou. Toda hora dizem que não temos oposição no Brasil. Está errado. A oposição está dentro do Congresso, só que o Congresso não tem repercussão na rua. Os partidos saíram da sociedade e se aninharam no Congresso ou no governo. O partido com mais vínculo com o movimento social era o PT.
Com o PT no governo, o movimento social virou cadeia de transmissão da vontade oficial. Perdeu vitalidade. O debate se deslocou para a mídia. É por isso que o governo acusa a mídia de ser oposição. Porque é a única instituição que fala e o povo ouve.

Como os partidos podem voltar a se reconectar com a sociedade?
Eles precisam tomar posição diante dos fatos correntes. Como têm medo de assumir posições, os partidos não falam nada. Legalização das drogas? Silêncio. Aborto? Silêncio. Relação do estado com a religião? Silêncio. Qual a melhor maneira de resolver a questão do transporte? Silêncio. São questões do cotidiano. Questões que levariam a população a se identificar com os partidos. A própria sociedade civil, antes vibrante e ativa, se encolheu. Sempre digo: se você não politiza, não acontece nada. Veja o mensalão. Se Roberto Jefferson não tivesse dramatizado e politizado, talvez o caso não tivesse a consequência que teve. Política requer que se tome partido, que se tome posição. Tem de dizer se está certo ou se está errado. A política é valorativa.

O ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, foi indiciado por crime de formação de quadrilha
Veja o mensalão. Se Roberto Jefferson não tivesse dramatizado e politizado, talvez o caso não tivesse a consequência que teve (Foto: VEJA.com)
Se o debate político perdeu vigor no Brasil, mas também na Europa e nos EUA, pode-se falar em crise da democracia?
Fala-se nisso, mas não concordo. Ninguém quer não democracia. Mas é preciso ter um mecanismo pelo qual a população possa participar do processo decisório. Do debate, do antes. Só consegui fazer reformas porque houve muito debate e discussão. Agora, não. Quem debateu as quatro usinas da Petrobras? Quem debateu o trem-bala?

Se os réus do mensalão forem absolvidos pelo Supremo Tribunal, qual será o tamanho do desastre?
Não sou juiz e não sei qual deve ser a sentença. O que sei é que, se houver algo a ser corrigido, e for, será um marco histórico. Até hoje, o povo sente que gente importante pode fazer o que quiser e não paga o preço. Uma absolvição, se for percebida como algo por baixo do pano, vai referendar isso. É um julgamento histórico porque uma sociedade se forma de símbolos. Quando Lula foi eleito, preparei a transição mais civilizada possível. Entre outras razões, porque Lula era o primeiro líder popular sindical eleito presidente. Simbolicamente, é importante.

Faltou diplomacia brasileira na crise que resultou no afastamento do presidente do Paraguai?
Faltou diplomacia, mas não só brasileira. De todo mundo. Se eu pudesse ter interferido, aconselharia evitar o afastamento faltando dez meses para o fim do governo. A ação do Paraguai foi muito rápida, o que é politicamente inconveniente, mas não foi ilegal. Agora, grave também foi a entrada da Venezuela no Mercosul na ausência do Paraguai. Sou a favor da Venezuela no Mercosul. Mas ela tinha de ter cumprido o requisito básico de adotar a tarifa externa comum.

O Brasil está perdendo o foco na América do Sul ou perdendo influência?
Está perdendo influência. Antes, tínhamos uma influência não discutida, automática e não anunciada. No meu governo, houve várias crises no Paraguai. Lidamos com elas de maneira efetiva e discreta. O Peru e o Equador estavam em guerra. Ajudei muito na paz entre esses países, mas nunca anunciei isso. Agora, com Hugo Chávez na Venezuela, criou-se outro polo de influência. Tenho a impressão de que o Brasil prefere não se contrapor. É como se fôssemos da mesma família. Sei que ele é meu primo, meu primo é meio canhoto, eu preferia que ele não fosse, mas é meu primo. O Brasil fica um pouco tolhido de tomar posições para não ser percebido como alguém que saiu da família.

Há analistas dizendo que a relação entre estado e mercado será definida pelo que os Brics fizerem. O senhor concorda?
Ninguém vai transformar a Europa numa China, ou vice-versa. É preciso entender que há diversidade na cultura, na forma de organização política. A Rússia é uma plutocracia autocrática. Isso não se aplica ao Brasil, à Índia nem à China. A China é um mandarinato ilustrado com responsabilidade popular. Na minha visita ao país, fiquei bem impressionado com o debate na universidade. Eles estão voltando a falar em termos confucianos da virtude. O funcionário público, o mandarim, deve ser competente, fazer concurso e ter a virtude de servir o público. Na Rússia, não tem isso. No Brasil, o estado sempre foi muito importante, continua sendo e sempre será. Há diferenças. Nos EUA, fala-se em universalizar a saúde e eles entram em pânico. No Brasil, quem vai dizer que saúde gratuita é medida socialista? Não teremos um modelo só no mundo. Haverá vários. Os países árabes, islâmicos, não vão adotar comportamentos idênticos aos do Ocidente. Isso é ilusão do ocidentalismo e seu poder militar, que vinha para impor a cultura. Isso não dá mais. O desafio é como conviver com as diferenças.

China em desenvolvimento (Daniel Berehulak/Getty Images)
A China é um mandarinato ilustrado com responsabilidade popular. (Daniel Berehulak/Getty Images)
O que seguirá unindo o mundo?
A noção de direitos humanos está voltando a ter peso. Sem perceber, estamos recriando a ideia de humanidade. Quando Hegel falava de humanidade, Marx dizia que, enquanto houvesse classe social, seria a classe. Só quando todos fossem iguais, poderíamos falar em humanidade. Agora, por causa da bomba atômica, do meio ambiente, é preciso pensar em humanidade. Gorbachev diz isso. Temos de pensar no conjunto, no que é universal e afeta a todos. Voltamos a ter de nos preocupar com os direitos que pertencem à humanidade. Temas como igualdade de homem e mulher, como tortura. O mundo terá de se organizar a partir de um núcleo de valores que afetem a humanidade, mas há que ter limite. Não podemos usar isso para impedir manifestações de diversidades culturais que são normais. Inclusive na política. O próprio mercado, hoje praticamente universal, sofre restrições diferentes aqui e ali. Vai continuar sofrendo. Esse é o desafio para o século XXI.

Neil Ferreira sobre as eleições em SP: “Astróloga diz que vai dar brimo Haddad; vai nada”


20/07/2012
 às 14:00 \ Política & Cia


astróloga
Madame disse que vai dar Haddad: ou é que o sistema solar foi cooptado pela marqueteragem do brimo Haddad. Ou ela o fez, pisando os astros distraídos
Por Neil cético Ferreira, publicado no Diário do Comércio da Associação Comercial de São Paulo, excelente jornal feito pela equipe comandada pelo talentoso e experiente jornalista Moisés Rabinovici.

Astróloga diz que vai dar brimo Haddad; vai nada
Nada entendo de astrologia, mas entendo de propoganda enganosa; vai dar o brimo Haddad coisíssima nenhuma. Os astros e estrelas erraram feio neste chute que deram. Ou estão divulgando propaganda enganosa.
Quem proferiu tamanha barbaridade foi a astróloga de renome internacional, Maricy V*. Se ela leu nos astros e estrelas o que disse que leu, então até mesmo o sistema solar foi cooptado pela marqueteragem do brimo Haddad. Ou ela o fez, pisando os astros distraídos.
Eu conheço Maricy V*; é uma astróloga que tem uma clientela da pesada, tubarões da Wall Street. Meia dúzia dessas feras mancomunadas, provocou um tombo mundial, tsunâmico e trilhonário em 2008. O mundo ainda não se recuperou e até a China levou um trompaço. Eu estou na pindaíba até hoje.
Aqui tivemos só “uma marolinha”, bravateou o bravateiro mor e Premero Inconomista, também conhecido como Cascatão. (Cascatão pode mais do que Cascata, que pode mais do que Cachoeira, que pode mais do que Cascatinha e Inhana). A “marolinha” me afogou; você viu a fundura do poço em que afundaram as ações da Petrobrás, menos vítimas da “marolinha” e mais da péssima e suspeita administração cumpanhera.
Não dou fé de que a Maricy V* acerta todas; quando a conheci fiquei bem impressionado. Ela acertou na primeira; tenho fama de pão-duro, e sou. Sem nunca ter me visto, a madama mandou bem: “Você está precoupado com o preço da consulta”. Estava. “Não fique”, disse com firmeza. Fiquei.
Aconselhou-me a não apostar na loteca; os astros diziam que eu jamais ganharia e a dinheirama que deixaria de perder cobriria o que eu estava pagando. Nunca mais joguei, nunca mais perdi; viciei em não jogar, em compensação perdi todas as chances de ganhar. Paguei os olhos da cara, 100 dólares; hoje custa os olhos, o nariz e os beiços, 400.
Quando o cumpahero é apanhado em flagrante com a boca na botija, as leis pós-criadas pelo Advogado de Todos os Diabos, Thomaz Bastos, livram as caras de todo mundo e trazem o perdão a cavalo, como a Lei do “Dinheiro Não Contablizado”.
Revolta constatar que o bode expiatório de toda a bodaiada do mensalão, o cumpanhero Delúbio, nunca pegará cana por “malfeitos e “erros” cometidos lá atrás, ao levantar grana da grossa enfurnada em colchões ilustres, “doada” para sustentar a campanha do Cascatão . O “malfeito”foi mais que provado. Sua participação explícita na quadrilha da Operação Mensalão, perdeu-se nas brumas dos tempos. A oposicinha ficou de bocca chiusa, talvez molhando suas mãozinhas nas águas turvas do Cascatão.
delubio-tesoureiro
"Esse indivíduo, PhD Summa Cum Laude na prática da arte de molhar mãos, molhou as da base alugada liberando os úberes fartos da viúva"
Esse indivíduo, PhD Summa Cum Laude na prática da arte de molhar mãos, molhou as da base alugada liberando os úberes fartos da viúva, para a cumpanherada mamar com sofreguidão. O queijo, dividido em 36 pedaços, cada um do tamanho das bocarras dos roedores, que abrigam dentes em mau estado de conservação, é devorado pela rataiada ex-magra e ainda faminta, que engorda a olhos vistos, é só ver nos jornais as fotos das barrigas “genoinamente” proeminentes.
Por falar em roedores de proeminência reverendíssima, foi identificada uma espécie nova e voraz, a dos Assessoróticus, família dos Insaciabilis, com dois roliços espécimes catalogados, o Palófficus em São Paulo, e o Pimentéllicus em Minas, ambos com  características semelhantes, cara de um focinho do outro.
Não sei se acredito ou não em Astrologia; acredito, porém, com toda firmeza, na existência de propaganda mentirosa e na enganação que dela exala. Aprendi a idenficá-la em mais de 40 anos na publicidade.
Agora mais do que nunca, a mentira e a enganação estão presentes na propaganda oficial, que louva as “glórias” do goverrno; e na propaganda política, que entroniza a reincarnação do Padim Padi Ciço no altar dos palanques. Dou uns exemplos esclarecedores.
O mais torpe é o “Lulinha paz e amor”, obrado pelo marquetero Duda Mendonça, pago em dólares em paraísos fiscais, “erro” confessado às lágrimas, ao vivo pela tv, aos olhos da nação estarrecida. Estarrecida uma pinoia; este é “o país dos mais de 80%”, que acreditam em Papai Noel.
Não menos torpes, o já esquecido “Fome Zero”; o PAC inexistente e superfaturado; “Minha casa minha vida”; o pobre que virou Crasse Mérdia sem sair da mérdia; o Classe Média, que atirado à mérdia virou Crasse Mérdia; a transposição do Rio São Francisco; Eia Sus, o SUS, “uma das melhores saúdes do mundo”; o petróleo Pré Sal, ninguém sentiu nem o cheiro dele; a refinaria fantasma, “construída”em parceria com o cumpañero Tchávez; o trem bala-perdida (bala-perdida que vai direta nos bolsos de todos otários pagadores de impostos).
Não pode dar Haddad
"Não pode dar Haddad - Toc toc toc na madeira, mangalô treis veis zinfio" (Foto: VEJA.com)
Não é impossivel que a Maricy V*, ao ler nos astros e estrelas esse quadro geral, tenha intuído que a releitura em Novilíngua castiça, dando vitória ao brimo Haddad, poderia guiá-la através da yellow brick road até o fim do Arco Iris, dindindonde se encontra o pote de ouro – ou o famigerado mapa da mina.
Toc toc toc na madeira, mangalô treis veis zinfio

Caso Cachoeira: um delegado desaparecido, outro assassinado, um juiz e uma procuradora ameaçados de morte: o que falta para que o ministro da Justiça decrete uma ação de emergência da Polícia Federal?


20/07/2012
 às 15:20 \ Política & Cia


O delegado Hylo, na foto concedendo uma entrevista à TV: citado em telefonemas de Cachoeira, está desaparecido desde o dia 14 (Foto: tvcmn.com.br)
O delegado da polícia de Goiás Hylo Marques Pereira, citado em conversas telefônicas do malfeitor Carlinhos Cachoeira gravadas com autorização da Justiça, está desaparecido há seis dias.
Este é o mais recente fato estranho e grave ligado, de alguma forma, às investigações sobre Cachoeira e seus tentáculos.
O agente da Polícia Federal Wilson Tapajós Macedo atuou na chamada Operação Monte Carlo, que levou à prisão de Cachoeira, participou desta prisão e, com seu trabalho, ajudou a por a nu as relações promíscuas do malfeitor com o mundo político políticos, além de contribuir para a desgraça política do ex-senador Demóstenes Torres.
Tapajós: importante na investigação da Operação Monte Carlos, e assssinado com dois tiros no cemitério de Brasília (Foto: Perfil no Facebook)
Foi assassinado a tiros no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília. A PF diz já ter dois suspeitos, cuja captura estaria “próxima”. Sem mais detalhes.
Antes, recebera ameaças anônimas.
Ameaça de morte: o juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima, que decretou a prisão de Cachoeira, recebeu ameaças e à família e pediu remoção do posto
O juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima, da 11ª Vara Federal de Goiás, o responsável pela decretação da prisão de Cachoeira e pela autorização à Polícia Federal para interceptar telefonemas de suspeitos de integrar a quadrilha, pediu afastamento devido a ameaças diretas e indiretas a si e sua família.
A procuradora Léia Batista, ativa no caso Cachoeira pelo Ministério Público de Goiás, pediu proteção ao Conselho Nacional de Justiça em razão das ameaças de morte que recebeu.
A procuradora de Justiça Léia Batista: ameaçada de morte, pediu proteção ao Conselho Nacional de Justiça
O que mais será necessário para que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, decrete uma emergência e coloque o que puder em matéria de recursos humanos, de informação e técnicos da Polícia Federal para verificar aonde levam os fios desse novelo?
Será preciso que ocorram oito mortes suspeitas ou homicídios de possíveis testemunhas, como desgraçadamente se deu com o caso do prefeito Celso Daniel, para que se note que há algo estranhíssimo e grave em andamento?
A propósito, as oito mortes do caso Celso Daniel — estamos no Brasil — ficaram, como sabemos, por isso mesmo.

Conversa com Margarida Salomão: A “Dilma de Juiz de Fora”


20/07/2012
 às 17:00 \ Política & Cia


ANTES E DEPOIS "Até agora, só recebi elogios" (Foto: Divulgação)
ANTES E DEPOIS -- "Até agora, só recebi elogios"
(Entrevista a Guilherme Dearo publicada na edição de VEJA que está nas bancas)
A “Dilma de Juiz de Fora”

A professora e candidata à prefeitura de Juiz de Fora pelo PT explica por que decidiu copiar o visual da presidente Dilma Rousseff para disputar a eleição

Por que a senhora quis ficar parecida com a presidente Dilma Rousseff?
Não podia ter fonte de inspiração melhor. Depois, sempre me disseram que sou a cara da Dilma, principalmente quando ela usava óculos. Os meus assessores sugeriram que eu destacasse essas semelhanças.

O que a senhora fez para se parecer com ela?
Quase nada, viu? A gente só copiou o corte, a cor do cabelo e caprichou na maquiagem. Nós fizemos também um estudo do guarda-roupa dela. Mas não passei por nenhuma intervenção cirúrgica.

A senhora acha que a mudança vai lhe trazer votos?
Se você quer convencer os eleitores de que tem interesse em cuidar da cidade e mudá-la, a melhor maneira de começar é demonstrando cuidado com a sua aparência. Todos querem uma candidata bem preparada, inclusive na beleza.

A senhora gostou do resultado?
Até agora, só recebi elogios. A Dilma mudou o visual e sua gestão está sendo um sucesso para o país. Quero fazer o mesmo na minha cidade.

A Casa do Espanto expulsou a parte boa


19/07/2012
 às 22:15 \ Direto ao Ponto

Augusto Nunes

A demissão de Denise Rocha, assessora do senador Ciro Nogueira (PP-PI), deixa claro que até no clube dirigido por Madre Superiora tolerância tem limite. A Casa do Espanto, como o país está cansado de saber, não vê nada de mais em cenas de roubalheira explícita, assaltos a cofres públicos, desvios de verbas do Orçamento, ladroagem hedionda, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de quadrilha, corrupção ativa ou passaiva, atentados ao decoro parlamentar e aos bons costumes, compra e venda de votos, cabides de empregos onde se penduram parentes, amigos, vizinhos, agregados ou desconhecidos de confiança, pagamento das despesas da amante com donativos de empreiteiras, aluguel de partidos, arrendamento de bancadas, funcionários fantasmas, atos secretos, corporativismo endêmico, alianças obscenas, acertos cafajestes e outros atropelamentos do Código Penal.
Tão compassiva quanto a Casa do Espanto, a Câmara aceita tudo isso e mais um pouco ─ mensalões, mensalinhos, sequestro, homicídio e tráfico de drogas, por exemplo. Os deputados federais não conseguiram enxergar nada de errado sequer no pornopolicial de verdade em que a colega Jaqueline Roriz desempenha com brilho e aplicação o papel de corrupta. Veja o vídeo abaixo. Isso pode. O que não pode no Congresso é uma funcionária protagonizar um vídeo de sexo ao lado de um colega de trabalho. Veja as fotos abaixo. Isso não pode de jeito nenhum. Prejudica a imagem do Legislativo. Compromete a credibilidade de Suas Excelências. É coisa gravíssima. Dispensa o devido processo legal, É caso para demissão por justa causa, sem direito a recurso nem direito a defesa, como acaba de saber a jovem que se atreveu a violar o primeiro e único artigo do código moral do Congresso.
Denise Rocha saiu, Jaqueline Roriz ficou. Coerentemente, a Casa do Espanto eliminou a parte boa da chanchada.




No país inteiro (violência)


LUIZ GARCIA


O Brasil tem uma guerra pela frente: briga interna, doméstica, e muito séria. 

É o que que nos ensina assustador estudo realizado pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais. Trata-se do Mapa da Violência 2012, produzido pelo pesquisador Jacobo Waiselfisz, que revela números espantosos sobre as mortes violentas de crianças e adolescentes brasileiros em anos recentes. Principalmente porque ele mostra que esses números não param de crescer. 

Em 1980, a taxa de homicídios de brasileiros com menos de 19 anos foi de 3,1 para cada cem mil crianças e adolescentes. O índice continuou a subir nos anos seguintes: em 2010, foi de 13,8. Em números absolutos, de 1981 a 2010, mais de 176 mil brasileirinhos foram assassinados. 

Um dado importante é o fato de que o número de mortes violentas caiu no Rio e em São Paulo — mas cresceu muito em estados mais pobres — Alagoas, principalmente. Há explicação para isso: faz pouco mais de dez anos, foi implantado no país o Plano Nacional de Segurança Pública. Mas ele foi concentrado em estados considerados mais importantes e de maiores índices de violência, como Rio de Janeiro e São Paulo. Com resultado óbvio: a situação melhorou consideravelmente nos grandes centros, mas o resto do país foi esquecido. O que significa, simplesmente, que ainda estamos longe de ganhar essa guerra. 

Em números proporcionais, Alagoas foi o que mais sofreu: a sua taxa de mortes violentas de crianças e adolescentes pulou, em dez anos, de 10 mil para 34.800 por cem mil habitantes. 

É possível a chegar a duas constatações a partir dessa quantidade de números e índices. Primeiro, que o governo sabe como enfrentar o problema: está provado pelos resultados no Rio e em São Paulo. Segundo, que a violência é problema nacional. E, obviamente, ela precisa ser enfrentada no país inteiro. 

Talvez exista o argumento de que não há recursos para isso. Ele pode ser respondido com a afirmação do óbvio: a longo prazo será muito mais caro — até mesmo de um ponto de vista exclusivamente financeiro — limitar a guerra aos estados onde o problema é, digamos assim, mais visível. Se continuar a existir em alguma parte do país, logo ele ignorará as divisas entre os estados.
Publicado no Globo de hoje.

Leleco no divã


NELSON MOTTA


Um dos melhores personagens de "Avenida Brasil", o nelson-rodrigueano Leleco, vivido brilhantemente por Marcos Caruso, é um malandro da terceira idade e pai do craque Tufão que, por graça do destino e do autor João Emanuel Carneiro, ganha o amor de Tessália (Débora Nascimento ), um colosso de morena de vinte e poucos anos, a maior gata do bairro. Mas é aí que começam seus tormentos e desatinos. 

Marrento, viril e possessivo, com aquela deusa apaixonada por ele, Leleco não se torna o homem mais feliz do Divino, mas um ciumento patológico, que chega a contratar um jovem garanhão sarado e tatuado para tentar seduzi-la em bizarros testes de fidelidade. Mas, quando escolhe o sedutor, Leleco se guia pelo seu gosto pessoal, como homem (hummm), e não pelo de Tessália — que gosta dele mesmo. E fica frustrado e furioso cada vez que ela resiste a traí-lo e reafirma seu amor. 

O ciúme nasceu com a humanidade. Foi por ciúme que Caim matou Abel, a primeira vítima do pior dos sentimentos que o Senhor impôs aos descendentes de Adão e Eva quando os expulsou do paraíso e os condenou à condição humana. Porque até o ódio, a inveja, o rancor vingativo, podem ser motivação para crescimento e conquistas legítimas, mas o ciúme é inútil: todos perdem, nada se cria e tudo se transforma — para pior. 

Como um Otelo suburbano que nunca fez psicanálise e nem leu "Dom Casmurro", Leleco faz rir e dá pena, mas educa e ensina com seu comportamento tresloucado, em que o ridículo é o grande mestre. Quando Herivelto Martins e Dalva de Oliveira cantavam que "o amor é o ridículo da vida", na verdade estavam falando do ciúme, porque o verdadeiro amor nunca é ridículo — e o ciúme é sempre, ou quase. Pelo menos no caso, assim como na obra, de Lupícinio Rodrigues foi a inspiração para vários clássicos da música brasileira. 

Em "Medo de amar", o poeta Vinicius de Moraes rimou com elegância: "O ciúme é o perfume do amor." Mas Leleco não tem essas sutilezas, só vai sossegar quando Tessália o abandonar e provar que ele estava certo. Coitado, não aprendeu com Ferreira Gullar que o importante não é ter razão: é ser feliz.
Publicado no Globo de hoje.

‘Foi queima de arquivo’, diz irmão de policial federal assassinado


Enviado por Ricardo Noblat - 
20.7.2012
 | 3h19m
GERAL


Evandro Éboli, O Globo
A família do agente da Polícia Federal Wilton Tapajós Macedo, assassinado na última terça-feira , acredita em queima de arquivo. O corpo do policial foi sepultado na manhã desta quinta-feira no cemitério Campo da Esperança, na mesma sepultura onde ele foi encontrado morto com dois tiros. Durante o enterro carros da polícia acionaram sirene. Cerca de 500 pessoas acompanharam o sepultamento.
Um dos irmãos da vítima, Jairo Tapajós, descartou a possibilidade de latrocínio (roubo seguido de morte):
— Espero que o caso seja descoberto e que colegas dele também não estejam correndo risco. Quem o matou sabia atirar muito bem. Tinha treinamento de tiro. Foi queima de arquivo. É o que acha a família — afirmou Jairo.

Delegado da PF Matheus Mello Rodrigues (à esq.), que comandou a operação Monte Carlo


Já ouvimos isso antes, por Sandro Vaia



Denúncias requentadas, denúncias fraudulentas, falsificações, perseguição.
Onde foi mesmo que já ouvimos isso antes?
A desenvoltura com que o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, saiu a defender o governador de Goiás, Marconi Perillo, lembra muito a galhardia com que o PT costuma rebater as denúncias que envolvem qualquer figura do partido citada por suspeita de participação em “malfeitos”. Só faltou colocar a culpa no PIG.
Não importa que as evidências sobre alguma forma de envolvimento do governador com o esquema de influência do contraventor Carlinhos Cachoeira se acumulem.
Em vez de exigir que ele se explique, o PSDB prefere oferecer-lhe um braço amigo desprovido de qualquer salvaguarda moral. Apoia incondicionalmente um dos seus apenas pelo fato de ser um dos seus. 
Repete o erro que já tinha cometido com o senador Eduardo Azeredo.
Aos poucos, além da incapacidade orgânica de expressar um discurso articulado de oposição, o PSDB vai perdendo o que ainda lhe restava de capital moral e político que lhe permita criticar as práticas fisiológicas e pouco recomendáveis da grande maioria dos partidos que executam a partitura desafinada da vida política brasileira.
Com que moral, depois desse episódio,o PSBD vai cobrar moral dos outros?
É mais do que evidente que a CPMI do caso Cachoeira está sendo conduzida – e com êxito – aos fins a que se destina: a vingança contra Marconi Perillo por ter afirmado que avisou o então presidente Lula sobre a prática do mensalão.
Os indícios que se acumulam até agora indicam que o governador de Goiás tem muitas explicações a dar. Pode ser chamado a depor de novo e tende a tornar-se, com ajuda de seu partido, no foco único e exclusivo da CPMI, como queriam os que a criaram.
Não seria justo que o partido atirasse o governador às feras antes da comprovação de sua culpa, mas também não é prudente conceder-lhe uma carta de fiança antes que ele mesmo prove que a merece.
Em vez do apoio incondicional que significa absolvição prévia, o PSDB poderia ter oferecido a Perillo o benefício da dúvida, sem condená-lo nem absolvê-lo antes do devido processo.
Em vez de dedicar-se ao trabalho de tornar evidente e denunciar a falta de apetite da CPMI para investigar a fundo as relações da Construtora Delta com os governos que a contratam, não só no Centro-Oeste, mas em todo o Brasil, o PSDB gasta as suas energias dedicando-se à defesa de seu correligionário suspeito.
Com uma oposição assim, o governo e a sua base aliada podem continuar desfrutando as delícias do seu piquenique.

Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez. E.mail: svaia@uol.com.br

Dinheiro na mão é vendaval, por Ilimar Franco


Enviado por Ricardo Noblat - 
20.7.2012
 | 11h03m

POLÍTICA

Ilimar Franco, O Globo
Ser dono de um partido nanico é um grande negócio. Pode-se viver dele graças ao dinheiro do fundo partidário. Um partido como o PHS, com um deputado federal, vai receber durante este ano cerca de R$ 1,6 milhão.
O PTdoB, que disputa a prefeitura de São Paulo, com a candidatura de seu presidente, Levy Fidelix, receberá R$ 1,1 milhão. O PRB, do ministro Marcelo Crivella (Pesca), com nove deputados, terá verba de R$ 3,3 milhões. Essa generosidade legal explica por que há cerca de 30 partidos no país.

OBRA-PRIMA DO DIA - SEMANA PABLO PICASSO Cerâmica: Cabeça de Mulher (1948)


Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 
20.7.2012
 | 12h00m

Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso nasceu em Málaga no dia 25 de outubro de 1881, filho de Maria Picasso López e de José Ruiz Blasco, pintor, professor e curador de museus.
Ao contrário do que se possa pensar, Picasso cresceu, estudou, entrou em contacto com as Artes Plásticas e com a vida em sua Espanha natal. Viveu ali até os 23 anos e apesar de todo o esforço dos franceses, Picasso é um artista espanhol...
Um dos homens que mais marcaram o século XX, seu nome deu origem a um adjetivo que está dicionarizado em várias líguas: picassiano. E ele, mais do que ninguém foi sempre, em tudo que fez, picassiano.
Grande em todas as formas de arte em que se envolveu, Pablo Picasso não é artista que possa ser revisitado em poucos dias. Podemos estranhar seu estilo, discordar de sua forma de ver os objetos e as pessoas, rejeitar a desconstrução que faz da figura humana para depois reconstruí-la de modo do muito peculiar, mas bastante revelador, mas nunca negar que a sua é uma arte que influenciou e formou gerações.
Esta semana foi do ceramista que se apaixonou por essa que é uma das mais antigas formas de arte criadas pelo homem. Primeira “arte do fogo”, antes da metalurgia ou da vidraçaria, a palavra cerâmica designa o fabrico e o conjunto de objetos feitos em barro cozido que passa por uma transformação ao longo do cozimento em temperaturas bastante elevadas.
No início apenas utilitária, a cerâmica tornou-se muito rapidamente uma forma do homem se expressar artisticamente. É testemunho dos valores estéticos das civilizações que nos precederam, que lhe foram dando formas mais ou menos elaboradas, como os gregos, os pré-colombianos, os chineses (que a partir da cerâmica criaram a porcelana), os árabes, os europeus. Para o mundo a ter descoberto, foi um pulo, e aqui no Brasil temos belos exemplos da arte da olaria.
Picasso no Atelier Madoura, Vallauris
Pretendo um dia, e confesso que ainda não sei como, fazer cinco dias só com Guernica. Talvez seja uma boa ideia, talvez não. Mas como nem tudo que sonhamos ao virar realidade é interessante, vai ver não chegarei lá. A conferir, como diz muitas vezes o Vitor Hugo Soares...


“Cabeça de mulher com enfeite no cabelo”, foi feita em argila branca, duas peças modeladas e juntadas, com decoração em engobo negro, amarelo, azul, com incisões para realçar os traços do rosto feminino, medindo 40 x 34,5 x 32 cm

Acervo Museu Picasso, Paris

Prato que bem revela a alegria que sentia em Vallauris...