quinta-feira, 21 de junho de 2012

Cachoeiragate: juiz sob suspeição alega que seu filho usou celular do filho de Cachoeira na escola



O juiz federal Leão Aparecido Alves, que se declarou impedido de assumir o processo do caso Cachoeira, divulgou nota nesta quinta (21). No texto, o magistrado nega que ele ou sua mulher, Maria do Carmo Oliveira Alves, tenham vazado informações sigilosas da Operação Monte Carlo para membros da quadrilha de Carlinhos Cachoeira.
A Polícia Federal quebrou o sigilo da conta de um celular da mulher de Leão. Encontrou no extrato ligações recebidas de um aparelho registrado em nome de pessoa vinculada a Cachoeira. O juiz alega que quem estava do outro lado da linha era seu filho, não um preposto do controventor.
“Meu filho e um dos filhos do sr. Carlos Cachoeira estudam, há 5 anos, na mesma sala de aula”, anotou Leão. “Ambos dispõem de telefones celulares. Assim como o aparelho usado por meu filho está em nome da mãe dele, o aparelho utilizado pelo filho do sr. Carlos Cachoeira está registrado em nome dos familiares ou empregados respectivos.”
O magistrado acrescentou: “Em não raras ocasiões, meu filho utilizou o telefone celular do filho do sr. Carlos Cachoeira para entrar em contato com a mãe dele. Dessa forma, as conversas mantidas pelo meu filho e pelo filho do sr. Carlos Cachoeira, com o uso desses aparelhos, foi, de forma apressada e irresponsável, apresentada como prova de que eu ou minha mulher teríamos mantido contato com integrantes da suposta quadrilha.”
Leão lamentou que os diálogos telefônicos não tenham sido grampeados: “Melhor seria se tivesse havido a interceptação telefônica, porque nesse caso a exibição das conversas seria o suficiente para expor a verdade. Na ausência da interceptação, qualquer ilação quanto à natureza e ao conteúdo das conversas é mera especulação.”
A PF também farejou o número do celular de Maria do Carmo, a mulher do juiz, ao rastrear as ligações recebidas por José Olímpio de Queiroga Neto, sócio de Cachoeira e um dos réus da Monte Carlo. Na nota, o magistrado escreveu: Minha esposa fez várias ligações para a irmã de José Olímpio.”
O juiz informa: a irmã do réu e o ex-marido dela “batizaram meu filho em 1999.” Acrescenta que a interlocutora de sua mulher não é acusada na ação penal que resultou da Operação Monte Carlo.”
Em diálogo grampeado pela PF em 7 de fevereiro de 2012, Cachoeira menciona o nome do magistrado numa conversa com um de seus comparsas: “Dia 14 o Leão assume a Vara e ela ficou de avisar se vai ter prisão ou não.” E o juiz Leão: “Não podemos nos responsabilizar pelo que terceiros atribuem a mim e a minha esposa em conversas telefônicas.”
Onde a PF enxerga razões para a suspeição, Leão vê o contrário: “…O teor da conversa prova a inocência da pessoa acusada, porque se eles foram presos significa que ela [Maria do Carmo] não avisou. Se os acusados tivessem recebido um alerta sobre a decretação das prisões em 14 de fevereiro de 2012 teriam tido muito tempo para se esconderem, porquanto as prisões somente foram efetuadas em 29 de fevereiro de 2012.”
O magistrado repisa: “Essa é a maior prova de que os investigados não receberam informações privilegiadas de quem quer que seja.” Nesse ponto, a nota de Leão destoa dos fatos. Gravações trazidas à luz pelo repórter Eduardo Militão nesta quinta (21) revelam que José Olímpio Queiroga Neto informou a Cachoeira sobre a existência da investigação 27 dias antes da deflagração da Monte Carlo.
Queiroga conhecia detalhes –do nome da operação ao envolvimento do senador Demóstenes Torres com a quadrilha. A Monte Carlo só não desandou, demonstram os grampos, porque Cachoeira não deu crédito ao comparsa. Quer dizer: alguém vazou informações para Queiroga. Quem? É o que a PF tenta descobrir.
“Tenho a convicção de que a investigação inocentará as pessoas atualmente colocadas, apenas com base no que terceiros disseram em conversa telefônica, na condição de suspeitos”, escreveu o juiz Leão em sua nota.

Missão da Unasul liderada pelo Brasil viajará ao Paraguai


Câmara dos Deputados aprovou quase por unanimidade o julgamento político contra o presidente paraguaio, Fernando Lugo

Portal Terra e AFP
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O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, anunciou em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (21) que os presidentes dos países da União Sul-americana de Nações (Unasul), reunidos durante a Rio+20, decidiram enviar uma comitiva de chanceleres a Assunção, no Paraguai, para tratar do julgamento político de impeachment do presidente Fernando Lugo. Patriota vai liderar a delegação, que parte às 19h de hoje para "garantir a preservação da democracia".
Segundo o ministro, os países analisaram os acontecimentos dos últimos dias, principalmente os desdobramentos com "partidos políticos promovendo um julgamento de Lugo". "Os presidentes expressaram a convicção de que é preciso preservar o respeito à ordem democrática, aos dispositivos constitucionais e ao direito de defesa", afirmou.
"Os países da Unasul conquistaram com muito esforço a democracia, por isso temos de ser defensores desse processo", afirmou. Nesta quinta-feira, a Câmara dos Deputados do Paraguai aprovou quase por unanimidade o julgamento político contra Lugo, acusado de mal desempenho de suas funções, após um confronto armado que custou a vida de seis policiais e 11 camponeses na sexta-feira passada.
A Unasul é um organismo político formado por Brasil, Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.
O presidente paraguaio, que não viajou à Rio+20, anunciou que não renunciaria e que se submeterá ao processo. Além da presidente Dilma Rousseff, participaram do encontro presidentes e delegações da Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.
OEA 
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, pediu nesta quinta-feira um diálogo para manter "a paz interna" no Paraguai. Ele pediu em um comunicado que "o processo político que se está sendo realizado mantenha seu curso dentro da Constituição e da lei, com pleno respeito aos direitos de todos os envolvidos".

Escrever para depois da morte



Por Miguel Sanches Neto em 19/06/2012 na edição 699
Reproduzido do suplemento “Eu & Fim de Semana” do Valor Econômico, 15/6/2012; intertítulos do OI
O advento do blog e do Twitter e a onda internacional da autoficção marcam um momento essencialmente autobiográfico da produção textual. Nas redes sociais, o eu se torna não apenas um tema, mas uma linguagem para gasto imediato dentro de uma lógica de marketing pessoal. Seus usuários se apresentam como corpos de linguagem, única forma hoje de haver vida: só nos sentimos existir na medida em que possuímos um espaço linguístico próprio no grande rio corrente da internet.
Nesse terreno movediço, a verdade não é o centro, e sim, as teorias sobre o próprio eu, um eu posto num campo de exibições. Assim, mesmo quem rompe com a sociabilidade busca a aprovação. E os índices de audiência – tal como nos meios de comunicação – atraem esses novos indivíduos, divididos entre a existência íntima e a divulgada na web. Todos os que atuam nessa frequência se tornam personagens de si mesmos.
É natural, portanto, que a grande marca da literatura contemporânea seja a autoficção, uma escrita em que o autor aparece de corpo inteiro nas narrativas – com nome, sobrenome, endereço, a turma do bar e alguns até com a conta bancária. Como o individualismo e o exibicionismo são conceitos de um mesmo núcleo, dar-se a ver por escrito, relacionando-se com o público como em um talk-show, é responder a uma cultura que, para o bem e para o mal, se entregou ao entretenimento.
Nem todo diário é íntimo
Se boa parte da atual autoficção não passa de tentativas um tanto desesperadas de afirmar individualidades em uma cultura cada vez mais estandardizada, essa vertente, com certeza, deixará algumas obras-primas que depurarão toda a massa de detritos, pois é esse o processo de evolução das espécies literárias: para haver um grande livro em uma corrente é preciso ter havido muitas obras falhadas.
Tanto nas redes sociais quanto nas narrativas autobiográficas, porém, há pouco espaço para uma linguagem que funcione como verdade total. Essa é uma escrita produzida para o consumo instantâneo, o que leva a um controle dos limites da confissão e da opinião. O destinatário tem poder muito grande, seja para aprovar ou para recusar as recaídas confessionais. E é um destinatário volúvel que, diante da menor contrariedade, deixa de seguir o autor (se for no território livre da internet) ou para de ler o livro – o que significa uma queda de audiência. Não se diz tudo nem nos momentos de temperatura psicológica mais alta nesses textos imediatistas. Assim, quanto mais se trata do próprio eu nas escritas da contemporaneidade mais ele guarda uma face oculta.
É para essa prática mais ácida da escrita de si que continuam existindo os diários íntimos que não se querem divulgados. Nem todo diário é de fato íntimo. Muitos são produzidos como parte da vida editorial do autor e acabam subordinados à mesma necessidade de controlar opiniões ou ao menos de vesti-las com certas roupas.
Sonhos eróticos transgressores
Um bom exemplo desse tipo de prática são os Cadernos de Lanzarote, de José Saramago, iniciados num momento em que ele se tornara uma celebridade (abril de 1993) e publicados logo em seguida (o primeiro volume é de 1994). Saramago defende a sinceridade, mas não escamoteia o caráter construído de suas anotações: “Por mais que se diga, um diário não é um confessionário, um diário não passa de um modo incipiente de fazer ficção” (pág. 471). Os diários, nessa perspectiva, não exercem plenamente o seu papel, flertando com a tarefa ficcional.
Os grandes diários não se distinguem por textos bonzinhos, não querem encantar ninguém e não constroem biografias de sucesso. São uma espécie de espelhos perversos nos quais o autor se olha e muitas vezes se assusta com o que vê. Um grande diário é sempre uma escrita contra o autor, momento em que algo descontrolado nele deixa uma imagem impertinente sobre seus comportamentos e sobre os comportamentos alheios. Será, por isso, sempre uma escrita privada.
Militar, político, escritor etnográfico e empresário bem-sucedido no século 19, José Vieira Couto Magalhães (1837-1898) cultivou um cômodo muito secreto. Seu Diário Íntimo (Companhia das Letras, 1998) foi publicado apenas cem anos depois de sua morte. É bem verdade que ficou perdido, mas já ocultava desde a escrita algumas de suas confissões. Entre temas clássicos, como a consciência dolorosa da passagem do tempo, ele revela a contabilidade de seus negócios, os esquemas que o enriqueceram e principalmente a sua vida sexual. Há pequenas descrições de seus encontros com rapazes do povo ou de seus sonhos eróticos transgressores, anotadas em tupi ou por meio de códigos. Esse estudioso dos hábitos de nossos índios (é autor de O Selvagem, 1876) se valeu de uma linguagem selvagem para revelar sua identidade mais secreta, que não era apenas impublicável: não se permitia sequer ser verbalizada nas línguas civilizadas.
Confissão terrível
Outro exemplo desse exercício extremo da verdade está no mais feroz dos diários literários publicados no Brasil: Diário Selvagem (Civilização Brasileira, 2005), de José Carlos Oliveira (1934-1986). Cronista e boêmio, escritor adiado, ele revela toda a acidez de quem não consegue se dedicar só à literatura e se sente frustrado. Fala o que pensa sobre os figurões, vendo Fernando Sabino e o grupo mineiro marcado pela hipocrisia (pág. 33). Jorge Amado seria um bobo; Otto Lara Resende, “pequeno, mesquinho e invejoso” (pág. 83); Manuel Puig, “um belo canalha” (pág. 320).
Isso se agrava quando ele descobre uma pancreatite e começa a ser um “morredor”, sem ter conseguido erguer-se como artista. Cresce então o seu desejo de vingança, plenamente possível apenas no diário: “Eu me vingando de todos, deixando a minha baba neste caderno.” Nesse estágio, megalomaníaco e neurótico, Carlinhos Oliveira faz uma confissão terrível: “Meu pai violentou e matou (ou eu inventei isso?) sua filha mais velha, de 10 anos presumíveis: por neurose de guerra talvez, por alcoolismo certamente, e por luxúria sem dúvida” (pág. 191). Tal revelação dimensiona a força desse espaço de escrita.
Sinceridade incômoda
Mas ele usa o diário contra a própria biografia, revelando-se atormentado sexualmente, sujo (ficava semanas sem tomar banho), depravado e rancoroso. Essas confissões não tinham um destino literário: “Tenho que guardar estes diários numa caixa, cuidando que traças e outros bichos não os destruam [...]. O fato de ser escritor faz de meus cadernos fonte permanente de consulta” (pág. 139). Ele pretendia “manipular esses cadernos”, extraindo deles matéria de ficção. Mas não havia a intenção de publicá-los. Daí a sinceridade extrema.
Talvez seja correto dizer, então, que um verdadeiro diário só existe para vir a público depois da morte do escritor. Nestes tempos de busca de aceitação a todo preço, esse é um gênero cada vez mais necessário, pois nele ficariam registradas as avaliações sobre a vida e sobre pessoas próximas, avaliações nem sempre justas, mas nascidas de estados de alma extremados. Podemos até mudar de opinião, mas em determinado momento pensamos isso ou aquilo sobre aquelas pessoas ou sobre nós mesmos. Assim, o diário de fato íntimo deve ser escrito em cadernos, a tinta, para que o autor não possa editá-lo ao sabor das conveniências do momento. É nessa tinta quente e definitiva que reside uma sinceridade incômoda.
***
[Miguel Sanches Neto é autor, entre outros, dos romances Chove sobre Minha Infância e Chá das Cinco com o Vampiro. Seu livro de contos Então Você Quer Ser Escritor? é um dos finalistas do Prêmio Portugal Telecom deste ano. Mantém um diário íntimo desde março de 2007]

Câmara aprova MP que altera regras do Programa Minha Casa, Minha Vida



A Medida Provisória (MP) 561 transfere a propriedade de imóveis financiados pelo programa para a mulher em caso de separação. A medida será encaminhada à apreciação do Senado Federal

A Medida Provisória (MP) 561 que altera regras doPrograma Minha Casa, Minha Vida foi aprovada na terça-feira, 19 de junho de 2012, pela Câmara dos Deputados. A MP transfere a propriedade de imóveis financiados pelo programa para a mulher em caso de separação. A medida será encaminhada agora à apreciação do Senado Federal.
A MP prevê ainda que a prioridade para a mulher no Programa Minha Casa, Minha Vida vale somente para os imóveis adquiridos durante o casamento ou união estável. Ela estabelece que no caso de filhos e o pai ficar com a guarda deles após a separação, o imóvel ficará com o pai, caso ele tenha sido comprado durante o período em que o casal esteve junto.
A medida também concede parcelamentos de dívidas de estados e municípios relativas a PIS/Pasep vencidas até 31 de dezembro de 2008. O parcelamento será em até 180 meses, com redução de 100% das multas de mora e de ofício e dos encargos legais, de 40% das multas isoladas e de 45 % dos juros de mora.
A MP permite ainda que mulheres com qualquer faixa de renda ingressem no Programa Minha Casa, Minha Vida sem a necessidade de assinatura dos maridos.
Na votação em plenário da MP que também trata de outros assunto foi retirado do texto do relator, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), a autorização para a concessionária de aeroportos desapropriar imóveis limítrofes ao terminal para o caso de ampliação de atividades aeroportuárias ou conexas.

A alegria dos colarinhos brancos



17:29:11

Se dependesse exclusivamente do desembargador federal Tourinho Neto, o caso Cachoeira já teria acabado e todos os acusados sairiam livres, leves e soltos. As provas teriam sido anuladas e todos os acusados já estariam em liberdade. Todas as decisões que Tourinho tomou no caso, até agora, foram favoráveis a Cachoeira. Chegou a mandar soltá-lo, mas felizmente um desembargador do Tribunal de Justiça do DF manteve o contraventor preso e Tourinho foi minoria no Tribunal Regional Federal-1.

Se prevalecessem no Judiciário as teses defendidas por Tourinho, a impunidade de criminosos de colarinho branco estaria definitivamente sacramentada. Para alegria de corruptos e seus milionários advogados.

Fonte: Blog do Hélio Doyle - 21/06/2012


Entre a Brasilmania e a ‘enrolation’, por Murillo de Aragão



A superficialidade que perpassa as análises sobre o Brasil de hoje é a mesma que mal avaliou os riscos de explosão do sistema financeiro internacional em 2008.
Após o pálido desempenho do PIB brasileiro em 2011 e início de 2012, no mercado, para muitos, a “Brasilmania” acabou. É o que dizem analistas e entendidos em economia mundo afora.
No entanto, as declarações são patéticas e fruto de um grande “enrolation”. Não por serem negativas, mas por serem desfocadas da realidade e imprecisas.
Ora, qualquer um sabe que o Brasil tem graves problemas que impedem o país de se realizar como uma potência de crescimento espetacular.
Quando acreditavam que o Brasil decolaria rumo ao sucesso absoluto, estavam sendo pueris. Quando agora dizem que a festa acabou e que ficou tudo como antes, também erram grosseiramente.
Na atualidade, vivemos ainda em um ciclo que começou com o Plano Real e teve seus momentos de euforia e de decepção. Reflexo preciso do que somos: um país de imensas oportunidades e potencialidades, mas com sérios entraves.
Recentemente, começou a predominar uma visão mais negativa do país, com base em resultados do passado recente. Muitos estão errando, por preguiça intelectual e/ou desinformação, pensando que os resultados ruins de hoje são a tendência do futuro.
É o mesmo erro cometido recentemente, quando se projetou para o futuro os resultados positivos de 2010 como tendência firme.
A questão do desempenho do Brasil exige análises mais profundas e detalhadas que, lamentavelmente, poucos no mercado podem fazer. E pouquíssimos no exterior. Seja por preconceito ideológico contra o governo atual seja por desconfiança da instituição “governo”.
Para piorar, a análise política da economia no Brasil é contaminada tanto pelos ingredientes ditos “neoliberais” quanto pelo esquerdismo infantil que predominou em nossa academia. E ainda por uma violenta carga de desinformação.
Outro cacoete das análises é ser negativo, já que é melhor justificar o erro do sucesso improvável do que ser tachado de otimista com visão rósea do país. Considerando o “track record” do Brasil, a aposta mais segura é no pessimismo.
O Brasil de hoje é muito melhor do que o Brasil dos últimos anos, e, mesmo crescendo pouco, estamos em excepcional situação para prosseguir gerando renda e emprego sem ser fiscalmente irresponsável. O que, no limite, é o que importa. O desemprego no país caiu para 6% em abril, ante 6,2% em março, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado do mês passado é o melhor para abril desde 2002, quando iniciou a série histórica. Apesar de ter havido queda na renda média do trabalhador em abril em relação a março (-1,2%) deste ano, em relação a abril de 2011, houve alta de 6,2% na renda, a maior expansão para o mês verificada desde o início da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) iniciada em março de 2002.
Por outro lado, temos características e vantagens que nos tornam razoavelmente protegidos do que acontece no resto do mundo. O Brasil é um país globalizado, mas não internacionalizado a ponto de nossa economia parar em função do quadro externo.
O desaquecimento de 2011 e do primeiro trimestre de 2012 decorre muito mais das medidas anti-inflacionárias implantadas no ano passado, de nossas limitações tributárias (carga e complexidade) e da falta de competitividade do que do mundo exterior.
No final do ano, provavelmente, estaremos em um novo ciclo de crescimento. Provavelmente será um voo de galinha, por conta dos fatores negativos apontados e que nos atrapalham.
Entretanto, o melhor de tudo é que o governo está percebendo as reais limitações de nosso modelo e deve trabalhar para reduzi-las. Assim espero.

Murillo de Aragão é cientista político

A falta de ambição da Rio + 20, por Miriam Leitão



Miriam Leitão, O Globo
Ambição foi, até agora, a palavra mais falada no Riocentro. Mais especificamente, a falta de ambição. O governo acha que perdeu a batalha da comunicação, e que os jornalistas não estão vendo os avanços que teriam ocorrido na Rio+20. Antes fosse apenas uma questão de avaliação da imprensa. É generalizada a reclamação: das ONGs, do presidente François Hollande, do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
O presidente francês veio, em começo de mandato, com a Europa em crise, e disse que sua presença aqui era para assumir uma responsabilidade pública. Viva a diferença. A líder alemã, Angela Merkel, estava no México e não veio porque não quis. O presidente Barack Obama, também.
Na segunda-feira, num dos vários momentos de falta de sinceridade que reuniões diplomáticas sempre propiciam, o negociador-chefe dos Estados Unidos, Todd Stern, disse à imprensa que “desenvolvimento sustentável é um dos pilares da segurança nacional americana” e que o governo Obama o considera um tema muito importante. A CNN perguntou em seguida: “Se é assim tão importante por que o presidente Obama não veio?” A resposta foi um contorcionismo vazio que nem vale a pena transcrever.
A verdade é que os Estados Unidos foram responsáveis por um parágrafo aguado sobre oceanos. A expectativa era de decisão de criação de áreas protegidas em águas internacionais. A marinha americana, dona da maior frota do mundo, não aceitou. Teme que isso atrapalhe suas movimentações para a defesa do que eles acham que é realmente segurança nacional.
Foram também os Estados Unidos que se opuseram à criação de uma agência na ONU de meio ambiente porque acham que isso imporá a eles limitação externa nesta área, da mesma forma que já tiveram várias derrotas na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Na questão ambiental, o mundo se divide de forma bem diferente do que a tradicional ideia dos ricos versus pobres. Tanto que o presidente François Hollande disse na entrevista que um dos pontos em que houve falta de ambição foi exatamente na criação de um órgão com mais poderes e que agregue todos os assuntos ligados aos temas ambiental e climático.
Segundo Hollande, sempre que se tenta incluir algum tema ambiental nas reuniões do clima, o tema é retirado por não fazer parte do escopo da convenção. Por isso, ele reafirmou a necessidade de uma agência da ONU com poderes reais. Tudo o que o texto estabelece é a ampliação do número de participantes do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Era restrito a um grupo de países e passará a ser universal.
Isso é bom, mas muito pouco. “Não temos uma agência, mas eu não perdi a esperança. Vou continuar a lutar por isso”, disse o presidente francês.
Hollande também reclamou de não se fechar uma proposta clara e objetiva de financiamento. Voltou a defender a velha posição da França de se criar um imposto sobre transações financeiras para ajudar a financiar os países mais pobres. Aqui também ele reclamou de faltar ambição.
A resposta veio na entrevista diária do Brasil à imprensa, quando o embaixador Figueiredo não podia ser mais claro do que foi: “Não se pode ter ambição de ação sem ambição de financiamento. Quem exige um sem o outro está sendo, no mínimo, incoerente.”
A tréplica esteve no discurso do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, que delicadamente lembrou que a União Europeia e seus membros continuam sendo o maior doador de recursos aos mais pobres na busca das “prioridades do Rio”.
As mais de mil ONGs pediram, em plenário, para se tirar do texto a afirmação de que foram ouvidas. A estrutura escolhida pelo Brasil, de primeiro fechar o documento e consagrá-lo como impossível de ser reaberto para o debate, desperdiçou o momento político do encontro dos chefes de Estado e revogou qualquer ambição que por acaso houvesse.
Os governantes ficaram na estranha situação de virem ao Rio apenas para tirar a foto e fazer a habitual sucessão de discursos. O que rebaixa os chefes de Estado a uma coleção de rainhas da Inglaterra. Eles vêm apenas para carimbar o que seus negociadores decidiram.
Esta é a maior reunião da ONU já feita. Pedida e preparada pelo Brasil. O tema é urgente. A necessidade de cruzar a questão ambiental com a econômica e social é imperiosa. A utilidade de ter uma agência como a Organização Mundial de Comércio na área ambiental e climática, que concentre os temas, é óbvia. Não é hora de perder tempo em definir o que é economia verde, porque todos sabem o que não é sustentável e quais são as inúmeras ações na transição para uma economia de mais baixa emissão de carbono.
Apesar de ser a reunião certa, na hora certa e no local certo, o Brasil — com o enorme poder de influência que tem o país sede — escolheu este caminho de fechar com três dias de antecedência, e passar a chave, num documento que é visto como fraco. Não pela imprensa, mas pelos próprios governantes.
A reunião desperdiça seus preciosos dias finais com formalidades. A Conferência está terminando, como definiu Hollande, “abaixo das nossas responsabilidades e de nossas expectativas”.

O passado aloprado assombra o PT, por Merval Pereira



Merval Pereira, O Globo
A coincidência não deve agradar a Lula, mas dificilmente será possível dizer que se trata de mais um golpe dos reacionários contra o governo popular do PT. Aliás, o noticiário criminal envolvendo o PT indica que o partido há muito vem se metendo em enrascadas.
Às vésperas do julgamento do mensalão, desta vez a Justiça reavivou o escândalo dos aloprados, que na eleição de 2006 tentaram comprar um dossiê que supostamente continha denúncias contra o candidato do PSDB ao governo paulista, José Serra, o mesmo que hoje Lula tenta derrotar com o auxílio de Paulo Maluf, na disputa para a prefeitura de São Paulo.
Naquela ocasião, Serra venceu o candidato petista Aloizio Mercadante no primeiro turno. Um dia depois do escândalo provocado pela exibição despudorada de intimidade entre o ex-presidente e Maluf, um dos brasileiros relacionados na lista de alerta vermelho da Interpol dos criminosos mais procurados do mundo, a Justiça de Mato Grosso aceitou denúncia do Ministério Público Federal contra nove dos envolvidos.
Dois deles, Jorge Lorenzetti, petista de Santa Catarina que era também churrasqueiro extraoficial da Granja do Torto no primeiro governo Lula, e o advogado Gedimar Pereira Passos, que supervisionava a segurança do comitê da campanha de reeleição, eram ligados diretamente ao ex-presidente, que, no entanto, como sói acontecer, declarou desconhecer o assunto e ainda fez-se de indignado, classificando os membros do grupo de “aloprados”.
Preso na Polícia Federal, Gedimar incluiu no grupo um segurança particular da primeira-dama Letícia Maria de nome Freud (que não se perca pelo nome) Godoy, que o teria chamado para avaliar se o tal dossiê continha mesmo fatos que comprometiam Serra.
Freud acabou desaparecendo do noticiário, assim como uma coincidência reveladora: o ex-ministro José Dirceu (sempre ele), antes mesmo que fosse divulgado o conteúdo do dossiê, escreveu que as acusações seriam “a pá de cal na campanha do picolé de chuchu”, como se referia ao candidato tucano à presidência Geraldo Alckmin.
Gedimar Passos, assessor da campanha de Lula, negociava a aquisição do dossiê com Valdebran Padilha, empresário filiado ao PT. A PF prendeu a dupla em flagrante com 1,7 milhão de reais que seria usado na compra do material forjado.
Expedito Veloso, outro dos envolvidos, denunciou meses mais tarde que o atual ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e o ex-governador de São Paulo já falecido Orestes Quércia foram os mandantes.
Mesmo que entre os acusados estivesse Hamilton Lacerda, então assessor de Mercadante, e que ele fosse o maior beneficiado, o candidato petista não foi arrolado como partícipe do golpe.
O centro da conspiração estava no “Núcleo de Informação e Inteligência” da campanha de reeleição de Lula, e quem chefiava a equipe de “analistas de informação” era o petista histórico Jorge Lorenzetti, ex-dirigente da CUT, enfermeiro de profissão, diretor financeiro do Banco do Estado de Santa Catarina e churrasqueiro do presidente nas horas vagas.
Lorenzetti chefiava Gedimar Pereira Passos na tarefa de contrainformação eleitoral, e foi nessa qualidade que teria sido enviado para analisar o dossiê contra os tucanos.
A descoberta do plano revelou a existência de uma equipe dentro da campanha de reeleição que se envolve em falcatruas variadas, uma maneira de atuar politicamente que vem das batalhas sindicais do ABC, as quais Lula conhece bem com que armas se disputam.
Esse mesmo esquema provocou uma crise no comitê da candidata Dilma Rousseff, quando foi descoberto que havia um grupo recrutado para fazer espionagem, inclusive o jornalista Amaury Ribeiro Filho que levou para o grupo o hoje nacionalmente conhecido Dadá, o grampeador oficial do esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Os protagonistas do chamado escândalo dos aloprados responderão pelos crimes de lavagem de dinheiro e operação fraudulenta de câmbio.
Segundo a denúncia do Ministério Público, eles “se associaram subjetiva e objetivamente, de forma estável e permanente, para a prática de crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem de dinheiro, que tinha por fim a desestabilização da campanha eleitoral de 2006 do governo de São Paulo”.
O Ministério Público, embora as investigações tenham rastreado todo o caminho do dinheiro, não conseguiu definir sua origem, um dos grandes mistérios desse caso.
A fotografia da montanha de dinheiro apreendido acabou sendo divulgada às vésperas do primeiro turno da eleição presidencial, e os petistas atribuem ao impacto da imagem a ida da eleição para o segundo turno.
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Passou despercebida, mas uma declaração do ex-ministro da Justiça de Lula, Márcio Thomaz Bastos, em entrevista recente na televisão a Monica Bergamo e ao cientista político Antonio Lavareda, admite claramente a existência do mensalão, ele que é advogado de um dos réus.
Disse Thomaz Bastos a certa altura, falando sobre a corrupção do Brasil: “Vamos chegar a um ponto em que a democracia, por sua própria prática, vai resolver isso. Lembremos que, no início do século passado, na Câmara dos Comuns, no Reino Unido, havia um guichê onde os parlamentares recebiam o dinheiro, uma espécie de mensalão da época.
O que não impediu que a Inglaterra se tornasse um país altamente democratizado. Isso dá a esperança de que, pela reiteração dos usos, possamos encontrar isso, um outro patamar de regime democrático”.
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O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ayres Britto, parece enxergar longe. Em voto favorável à punição de Lula por propaganda antecipada, na campanha para eleger Dilma Rousseff, classificou de “antirrepublicano” projeto de poder que inclui eleger o sucessor: “Quem se empenha em fazer o seu sucessor, de ordinário, pensa em se tornar ele mesmo o sucessor de seu sucessor”.
Outro dia Lula admitiu que “se Dilma não quiser”, ele se dispõe a ser candidato novamente...

OBRA-PRIMA DO DIA - OURIVESARIA Objetos de Arte - Cibório do Mestre Alpais (c.1200)


Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 
21.6.2012
 | 12h00m

De acordo com antiga tradição, o cibório do mestre Alpais foi encontrado em Montmajour, perto de Arles. À falta de documentos, isso nunca foi comprovado. O que se sabe ao certo é que se trata de uma das mais célebres criações dos esmaltadores de uma histórica região da França, Limoges.
Além da gravação em seu interior, a perfeição técnica e o estilo comprovam que esse cibório, uma das obras-primas dos anos 1200, saiu de uma ourivesaria limusina.
Cibório é o vaso sagrado onde se guardam as hóstias e partículas consagradas para a comunhão (Houaiss). Este (foto abaixo) consiste em duas taças, ou copas, que se encaixam uma na outra e repousam sobre um pequeno pé cônico. Ornado de figuras contornadas por delicadas espirais, no interior da taça superior está gravada a mão de Deus no gesto de abençoar e no da taça inferior, um anjo tendo ao seu redor a inscrição da autoria: MAGISTER: G : ALPAIS : ME FECIT : LEMOVICARUM ( Mestre G. Alpais me fez em Limoges).
Na face exterior das taças os bustos de muitos anjos, dos doze apóstolos e dos quatro profetas, dentro de losangos. O botão, no alto da taça que serve de tampa, é todo ornamentado com bustos de anjos. O elemento decorativo que mais impressiona aos estudiosos, no entanto, é a frisa em caracteres ciríacos ao redor da boca da taça inferior.
O tratamento dado às figuras, bastante estilizado, é encontrado em muitas obras do século VII, mas especialmente nas de Limoges. Entretanto, as cabeças neste cibório se distinguem de outras peças conhecidas pela suavização do contorno e da expressão, o que se nota especialmente nas que aparecem no pé e no botão.
As vestes ainda guardam a marca das vestes romanas, mas os personagens demonstram um movimento que anuncia o gótico. O cibório é, portanto, peça exemplar pois une o início da arte gótica aos vestígios da arte Romana.
Feito em cobre gravado, dourado, cinzelado, esmalte cloasonado, com cabochões de vidro e gotas de esmalte, o cibório mede 30,1cm de altura e 16,8cm de diâmetro.

Acervo Museu do Louvre, Paris

FRASE DO DIA



Temo que o futuro do PT seja ficar parecido com o PMDB.
Frei Betto, ex-assessor especial de Lula em seu primeiro governo



Postado no Blog do Noblat

Saiba o que os noivos achavam um do outro antes do casamento no jardim da mansão


21/06/2012
 às 13:40 

Augusto Nunes


“O símbolo da pouca vergonha nacional está dizendo que quer ser presidente. Daremos a nossa vida para impedir que Paulo Maluf seja presidente.” (LULAjunho de 1984)
“Se o civil tiver que ser o Paulo Maluf, eu prefiro que seja um general.” (LULA,  junho de 1984)
“Como Maluf pode prometer acabar com ladrão na rua enquanto ele continua solto?” (LULA, setembro de 1986)
“O problema do Brasil não está no deputado Paulo Maluf, mas sim nos milhares de malufs.” (LULA, outubro de 1986)
Os administradores do PT são como nuvens de gafanhotos.(PAULO MALUFmarço de 1993)
“Maluf esquece de seu passado de ave de rapina. O que ameaça o Brasil não são nuvens de gafanhotos, mas nuvens de ladrões. Maluf não passa de um bobo alegre, um bobo da corte, um bufão que fica querendo assustar as elites acenando com o perigo do PT. Maluf é igualzinho ao Collor, só que mais velho e mais profissional. Por isso é mais perigoso.” (LULA, março de 1993)
“Ave de rapina é o Lula, que não trabalha há 15 anos. Faz 15 anos que não está no torno, que não conta como vive e quem paga seu salário. Ave de rapina é o PT, que rouba 30% de seus filiados que ocupam cargos de confiança na administração. Se o Lula acha que há ladrões à solta, que os procure no PT, principalmente os que patrocinaram a municipalização do transporte coletivo de São Paulo.” (MALUF, março de 1993)
“Quem votar em Lula vai cometer suicídio administrativo.”. (MALUF, julho de 1993)
“Estou feliz. Afinal, não estamos em campanha. Enquanto isso, alguns desocupados, como é o caso de Lula, andando pelo Brasil com emprego dado pelo PT, ganham o dinheiro dos trabalhadores.” (MALUF, agosto de 1993)
“A impressão que se tem é que Cristo criou a terra, e Maluf fez São Paulo.” (LULA,  maio de 1996)
“O Maluf é que deveria estar atrás das grades e condenado à prisão perpétua por causa da roubalheira na prefeitura.” (LULA, julho de 2000)
“Quero evitar que o PT tenha aqui base para alavancar a eleição do Lula em 2002. Foi o que eu disse para um amigo, na sua empresa de mil funcionários: ‘Você colocaria o Lula como diretor de recursos humanos?’ Ele respondeu que não, e eu disse: ‘Peraí. Não serve para ser diretor da sua empresa e serve para ser presidente da República?’” (MALUF, outubro de 2000)
“Declaração infeliz do presidente. Ele não está a par do problema, e se ele quiser realmente começar a prender os culpados comece por Brasília. Tenho certeza de que o número de presos dá a volta no quarteirão, e a maioria é do partido dele, do PT.” (MALUF, outubro de 2005)
Em 18 de junho de 2012, como Lula preferiu ficar em silêncio depois do encontro no jardim da mansão, Maluf falou pelos dois:
“HOJE SOMOS TODOS IGUAIS”

Silas Malafaia e mais 11 pastores fazem chegar ao terrorista Ahmadinejad pedido de libertação de Yousef Nadarkhani, condenado à morte por ser cristão



O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, informa Lauro Jardim em Radar, entregou a Michel Temer, vice-presidente da República, uma carta assinada por ele e por mais 11 pastores que pede a libertação do pastor evangélico Yousef Nadarkhani, que está preso no Irã, condenado à morte. Temer fez a carta chegar ao presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. O terrorista veio ao Brasil para a Rio+20. Escrevi o primeiro post sobre Nadarkhani no dia 28 de setembro do ano passado. Lembro o texto.
Não há um só país de maioria cristã, e já há muitos anos, que persiga outras religiões. Ao contrário: elas são protegidas. Praticamente todos os casos de perseguição a minorias religiosas têm como protagonistas correntes do islamismo - ou governos mesmo. Não obstante, são políticos de países cristãos - e Barack Obama é o melhor mau exemplo disto - que vivem declarando, como se pedissem desculpas, que o Ocidente nada tem contra o Islã etc. e tal. Ora, é claro que não! Por isso os islâmicos estão em toda parte. Os cristãos, eles sim, são perseguidos - aliás, é hoje a religião mais perseguida da Terra, inclusive por certo laicismo que certamente considera Bento 16 uma figura menos aceitável do que, sei lá, o aiatolá Khamenei…
O pastor iraniano Yousef Nadarkhani foi preso em 2009, acusado de “apostasia” - renunciou ao islamismo-, e foi condenado à morte. Deram-lhe, segundo a aplicação da sharia, três chances de renunciar à sua fé, de renunciar a Jesus Cristo. Ele já se recusou a fazê-lo duas vezes - a segunda aconteceu hoje. Amanhã é sua última chance. Se insistir em se declarar cristão, a sentença de morte estará confirmada. Seria a primeira execução por apostasia no país desde 1990. Grupos cristãos mundo afora se mobilizam em favor de sua libertação. A chamada “grande imprensa”, a nossa inclusive, não dá a mínima. Um país islâmico eventualmente matar um cristão só por ele ser cristão não é notícia. Se a polícia pedir um documento a um islâmico num país ocidental, isso logo vira exemplo de “preconceito” e “perseguição religiosa”.
Yousef Nadarkhani é um de milhares de perseguidos no país. Sete líderes da fé Baha’i tiveram recentemente sua pena de prisão aumentada para 20 anos. Não faz tempo, centenas de sufis foram açoitados em praça pública. Eles formam uma corrente mística do Islã rejeitada por quase todas as outras correntes - a sharia proíbe a sua manifestação em diversos países.
Há no Irã templos das antigas igrejas armênia e assíria, que vêm lá dos primórdios do cristianismo. Elas têm sido preservadas. Mas os evangélicos começaram a incomodar. Firouz Khandjani, porta-voz da Igreja Evangélica do Irã, teve de deixar o país. Está exilado na Turquia, mas afirmou à Fox News que está sendo ameaçado por agentes iranianos naquele país.
Por Reinaldo Azevedo

Procuradores querem Toffoli fora do julgamento do mensalão



Procuradores da República estão pressionando o procurador-geral, Roberto Gurgel, para que peça o impedimento do ministro José Antônio Dias Toffoli no julgamento do mensalão. O grupo já preparou uma sustentação teórica defendendo que Toffoli deve ser declarado impedido e manda recados para que Gurgel interceda. Os procuradores manifestam incômodo com a atitude do procurador-geral no caso, porque avaliam que ele deveria ter atuado nesse sentido, já que a permanência de Toffoli, na avaliação deles, pode prejudicar o julgamento.
O GLOBO teve acesso a e-mails trocados pelos procuradores em um sistema de rede interna do Ministério Público. Nas mensagens, procuradores enumeram fatos jurídicos para sustentar o impedimento de Toffoli.
Para uma procuradora ouvida pelo GLOBO, apesar do que já saiu na imprensa, Toffoli parece não se constranger. Essa integrante do MPF diz que Gurgel tem ciência dessa discussão entre os colegas, porque participa da rede de e-mails que discute os mais variados assuntos.
— Esperamos que ele atenda o nosso pedido de provocar a suspeição do ministro neste julgamento — disse a procuradora da República, que pediu para não ser identificada.
Entre os pontos destacados pelos procuradores está a atuação de Toffoli como advogado do PT à época em que ocorreram os primeiros fatos denunciados — os empréstimos feitos por Marcos Valério para saldar dívidas do PT. Depois de ser advogado do partido, Toffoli foi subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, em uma sala contígua à do então ministro José Dirceu, hoje réu no processo.
O terceiro fator de suspeição seria a atuação da namorada do ministro, a advogada Roberta Rangel, na defesa de réus do processo do mensalão. Os procuradores apontam “vastas provas da ligação visceral de Toffoli com José Dirceu e outros réus também integrantes da cúpula”.
“De todos os ministros indicados por Lula para o Supremo, Toffoli é o que tem mais proximidade política e ideológica com o presidente e o partido. Sua carreira confunde-se com a trajetória de militante petista. Essa simbiose é, ao fundo e ao cabo, a única justificativa para encaminhá-lo ao Supremo”, diz uma das mensagens.
— É preciso uma decisão rápida sobre a participação do ministro Dias Toffoli no julgamento do mensalão, para que sejam afastadas as sombras de especulações de se tratar de um julgamento político. Em prol da boa técnica de um julgamento isento, esse é um tema sobre o qual o Supremo Tribunal Federal precisa ostensivamente decidir — afirma o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Alexandre Camanho.
Toffoli tem dito que não decidirá agora se vai ou não se declarar impedido. Gurgel não comentou as cobranças dos colegas.

Demóstenes e Cachoeira viajaram juntos para os Estados Unidos


by Fábio Pannunzio

O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), a mulher dele, Flávia Gonçalves Coelho, e o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, viajaram no mesmo voo, em 26 de janeiro do ano passado, uma quarta-feira, para Miami. O voo JJ8042, da TAM, partiu de Brasília. O trio retornou no domingo, dia 30, no voo JJ8043.
O motivo da viagem foi a festa de aniversário do empresário Marcelo Limírio, que tem uma casa na cidade da Flórida. Limírio foi sócio de Cachoeira e é sócio de Demóstenes em uma faculdade em Minas Gerais. Ele também comprou uma área em Pirenópolis (GO), com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) e a mulher dele, Valéria Peixoto Perillo, além de outros investidores.
A viagem está listada em documento que a Polícia Federal encaminhou nesta semana à CPI do Cachoeira. O relatório cita saídas e entradas do contraventor, do senador e da mulher dele no período de 2001 a 2012. Até 2004, Cachoeira faz poucas viagens ao exterior. Segundo os dados disponíveis, ele foi duas vezes aos Estados Unidos, três vezes à Argentina, uma vez para a Espanha e outra para a Inglaterra.
Em 2007, foram registradas três saídas para os Estados Unidos. Já em 2008, ele viajou oito vezes, sete das quais para os Estados Unidos, e uma vez para a França. Em 2009, das seis viagens, a maioria também foi para os EUA. Essa foi a média mantida no ano de 2010. No ano passado, dos sete voos, só um foi para o Panamá. Os demais também foram para os EUA.
Advogado confirma viagem aos EUA
De 2004 até o ano passado, Demóstenes fez 22 viagens. Além dos Estados Unidos, um dos destinos mais comuns é Portugal, partindo de Brasília — uma das principais rotas de quem mora no Distrito Federal e quer chegar à Europa. Há voos ainda para Argentina, Panamá, Peru, Uruguai, Inglaterra e França. A mulher do senador, Flávia, viajou uma vez a mais do que o marido. Na maioria das vezes, ela o acompanha.
O relatório da Polícia Federal anota que o sistema utilizado para registro de entradas e saídas de passageiros pelos aeroportos pode apresentar incongruências. Diz o documento: “Considerando que o STI (o sistema que registra o fluxo de passageiros entrando e saindo do país) encontra-se em fase de implementação em território nacional, seu banco pode apresentar incongruências. Em suma, mostra-se possível que as pessoas em questão tenham realizado viagens internacionais, as quais não se encontram registradas nos sistemas consultados.”
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay, confirmou que Demóstenes viajou com Cachoeira para os Estados Unidos. O advogado diz que foi só uma viagem e outras pessoas também estavam juntas.
— Ficaram lá três ou quatro dias e depois voltaram — disse Kakay.
Em outro documento enviado à CPI, a Receita Federal aponta que a Delta Construções omitiu R$ 93,6 milhões em compras de matéria prima entre 2007 e 2010. “No período em análise, o contribuinte não declarou na DIPJ ter realizado compras de matéria-prima. Contudo, de acordo com a coleta de dados relativos ao ICMS realizado por esta secretaria junto aos estados do Piauí, Goiás, Sergipe, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul, a pessoa jurídica realizou compras”, informa auditoria enviada à CPI. Pelo documento, só entre 2009 e 2010 a empresa comprou nada menos que R$ 80 milhões e não informou ao fisco.