Delegado alagoano Francisco Tenório (PMN) voltou ao Congresso após ter passado um ano na prisão e afirmou ser inocente
04 de janeiro de 2013 | 2h 03
Ricardo Brito, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Três minutos antes de o ex-presidente do PT José Genoino entrar na sala da Presidência da Câmara para tomar posse, o delegado alagoano Francisco Tenório passou pelo mesmo corredor sem ser notado pelo batalhão de jornalistas e curiosos. Chico Tenório, como é conhecido, voltou nessa quinta-feira, 3, à Casa após ter passado um ano na prisão e outros sete meses com um tornozeleira eletrônica de monitoramento, por causa de dois processos em que é acusado de encomendar assassinatos. No caminho e durante a solenidade de posse, nenhuma pergunta foi lhe dirigida.
O parlamentar do PMN assumiu a vaga de Célia Rocha (PTB), eleita para a Prefeitura de Arapiraca (AL).
Tenório exerceu mandato de deputado na legislatura passada. Assim que deixou a Câmara, em fevereiro de 2011, teve prisão preventiva decretada pela Justiça estadual. Segundo a acusação do Ministério Público, ele teria, na "posição de líder de uma organização criminosa atuante em Alagoas", ordenado a ação que resultou na execução de duas pessoas em 2005. Ele também é processado como autor intelectual do assassinato de um ex-policial militar nos anos 90.
Tenório passou o Natal de 2011 na cadeia. Dois meses depois, a Justiça alagoana revogou a prisão, substituindo-a pelo monitoramento eletrônico com tornozeleira - ele não poderia deixar Maceió e deveria estar em casa antes das 20 horas. Foi liberado do equipamento em setembro, por ordem do Tribunal de Justiça de Alagoas.
Abordado pelo Estado na saída da solenidade dessa quinta, Tenório estava rodeado por dez pessoas, entre apoiadores e familiares. Ele conduziu a reportagem para um lugar vazio ao lado do plenário e, sozinho, se disse inocente. "Tenho certeza de que vamos chegar ao final (dos processos) mostrando a realidade dos fatos e reconhecendo a vítima que tenho sido nessas acusações."
Falando na terceira pessoa, o parlamentar afirmou que "a gente se sente na obrigação de cumprir o dever para o qual fomos eleitos, pelo voto popular". Tenório recebeu 51.864 votos.
Com a posse, as ações contra Tenório serão remetidas para o Supremo, Corte por onde os casos já haviam tramitado, na legislatura passada. A defesa espera um "julgamento isento" no STF. "A expectativa é positiva", disse o advogado Flávio Gomes.
Voucher. Também tomou posse ontem Colbert Martins (PMDB-BA), ex-deputado que ficou três dias preso em agosto de 2011. Ele foi detido pela Polícia Federal na Operação Voucher, que investigou desvios no Ministério do Turismo. "Eu quero que esse julgamento aconteça logo", disse. "Eu acredito muito na minha inocência e quero que seja resolvido."