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Fonte: Revista Veja - Edição Nº 2279 - 21/07/2012
Posted: 20 Jul 2012 07:33 AM PDT
Lançamento do Bairro Carioca, no primeiro dia de campanha eleitoral, não passou de encenação: apartamentos ainda não têm luz, água e gás. Só operários ocupam o local
Cecília Ritto, do Rio de Janeiro
VEJA
Material para obra está espalhado pelo Bairro Carioca - Cecília Ritto
Paes chegou a ser advertido pelo Ministério Público Eleitoral para que não fosse às inaugurações. O prefeito, como contava com um desencontro entre o calendário eleitoral e o período de restrição a inaugurações – que só começava no sábado, um dia depois – manteve os planos. O problema, vê-se agora, não era o prefeito participar de uma inauguração, mas o fato de a presidente e o governador também apresentarem como pronto algo que não está terminado, no primeiro dia de campanha
Não se sabe se foi Dilma Rousseff quem caiu na armadilha de Eduardo Paes. Ou se foi Paes o iludido pela presidente, numa falsificação com participação também do governador Sérgio Cabral. O fato é que não passou de encenação a inauguração do conjunto habitacional Bairro Carioca, no primeiro dia de campanha das eleições municipais, no Rio de Janeiro, com participação dos três governantes. É certo também que o eleitor foi tratado como tolo: até hoje o local não recebeu nenhum desabrigado pelas chuvas de dois anos atrás na capital, e nem a claque que defendeu Dilma dos manifestantes, naquela sexta-feira, 6 de julho, ronda o canteiro de obras tocado com verbas do Minha Casa, Minha Vida, da União. O evento festivo, na ocasião, era a "entrega de chaves" aos moradores, como consta na convocação feita pela prefeitura.
Na manhã desta quinta-feira, 13 dias depois da inauguração, os únicos no Bairro Carioca, em Triagem, na região central do Rio, eram os operários, vestidos com capacete e botas para enfrentar a lama formada com a chuva. Se alguém caiu na esparrela e tentou se mudar para os prédios, ficou sem luz, sem gás e sem água: pela manhã, funcionários trabalhavam para fazer a ligação das instalações com os apartamentos.
Roberto Stuckert Filho/PR
Sérgio Cabral, Dilma Rousseff e Eduardo Paes durante entrega de unidades habitacionais
No dia 6, a festa foi montada pelos governos federal e municipal com direito a presença de grande parte do secretariado de Paes e do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro. Pipoca, balões e algodão doce foram espalhados pelo bairro para comemorar que moradores de áreas de risco ou desabrigados das chuvas teriam, novamente, uma casa. Primeiro, seriam entregues 460 unidades, nos blocos 1 e 3. Esses são os dois segmentos com as obras em estágio mais avançados. No entanto, ainda não têm condições de receber seus novos donos.
Paes chegou a ser advertido pelo Ministério Público Eleitoral para que não fosse às inaugurações. O prefeito, como contava com um desencontro entre o calendário eleitoral e o período de restrição a inaugurações – que só começava no sábado, um dia depois – manteve os planos. O problema, vê-se agora, não era o prefeito participar de uma inauguração, mas o fato de a presidente e o governador também apresentarem como pronto algo que não está terminado, no primeiro dia de campanha.
No Bloco 1 do Bairro Carioca, por exemplo, falta colocar azulejo em algumas partes, como nas escadas. O entulho precisa ser retirado, principalmente do térreo. Os móveis ainda têm de ocupar os espaços vazios, como as salas dos apartamentos. Operários que vão e vem não cessam de listar coisas ainda por fazer no Bairro Carioca, sobretudo nos blocos vizinhos. “Estamos no arremate final”. “Estou colocando a textura nas paredes”. “Farei a ligação do gás com as casas”. “Precisa tirar a terra da frente dos prédios”, dizem os trabalhadores.
Do lado de fora, mas ainda dentro do conjunto habitacional, parte da grama que enfeita a entrada dos blocos está sendo colocada. Uma quantidade de terra no entorno dos prédios denuncia que o Bairro Carioca ainda não está apto a receber seus moradores. Pias e privadas empacotadas foram posicionadas à frente dos primeiros blocos. Em uma andança pelo local, se esbarra também com poças d’água, janelas com tinta nos vidros e buracos para a criação de bueiros.
O bloco 5, cuja inauguração não estava prevista para o dia 6, fica próximo aos apartamentos que deveriam ter sido entregues. Na frente desse módulo, uma barreira de terra dificulta a passagem. Dentro, um amontoado de entulho e de material. Em todos os blocos onde o formato de uma casa está próximo, a fiação fica à mostra. Serão os novos moradores os responsáveis por colocar luz e chuveiro.
Por enquanto, o som do Bairro Carioca é de batidas dentro dos apartamentos, conversa entre os operários e, às vezes, de um pagode cantado pelos trabalhadores. Quem está lá todos os dias relata que os novos moradores passam no local para saber como estão suas casas. Por enquanto, nem é preciso entrar para perceber que a obra continua.
Segundo a prefeitura, não há nada fora do previsto e a ida dos moradores ocorrerá ainda este mês. No dia 12 houve uma reunião entre o executivo municipal e os novos habitantes do Bairro Carioca para acertar detalhes da mudança.
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A maioria das pessoas nascidas na geração 2.0 compartilha muito da vida na internet. Fotos de almoços com amigos, reclamações sobre o dia a dia, anseios e dúvidas existenciais enchem as redes sociais de perfis online. A história também tem mostrado que muitas vezes os atiradores solitários tendem a contar suas intenções na internet muito antes de cometer qualquer ato de violência. Mas James Holmes, jovem de 24 anos que abriu fogo em um cinema em Denver, no Colorado, e deixou 12 mortos, além de dezenas de feridos, parece ser uma exceção à regra.A polícia diz que o suspeito não tem antecedentes criminais. Um relatório do FBI conta que ele veio de San Diego e que sua mãe ainda mora lá. Os vizinhos afirmam que ele era recluso e não cumprimentava as pessoas. Um professor elogia suas capacidades matemáticas e diz que ele era um aluno excepcionalmente esperto. Em comunicado divulgado hoje, a família do atirador disse ter sido pega de surpresa pela notícia do massacre. E só, é tudo que se sabe sobre ele. Nada de perfil no Facebook, no Twitter, no MySpace ou no Instagram. Ele é o que especialistas chamam de fantasma on line.Lance Ulanoff, editor do site Mashable.com, conta que passou todo o dia procurando qualquer pista sobre o suspeito na internet. Sem achar nada, mudou a pesquisa do Google e das redes sociais para sites de entusiastas de armas com base no Colorado. Em um dos fóruns, ele usou o sistema de busca para cavar pesquisas com as palavras-chave: “Aurora”, “cinema” e “Batman”. Três horas depois, continuou sem achar nada relacionado ao incidente ou qualquer conversa aleatória sobre um plano para matar pessoas em um cinema.- Para mim, é inconcebível que Holmes não tenha um perfil online. A resposta mais óbvia é que ele não vem usando seu nome real na rede - disse no site.