sábado, 21 de julho de 2012

Chantagem na reta final (VEJA)



11:09:05

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Fonte: Revista Veja - Edição Nº 2279 - 21/07/2012

‘Sou o Coringa’, teria dito atirador no Colorado


Americano de 24 anos é suspeito de matar 12 pessoas durante estreia de ‘Batman’





Holmes foi preso no estacionamento perto do cinema em Aurora, com armas de fogo
Foto: Reuters


Holmes foi preso no estacionamento perto do cinema em Aurora, com armas de fogoREUTERS
DENVER, Estados Unidos - Sem ficha criminal, com exceção de uma multa por excesso de velocidade no ano passado, e formado com mérito em Neurociência pela Universidade da Califórnia, Riverside, James Eagan Holmes ainda é uma incógnita. Descrito como um recluso que mal cumprimentava os vizinhos no corredor, Holmes é também um fantasma na internet: não tem perfis em redes sociais, nem maiores referências sobre sua vida antes do massacre. O atirador que matou 12 pessoas e feriu outras 59 nesta sexta-feira durante a pré-estreia do filme “Batman - O cavaleiro das Trevas ressurge”, no Colorado, teria dito a policiais que era o Coringa - vilão do segundo filme da trilogia de Christopher Nolan - ao ser preso.
James Holmes, de 24 anos, estava com o cabelo pintado de vermelho, contou o comissário da polícia de Nova York Ray Kelly.

Apesar de ser da polícia nova-iorquina, Kelly disse estar por dentro do caso em Aurora, na periferia de Denver, porque o responsável pela investigação no Colorado era vice-chefe da corporação em Nova York.
- Parece claramente um indivíduo demente - disse Kelly. - Ele disse que era o Coringa.
Nascido em dezembro de 1987, ele passou a infância em San Diego, onde ainda vivem seus pais. Depois de se formar encontrou dificuldade para arrumar emprego ao retornar para sua cidade. Durante um ano, chegou a trabalhar em regime de meio período em um McDonald’s, segundo Tom Mai, que vive perto da casa dos pais do atirador.
O suspeito foi preso no estacionamento perto do cinema e não teria resistido à prisão. Nascido em San Diego, Holmes era formado em Neurociência pela Universidade do Colorado e iniciou um doutorado em "Distúrbios psiquiátricos e neurológicos", no segundo semestre de 2011. No mês passado, ele teria começado um processo para abandonar o curso, mas fontes da universidade não souberam o motivo.
Segundo informou a polícia, James Holmes comprou o ingresso normalmente e entrou na sala de exibição. Poucos minutos depois do início do filme, Holmes teria deixado a sala pela saída de emergência. A seguir, o suspeito teria voltado novamente pela mesma porta de emergência - já com as armas, colete à prova de balas, vasilhas com gás lacrimogêneo e máscara de gás - e, aí sim, iniciado os disparos.
O criminoso, que usava uma máscara de gás, assim como o vilão do filme, e um colete à prova de balas na hora do tiroteio, teria atirado bombas de fumaça antes de disparar, para impedir a visibilidade das pessoas dentro do cinema. A polícia encontrou um explosivo em uma das salas.
- O tiroteio começou durante uma cena com tiros no filme, e, no início, achávamos que era um efeito especial quando a fumaça subiu (na sala). Quando os disparos continuaram e pessoas começaram a correr, soubemos que algo estava acontecendo - disse uma das testemunhas.
Segundo uma testemunha, o criminoso caminhava lentamente pelo cinema, atirando em pessoas “aleatoriamente”. A tragédia teria durado entre 20 e 40 minutos e teria começado ainda na primeira metade do filme.
Vizinhos se mostram surpresos
Testemunhas do massacre contaram que o atirador não falou uma única palavra antes de realizar os disparos, e que se manteve calmo durante todo o tempo. Holmes foi encontrado pela polícia pouco tempo depois, no estacionamento atrás do cinema.
Vizinhos do suposto atirador se mostraram surpresos com a notícia do massacre. Um morador que se identificou como Ben, disse que o suspeito era recluso e não cumprimentava as pessoas. Kaitlyn Fozin, que mora no andar de baixo de Holmes, contou que o suspeito estava ouvindo música eletrônica com o volume muito alto antes de sair para ir ao cinema. Segundo a vizinha, a música repetiu ininterruptamente - como se fosse uma única canção - até que o som parou por volta da 1h de madrugada.
Mas segundo o “Denver Post”, o próprio atirador se descreveu em um formulário para alugar apartamento como uma pessoa “quieta, mas muito tranquila”.
Jackie Mitchell, um funcionário de empresa de mudanças de 45 anos, que mora na mesma vizinhança que Holmes se surpreendeu com a notícia. Os dois tinham bebido cerveja na terça-feira e conversado sobre basquete em um bar próximo.
- Pensei: caramba, conheço esse cara! - disse.
Em comunicado divulgado hoje, a família do atirador disse ter sido pega de surpresa pela notícia do massacre:
"Nossos corações estão com as vítimas desta tragédia e com seus familiares e amigos. Pedimos à mídia que respeite nossa privacidade durante esse momento difícil. Estamos cooperando com as autoridades de San Diego, California e Aurora (Colorado). Ainda estamos tentando entender o que aconteceu, e agradeceríamos se as pessoas respeitassem nossa privacidade".
Segundo Dan Oasted, chefe da polícia local, a mãe de James, Arlene, está atualmente sob custódia policial. Policiais montaram guarda em frente à sua casa, no bairro de Rancho Penasquitos, na cidade de San Diego, Califórnia.
Menino de 6 anos morreu com os disparos
A princípio, a imprensa americana falou em 14 mortos e ao menos 50 feridos. Algumas horas depois, autoridades abaixaram o número de mortes para 12 e disseram que havia 59 feridos. Uma menina de seis anos morreu com os disparos.
O incidente aconteceu no shopping Century Aurora, que conta com 16 salas, na periferia da capital do Colorado. Segundo testemunhas, as pessoas demoraram um pouco para entender que havia um tiroteio dentro do complexo de cinemas, porque achavam que o barulho era do próprio filme, em alguma sala ao lado.
Dez pessoas morreram ainda no cinema, e duas chegaram a ser levadas para o hospital, mas não resistiram. Entre as vítimas, duas estariam em estado grave. Pessoas dizem ter visto duas crianças, que teriam 6 e 9 anos, sendo retiradas do local inconscientes. Não há informações sobre o estado de saúde delas. A vítima mais nova, um bebê de três meses, passa bem, informou a imprensa americana.
Na Flórida, o presidente Barack Obama disse estar “chocado e triste com o horrível e trágico tiroteio no Colorado”. O democrata ainda se comprometeu a submeter o culpado pelo incidente à Justiça.
- Todos nós temos o povo de Aurora em nossos pensamentos e preces. Enquanto eles sofrem pela perda de familiares, amigos e vizinhos, nós devem ficar juntos a eles nesses dias e horas difíceis por vir - lamentou Obama, que cancelou em evento de campanha por causa da tragédia.
O ataque desta sexta-feira aconteceu perto da escola de Columbine, onde dois alunos mataram 13 pessoas e depois de suicidaram, em 1999. O massacre chocou o mundo e é até hoje o quarto tiroteio mais mortal em escolas americanas.

Quatro meses após acidente, Thor Batista recupera permissão para dirigir Filho do empresário Eike Batista passou por um curso de reciclagem com aulas de direção segura e se submeteu a uma prova





Thor Batista durante um aula de reciclagem, antes de recuperar o direito de dirigir novamente
Foto: Extra (arquivo) / Urbano Erbiste
Thor Batista durante um aula de reciclagem, antes de recuperar o direito de dirigir novamenteEXTRA (ARQUIVO) / URBANO ERBISTE
RIO — Quatro meses depois de atropelar e matar um ciclista na BR-040 (Rio-Petrópolis), na altura de Xerém, Thor Batista, de 20 anos, recuperou provisoriamente o direito de dirigir, suspenso desde maio. A decisão é do desembargador Antônio Carlos dos Santos Bitencourt, que teve como base o pedido dos advogados de Thor. O filho do empresário Eike Batista teve a permissão para dirigir suspensa, inicialmente, por um ano. Além de ser multado, ele foi obrigado, por determinação judicial, a passar por uma escola de reciclagem no Detran e se submeteu a uma nova prova.
“A regra de que a suspensão ou proibição de dirigir seja admitida como penalidade, tal como previsto no artigo 293 do Código de Trânsito Brasileiro, é intuitiva de que deva decorrer de sentença condenatória por crime previsto em tal legislação e se, excepcionalmente, pelo poder geral de cautela admitiu-se a suspensão ou permissão de habilitação para dirigir, evidentemente que isso deve estar subordinado, como ato vinculado, a regramentos objetivos dispostos por norma anterior, e que, no caso, se tem por paradigma e referência a resolução 182/05 do Contran”, afirmou o desembargador em sua decisão.
Magistrado argumenta que punição era dupla
O magistrado sustentou que “enquanto a suspensão não resulte como fundamento criminal, caracterizará evidente bis in idem (punição dupla) à medida cautelar aplicada na instância penal”, uma vez que já existe sanção administrativa “que põe em linha de desproporcionalidade e razoabilidade o ato de suspensão”. Thor ainda pode voltar a ter a permissão de dirigir suspensa, já que a sentença deferiu pedido de liminar até o julgamento final do recurso.
Os advogados de Thor já tinham pedido à Justiça, no último dia 5, que ele voltasse a ter permissão para dirigir, mas a juíza Daniela Barbosa Assumpção de Souza, da 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias, negou o pedido.
No dia 17 de março, Thor voltava de Petrópolis quando atropelou Wanderson Pereira dos Santos, de 30 anos, que atravessava a pista sentido Rio da Rodovia Washington Luís, próximo a Xerém. A vítima estava empurrando uma bicicleta. Thor dirigia um Mercedes SLR McLaren prata, placa EIK-0063, acompanhado de um amigo. O filho de Eike tinha 51 pontos na carteira, acumulados nos 18 meses anteriores.
Laudo constatou que jovem dirigia a 135 km/h
Em maio, Thor foi indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar). Laudo da perícia feita durante a investigação concluiu que o estudante dirigia a 135 km/h, no momento do acidente, enquanto a velocidade máxima permitida na via é de 110 km/h. Os advogados de Thor contestaram o laudo da perícia e afirmaram que, segundo um laudo particular, o carro trafegava entre 87,1 km/h e 104,4 km/h. O caso foi investigado pela 61ª DP (Xerém).
Thor e o ciclista foram considerados responsáveis pelo acidente. Segundo o inquérito sobre o caso, ele dirigia de maneira imprudente. Mas a vítima, segundo exames realizados pela perícia, estava alcoolizada. Logo após o acidente Thor se submeteu ao teste do bafômetro, que não indicou consumo de álcool pelo jovem.

Estudo mostra que cada vítima gay é alvo de 3,9 ataques em média Relatório inédito revela que vizinhos e família são os principais agressores de homossexuais




BRASÍLIA - O governo concluiu seu primeiro Relatório Sobre Violência Homofóbica no Brasil, com um raio X desse tipo de violação ocorrida em 2011. O relatório aponta uma média de 3,9 agressões sofridas por cada uma das vítimas. A vítima não sofre apenas violência física - como socos e pontapés -, mas também psicológica, como humilhações e injúrias. O documento foi produzido pela Coordenação Geral LGBT da Secretaria de Direitos Humanos.
Em relação a número de suspeitos superar o de vítimas, o documento conclui o que aparece nos noticiários, que grupos de pessoas se reúnem para espancar homossexuais. Em 2011, ocorreram 18,65 violações de direitos humanos de caráter homofóbico por dia. A cada dia, durante o ano de 2011, 4,69 pessoas foram vítimas. Quanto ao mês de ocorrências, dezembro aparece em primeiro lugar, com 19,4% das violações, seguido por outubro (14,8%) e novembro (13,6%). Nesse período, ocorreram as conferências municipais e estaduais LGBTs.O estudo tem como base os registros de violência contra a população LGBT feitos em serviços de atendimento do governo, como a Central de Atendimento à Mulher, da Ouvidoria do SUS e denúncia efetuadas diretamente nos órgão da Secretaria de Direitos Humanos, vinculada à Presidência da República. O estudo demonstra que as agressões contra essa população são cotidianas, que há um número maior de agressores do que de vítimas e que os homossexuais foram alvos de mais de um ataque. De janeiro a dezembro de 2011, foram denunciadas 6.809 violações contra os LGBTs: 1.713 vítimas e 2.275 suspeitos. Do total das vítimas, 67,5% eram do sexo masculino e 26,4% do feminino. O restante não informou.
Nas denúncias feitas aos órgãos públicos, apenas 42% foram de iniciativa das próprias vítimas; em 26,3% dos casos o denunciante não conhecia a vítima e em 5% tratava-se de familiares, principalmente filhos e irmãos.
Por orientação sexual, a grande maioria das vítimas, 85,5%, se apresentou como homossexual; 9,5% bissexuais e 1,6% heterossexuais. Em relação a raça e cor autodeclarada, 51,5% das vítimas são negros (pretos e pardos) e 44,5% são brancos.
Entre os agressores, prevalecem os familiares (38,2%) e os vizinhos (35,8%). Entre os familiares, as mães agridem mais os filhos que os pais. Sobre o local da violência: 42% acontecem em casa - da vítima e do suspeito - e na rua, 30,8%. Quanto ao tipo de violência, a psicológica é a de maior incidência,com 42,5%, seguidas de discriminação (22,3%), da violência física (15,9%). Entre os tipos de violência psicológica estão as humilhações, hostilizações e ameaças.
O relatório conclui que a homofobia atua de forma a desumanizar as expressões de sexualidade divergentes da heterossexual, atingindo a população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais em todos os níveis e podendo ser encontrada nos mais diversos espaços, desde os institucionais até o nível familiar.
"Os dados denunciam que a sociedade brasileira ainda é extremamente sexista, machista e misógina. Os números que apresentam a maioria dos agressores como do sexo masculino atestam o quanto a masculinidade construída socialmente sente-se ameaçada por outras vivências da sexualidade. O quanto tudo o que foge da heteronormatividade é visto como doentio, criminoso ou que necessita de “correção”. E a “correção”, “cura” ou “pena” desse indivíduo “não-humano” se dá de forma violenta e com a anuência social, às vezes explícita e outras implícita".
O documento constata que homofobia pode ser mais sentida por jovens e por negros e pardos, o que corrobora estudos que revelam que essa população é a mais atingida pela violência. "Entendemos que o maior número de jovens vítimas da violência homofóbica pode estar associada ao fato de esses jovens negarem-se às restrições impostas pelos guetos LGBT. Aqueles espaços restritos a população LGBT já não atendem aos anseios dos jovens LGBT, eles já ocupam as ruas de diversas capitais brasileiras e não têm receio de demonstrar afeto publicamente".



'Se politizarem julgamento, Lula pagará a conta', diz Jefferson Após ser qualificado, pela defesa de Dirceu, como 'pessoa de abalada credibilidade', presidente do PTB se defende e diz que foi um 'grande equívoco' deixar Lula fora do processo


20 de julho de 2012 | 19h 43

Christiane Samarco, de O Estado de S. Paulo
Antes mesmo de o Supremo Tribunal Federal (STF) dar início ao julgamento do mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson mostra que está disposto a arrastar com ele, ao banco dos réus, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Reeleito presidente nacional do PTB pela quarta vez consecutiva, Jefferson diz que foi "um grande equívoco" deixar Lula fora do processo e ameaça: "Se tentarem politizar esse julgamento, Lula vai pagar a conta. Vou à tribuna do Supremo".

Roberto Jefferson ameaça levar Lula ao banco dos réus do mensalão - Ed Ferreira/AE
Ed Ferreira/AE
Roberto Jefferson ameaça levar Lula ao banco dos réus do mensalão
O que deixou o autor da denúncia do mensalão furioso esta semana foi a informação de que os advogados do ex-ministro José Dirceu, apontado por Jefferson como "o chefe da quadrilha", referem-se a ele como "pessoa de abalada credibilidade" no memorial de defesa entregue ao STF. Tudo para desacreditar aquele que, segundo a defesa de Dirceu, teria criado o termo "mensalão".
"Qualquer ataque a mim será respondido no mesmo tom", avisa o ex-deputado. Embora tenha se surpreendido com um diagnóstico indicativo de câncer no pâncreas e já tenha agendado uma cirurgia para o próximo sábado, 28, Jefferson aposta que estará recuperado até o dia do julgamento de seu processo. Se os demais réus fizerem uma "defesa técnica e jurídica", seu caso será conduzido pelo advogado Luiz Barbosa. Se politizarem o processo, ele faz questão de fazer pessoalmente sua defesa, como advogado que é, da tribuna do STF.
Não por acaso, Luiz Barbosa tem dito que vai usar metade da uma hora a que tem direito na sustentação oral do STF para bater na Procuradoria-Geral da República e desqualificar a denúncia, por não ter incluído o ex-presidente Lula. Para a defesa do presidente do PTB, Lula que será apontado como comandante do esquema. A outra meia hora, Jefferson reserva para que ele mesmo possa se defender, partindo para o ataque.
O presidente do PTB lembrará que o Ministério Público sustenta a tese de que houve corrupção para favorecer o governo. E dirá que ministros são meros auxiliares, uma vez que a Constituição confere apenas ao presidente, chefe do Executivo, o poder de baixar decretos e propor projetos de lei autorizando ministros a fazer pagamentos e gastos. "O governo era o Lula, e não o Zé Dirceu", argumenta.
Ele quer rebater pessoalmente os argumentos do memorial de defesa de José Dirceu. Diz o documento que "a acusação de compra de votos é sustentada por um único e frágil pilar: Roberto Jefferson". Em seguida, os advogados do ex-ministro afirmam que Jefferson estava "no foco de graves acusações relacionadas com a gravação de Maurício Marinho recebendo dinheiro nos Correios".
A defesa de Dirceu acrescenta, ainda, que foi esse contexto que levou Jefferson "a buscar o palanque da mídia e a inventar que parlamentares vendiam votos por uma mesada de R$ 30 mil. Assinam o memorial entregue ao STF os advogados José Luís Oliveira Lima e Rodrigo Dall'Acqua.

A sugestiva rebelião de juízes (Editorial)



A Justiça se acostumou a viver em ‘torres de marfim’
O Globo
O fato de magistrados se rebelarem contra uma lei e decidirem contrariar determinação do órgão de controle da Justiça lembra atitudes de corporações sindicais. Tão ou mais grave que o fato em si é a motivação dele: os rebelados se opõem à aplicação nos tribunais da Lei de Acesso à Informação, passo importante no processo de 
democratização do país. São contra a transparência no destino dado ao dinheiro do contribuinte — pelo menos nas Cortes —, um requisito de qualquer sociedade moderna.
Em reunião realizada na quarta-feira pelo Colégio Permanente de Tribunais de Justiça, os 24 presidentes dos TJs se colocaram contrários à resolução do Conselho Nacional de Justiça — cujo presidente é o mesmo do Supremo Tribunal Federal, ministro Ayres Britto — que estabeleceu ontem o dia do esgotamento do prazo para a 
divulgação da lista nominal de juízes e servidores do Judiciário, com respectivos salários e adicionais. Como determina a lei.
Mas, felizmente, não há uma posição monolítica do Judiciário. O Supremo, no final de junho, divulgou seus dados — não poderia ser de outra forma, por ser a Corte a última linha de defesa do estado de direito. Ontem, como determinado pelo CNJ, foi a vez do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
As resistências ocorrem nos tribunais regionais, por sinal, como em outras ocasiões, quando o CNJ atuou na linha da moralização. Por exemplo, contra o nepotismo. Também partiu dos TJs o movimento, derrotado no STF, para manietar a corregedoria do conselho. Agora, como das vezes anteriores, alinha-se aos tribunais a Associação dos 
Magistrados Brasileiros (AMB).
A argumentação contrária à divulgação dos rendimentos de juízes e servidores se baseia na Constituição. Seja na garantia à privacidade ou em interpretações de que a própria Carta não determinaria uma transparência tão grande quanto a fixada pela Lei de Acesso.
Em carta aberta divulgada ontem, o presidente do TJ do Rio de Janeiro, desembargador Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, pede, inclusive, que o plenário do STF decida sobre a divergência.
Pode ser que este seja o destino final da polêmica. Mas é necessário entender o pano de fundo dela. Na verdade, o Judiciário passa por um choque cultural desde a aprovação, em dezembro de 2004, do projeto de emenda constitucional n 45, base do atual processo de reforma do Poder. A PEC instituiu, entre outras novidades, o CNJ. E a partir dele os tribunais regionais e todas as Cortes deixarem de ser “torres de marfim” isoladas, possessões sem qualquer supervisão. A Lei de Acesso, posta em execução, como tem de ser, pelo STF e o CNJ, é mais um abalo 
nas fundações destas “torres”.
Não é por coincidência que corporações sindicais de servidores públicos em geral têm a mesma reação de juízes. O funcionalismo público como um todo nunca teve qualquer visão ampla de prestadores de serviços. Também formaram castas, as quais não consideram estar obrigadas a prestar contas sequer a quem lhes paga o salário, a 
sociedade. Tanto que várias categorias se encontram em greve, mesmo em atividades essenciais. A rebelião de juízes é parte de um todo.

Do FMI, com carinho, por Miriam Leitão


Enviado por Ricardo Noblat - 
21.7.2012
 | 9h02m

ECONOMIA

Miriam Leitão, O Globo
Não precisamos do Fundo Monetário para nada. Mesmo assim, é bom ver um relatório, como o divulgado ontem, em que o FMI aposta numa retomada em breve de um ritmo de crescimento de 4%; apoia as iniciativas adotadas diante da crise, como a política monetária que derrubou a taxa de juros fortemente. A equipe ficou aqui duas semanas. Outra ficou dois meses. Há alertas. Podemos ouvir ou não. Melhor ouvir.
Outros países, outrora mais desenvolvidos do que nós, têm que se explicar e estão com a população em protestos nas ruas. Sabemos o que é isso, mas é passado. O fundo não manda mais os arrogantes auditores de fiscalização de cumprimento de metas. Envia apenas os analistas que visitam anualmente todos os países-membros. Vêm pelo chamado “artigo IV”, que prevê essas visitas periódicas para avaliar a política macroeconômica.
Outra equipe ficou dois meses analisando a saúde dos bancos e, em breve, vai divulgar seu relatório. Para quem viu o tempo das grandes crises da dívida externa, é interessante notar a normalidade: eles entram e saem, e não são notícia. Melhor assim.
Na visão do Fundo, a economia brasileira ganhará “momentum” no segundo semestre. Vai acelerar o ritmo de crescimento, chegando a uma velocidade de 4% no último trimestre e assim ficar em 2013. Eles ainda apostam em 2,5% no ano, considerado otimista pelos analistas brasileiros.
Onde é que mora o perigo? Nós sabemos, mas eles disseram. A poupança é baixa demais para manter o ritmo adequado de crescimento. É preciso redirecionar o eixo do crescimento do consumo para o investimento. Só assim, vai se assegurar um crescimento forte e balanceado.
É preciso também, alertam, aumentar a produtividade através da redução das falhas na infraestrutura. Uma baixa taxa de poupança com um crescimento baseado no consumo, mantido em parte pelo endividamento, aumentaram o déficit em transações correntes.
É preciso também um sistema de monitoramento do crédito para evitar desequilíbrios. Nada que não saibamos. O país precisa investir mais, poupar mais, em vez de o governo mandar os brasileiros se endividarem mais. O custo da dívida das famílias com financiamento é maior do que em muitos outros países.
Um dos gráficos do relatório do FMI mostra um descompasso que pode gerar desequilíbrios: a confiança dos consumidores permanece alta; a dos empresários está em queda. Empresário desconfiado não investe.
O governo ficou satisfeito com o relatório do FMI. No geral, é muito positivo às políticas macroeconômicas. Particularmente, acho que eles subestimam riscos fiscais associados à construção de um mecanismo parafiscal de despesas via BNDES.
No parágrafo 17 do texto de 82 páginas, o Fundo afirma que o governo tem mantido o superávit primário de 3,1% do PIB, mas ao mesmo tempo, tem feito transferências anuais de 1,25% do PIB para o BNDES. Mesmo assim, se for mantido o superávit primário, a dívida/PIB pode cair de 65% para 55% até 2017.
O FMI trabalha com o conceito de dívida bruta; aqui, o governo costuma apresentar apenas o da dívida líquida, que está em torno de 40%, mas o conceito usado pelo mundo inteiro é esse que dá 65% de dívida. De qualquer maneira, fica clara a importância da manutenção do superávit primário, que produzirá uma queda de dez pontos percentuais na dívida em cinco anos.
O FMI elogia a ação do Banco Central, muito criticada à época, de começar a redução das taxas de juros em agosto do ano passado. Muitos analistas afirmaram — inclusive eu — que a queda dos juros naquele momento era um enorme risco, já que a inflação estava muito acima do teto da meta. O que os fatos comprovaram depois é que o Banco Central tinha visto, antes dos analistas e dos jornalistas, o aumento do risco externo.
No final do ano passado, a crise europeia agravou-se fortemente e isso derrubou a atividade, acentuando a queda da inflação que já era prevista. Ainda assim, a meta só foi cumprida, como disse ontem aqui, com adiamento de reajustes de preços sobre os quais o governo tem controle. Não é, claro, a melhor forma de ficar dentro do intervalo tolerável para a meta.
O Fundo acha que o Brasil é vulnerável aos efeitos da crise externa, porque existem importantes canais de contágio, como as condições de financiamento externo mais difíceis e a queda dos preços das commodities. Vê também risco inflacionário como impacto da desvalorização do real, que já é de 25% quando comparado com julho do ano passado.
O banco sugere algo que é pedido por dez em cada dez contribuintes brasileiros: uma reforma que torne o sistema tributário brasileiro menos “opressivo pela sua complexidade”. O sistema aumenta o custo de fazer negócios no Brasil. O Fundo aprovou as medidas de intervenção no mercado de câmbio, como a cara acumulação de reservas e até o controle da entrada de capital através do IOF.
Nós mudamos, mudaram o mundo e o Fundo. Há muitos países com problemas mais agudos do que o Brasil. Por isso, merecemos os elogios. O foco deveria ficar nos recados: poupar mais, investir mais, reduzir a opressão de um sistema tributário complexo e tomar cuidado com o crescimento induzido pelo aumento da dívida das famílias.

#ELEIÇÕES2012 - Ninguém mora nos prédios inaugurados por Dilma e Eduardo Paes


Posted: 20 Jul 2012 07:33 AM PDT

Lançamento do Bairro Carioca, no primeiro dia de campanha eleitoral, não passou de encenação: apartamentos ainda não têm luz, água e gás. Só operários ocupam o local

Cecília Ritto, do Rio de Janeiro
VEJA


Material para obra está espalhado pelo Bairro Carioca - Cecília Ritto


Paes chegou a ser advertido pelo Ministério Público Eleitoral para que não fosse às inaugurações. O prefeito, como contava com um desencontro entre o calendário eleitoral e o período de restrição a inaugurações – que só começava no sábado, um dia depois – manteve os planos. O problema, vê-se agora, não era o prefeito participar de uma inauguração, mas o fato de a presidente e o governador também apresentarem como pronto algo que não está terminado, no primeiro dia de campanha

Não se sabe se foi Dilma Rousseff quem caiu na armadilha de Eduardo Paes. Ou se foi Paes o iludido pela presidente, numa falsificação com participação também do governador Sérgio Cabral. O fato é que não passou de encenação a inauguração do conjunto habitacional Bairro Carioca, no primeiro dia de campanha das eleições municipais, no Rio de Janeiro, com participação dos três governantes. É certo também que o eleitor foi tratado como tolo: até hoje o local não recebeu nenhum desabrigado pelas chuvas de dois anos atrás na capital, e nem a claque que defendeu Dilma dos manifestantes, naquela sexta-feira, 6 de julho, ronda o canteiro de obras tocado com verbas do Minha Casa, Minha Vida, da União. O evento festivo, na ocasião, era a "entrega de chaves" aos moradores, como consta na convocação feita pela prefeitura.

Na manhã desta quinta-feira, 13 dias depois da inauguração, os únicos no Bairro Carioca, em Triagem, na região central do Rio, eram os operários, vestidos com capacete e botas para enfrentar a lama formada com a chuva. Se alguém caiu na esparrela e tentou se mudar para os prédios, ficou sem luz, sem gás e sem água: pela manhã, funcionários trabalhavam para fazer a ligação das instalações com os apartamentos.


Roberto Stuckert Filho/PR

Sérgio Cabral, Dilma Rousseff e Eduardo Paes durante entrega de unidades habitacionais

No dia 6, a festa foi montada pelos governos federal e municipal com direito a presença de grande parte do secretariado de Paes e do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro. Pipoca, balões e algodão doce foram espalhados pelo bairro para comemorar que moradores de áreas de risco ou desabrigados das chuvas teriam, novamente, uma casa. Primeiro, seriam entregues 460 unidades, nos blocos 1 e 3. Esses são os dois segmentos com as obras em estágio mais avançados. No entanto, ainda não têm condições de receber seus novos donos.

Paes chegou a ser advertido pelo Ministério Público Eleitoral para que não fosse às inaugurações. O prefeito, como contava com um desencontro entre o calendário eleitoral e o período de restrição a inaugurações – que só começava no sábado, um dia depois – manteve os planos. O problema, vê-se agora, não era o prefeito participar de uma inauguração, mas o fato de a presidente e o governador também apresentarem como pronto algo que não está terminado, no primeiro dia de campanha.

No Bloco 1 do Bairro Carioca, por exemplo, falta colocar azulejo em algumas partes, como nas escadas. O entulho precisa ser retirado, principalmente do térreo. Os móveis ainda têm de ocupar os espaços vazios, como as salas dos apartamentos. Operários que vão e vem não cessam de listar coisas ainda por fazer no Bairro Carioca, sobretudo nos blocos vizinhos. “Estamos no arremate final”. “Estou colocando a textura nas paredes”. “Farei a ligação do gás com as casas”. “Precisa tirar a terra da frente dos prédios”, dizem os trabalhadores.

Do lado de fora, mas ainda dentro do conjunto habitacional, parte da grama que enfeita a entrada dos blocos está sendo colocada. Uma quantidade de terra no entorno dos prédios denuncia que o Bairro Carioca ainda não está apto a receber seus moradores. Pias e privadas empacotadas foram posicionadas à frente dos primeiros blocos. Em uma andança pelo local, se esbarra também com poças d’água, janelas com tinta nos vidros e buracos para a criação de bueiros.

O bloco 5, cuja inauguração não estava prevista para o dia 6, fica próximo aos apartamentos que deveriam ter sido entregues. Na frente desse módulo, uma barreira de terra dificulta a passagem. Dentro, um amontoado de entulho e de material. Em todos os blocos onde o formato de uma casa está próximo, a fiação fica à mostra. Serão os novos moradores os responsáveis por colocar luz e chuveiro. 

Por enquanto, o som do Bairro Carioca é de batidas dentro dos apartamentos, conversa entre os operários e, às vezes, de um pagode cantado pelos trabalhadores. Quem está lá todos os dias relata que os novos moradores passam no local para saber como estão suas casas. Por enquanto, nem é preciso entrar para perceber que a obra continua.

Segundo a prefeitura, não há nada fora do previsto e a ida dos moradores ocorrerá ainda este mês. No dia 12 houve uma reunião entre o executivo municipal e os novos habitantes do Bairro Carioca para acertar detalhes da mudança.

Atirador é considerado um ‘fantasma’ online



by Fábio Pannunzio

A maioria das pessoas nascidas na geração 2.0 compartilha muito da vida na internet. Fotos de almoços com amigos, reclamações sobre o dia a dia, anseios e dúvidas existenciais enchem as redes sociais de perfis online. A história também tem mostrado que muitas vezes os atiradores solitários tendem a contar suas intenções na internet muito antes de cometer qualquer ato de violência. Mas James Holmes, jovem de 24 anos que abriu fogo em um cinema em Denver, no Colorado, e deixou 12 mortos, além de dezenas de feridos, parece ser uma exceção à regra.
A polícia diz que o suspeito não tem antecedentes criminais. Um relatório do FBI conta que ele veio de San Diego e que sua mãe ainda mora lá. Os vizinhos afirmam que ele era recluso e não cumprimentava as pessoas. Um professor elogia suas capacidades matemáticas e diz que ele era um aluno excepcionalmente esperto. Em comunicado divulgado hoje, a família do atirador disse ter sido pega de surpresa pela notícia do massacre. E só, é tudo que se sabe sobre ele. Nada de perfil no Facebook, no Twitter, no MySpace ou no Instagram. Ele é o que especialistas chamam de fantasma on line.
Lance Ulanoff, editor do site Mashable.com, conta que passou todo o dia procurando qualquer pista sobre o suspeito na internet. Sem achar nada, mudou a pesquisa do Google e das redes sociais para sites de entusiastas de armas com base no Colorado. Em um dos fóruns, ele usou o sistema de busca para cavar pesquisas com as palavras-chave: “Aurora”, “cinema” e “Batman”. Três horas depois, continuou sem achar nada relacionado ao incidente ou qualquer conversa aleatória sobre um plano para matar pessoas em um cinema.
- Para mim, é inconcebível que Holmes não tenha um perfil online. A resposta mais óbvia é que ele não vem usando seu nome real na rede - disse no site.