terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Lula não perde por esperar



Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Márcio Accioly

Depois de passar boa parte de seus dois mandatos dizendo que “não sabia de nada”, mas metendo a mão em tudo, o ex-presidente Lula da Silva, conhecido como Lularápio, quer transmitir a impressão de que, agora, sabe de tudo! Sua ex-excelência, que somente por viver num país desmoralizado como o nosso, continua livre (deveria ser algemado e preso), não contou nada sobre nada dos inúmeros crimes praticados nas suas duas gestões, mas entende que os idiotas que pagam impostos lhe devem tudo.

O chefe da quadrilha dos que fazem o PT arruinou a Petrobras, mantinha amante na representação da Presidência em São Paulo (hoje respondendo a processos judiciais altamente sigilosos), viajou com essa amante por mais de uma centena de países, delegando-lhe poderes para a prática de ações vinculadas a roubo e gatunagem do dinheiro público, mas ainda se acha apto a exigir e fazer cobranças.

No mensalão, os principais aliados de sua ex-excelência foram condenados e presos (depois, numa TV portuguesa, ele negou que algum fosse seu amigo) e, agora, na Petrobras, as nove digitais das duas mãos de Lula da Silva se encontram estampadas bem visíveis. Mas ele sabe que se forem observadas outras estatais, os rombos serão até maiores, especialmente se o BNDES entrar na fila de auditagem do financiamento de obras em países africanos e sul-americanos, passando pelo Porto Mariel, em Cuba.

Lula da Silva é capaz de qualquer coisa, inclusive provocar uma guerra civil no país, se lhe restassem forças para tanto, com a convocação que sempre faz de militantes para defender a Petrobras que ele e seus cúmplices roubaram. Pode-se acusar o ex-presidente de tudo, menos de idiota. Suas ações na Presidência da República, mesmo aquelas consideradas de complicado entendimento, revelam um oportunista frio, pessoa calculista que bem sabe mensurar os próprios passos.

Quem se lembra de matéria publicada no jornal O Globo (03/12/05), dizendo que Marisa Letícia requereu e conseguiu cidadania italiana por ser neta de pessoas daquele país? Lula não requereu cidadania italiana, pois teria de renunciar à brasileira, caso mudasse em definitivo para aquele país. Mas fica claro que as coisas se encontram encaminhadas, se houver acontecimento indesejável e inesperado como, por exemplo, tumulto social em função da roubalheira que será ainda atribuída ao ex-presidente.

Com o agravamento da situação social, o ex-presidente ver-se-á certamente obrigado a prestar esclarecimentos pendentes sobre um monte de questões nunca respondidas. Se a situação ficar muito difícil, resta o conforto de saber que a mulher e os filhos possuem dupla cidadania e podem sair com facilidade no momento que o desejarem. O então presidente pavimentou caminhos com muitos financiamentos (pelo BNDES), especialmente o mal explicado porto de Mariel.

O avanço dos depoimentos e da investigação a respeito da Petrobras poderá sofrer abalos consideráveis na medida em que a crise social exija resposta contundente do Judiciário. Tudo isso, num cenário em que vai faltar água, energia e pão. Não há corporativismo que resista, seja qual for a esfera de Poder, quando a população deixar de ser atendida em suas necessidades básicas. Nós poderemos ter multidões incalculáveis nas ruas, em pouco tempo, dependendo das condições climáticas.

Quem imaginar que Lula da Silva bate prego sem estopa está muito enganado! Ele pode ser analfabeto e mentiroso, mas é ladino e sabe agir politicamente. O problema é que tentar ser velhaco demais pode resultar em desastre. Diz-se que se o velhaco soubesse da vantagem que é ser honesto, seria honesto até por velhacaria. O ex-presidente sempre foi bem sucedido nas patifarias e tramoias em que se meteu.

O que ele não viu ainda é que, desta vez, até a natureza está conspirando contra.


Márcio Accioly é Jornalista.

EUA enchem Janot de provas e Petrolão já preocupa Lula e seus amigos, rumo à desgaste total de Dilma



Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, retorna ao Brasil na quinta-feira repleto de informações passadas pelo Departamento de Justiça dos EUA sobre a "Car Wash" (como eles chamam por lá a Lava Jato daqui). Nos bastidores do Judiciário, circulavam ontem informes de que Janot teve acesso a gravações comprometedoras feitas pela espionagem norte-americana que investiu pesado no Petrolão. No entanto, "grampos" de telefone e e-mail não serão usados como provas nos processos. Graves são os documentos que incriminam políticos e que provam erros concretos cometidos por diretores e conselheiros da Petrobras ferindo a legislação norte-americana contra corrupção no mercado de capitais.

Os investidores norte-americanos prosseguem nos processos contra a Petrobras. O procurador-geral do estado americano de Ohio, Mike DeWine, anunciou que, em nome dos aposentados do setor público estadual, apresentou uma ação contra a petrolífera por violação das leis federais do mercado de capitais. DeWine informou que os fundos de pensão dos estados de Idaho e Havaí também se uniram à ação, apresentada à corte distrital de Nova York. A cidade americana Providence, em Rhode Island, também está acionando a petroleira brasileira na Justiça. Os processos nos EUA afetam diretores e conselheiros da Petrobras, incluindo Dilma Rousseff, que presidiu o Conselhão da estatal. É alto o risco de condenações a pesadas multas e até penas de prisão. O caso está com o juiz Jed Rakoff, com fama de durão.

Janot e os promotores da força-tarefa da Lava Jato só voltam ao Brasil menos pressionados que os 33 (ou mais?) políticos que passarão um carnaval dos infernos por aqui, temendo a provável denúncia na Quarta ou Quinta-feira de Cinzas. A cada novo depoimento na 13a Vera Federal em Curitiba, O Presidentro Luiz Inácio Lula da Silva, sua Presidenta Dilma Rousseff e os aloprados do PT entram em desespero máximo. Indícios bem concretos já começam a ligar pessoas muito próximas a ele com o escândalo. Uma delas é o documento do Banco Central, vazado pela revista IstoÉ, comprovando que o amigão José Carlos Bumlai contraiu um empréstimo irregular de R$ 12 bilhões junto ao falido banco da construtora Schahin, em troca de contratos suspeitos com a Petrobras.    

Lula também ficou pt da vida novamente com a ex-gerente da Petrobras, Venina da Fonseca, que voltou a dizer que foi advertida pelo ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, de que suas denúncias iriam derrubar o ex-Presidente da República e o então presidente da estatal José Sérgio Gabrielli. Em depoimento, sexta-feira passada, no processo envolvendo réus ligados a Galvão Engenharia, Venina foi pressionada pelo advogado de defesa do doleiro Alberto Youssef a lembrar a conversa com Costa em 2008, contada por Venina na entrevista de dezembro ao programa Fantástico, da Rede Globo. Na versão, Venina teria ouvido de Costa, apontando para o retrato de Lula, o desabafo: “Você quer derrubar todo mundo?”.

Venina repetiu no depoimento ao juiz Sérgio Fernando Moro: " Aí eu falei com ele o seguinte: 'ele já fez, não tem como eu agora chegar e falar 'vamos esquecer o que aconteceu e vamos realmente trabalhar diferente daqui pra frente''. Existia um fato concreto que tinha que ser apurado e que tinha que ser investigado. Aí neste momento ele ficou muito irritado comigo. A gente estava sentado numa mesa da sala dele, ele apontou pro retrato do Lula, apontou também pra direção da sala do Gabrielli e me perguntou: 'você quer derrubar todo mundo?' Aí eu fiquei assustada e falei pra ele assim: 'olha, eu tenho duas filhas, eu tenho que colocar a minha cabeça num travesseiro e dormir, e no outro dia de manhã eu tenho que olhar nos olhos dela e não sentir vergonha".

Além da Lava Jato, os políticos brasileiros ficaram encagaçados com a investigação realizada por 154 jornalistas de 45 países e batizada de “SwissLeaks”. A apuração do ICIJ (The Internacionational Consortium of Investigative Journalists) revelou que o Brasil ocupa a quarta posição em número de clientes com passaporte ou nacionalidade brasileira envolvidos num vasto sistema de evasão de divisas aceito pelo banco HSBC britânico através de sua filial suíça. Nada menos que 8.667 clientes tinham algum vínculo com o Brasil, sendo 55% com a nacionalidade brasileira. Os documentos vazados por um ex-funcionário da área de informática do banco mostram ainda que o Brasil é o nono país em volume de dinheiro associado a contas no paraíso fiscal, com um total de US$ 7 bilhões no período analisado, entre 2006 e 2007.

O dia promete ser eletrizante com a decisão sobre a provável revogação da liberdade a Renato Duque. O ex-diretor da Petrobras deve retornar à prisão que o criativo humorista governista Paulo Henrique Amorim batizou de "Guantanamo de Curitiba". Para piorar, vem aí, da Itália, a decisão sobre a extradição ou não de Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, condenado na Ação Penal 470, do Mensalão. Se o cara retornar, o inferno petista terá aumentos substanciais de temperatura e pressão. Ainda mais no momento em que o "Impeachment de Dilma" caiu na boca do povo - como bem ironizou ontem um ex-petista, o senador Cristovam Buarque, do PDT, partido que faz parte da base aliada.

Vitória governista

Os petroleiros terão um novo representante no Conselho de Administração da Petrobras.

O candidato apoiado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, venceu o segundo turno das eleições, realizadas segunda-feira, com 57,8% dos votos.

O atual representante dos trabalhadores no Conselho, Sílvio Sinedino, ficou com 42,1% dos votos.

Vira o jogo?


Queda momentânea?


Porre carnavalesco




© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 10 de Fevereiro de 2015.

Tristão e Isolda



Tristão e Isolda é uma lenda medieval de origem céltica, que constitui uma das mais belas histórias de amor alguma vez concebidas. As primeiras versões escritas datam do século X. Os trovadores anglo-normandos de língua francesa e a rainha Leonor de Aquitânia contribuíram para a sua difusão na Europa. 
Conta-se que Tristão ficou órfão, despojado injustamente da sua herança por vassalos de seu pai. Foi recolhido pelo tio, o rei Marco, da Cornualha, que o ajudou a tornar-se num cavaleiro da Távola Redonda. Tristão venceu a batalha contra o gigante Morolt, mas ficou gravemente ferido. Os seus ferimentos só poderiam ser curados pela magia da Rainha da Irlanda, grande inimiga do seu tio. Antes de se dirigir ao castelo da Rainha, Tristão disfarçou-se de músico, tomou o nome de Tãotris e tornou-se professor de música da princesa Isolda, a Loura. Tristão, já curado, matou um cruel dragão, em Weisefort, na Irlanda, e voltou para o castelo de seu tio Marco, a quem descreveu a beleza de Isolda com a qual o jovem tinha ficado impressionado.
O rei Marco ficou contente com as palavras do sobrinho, que o inspiraram a encontrar uma solução para acabar com a velha inimizade entre os dois reinos. Mandou, então, um emissário ao reino da Irlanda para que pedisse, em seu nome, a mão de Isolda. A Rainha da Irlanda concordou com o casamento e organizou um banquete. Para que nascesse uma paixão forte e duradoura entre Marco e Isolda, a Rainha mandou fabricar uma poção mágica do amor para lhes servir.
Durante o banquete, por descuido, os copos que tinham a poção mágica foram trocados e servidos a Tristão e Isolda, que se apaixonaram imediatamente. No entanto, a cerimónia do casamento entre Marco e Isolda prosseguiu. Tristão e Isolda, vivendo uma paixão incontrolável, decidiram encontrar-se às escondidas para viver o seu amor. Um dia, foram surpreendidos pelo rei Marco, que, magoado com a traição, os expulsou do castelo. 
Os enamorados vaguearam durante muito tempo, sem qualquer ajuda, até que chegaram a um ponto de grande pobreza e debilidade física. Compadecido, Marco recolheu Isolda no castelo e enviou Tristão para bem longe, em França, onde este chegou a casar-se com uma outra jovem, filha do Duque da Bretanha, também chamada Isolda. A jovem, que era conhecida como Isolda, a das Mãos Brancas, nunca conseguiu ver retribuído o amor que sentia por Tristão e este nunca consumou o casamento, dado que continuava fiel ao seu primeiro amor. Passado algum tempo, Tristão ficou ferido noutra batalha e pediu à sua amada Isolda, a Loura, que tinha herdado os dotes mágicos de cura da Rainha da Irlanda, que viesse socorrê-lo. Combinaram então que, se o navio, que tinha enviado com o emissário, voltasse com velas brancas, a resposta de Isolda, a Loura, seria afirmativa; mas, se as velas fossem negras, ela não poderia vir. Isolda, a das Mãos Brancas, com ciúmes, resolveu vingar-se da indiferença do marido, dizendo-lhe que o navio tinha chegado com as velas negras porque Isolda tinha falecido durante a viagem. Tristão não suportou a perda de Isolda e morreu de desgosto. Quando Isolda, a Loura, encontrou Tristão sem vida, sentiu uma grande dor e morreu também de desgosto, abraçada ao corpo de Tristão. Foram enterrados lado a lado. Diz a lenda que das sepulturas nasceram duas árvores que cresceram entrelaçadas para que nunca fossem separadas.

Tristão e Isolda é também um drama lírico em três atos, com texto e música da autoria do compositor alemão Richard Wagner (1813-1883), publicado em 1865. O assunto é o da lenda medieval, acima referida. A música obedece a uma estrutura surpreendente que, através de um cromatismo muito vincado, dá expressão admirável à paixão, à ternura e à dor, sentimentos que dominam o desenrolar da ação.
Fontes: Infopédia
wikipedia (imagens)

Tristão e Isolda com a poção mágica, por John William Waterhouse
Tristão e Isolda - Herbert Draper
 Tristão e Isolda - Edmund Blair Leighton 

O que é isso, companheiros? - RUTH DE AQUINO


Revista Época 

Os 35 anos do Partido dos Trabalhadores não poderiam ser comemorados sob nuvens mais negras (leia o artigo de Fernando Schüler à página 46). O número do PT é 13 e também são 13 os anos no Poder. Fundado no auditório de um colégio de freiras em 1980, o PT parece a bela adormecida. Alheio ao caos a sua volta, num sono profundo, enfeitiçado pela bruxa e à espera de um príncipe encantado que resgate sua vida, sua moral, seus valores, seus súditos e seus sonhos. O príncipe não aparecerá. Ele já abandonou o castelo e se juntou aos aliados amotinados, que sentiram algo de podre no reino.

O tesoureiro foi recolhido em casa por policiais que precisaram pular o muro. Ele não explica como o PT tesourou o Brasil em cerca de US$ 200 milhões em propinas para entregar tudo ao rei e à rainha - caso sejam verdadeiras as denúncias do delator. Como erguer com orgulho, no aniversário, o punho e a estrela vermelha de cinco pontas? Em outros tempos, punho erguido era símbolo de luta, de dignidade. Foi vulgarizado pelos condenados por improbidade. Hoje, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, não convence ao afirmar: "Não aceitamos o estigma da corrupção, somos um partido honesto, que cumpre as leis". Palavras de pomba ou de falcão?

Não há alegria na constatação de que um partido de esquerda traiu de forma tão desavergonhada seus ideais de ética e transparência. O deputado federal Chico Alencar, um dos fundadores do PT, chorou em 2005 quando soube do caixa dois pago pelo operador Marcos Valério e pelo então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, ao marqueteiro Duda Mendonça - para eleger Lula. O cartaz no Congresso, rabiscado por petistas desiludidos, dizia: "Não em nosso nome".

Mal sabíamos que era um episódio cândido, diante das perversidades com o dinheiro público que o PT, em vez de frear, aprofundou. Em 2005, Lula disse: "Estou com o peito doendo. A gente não precisava estar vivendo isso. Nunca participei de arrecadação de campanha". Agora, uma década depois, Chico Alencar lembra versos de Chico Buarque que o emocionaram durante anos após sair do PT. São da canção "Meia-noite": Seu navio carregado de ideais/ que foram escorrendo feito grãos/as estrelas que não voltam nunca mais/e um oceano para lavar as mãos.

"Durante um bom tempo eu chorava quando ouvia essa música. Mas esses grãos nem existem mais. A nau do PT é um navio pirata que não escolhe porto, saqueia o que vê pela frente", disse o deputado federal do PSOL do Rio de Janeiro, formado em história. "No início do século passado, o sociólogo Robert Michels já falava da degeneração dos partidos operários quando chegavam ao Poder, com suas burocracias, nomenclaturas, oligarquias. O PT é mais um."

Em 2002, Lula, pela quarta vez candidato a presidente, disse aos companheiros: "Cansei de disputar eleição só para marcar posição. Que o partido se vire. Quero vencer". Duda Mendonça era conhecido como "o bruxo das campanhas", um marqueteiro capaz de fazer o Maluf parecer honesto. Petistas éticos pediram a Delúbio que publicasse os gastos da campanha com transparência. "Transparência demais é burrice", respondeu Delúbio numa reunião do diretório.

Burrice foi, depois do mensalão, continuar a tesourar o país usando sua maior estatal, a Petrobras, em conluio com empreiteiras. "Nem o mais desvairado dos privatistas conseguiria fazer com a Petrobras o que o PT fez", diz Chico Alencar. Os programas podais do Brasil não rivalizam nem de longe com os desfalques que vêm à tona na Operação Lava Jato. É constrangedor para o PT comemorar aniversário como se fosse uma vítima das circunstâncias.

Aniversário deve servir para rever a vida, mudar atitudes nefastas, posturas egoístas, descuidos com a saúde. Em seus 35 anos, o PT deveria retomar uma tradição esquecida da esquerda e fazer profunda autocrítica. Se continuar nessa de celebração, desagravo público e chororô de perseguido pela mídia, aprofundará a decadência. Não adianta culpar antecessores e tucanos. O pecado do pregador choca muito mais que o pecado do pecador. O PT traiu suas promessas. Entre sua eleição e a posse, Lula disse: "Não temos o direito de errar". Abusou do erro. Hoje, o PT é engolido até por aliados.

Uma multidão de militantes interpreta as críticas a Dilma como "golpe". Isso é "falta de assunto", como disse Zé Dirceu em J999 ao pedir o impeachment de Fernando Henrique Cardoso por manobrar o câmbio em seu favor. Sem Graça Foster de para-raios, Dilma está mais vulnerável sim. O que não é nada bom para o Brasil. O petrolão é péssimo não só para os partidos e a economia, mas para a deterioração de nosso cotidiano e nossa autoestima. A bandidagem de cima estimula a bandidagem de baixo. O desencanto com o Brasil é ruim para a saúde.

As ciclofaixas de Haddad podem não ser apenas caso de política, mas também de polícia - Reinaldo de Azevedo


Até ler reportagem de Aretha Yarak e Silas Colombo na VEJA São Paulo desta semana, eu achava que a obsessão ciclofaixista do prefeito Fernando Haddad, do PT, era só um caso de política. Agora, eu começo a mudar de idéia. Os números são impressionantes. Os indícios de ilegalidades são gritantes. As histórias mal contadas se amontoam. Comece a se escandalizar, leitor amigo. O preço médio por quilômetro das ciclofaixas do prefeito petista — que, no mais das vezes, não passam de um pedaço da rua pintado de vermelho — é de R$ 655 mil. Sabem quanto custa a mesma extensão de uma ciclovia, não mera ciclofaixa, em Paris? R$ 129 mil. Um quinto. Sabem por quanto sai em São Francisco, nos Estados Unidos? R$ 157 mil. Em Copenhague, na Dinamarca? R$ 205 mil. Em Amsterdã, na Holanda? R$ 210 mil. Aqui pertinho, em Bogotá, na Colômbia? R$ 290 mil. Atenção! As ciclofaixas mixurucas de Haddad, com sua tinta desbotada, sua buraqueira, sua sinalização porca, são as mais caras do mundo. Por quê? Acho que há algumas pistas onde transitam coisas mais antigas do que bicicletas. Já chego lá. Atenção, a reportagem foi a campo, leiam, e conversou com empresas e órgãos técnicos para saber quanto custa apenas pintar o chão de vermelho, como faz o prefeito na maioria das vezes. E eles deram a resposta: R$ 105 mil por quilômetro — menos de um sexto. Ah, sim: em Nova York, o trecho sai por R$ 140 mil. Aquelas coisas horrorosas que Haddad entrega custam R$ 510 mil a mais por quilômetro. Quando anunciou a intenção de criar 400 km de ciclofaixas e ciclovias, Haddad estimou o custo das obras em R$ 80 milhões — média de R$ 200 mil por km. Parece que baixou, assim, um espírito Abreu e Lima na Prefeitura. O custo já estabelecido de 177 quilômetros (parte entregue e parte em construção) é de oficiais R$ 116 milhões: R$ 655.367,00 por trecho. Vamos continuar nas contas? O prefeito anuncia a intenção de chegar ao fim do mandato com 444 km de pista exclusiva. Pelo preço médio até aqui, o mais alto do mundo, estamos falando em quase R$ 300 milhões — precisamente R$ 290.982.948,00.
Questão de polícia
Até aqui, poderia ser apenas caso de má gestão. Mas há um cheirinho de caso de polícia. O Tribunal de Contas do Município descobriu que a contratação das empresas para fazer as ciclofaixas é feita com base numa tal “ata de registro de preços”, não por licitação normal. Esse expediente serve apenas a compras rotineiras. Assim, fica impossível a um órgão de investigação saber como é gasta a dinheirama. Agora vejam que curioso: a ciclofaixa da Paulista vai custar R$ 15 milhões. O responsável pela obra é um tal “Consórcio Semafórico Paulistano”, registrado na Junta Comercial só dia 19 de maio do ano passado. E já levou uma obra dessa importância. Gente de sorte! A reportagem da VEJA São Paulo foi até a rua Siqueira Bueno, 35, no Belenzinho, onde deveria estar o dito-cujo. Deu de cara com um edifício residencial. E, por lá, nunca ninguém ouviu falar do tal consórcio. Mas eu confio em Jilmar Tatto, secretário de Transportes. Ele jamais contrataria gente que não fosse da sua mais estrita confiança, não é mesmo? Agora leiam isto: o traçado de ciclovias da Faria Lima tem 12 km. O custo de cada um é de escandalosos R$ 4,5 milhões — R$ 54 milhões ao todo. O trecho ora em construção, de 5,5 km, está orçado em R$ 15,7 milhões. Agora a nota de surrealismo: já existe uma ciclovia entre o Largo da Batata e a Praça Apecatu, que está em operação desde 2012. A dupla Haddad-Tatto planejou uma ciclovia sobre a outra. Jilmar Tatto não quis falar com a reportagem da VEJA São Paulo. O prefeito também não. Sua assessoria afirmou que ele estava muito ocupado. Pensa que é fácil desfilar por aí de shortinho e capacete e ainda fazer ar de pensador pós-moderno? Atenção! R$ 655 mil por quilômetro, insisto, é o que já está mais ou menos contratado para 177 km. Como a gente vê, a obra na Faria Lima vai custar quase seis vezes mais. O buraco pode não ter fundo. E isso tudo para quem? Por enquanto, e sabe-se lá por quanto tempo, para ninguém. Até ler a reportagem da VEJA, podem procurar tudo o que eu escrevi e disse a respeito, eu achava que o ciclofaixismo era só um caso de política. Agora, começo a desconfiar de que seja também um caso de polícia. Sinceramente, eu não tinha noção de que essa aparente obsessão pós-moderna de Haddad era tão cara e desafiava com tanta determinação procedimentos, digamos, mais ortodoxos de probidade e aritmética comparada. Por Reinaldo Azevedo

Ronaldo Caiado coleta assinaturas para instalar CPI do BNDES


O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado, coleta assinaturas para instalação de CPI e de CPI mista para investigar empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A intenção é investigar os financiamentos com inícios de ilegalidades a exemplo dos concedidos a JBS Friboi, a Sete Brasil, além dos executados em favor de projetos em Cuba, Equador e Venezuela. Para ser instalada, a CPI precisa da assinatura de 27 senadores; no caso da mista são 27 senadores e 171 deputados.

Apertem os cintos, o TelePrompTer travou - GUILHERME FIUZA


Revista Época

Com todas as tormentas que rodeiam o governo Dilma, nada poderia ser mais grave e ameaçador do que o que se passou na primeira reunião ministerial do segundo mandato. Pior que a inflação, a recessão, o apagão e o petrolão: o TelePrompTer travou. E, sem TelePrompTer, a República prendeu a respiração.

O Brasil é um país irresponsável. Está cansado de saber que, quando Dilma começa a mentir muito, ela trava. Foi assim na campanha eleitoral, quando após um debate na TV ela teve de ser socorrida. Numa entrevista ao vivo, a mente presidencial mergulhara numa tal ciranda desconexa que o equipamento enguiçou. Nem João Santana, com uma junta de mecânicos e eletricistas de última geração, poderia evitar que aquele fusível queimasse. Daí a importância vital do TelePrompTer para os rumos da nação. É a segurança dos brasileiros que está em jogo.

Ainda assim, não obstante todos os alertas e advertências, o pior aconteceu. Dilma abria solenemente a primeira reunião com seu novo ministério de notáveis, no clima de esperança e euforia que cerca seu segundo mandato, quando tudo ruiu. O TelePrompTer, pilar da democracia companheira, que garante que a presidente diga coisa com coisa, começou a ralentar. Sinais de angústia tomaram as feições presidenciais, enquanto o discurso ia se enchendo de pausas, numa tentativa de adaptação ao ritmo defeituoso do equipamento golpista. Mas não adiantou.

O TelePrompTer foi então abandonado pela chefe da nação. Ela ainda tentara fazê-lo pegar no tranco, esculhambando ao vivo seu operador - em mais uma cena típica do instinto maternal da "presidenta" mulher. O teor de mentira do discurso de Dilma estava [altíssimo naquele momento, e quem sabe pode ter sido essa a causa do apagão no TelePrompTer, porque as máquinas também têm lá sua dignidade. Nem é preciso entrar muito em detalhes sobre o que Dilma estava pregando diante de seu novo e virtuoso ministério. Basta dizer que ela estava defendendo a... Petrobras. E o nacionalismo. Quando se deu o apagão, a presidente estava dizendo algo como "toda vez que tentaram desprestigiar o capital nacional, estavam tentando na verdade..." Aí travou. Nem o TelePrompTer aguenta mais tamanha carga de cara de pau. Só o cidadão brasileiro ainda tem estômago para isso.

Quase ao mesmo tempo que Dilma denunciava os que tentam desprestigiar o capital nacional, a Operação Lava [ato comprovava como o PT fez para prestigiar o assalto à Petrobras. O consultor Julio Camargo confirmou à Justiça que o pagamento de propinas a Renato Duque, fantoche da turminha de Dilma na Diretoria de Serviços da estatal, era a "regra do jogo" Em seguida, a informação que num país com um pouco de juízo teria derrubado imediatamente o governo: o empresário Augusto Ribeiro Mendonça Meto, do grupo Toyo Setal, confirmou ter sido orientado a pagar parte da propina por negócios com a Petrobras em forma de doação oficial ao PT.

É preciso repetir, porque muitos leitores a esta altura estão certos de que houve erro de redação na frase acima. O que está escrito lá não faz o menor sentido. Vamos à repetição: está confirmado que o PT inventou a propina legal. Para ganhar contrato com a Petrobras, o fornecedor não tinha de pagar "um por fora" ao diretor da estatal, mas "um por dentro" ao PT. Corrupção transformada em doação oficial ao Partido dos Trabalhadores. Aquele do mensalão, sabe?

O que mais o Brasil quer ver? O que mais você está esperando, prezado cidadão brasileiro, para sair às ruas e enxotar esses cordeirinhos socialistas que estão arrancando as calças da nação? Está esperando a quadrilha dizer a você que só chegará luz a sua casa se você der "um por dentro" ao PT?

Contando, ninguém acredita. Numa tarde quente de domingo, a base parlamentar irrigada pelo petrolão tomava posse alegremente no Congresso Nacional, com direito a selfies sorridentes com seus familiares. Assistindo na TV ao domingo feliz no jardim zoológico, o brasileiro comum bancava a farra com o aumento de impostos decretado pelo governo popular. Pelo visto, essa é a regra do jogo.

Você acha que não? Então mova se, prezado contribuinte. Até o TelePrompTer do Palácio já se rebelou contra a farsa companheira.