Posted: 27 Sep 2014 04:36 AM PDT
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
O jeitinho brasileiro, promotor das impunidades, já arma para transformar a Lava Jato em uma Pizzaria. O motivo é bem pragmático – segundo fontes de organismos norte-americanos de combate à corrupção e ao tráfico de drogas. A República Sindicalista do Brazil cai de podre se houver rigor generalizado – e não o tradicional rigor seletivo, escolhendo apenas alguns bodes expiatórios para punir. O plano é poupar, ao máximo, os chefões políticos.
Outra intenção tática consiste em desvincular qualquer relação entre a lavagem bilionária de dinheiro e o tráfico nacional e internacional de drogas – grande financiador da governança do crime organizado, conforme tese abertamente defendida pelo esquema anti-drogas dos Estados Unidos da América. A Lava Jato não teria sido viável sem a colaboração invisível das “Águias” do Tio Sam. Os norte-americanos recusam a armação para que todo o trabalho vá por “água abaixo”, em vez de ficar "preta" como outras águas...
O tal “sistema” (tão bem evocado no filme “Tropa de Elite”) já trabalha para conter o ímpeto, o rigor e a velocidade do juiz Sérgio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Nos bastidores do governo e do topo do Judiciário, fala-se em “ganhar tempo”, “diminuir a pressão”, “focar nos inimigos internos”. O objetivo imediato é garantir que as denúncias da Lava Jato não causem estragos eleitorais agora ou no segundo turno. Quando o caso chegar às instâncias superiores do judiciário, no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal (para os casos de réus com direito à foro privilegiado) a imensidão de recursos postergará o impacto das decisões politicamente mais fatais.
Os primeiros sinais de retenção do impacto da Lava Jato começam a acontecer. O delator premiado Paulo Roberto Costa já tem tudo para ganhar o direito à prisão domiciliar, mesmo com o inconveniente uso da tornozeleira eletrônica. O Ministério Público Federal já teria dado o sinal verde para que o juiz Sérgio Moro ou o ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, decretem a “liberdade vigiada” do ex-diretor de abastecimento da Petrobras. “Paulinho” (como era tratado pelo ex-presidente Lula da Silva) terá direito à proteção especial. Afinal, depois dos 100 depoimentos que concedeu ao MPF, à PF e a Justiça Federal, é alto o risco de “Paulinho” se transformar em “Celso Daniel da vida”...
A aliviada no colaborador Paulo Roberto Costa seria uma senha para que o sócio dele, o doleiro Alberto Youssef, faça o mesmo. Os dois são os arquivos vivos de várias operações de corrupção envolvendo empreiteiras e fornecedores da Petrobras. Também podem demonstrar como grandes bancos teriam sido coniventes ou lenientes com as operações de lavagem de dinheiro. Como Paulo Roberto e Youssef sabem demais sobre escândalos que mexem com grandes políticos, instituições financeiras, empreiteiras e estatais, o “sistema” trabalha para transformar a Lava Jato em uma Pizzaria que fabrique os menores danos possíveis.
Fora das drogas
O Ministério Público Federal pediu ontem a absolvição do doleiro Alberto Youssef da acusação de lavar dinheiro do tráfico de drogas em um dos processos da Operação Lava-Jato.
O MPF alegou “insuficiência de provas”, com a seguinte tese:
“A atuação de Youssef comprovada nos autos limitou-se à cessão do espaço físico de seu escritório paulista para o recebimento de valores. A absolvição pelo critério in dubio pro reo é a medida de maior justiça”.
A turma da Águia, que atuou forte no caso Banestado (que não puniu poderosos políticos), está gostando nada do desenrolar da história...
Maldição dos 13...
Guerra de mentira à corrupção
Dilma Rousseff fortaleceu ontem sua inteligente ofensiva contra a corrupção – calcanhar de Aquiles de seu desgoverno, principalmente na Petrobras.
Além da propaganda eleitoral no rádio e televisão, na qual teatraliza que “a corrupção é uma serpente com sete cabeças”, a presidenta (ou terá sido a candidata?) anunciou ontem medidas de combate à corrupção e à impunidade que seriam tomadas em eventual segundo mandato.
A marketagem de Dilma propôs tornar crime a prática de caixa dois, punição de agentes públicos que apresentem enriquecimento sem justificativa, facilitação da perda de propriedade ou bem adquirido de forma ilícita, agilização do julgamento de processos relativos a desvio de dinheiro público, e criação de uma nova estrutura no Poder Judiciário para agilizar processos contra agentes que possuam foro privilegiado.
Jogo de cena ou recado interno?
Tudo indica que Dilma esteja jogando para a plateia, já que tais medidas dependem de aprovação do Legislativo e de mudanças processuais no Judiciário.
Mas tem gente próxima de Dilma enxergando que, se ganhar a reeleição, Dilma vai aproveitar a “onda moralista de combate à corrupção” para se livrar de “aliados próximos” sob suspeita...
Dilma busca inspiração até nas recentes decisões do Papa Francisco – que resolveu punir, rigorosamente, membros da cúpula da Igreja Católica envolvidos no hediondo crime de pedofilia.
Sumária, mas nem tanto...
Na entrevista coletiva concedida ontem, Dilma Rousseff deu a entender que as medidas propostas não têm um caráter de “justiça sumária” ou de “justiçamento”:
“A agilização e o rigor não significam justiça sumária, prejulgamento ou qualquer outra atitude que não seja a prevista na Constituição. As medidas têm como pressuposto o mais amplo direito de defesa”.
Ou seja, no final das contas, prevalecerá o velho esquema do jeitinho brasileiro que protela, indefinidamente, as tais decisões “transitadas em julgado”...
Cheirando mal...
Sem desculpas
A comandanta em chefa Dilma Rousseff ficou PT da vida manifesto assinado por 27 generais do Exército avisando que "do Exército de Caxias não virão desculpas" dos tempos do regime militar.
Dilma deu um drible verbal para fingir que não responderia a uma pergunta feita por um repórter sobre o assunto:
“Então, eu me permito não responder sua pergunta. Só dizer que nós vivemos numa democracia e que leis serão sempre cumpridas".
Ausência sentida
Alguns militares sentiram a ausência, entre os signatários do “Manifesto á Nação Brasileira” do ex-comandante do Exército Francisco de Albuquerque.
O General de quatro estrelas, desde a gestão Lula, é um dos membros do Conselho de Administração da Petrobras – como representante da União (acionista majoritária) e, por extensão, dos militares.
Assinam o documento (Reproduzido abaixo) os Generais: Leônidas Pires Gonçalves; Zenildo de Lucena; Rubens Bayma Denys, José Enaldo Rodrigues de Siqueira; José Luiz Lopes da Silva; Valdésio Guilherme de Figueiredo; Raymundo Nonato Cerqueira Filho; Pedro Luis de Araújo Braga; Antônio de Araújo Medeiros; Frederico Faria Sodré de Castro; Luiz Gonzaga Schoroeder Lessa; Gilberto Barbosa de Figueiredo; Rômulo Bini Pereira; Claudio Barbosa de Figueiredo; Domingos Carlos de Campos Curado; Ivan de Mendonça Bastos; Paulo Cesar de Castro; Luiz Edmundo Maia de Carvalho; Luiz Cesário da Silveira Filho; Carlos Alberto Pinto e Silva; José Benedito de Barros Moreira; Maynard Marques Santa Rosa; Rui Alves Catão; Augusto Heleno Ribeiro Pereira; Rui Monarca da Silveira; Américo Salvador de oliveira; e Gilberto Barbosa Arantes.
Indagação dos investidores
Aliás, investidores minoritários da Petrobras aproveitam para fazer uma perguntinha incômoda:
“De que forma o General Albuquerque votou e tem votado no Conselhão da Petrobras, e qual o posicionamento dele e das Forças Armadas – que ele representa – sobre todos os desmandos de gestão que vêm ocorrendo na companhia, desde 2003?”.
Tem investidor sugerindo que os Generais de quatro estrelas – que não se identificam com a estrela petista ou petralha – façam uma “manifesto à nação” sobre o caso Petrobras...
Vaga aberta
Pobre Jesus...
Perfumaria bolivariana
© Jorge Serrão. Segunda Edição do Blog Alerta Total de 27 de Setembro de 2014.