domingo, 22 de julho de 2012

Começam a valer as novas regras para financiamento da casa própria



Os financiamentos beneficiam apenas os mutuários que ganham mais de R$ 5,4 mil por mês ou que adquirirem imóveis de mais de R$ 170 mil

A partir desta segunda-feira, 11 de junho de 2012, passam a valer as novas regras da Caixa Econômica Federal para os financiamentos habitacionais. Pelo novo modelo, os mutuários terão mais cinco anos para quitar os empréstimos. A Caixa ampliou o prazo do crédito habitacional de 30 anos para 35. Os empréstimos serão feitos com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Os financiamentos do SBPE beneficiam apenas os mutuários que ganham mais de R$ 5,4 mil por mês ou que adquirirem imóveis de mais de R$ 170 mil.
A Caixa também reduziu as taxas de juros para essas modalidades. Para imóveis financiados pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), as taxas caíram de 9% para 8,85% ao ano. Para os imóveis fora do SFH, os juros passaram de 10% para 9,9% ao ano.
A instituição também ampliou o prazo dos financiamentos para a construção de casas e apartamentos com recursos da poupança. A partir desta semana, as construtoras e incorporadoras terão 36 meses para pagar os empréstimos. Antes, o prazo correspondia a 24 meses. Os juros dessas linhas também foram reduzidos de 11,5% para 10,3% ao ano.
Para a construção de imóveis comerciais, os juros efetivos caíram de 14% para 13% ao ano. Nas operações de financiamento para a construção e aquisição de imóvel para uso próprio, a empresa pagará taxa de 12,5% ao ano, ante 13,5% cobrados atualmente.
Em todos os casos, o mutuário também pagará a Taxa Referencial (TR), juros variáveis cobrados nos financiamentos imobiliários. No entanto, as taxas efetivas podem ficar ainda menores se o mutuário for correntista da Caixa.
As mudanças não valem para financiamentos com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que inclui o Programa Minha Casa, Minha Vida. Para essas modalidades de financiamento, o prazo continua 30 anos.
No dia 5, o vice-presidente de Governo e Habitação da Caixa, José Urbano Duarte, disse que o aumento do prazo dessas linhas de crédito depende de aprovação do Conselho Curador do FGTS. "A Caixa já pediu autorização ao Conselho Curador para aumentar o prazo."
De acordo com o vice-presidente, a Caixa estima em R$ 96 bilhões a concessão de financiamentos habitacionais para este ano, ante R$ 80 bilhões do ano passado. Até maio, a instituição havia emprestado R$ 36,7 bilhões, contra R$ 25 bilhões nos cinco primeiros meses do ano passado

Paradoxo: cidades pobres têm ricas campanhas




Nos cem municípios brasileiros com os piores Índices de Desenvolvimento Humano, os candidatos a prefeito estimam gastar na temporada eleitoral de 2012 uma fábula: R$ 97,2 milhões. Escrito de outro modo: condenados à escassez, os quase 900 mil brasileiros que residem nesses pedaços miseráveis do mapa do Brasil assistirão ao espetáculo da fartura eleitoral.
Auxiliada por três colegas, a repórter Juliana Castro levou às páginas notícia apinhada de dados intrigantes. Por exemplo: dividindo-se o orçamento dos comitês pela quantidade de eleitores, descobre-se que o voto de um miserável brasileiro custa, em média, R$ 110,84.
Em dois municípios do Maranhão, Estado dominado pelo clã dos Sarney, o inusitado roça a fronteira do paraxismo. Na cidade de Governador Newton Bello, falta de tudo –de asfalto nas ruas a esgoto nas casas. De cada dez moradores com mais de 15 anos, quatro são analfabetos. Ali, os eleitores são contados em 7.837. Os candidatos à prefeitura local orçaram suas campanhas em R$ 3,6 milhões. Quer dizer: cada voto custará a bagatela de R$ 459,35.
No município maranhense de Presidente Juscelino, onde 59% dos domicílios não dispõem nem de água na torneira, jorrarão dos comitês eleitorais R$ 3,25 milhões. Os eleitores cadastrados somam 8,8 mil pessoas. Cada voto sairá a R$ 368,64.
Entre o riso dos candidatos perdulários e a lágrima dos eleitores paupérrimos há o nariz. Acionando-o, os brasileiros desassistidos perceberão que a democracia que lhes oferecem cheira mal. Em vez de votar, talvez preferissem que helicópteros lhes despejassem sobre as cabeças as arcas dos comitês.

Fenômeno de vendas nos EUA, livro de “pornografia para mães” já é sucesso no Brasil




Trilogia nas livrarias em breve
A Intrínseca já vendeu às livrarias cerca de 70% dos 200 000 exemplares da tiragem inicial deCinquenta Tons de Cinza, que será lançado na semana que vem.
Descrito como “pornografia para mães”, o livro de estreia da inglesa E.L. James é o maior fenômeno literário desde Harry Potter: só nos EUA  a trilogia vendeu 20 milhões de cópias desde março.
Por Lauro Jardim

A ferrovia da corrupção ISTOÉ teve acesso a sete inquéritos abertos pela Polícia Federal para apurar os superfaturamentos na Ferrovia Norte-Sul que provocaram rombo de até R$ 1 bilhão



Claudio Dantas Sequeira
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Os desvios de verbas na ferrovia norte-sul somam R$ 1 bilhão 
só no trecho entre Palmas (TO) e Anápolis (GO) foram superfaturados 
R$ 400 milhões a obra já consumiu R$ 8 bilhões
No início do mês, a Polícia Federal prendeu o ex-presidente da Valec José Francisco das Neves, o Juquinha, acusado de enriquecimento ilícito. Segundo os autos do inquérito da Operação Trem Pagador, ele teria comandado um esquema que desviou mais de R$ 100 milhões de obras da Ferrovia Norte-Sul, a mais extensa via férrea do País. ISTOÉ revela agora que o rombo provocado pelo esquema de Juquinha, que comandou a estatal de ferrovias por oito anos, pode chegar à escandalosa cifra de R$ 1 bilhão, dinheiro que teria abastecido não só as contas pessoais do ex-presidente, familiares e ex-integrantes da cúpula da Valec, mas também o caixa de partidos como PR e PMDB. A estimativa é da própria PF, com base numa série de investigações em andamento. Só na Delegacia de Crimes Financeiros da Polícia Federal em Goiás foram abertos sete diferentes inquéritos que abarcam os quase 4,5 mil quilômetros de extensão da ferrovia. Ao longo da Norte-Sul, que já consumiu R$ 8 bilhões, correm suspeitas de superfaturamento em materiais, como trilhos e dormentes, nas ações de terraplanagem, escavações e aterros. A PF encontrou ainda indícios de conluio entre empreiteiras, direcionamento de licitações e subcontratação de empresas ligadas a políticos. As investigações, que tiveram origem em fiscalizações do TCU, da CGU e denúncias do Ministério Público, estão longe de terminar.

As investigações indicam que só no trecho entre Palmas (TO) e Anápolis (GO), justamente o que ajudou a enriquecer Juquinha e sua família, foram desviados mais de R$ 400 milhões. Laudos técnicos que compõem os inquéritos mostram que a estrada de ferro consumiu todo o orçamento previsto nos contratos com as construtoras Andrade Gutierrez, SPA Engenharia, Constram, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa. A Valec de Juquinha autorizou aditivos que atingiram o limite legal de 25% e mesmo assim a obra chegou ao fim infestada de problemas estruturais, como a falta de proteção vegetal de taludes e canais de drenagem superficial. O resultado é a erosão de áreas que estão provocando a desestabilização dos trilhos, inviabilizando o uso da ferrovia. Não foram construídos oito pátios intermodais que estavam previstos em contrato. Isso significa que, mesmo os trens sendo liberados para transitar na estrada de ferro, eles simplesmente não têm onde ser carregados e descarregados.
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INFLUÊNCIA
De acordo com delegado ouvido por  ISTOÉ, o senador José Sarney
e o deputado Costa Neto dividiam cargos na cúpula da Valec
As construtoras reclamam que a obra ali consumiu mais que o previsto, por conta de desvios e da existência de aterros moles, que acabam consumindo mais horas de trabalho das máquinas e do orçamento. Daí, segundo a PF, chega-se a outro problema: não há medição confiável, os métodos utilizados são os mesmos de 40 anos atrás. Essa falha foi explorada não só pelos empreiteiros, mas pela própria Valec, segundo a PF. O escamoteamento de custos, de acordo com os relatórios de investigação obtidos por ISTOÉ, era processado em Brasília, no 20º andar do edifício-sede da estatal, e se estendia ao campo de trabalho. Laudos da Perícia Criminal indicam sobrepreço tanto no orçamento de referência da estatal como nas propostas das empreiteiras. A análise de centenas de planilhas de preços feita pelos peritos apontam uma variação entre 6,5% e 48% de sobrepreço nos orçamentos. 

O TCU agiu em alguns casos, como nas obras de Aguiarnópolis (TO) e Anápolis-Uruaçu (GO). Em ambos, determinou-se a suspensão cautelar de 10% do valor dos contratos, muito pouco, considerando o volume de recursos utilizados. O tribunal instaurou tomadas de contas especiais em contratos como o da SPA Engenharia, que se recusou a seguir as determinações de repactuação do orçamento. Um relatório interno da consultoria jurídica da Valec, obtido por ISTOÉ, mostra que só em dois contratos os fiscais encontraram sobrepreços de R$ 42 milhões e R$ 40 milhões, respectivamente. Desde o início da obra, a Valec tem comprado dormentes, fabricados pelas próprias empreiteiras, a valores 40% superiores ao de outros fornecedores. Esses dados, além de abastecerem os inquéritos da PF, levaram o atual presidente da Valec, José Eduardo Castello Branco, a criar uma força-tarefa para melhorar a fiscalização das obras da Norte-Sul e passar um pente fino nas obras em andamento. Talvez por isso, desde que assumiu no lugar de Juquinha no ano passado, Castello Branco tem sofrido pressões de partidos e empresários para deixar o cargo.
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O perfil técnico do atual presidente da Valec causa desconforto para um grupo de políticos que se acostumou a gerenciar o orçamento bilionário da empresa. Escutas telefônicas feitas pela PF com autorização judicial mostram como se articularam os dirigentes da estatal às vésperas da faxina determinada pela presidenta Dilma Rousseff, diante das denúncias de pagamento de propina no Ministério do Transportes. Em conversa gravada no dia 19 de outubro de 2011, Juquinha, ciente da iminente dança das cadeiras na Valec, telefona para seu advogado, Heli Dourado, e pergunta se ele conversou com o “presidente”, segundo a PF numa referência ao senador José Sarney. Heli diz que “Sarney conversou com o ministro duas vezes e não tem mais o que falar com ele; que ele sabe que a pessoa é sua indicada”. Na conversa, Heli diz ainda que foi até a casa de Sarney para tentar evitar a queda dos apadrinhados. Segundo a PF, o presidente do Senado foi atropelado pela decisão do Palácio do Planalto.

Além de “presidente”, Sarney é citado por Juquinha e outros integrantes do grupo pelas alcunhas de “velhinho” e “chefe”. Para a PF, não há dúvidas de que o grupo usava constantemente o nome de Sarney. De acordo com um delegado ouvido por ISTOÉ, as investigações demonstram que o presidente do Senado e o deputado Valdemar da Costa Neto (PR) dividiam os cargos na cúpula da Valec. A Ferrovia Norte-Sul, no entendimento dos investigadores, era uma espécie de “menina dos olhos” dos parlamentares. Quem cuidava dos interesses de Sarney nos contratos da ferrovia, de acordo com a PF, era Luiz Carlos Oliveira Machado, o então diretor de engenharia da estatal. Responsável por acompanhar diretamente todas as obras da Valec, Oliveira Machado é um dos principais alvos dos inquéritos. Pelas investigações iniciais, ele estaria ligado às empresas CMT Norte-SUL e Trilha Engenharia, que foram subcontratadas nos lotes 2 e 11 para fornecer maquinário. Sarney informou, por meio de sua assessoria, que Oliveira Machado não é sua indicação e nem sequer lembra “se conhece essa pessoa”. Costa Neto, por sua vez, admitiu sua relação com Juquinha e a indicação para a presidência da Valec, mas disse que não tinha nenhuma “ascendência administrativa” sobre ele.
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Não é a primeira vez que o nome de Sarney surge em escândalos envolvendo a Ferrovia Norte-Sul. Seu filho Fernando Sarney, citado na Operação Faktor (Boi Barrica), é investigado por conta de contratos suspeitos da Valec com a empresa Dismaf para o fornecimento de trilhos. A empresa, mesmo denunciada pelo Ministério Público por fraude no fornecimento de fardamento para o Exército, conseguiu entrar na Valec. Quem intermediou o negócio, segundo a PF, foi o senador Gim Argello (PTB) e o filho de Sarney. Um dos sócios da Dismaf é Basile Pantazis, que até estourar o escândalo no ano passado era tesoureiro do PTB. Entre 2008 e o início de 2011, a Dismaf recebeu mais de R$ 410 milhões, segundo levantamento das ordens bancárias da Valec feito pela ONG Contas Abertas. A empresa quase conseguiu um segundo contrato de R$ 750 milhões, mas a licitação foi suspensa por determinação do TCU.  
fotos: Adriano Machado/AG. ISTOÉ; Wildes Barbosa/O Popular/Folhapress

Confissões de um assassino Em "O Diário de Jack, o Estripador", a pesquisadora inglesa Shirley Harrison traz à luz o nome do suposto criminoso que aterrorizou Londres no século XIX



Ivan Claudio
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Jack, o Estripador, o homem que no final do século XIX aterrorizou a região de Whitechapel, na zona leste de Londres, ao assassinar de maneira brutal cinco prostitutas em circunstâncias semelhantes e no espaço de apenas quatro meses, se alinha entre os criminosos mais famosos da história. Sua identidade, ­contudo, nunca foi conhecida. O pouco que se sabe é que ele era canhoto e versado em anatomia, pelas perfeitas incisões que fazia no corpo das vítimas, violentamente mutiladas. Sua figura mitológica ganha agora novos contornos com o lançamento do livro “O Diário de Jack, o Estripador” (Universo dos Livros), da pesquisadora inglesa Shirley Harrison. Trata-se de um diário de 63 páginas supostamente escrito pelo assassino e encontrado em 1992. Seu interesse, no entanto, não reside nos detalhes dos crimes, mas na possibilidade de revelar quem foi Jack. Entre os 29 suspeitos mais famosos, apareceria no topo da lista James Maybrick, um abastado comerciante de algodão e morador da cidade de Liverpool. 

O aparecimento dessas anotações obrigou a Scot­land Yard a levar em conta mais esse detalhe do caso que a polícia metropolitana não solucionou um século atrás. Foi arregimentada então uma legião de especialistas para atestar sua veracidade. O veredicto foi que o diário é uma falsificação moderna, afirmação apenas intuída, mas nunca provada: a tinta usada para escrever continha substâncias comuns ao final do século XIX e o tipo de álbum manuscrito era ­encontrado na época vitoriana. Após uma pesquisa de cinco anos, Shirley não desistiu de sua crença na autenticidade do documento.
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VERACIDADE 
O diário revelado em 1992 teria sido escrito pelo 
comerciante de algodão James Maybrick
Entre as peças principais desse quebra-cabeça, aparecem conclusões inquietantes. O diário confirma, por exemplo, o fato aceito pelos pesquisadores de que a arma usada para matar Elizabeth Stride e Catherine Eddowes, terceira e quarta vítimas (ambas assassinadas no dia 30 de setembro de 1888, no espaço de apenas 45 minutos), teria sido uma faca diferente daquela utilizada nos crimes anteriores. Ela seria um modelo arredondado, propriedade de Elizabeth – as prostitutas carregavam armas para se proteger. Anota James Maybrick em seu caderno, numa tentativa de criar versos sobre seus feitos: “Sir Jim/lata pequena vazia/cigarreira/rapidamente/minha brilhante faca (...)”. O fracasso ele vai deixar claro mais adiante, é o de arrancar a cabeça da vítima com cortes mais profundos. Imensamente alimentado pela imprensa, que descobriu a veia sensacionalista justamente nessa época, “O Caso Jack” despertaria o interesse do escritor Arthur Conan Doyle, criador do detetive Sherlock Holmes. Pelo seu método dedutivo, ele concluiu que o assassino teria relação com os EUA porque a famosa carta que ele enviara à Agência Central de Notícias, em 25 de setembro, tinha muito americanismo. Esse é outro detalhe que reforça a tese de Shirley, pois Maybrick viajava muito a trabalho para a América do Norte e casou-se com uma americana. Foi ela, aliás, quem o matara envenenado de arsênico, num desfecho que só aumenta a curiosidade em torno de fatos reais imersos na mais completa fantasia.
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Morte e mistério à sombra de Cachoeira Assassinato de agente federal, morte de escrivão e desaparecimento de delegado lançam mais controvérsias ao caso do bicheiro



Izabelle Torres e Claudio Dantas Sequeira
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ASSASSINADO 
O agente da PF Wilton Tapajós foi morto na terça-feira 17. 
Ele monitorava a quadrilha de Cachoeira
O caso do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, aos poucos vem ganhando os contornos de uma trama policial complexa e com vítimas reais. Desde que foi deflagrada no final de fevereiro, a Operação Monte Carlo é cercada de sinais que podem indicar uma violenta reação. Há registros de ameaças a juízes e procuradores, desaparecimento de integrantes do esquema e até mortes de policiais. O enredo atingiu seu ápice na terça-feira 17, com o assassinato do agente da Polícia Federal Wilton Tapajós. Ele foi executado com dois tiros na nuca quando visitava o túmulo dos pais num cemitério em Brasília, a menos de dois quilômetros da Superintendência da PF, onde estava lotado. O último grande trabalho de Tapajós tinha sido justamente o monitoramento da quadrilha de Cachoeira. Alguns dos relatórios produzidos pelo agente foram fundamentais para flagrar as negociações entre Lenine Araújo e Valmir José da Rocha, operadores do esquema, com policiais de Goiás. Os dois suspeitos, Araújo e Rocha, estão soltos.
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Fontes da Polícia Civil confirmaram à ISTOÉ que uma das linhas de investigação do assassinato apura a relação de Tapajós com Idalberto Matias, o Dadá, araponga que era o principal operador de Cachoeira para ações de espionagem. Dadá ficou preso por três meses e ganhou a liberdade em junho. No início das investigações da Monte Carlo, conforme apurou ISTOÉ, Tapajós morou durante algumas semanas no condomínio Santos Dumont, da Aeronáutica, localizado próximo à cidade-satélite de Santa Maria, no entorno de Brasília. Dadá, que voltou a operar desde que foi solto, mantinha em Santa Maria parte de sua base de operações.
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DESAPARECIDO 
Suspeito de ser informante do grupo de Cachoeira, o delegado 
Hylo Marques está sumido desde o sábado 14
A associação da morte de Tapajós com o caso Cachoeira preocupa o governo. Na quinta-feira 19, em reunião com a cúpula da Polícia Civil do DF, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pediu “cautela” para evitar especulações antes que a investigação seja concluída. Seguindo essa orientação, a superintendente da PF em Brasília, Silvana Borges, alegou que ainda é cedo para classificar o crime como queima de arquivo. “Só as investigações vão mostrar quem são os responsáveis e se a morte de Tapajós tem relação com a Monte Carlo”, disse. Os acontecimentos, porém, não colaboram com a prudência policial. No mesmo dia em que amigos e policiais enterravam Tapajós, um escrivão que trabalhou com ele foi encontrado morto em casa. Fernando Sturi Lima, 34 anos, teria se suicidado com um tiro na cabeça.
As duas mortes se somaram ao desaparecimento do delegado da Polícia Civil de Goiás Hylo Marques Pereira, suspeito de ser informante do grupo de Cachoeira. O sumiço foi denunciado na semana passada pela família de Pereira, visto pela última vez no sábado 14, em frente a um hotel em Goiânia. No local, foi encontrado o carro do policial com uma nota escrita à mão com seu nome, dois números de telefone e um destino: São Paulo. ISTOÉ ligou para o celular, mas caiu na caixa postal. No telefone fixo, ninguém atendeu. Ao depor na Assembleia Legislativa de Goiás, no início de julho, o delegado admitiu conhecer Lenine Araújo, o contador de Cachoeira flagrado por Tapajós. A Polícia Civil goiana abriu uma investigação sobre o desaparecimento de Pereira. Não foi descartada a hipótese de que o delegado tenha se escondido para não ser morto. Pereira não é o primeiro do esquema de Cachoeira a desaparecer. O contador Geovani Pereira da Silva está foragido desde fevereiro e não compareceu nem sequer para prestar depoimento na 11ª Vara da Justiça Federal de Goiás.
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Ameaças de morte também rondam juízes e procuradores do caso. O juiz federal Paulo Augusto Moreira Leite, que iniciou as investigações e deu as primeiras ordens de prisão contra integrantes do grupo, pediu afastamento do caso em junho. Temendo por sua vida e de sua família, decidiu passar uma temporada no Exterior com a mulher e os filhos. A decisão de abandonar as investigações foi decorrente do que chamou de “periculosidade da quadrilha”. A onda de assassinatos e desaparecimentos levou a direção do Complexo Penitenciário da Papuda a transferir Carlinhos Cachoeira para o Pavilhão de Segurança Máxima (PSM). Os presidiários que vão para esse setor geralmente não retornam mais para a cela comum, porque correm risco de morte.


fotos: Adriano Machado/AG. ISTOÉ; WALTER ALVES/O Popular/Folhapress

Revelações da corte Livro baseado em cartas da época mostra como a infância no Brasil influenciou a personalidade e o reinado de d. Maria II



Rodrigo Cardoso
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LEGADO
Para Portugal, Maria da Glória levou a informalidade:
andava a pé e fazia crochê em bancos públicos
Quando d. Pedro I gritou independência ou morte e abdicou do trono de Portugal para se tornar imperador do Brasil, foi a ela que o monarca passou a responsabilidade de governar os portugueses. Sua primogênita Maria da Glória, porém, tinha apenas 7 anos quando ascendeu ao posto de rainha de Portugal com o nome de d. Maria II. E, brasileira de nascimento, a menina vivia na chácara onde a sua mãe, a imperatriz Leopoldina, a pôs no mundo, na quinta da Bela Vista, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. “Maria da Glória – a princesa brasileira que se tornou rainha de Portugal” (Editora Octavo) é o título de um dos livros mais vendidos há meses em Portugal e que acaba de desembarcar no Brasil.

Resultado de uma extensa pesquisa sobre as cartas escritas por Leopoldina, d. Pedro I, marechais, duques, embaixadores, políticos e as correspondências trocadas entre Maria da Glória e a rainha Vitória da Inglaterra, a obra avança ao expor as marcas da infância fluminense na futura rainha portuguesa. “Os historiadores portugueses tendem a olhar para Maria da Glória a partir do momento em que ela ocupa o trono e não dão tanta importância para o que viveu no Brasil”, disse a autora Isabel Stilwell à ISTOÉ. A filha de d. Pedro I cresceu em uma casa conturbada pelos episódios de infidelidade do pai, ora temperamental e violento, ora afetuoso e dedicado aos filhos. Logo nas primeiras páginas isso fica claro.
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"Nunca pensei em atrair outro homem senão o meu marido,
mas ele nunca pensou em mais nada senão em seduzir
outras mulheres (...) espero que Maria tenha mais sorte"

Imperatriz Leopoldina
Aos 7 anos, a menina, atrás de uma porta e tapando a boca com a mão para que os soluços não fossem ouvidos, presenciou a mãe sendo agredida pelo imperador, que insistia que a imperatriz comparecesse à cerimônia do beija-mão dele ao lado de sua mais famosa amante: Domitília de Castro, a marquesa de Santos. “Pedro (...) aceito que me mantenha presa na minha própria casa, protejo os nossos filhos desta vergonha, mas não tolero que venha aqui com essa mulher pedir-me que vá abençoar a vossa relação... que aceite a ir a esse beija-mão com ela de um lado, e eu do outro, como se fosse minha igual”, disse a ele Leopoldina, então grávida do oitavo filho. 

Com a recusa da mãe, Maria da Glória ouviu gritos, sons de pontapés, empurrões e barulho de louça estilhaçada. Nem mesmo Domitília, que implorava para que a fúria do imperador cessasse, conseguiu contê-lo. “Quando entrei no quarto, a senhora d. Leopoldina estava atirada no chão, e a infanta d. Maria da Glória agarrada à mãe, num pranto sem fim”, relata a carta escrita por Maria Francisca de Portugal e Castro, a marquesa de Aguiar, dama de companhia da imperatriz. Birrenta como o pai, a então princesa do Brasil o enfrentava: “Julga que me vai fazer o mesmo que fez à mamãe? Eu sou rainha de Portugal, o meu avô é arquiduque da Áustria, e vou para a Europa para longe de si, e dessa jararaca (Domitília), e levo os manos comigo. Todos.”
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"Quando for rainha de Portugal vou bater o pé, ser teimosa,
determinada como Domitília (acima), que consegue tudo o que quer"

Maria da Glória
Apesar das mágoas pelo tratamento dispensado por d. Pedro I à sua mãe, Maria da Glória e o pai tinham uma forte ligação. O imperador, inclusive, foi a Portugal para tomar o trono do irmão Miguel, que se autoproclamou rei, enquanto a princesa brasileira rumava de barco à Europa. Seu tio Miguel foi seu primeiro marido. Aos 15 anos, já longe do Brasil, d. Maria II iniciou o reinado português. Para a nova terra, levou uma informalidade incomum às cortes europeias. “Ela tinha gosto por andar a pé, fazia crochê ao lado dos filhos em bancos de jardins públicos e não foi dramática com os partos por ter visto como ocorria a sua volta, no Brasil”, conta a autora Isabel. 

Maria da Glória teve 11 filhos – morreu aos 34 anos ao dar à luz o último deles. Provavelmente pelos episódios presenciados na infância, manteve, mesmo quando grávida, uma vida sexual ativa com o seu marido, Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha. “Não queria correr o risco de d. Fernando agir como o pai, d. Pedro I”, diz a escritora. Pensando em prestigiar a amante marquesa de Santos, o imperador do Brasil agrediu fisicamente Leopoldina grávida. Ela veio a falecer no mês seguinte, pouco tempo depois de ver o filho que esperava nascer morto. A princesa do Brasil foi a última pessoa a falar com a mãe. E fez um pedido à marquesa de Aguiar. “Senhora d. Maria Francisca, pode pôr a Maria Pequenina no caixão com a minha mãe”, disse ela, referindo-se à boneca que, diziam, era parecida com Maria da Glória. Foi nesse ambiente bem brasileiro, não muito sereno e repleto de amor, que começou a ser moldado o caráter da rainha d. Maria II, de Portugal.
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"Em minha casa mando eu, na minha mulher mando eu. E eu
ordeno que a senhora se vista e desça aos salões neste minuto"

D. Pedro I, em discussão com a esposa Leopoldina
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Os negócios que surgem de um escritório compartilhado

Encontros casuais em espaço que reúne empreendedores de áreas distintas começam a criar rentáveis parcerias

João Loes
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IDEIAS
O engenheiro Scaramel (à esq.) aproveitou as sugestões do 
fotógrafo Lisboa para modernizar relatórios de gestão ambiental
Um espaço colaborativo. Foi com essa proposta que o Hub chegou ao Brasil em abril de 2008. O modelo de negócios era simples. Mediante o pagamento de uma mensalidade que varia de R$ 60 a R$ 800, empreendedores e profissionais autônomos adquiriam o direito de usar parte dos 500 metros quadrados de área do tal espaço para desenvolver projetos e tocar novos negócios. Aberto inicialmente em São Paulo, bem localizado e servido de todos os confortos de um escritório moderno, o Hub virou sucesso. Hoje já há outros dois funcionando no País – um em Belo Horizonte, outro em Curitiba – e a rede soma 400 usuários frequentes, além de outros quatro mil ocasionais. “Atraímos muita gente jovem, cheia de energia e com grandes ideias”, resume Henrique Bussacos, fundador do Hub São Paulo e diretor-presidente da associação internacional de Hubs, que tem 40 unidades no mundo. Porém mais do que simplesmente atrair, o Hub tem mostrado, recentemente, aptidão para juntar talentos que se complementam. 

É um novo momento desses espaços. Agora, eles parecem finalmente funcionar de forma verdadeiramente colaborativa. Segundo Bussacos, ainda não há números que mapeiem o crescimento das parcerias entre os próprios membros dos Hubs, mas a tendência de alta é inquestionável. “A quantidade de negócios firmados internamente aumentou significativamente”, diz o fundador da unidade paulistana.
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FOCO
As conversas entre o consultor Strang (à esq.) e os sócios Ribas e Vasconcelos 
ajudaram os dois a detectar o público alvo de sua empresa de impressão de foto digital
Foi da convivência no Hub em São Paulo, por exemplo, que nasceu a parceria entre o engenheiro ambiental Vinícius Scaramel, da Bakuara Alternativa Consciente, e o fotógrafo e designer Ricardo Lisboa. Scaramel se especializou em consultoria na gestão de resíduos e tem como grande produto relatórios que fazem um diagnóstico de como uma empresa administra sua produção de lixo. “Mas meus relatórios eram muito técnicos”, lembra. “Mesmo o cliente acabava não lendo”, reconhece. 

Em conversa com Lisboa surgiu uma solução. Lisboa sugeriu fazer uma versão ilustrada dos relatórios de Scaramel, com gráficos e fotos, e diagramada como uma revista. O trabalho começou no final de 2011 e até hoje três relatórios nesse formato foram entregues. A recepção dos clientes tem sido bem mais positiva. “São saídas que pipocam em conversas informais”, diz Lisboa. “A gente se mistura no Hub e as ideias surgem.”

Para especialistas em mercado de trabalho, o surgimento dos Hubs é consequência direta das mudanças pelas quais o mercado e a mão de obra passaram nos últimos anos. Hoje, como nunca, as empresas precisam produzir mais em menos tempo, com menos funcionários e recursos. Nesse sentido, o Hub entra como alternativa não só para diminuir gastos – as despesas usuais com espaço, internet e luz são rateadas – mas também para aumentar a eficiência por meio da troca de experiências. “Ter profissionais de várias áreas sob o mesmo teto é tão vantajoso que não duvido que empresas, em breve, tentem reproduzir esse modelo internamente”, aposta Leyla Nascimento, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH). “É a ferramenta do futuro.”
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Futuro que já é realidade para Marco Ribas e Wilson Vasconcelos, sócios da SambaPix, empresa especializada na impressão de fotos digitais com sede no Hub São Paulo. Quando criaram a companhia, em 2011, nem nome ela tinha – a escolha veio das conversas entre os sócios com outros usuários do espaço. E foi entre um café e outro na cozinha do local que eles cruzaram com o consultor Eduardo Strang, sócio-fundador da Factor4. Strang foi fundamental na transformação da ideia da SambaPix no que a empresa é hoje. “Queríamos um negócio que acontecesse e rendesse”, afirma Ribas. 

Por meio da Factor4, o consultor especializado na viabilização de projetos de empresas do tipo start-up, como a SambaPix, ajudou os empreendedores nas conversas com fornecedores, na identificação do público-alvo e até no desenvolvimento de uma linguagem de comunicação. “É uma troca, também aprendi com eles”, diz Strang. E continuará aprendendo. Ambas as empresas permanecem dentro do Hub e devem fazê-lo por mais algum tempo. “Vamos torcer para que este espaço um dia fique pequeno para nós”, diz Ribas. Tomara, mas as lições aprendidas ali certamente serão lembradas.  

Foto: Pedro Dias/Ag. Istoé

Os serviços no radar do Governo Depois de o governo pressionar os bancos a reduzir juros e cancelar planos de saúde, a Anatel suspende a venda de novas linhas de celular. Setores de transporte aéreo e terrestre são o próximo alvo



Adriana Nicacio
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O Brasil está crescendo e a população, naturalmente, tem cada vez mais acesso a serviços. Mas, assim como a demanda e o consumo, também aumentam as exigências dos usuários. E foi em razão das crescentes queixas de consumidores ao Procon e órgãos de controle que a presidenta Dilma Rousseff resolveu pôr um freio de arrumação nessa dinâmica. Primeiro, há cerca de três meses, pressionou os bancos a reduzir juros e baratear o crédito. Há duas semanas, foi a vez dos planos de saúde, com o cancelamento de duas centenas de planos que vinham descumprindo resolução da Agência Nacional de Saúde. A última medida de aperto foi a suspensão das vendas de chips pelas operadoras de telefonia celular TIM, Claro e Oi decretada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). É extremamente salutar que as agências reguladoras finalmente exerçam seu papel para qualificar os serviços. É assim nos países desenvolvidos e não pode ser diferente numa nação que quer se firmar entre as principais potências mundiais. Medidas como essas estimulam a concorrência, o desenvolvimento tecnológico das empresas e beneficiam o cliente final que, satisfeito, consome mais. 

As ações da ANS e da Anatel, apesar do cunho técnico, são fruto de uma decisão política. Também estão na mira do governo os setores de transporte aéreo e terrestre, a cargo da Anac e da ANTT. Desde o início do ano, um relatório da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacom), no Ministério da Justiça, preocupa o Palácio do Planalto. O documento mostra que mais de 70% das reclamações que chegam aos órgãos de defesa do consumidor são contra setores regulados. Portanto, a nova missão da recém-empossada secretária Juliana Pereira é justamente se aproximar das agências reguladoras e criar um mapa nacional do consumo, com as principais queixas separadas por segmento e empresas. Dilma, por sua vez, decidiu nomear técnicos em vez de indicados políticos, justamente para tornar a fiscalização mais eficiente. E tem acompanhado as decisões de perto. No caso da Anatel, ela recebeu telefonema do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que está na Califórnia, para informá-la de que as empresas foram avisadas que poderiam “sofrer sanções mais graves do que multas”.
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MEDIDA INÉDITA
Na quarta-feira 18, a Anatel suspendeu a venda de planos da TIM, Oi e Claro
Nos últimos 12 anos, o Brasil bateu recordes sucessivos de números de celulares habilitados, puxando o crescimento do setor no mundo. Nesse período, a Anatel também verificou o aumento exponencial das reclamações dos usuários, a maior parte por interrupções de chamada, chamadas não completadas e atendimento precário. “O uso das redes sociais tem exigido cada vez mais capacidade da rede, o que exige maior qualidade nos serviços das operadoras”, avalia o presidente da Anatel, João Batista Rezende. As empresas só podem voltar a comercializar novas linhas se apresentarem em 30 dias um plano de investimento que deverá ser aprovado pelo superintendente de serviços privados da agência, Bruno Ramos.

Mas não são apenas as empresas que precisam cumprir sua parte. O ex-ministro das Comunicações Juarez Quadros alerta para restrições nas legislações municipais e estaduais, que dificultam a expansão da infraestrutura de telecomunicações, como instalação de torres. “A Anatel deveria criar uma legislação federal para acelerar a liberação dessas instalações”, diz Quadros. O diretor-executivo do Sinditelebrasil, Eduardo Levy, acrescenta que a telefonia 4G começará a operar no próximo ano e exigirá o dobro de antenas utilizadas atualmente na tecnologia 3G. As empresas têm demonstrado boa vontade em atender à Anatel, mas consideram a proibição uma medida extrema e pretendem recorrer judicialmente. Elas alegam também que a agência não considerou investimentos recentes. Pelo visto, a batalha está apenas começando.
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Num só livro, o melhor do grande poeta Carlos Drummond de Andrade



MAIS DE SETE FACES Drummond nos anos 60: do verso tipicamente modernista à métrica convencional e daí ao flerte com o concretismo (Foto: Nelson Di Rago)
MAIS DE SETE FACES Drummond nos anos 60: do verso tipicamente modernista à métrica convencional e daí ao flerte com o concretismo (Foto: Nelson Di Rago)

(Texto de Jerônimo Teixeira publicado na edição impressa de VEJA)

Poesia 1930-62 – Edição Crítica
O que interessa

Em meio a vários lançamentos recentes do modernista Carlos Drummond de Andrade, “Poesia 1930-62″ é o essencial: traz o cerne de sua obra em edição crítica
Capa: Poesia 1930-62 - Edição Crítica
Capa: Poesia 1930-62 - Edição Crítica
Este 110º aniversário do nascimento de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) tem sido pródigo em lançamentos e homenagens. A Globo acaba de publicar sua correspondência com o romancista Cyro dos Anjos, na qual Drummond mostra uma franqueza ácida, quase nunca vista em textos publicados, na avaliação de escritores seus contemporâneos.
A CosacNaify editou Os 25 Poemas da Triste Alegria, versos inéditos, anteriores à estreia emAlguma Poesia, em 1930. São lançamentos importantes, mas se destinam sobretudo a admiradores inveterados ou a estudiosos acadêmicos de Drummond, que dessa forma têm acesso às suas opiniões mais reservadas e à dimensão, digamos, arqueológica de sua obra.
Homenageado na semana passada na Feira Literária Internacional de Paraty, o poeta mineiro também vem tendo sua obra relançada pela Companhia das Letras (e os livros da editora anterior, a Record, ainda nem sumiram das livrarias).
Mas o livro obrigatório tanto na estante especializada de críticos e poetas quanto nas prateleiras mais ecléticas do leitor comum é Poesia 1930-62 – Edição Crítica (CosacNaify; 1 024 páginas; 179 reais).
Para ser lido de cabo a rabo e depois revisitado com prazer
É a edição cuidada e criteriosa que um autor como Drummond – para todos os efeitos, o poeta central do modernismo brasileiro – exigia fazia muito tempo. Compreende dez livros e praticamente toda a estupefaciante variedade de registros do poeta, do modernismo irônico (mas desde sempre melancólico) de Alguma Poesia aos flertes com o concretismo em Lição de Coisas, passando pela alta poe­sia de teor político em A Rosa do Povo e pelos metros e temas mais “clássicos” deClaro Enigma.
Depois de Lição de Coisas, Drummond embarcaria no longo e rebarbativo ciclo memorialístico de Boitempo, e diluiria a si mesmo em outras tantas coletâneas. Continuou produzindo alguns bons poemas, mas não publicou mais nenhum grande livro de poesia.
Uma edição crítica é aquela que fixa a versão de cada poema que se supõe a mais próxima possível da vontade final do autor e ao mesmo tempo registra todas as suas variantes publicadas ou manuscritas.
Organizado pelo crítico Júlio Castañon Guimarães, pesquisador da Fundação Casa de Rui Barbosa, o livro beneficia-se de um elegante planejamento gráfico, com as variações de cada verso claras e acessíveis no rodapé, mas sempre preservando a legibilidade do corpo do poema.
O preço, 179 reais, parece salgado – mas não quando se considera que, dos dez livros coligidos aqui, a Companhia das Letras lançou só quatro, que já somam 107 reais.
E este é um calhamaço para ser lido de cabo a rabo e depois revisitado com prazer por toda a vida do leitor. Estão lá os antologizados No Meio do Caminho e José – mas também poe­mas extraordinários porém menos citados, como Noturno à Janela do ApartamentoResíduoTarde de MaioEscada e Ciclo. Em um volume, praticamente tudo o que interessa de Drummond.
E Drummond interessa.

Bebida: Vergonha nacional


Ricardo Setti

Rio de Janeiro, quarta-feira, 16h Quando foi fotografado por VEJA, o estudante de 16 anos de pé à esquerda tomava a primeira das dez cervejas que consumiria naquele dia. Com a mesada de 1 700 reais, patrocina a farra da turma na praia e na balada. Quando a mãe soube dos seus excessos, ele prometeu beber só em casa. Mas não cumpre o acordo. "Nunca tive dificuldade para comprar bebida e entro na balada com uma identidade falsa infalível", diz. (Foto: Marcos Michael)
Rio de Janeiro, quarta-feira, 16h Quando foi fotografado por VEJA, o estudante de 16 anos de pé à esquerda tomava a primeira das dez cervejas que consumiria naquele dia. Com a mesada de 1 700 reais, patrocina a farra da turma na praia e na balada. Quando a mãe soube dos seus excessos, ele prometeu beber só em casa. Mas não cumpre o acordo. "Nunca tive dificuldade para comprar bebida e entro na balada com uma identidade falsa infalível", diz. (Foto: Marcos Michael)
(Publicado em VEJA de 11 de julho de 2012, por Laura Diniz e Carolina Rangel, com reportagem de Kalleo CouraAndré ElerAlessandra Medina e Manoel Marques)


Bebida
Vergonha nacional
A lei proíbe menores de beber, mas ninguém, nem os pais, a respeita. Os jovens pagam o preço por isso, e ele é alto
De todas as leis ignoradas no Brasil – e a lista é longa -, poucas são descumpridas com tanta naturalidade, e na escala, como aquela que proíbe menores de 18 anos de beber. Pesquisa inédita feita em sete capitais do país – São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Belém e Campo Grande – mostra que adolescentes que tentam comprar bebidas alcoólicas têm sucesso em, pelo menos, 70% das vezes.
Na capital paraense, esse índice chega a estupefacientes 88%, recorde seguido de perto pelo Rio, com 86%. Mesmo em São Paulo, onde uma norma estadual aumenta o rigor das punições aos donos de estabelecimentos que vendem bebida para menores, 71% dos adolescentes têm trânsito livre para o balcão do bar.
As décadas de descumprimento da lei fizeram mais do que consolidar a ideia de que ela não passa de letra morta – contribuíram para que os adultos se habituassem a ver o consumo de bebida por adolescentes como um “mal menor”, comparado aos perigos do mundo.
“Não é”, afirma o autor do estudo e uma das principais autoridades brasileiras no assunto, o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenador do Instituto Nacional de Políticas Públicas do Álcool e Drogas. “Os pais precisam entender que o álcool potencializa o risco de que aconteça aos seus filhos o que eles mais temem.” Leia-se: que eles se metam em encrencas, e das grandes.
Belém, quarta-feira, 21h30 A jovem de 16 anos dividia uma mesa de bar e muita cerveja com seis amigos. "Saí do cinema e vim beber, para passar o tédio das férias", afirmou a adolescente, que diz estar acostumada a tomar dez latas de cerveja numa noite. Desde que começou a beber, aos 14 anos, passou a consumir pequenas doses de vinho, uísque e vodca - de garrafas que os pais mantinham no bar de casa. "Sempre via aquelas embalagens e ficava curiosa para saber como era. Quando minha mãe descobriu que eu bebia, parou de comprar. Ela não faz ideia de que estou no bar." (Foto: Tarso Sarraf)
Belém, quarta-feira, 21h30 A jovem de 16 anos dividia uma mesa de bar e muita cerveja com seis amigos. "Saí do cinema e vim beber, para passar o tédio das férias", afirmou a adolescente, que diz estar acostumada a tomar dez latas de cerveja numa noite. Desde que começou a beber, aos 14 anos, passou a consumir pequenas doses de vinho, uísque e vodca - de garrafas que os pais mantinham no bar de casa. "Sempre via aquelas embalagens e ficava curiosa para saber como era. Quando minha mãe descobriu que eu bebia, parou de comprar. Ela não faz ideia de que estou no bar." (Foto: Tarso Sarraf)
Levantamentos feitos no Brasil e no exterior comprovam que beber – em qualquer idade – potencializa comportamentos temerários. No adolescente, com sua onipotência e impulsividade características, o risco de o álcool provocar ou facilitar situações como gravidez precoce, contaminação por doenças sexualmente transmissíveis, envolvimento com a criminalidade e uso de drogas ilícitas é perigosamente maior.
Junte-se a isso o fato de que, num organismo jovem, o impacto e as consequên­cias da ingestão de bebida são muito diferentes do que os que incidem sobre um adulto, e a conclusão – unânime – dos especialistas é: menores de 18 anos não devem beber sequer uma gota de álcool.
A experiência de muitos adultos, no entanto, ajuda a enfraquecer o que, para os cientistas, é uma certeza. Muitos pais pensam: “Tomei minhas doses quando era jovem e hoje tenho um emprego estável, uma família feliz e uma relação saudável com a bebida”. Por causa disso, novas pesquisas têm tentado matizar as categorias de bebedores jovens e precisar os riscos associados a cada perfil.
Esse tipo de estudo é realizado há pelo menos uma década no exterior, mas só há pouco tempo começou a ser feito também aqui. Um precioso levantamento, a ser publicado no mês que vem na revista científicaDrugs and Alcohol Dependence, ouviu 15 000 jovens nas 27 capitais brasileiras para mapear como, onde, quanto e o que bebem os adolescentes brasileiros.
O foco escolhido foi o grupo que mais preocupa quem trata do problema: jovens que bebem ao menos cinco doses de álcool em uma única ocasião – ou seja, que incorrem na popular “bebedeira”. O cenário que emerge do estudo é alarmante. Ao longo de um ano, um em cada três jovens brasileiros de 14 a 17 anos se embebedou ao menos uma vez. Em 40% dos casos mais recentes, isso ocorreu na sua casa ou na de amigos e parentes.
Os números confirmam também a leniência com que adultos encaram a transgressão. Em 11% dos episódios, os menores estavam acompanhados dos próprios pais ou de tios.
Campo Grande, quarta-feira, 20h A estudante de 14 anos juntou-se a outras 3000 pessoas para assistir à final da Copa Libertadores em um telão na Praça do Rádio e torcer pelo Corinthians. Em Campo Grande, é proibido beber em locais públicos, independentemente da idade. Mas ninguém incomoda os contraventores. No dia do jogo, todo mundo bebeu na praça, mesmo com a presença de policiais. "Aqui não tem o que fazer, o jeito é beber", disse a jovem, que festejou tomando vodca com suco no gargalo da garrafa. (Foto: Manoel Marques)
Campo Grande, quarta-feira, 20h A estudante de 14 anos juntou-se a outras 3000 pessoas para assistir à final da Copa Libertadores em um telão na Praça do Rádio e torcer pelo Corinthians. Em Campo Grande, é proibido beber em locais públicos, independentemente da idade. Mas ninguém incomoda os contraventores. No dia do jogo, todo mundo bebeu na praça, mesmo com a presença de policiais. "Aqui não tem o que fazer, o jeito é beber", disse a jovem, que festejou tomando vodca com suco no gargalo da garrafa. (Foto: Manoel Marques)
Um dos dados que mais chamam atenção na pesquisa é o que mostra que, ao contrário de países como os Estados Unidos, por exemplo, no Brasil, os jovens mais ricos são os que mais têm o hábito de se embebedar. O estudo mostrou que quase metade dos jovens da classe A, em que a renda familiar média supera os 10 000 reais, se embriagaram ao menos uma vez no último ano.
É quase o dobro do índice registrado entre as classes D e E (renda familiar média de 600 reais). Segundo uma das autoras do estudo, Zila Sanchez, isso se deve sobretudo ao fato de que os brasileiros ainda relevam os riscos do álcool, ao contrário do que ocorre entre os americanos. Além disso, jovens ricos têm uma vida social mais ativa e maior autonomia financeira do que os mais pobres, o que facilita o acesso à bebida.
Influenciaria, ainda, um menor temor dos pais dessa classe média alta de que seus filhos se tornem marginais ou fracassados em razão do contato com o álcool, já que o ambiente de proteção social e o histórico familiar não apontam nessa direção.
Essa realidade já influencia também a oferta de serviços de saúde. Há cerca de dois anos, os médicos do Hospital Israelita Albert Einstein, reduto da classe A, começaram a notar o fenômeno. “Não era comum atendermos adolescentes de 13 e 14 anos com intoxicações alcoólicas. Agora, dois ou três costumam dar entrada aqui por noite às sextas-feiras e aos sábados”, explica a pediatra Paula Cristina Ranzini, da Unidade de Pronto Atendimento Infantil da unidade Morumbi do Einstein.
Porto Alegre, quarta-feira, 20h45 As duas gaúchas de 17 anos da foto ao lado fazem um brinde à impunidade. Elas começaram a tomar cerveja há pelo menos dois anos e hoje bebem quase diariamente. Nunca tiveram dificuldade para comprar as garrafas. Uma delas, estudante de filosofia, diz que as festas da turma na universidade pública em que estuda sempre têm gelatina com vodca. A outra, que ainda está no ensino médio, diz que só os religiosos de sua escola não bebem. As duas consideram o discurso antiálcool puro moralismo: "Café também já foi proibido para menores". (Foto: Jefferson Bernardes)
Porto Alegre, quarta-feira, 20h45 As duas gaúchas de 17 anos da foto ao lado fazem um brinde à impunidade. Elas começaram a tomar cerveja há pelo menos dois anos e hoje bebem quase diariamente. Nunca tiveram dificuldade para comprar as garrafas. Uma delas, estudante de filosofia, diz que as festas da turma na universidade pública em que estuda sempre têm gelatina com vodca. A outra, que ainda está no ensino médio, diz que só os religiosos de sua escola não bebem. As duas consideram o discurso antiálcool puro moralismo: "Café também já foi proibido para menores". (Foto: Jefferson Bernardes)
Os jovens chegam entre 23 horas e meia-noite e são levados pelos pais ou por pais de amigos. A situação mais comum é terem exagerado em bebidas ice (como é conhecida a mistura de vodca com refrigerante ou suco de fruta) e destilados em festas na casa de amigos, chamadas de “esquenta”. Os pais ficam perplexos e, muitas vezes, trocam acusações na frente dos médicos. Diante da situação, o hospital montou um protocolo de atendimento especial para adolescentes embriagados, que prevê encaminhamento para consulta com terapeuta e, nos casos mais graves, avaliação psicológica antes da alta.
Entrevistas feitas por VEJA com jovens, pais e funcionários de bares de norte a sul do Brasil refletem com precisão a teoria do “mal menor” captada pelas pesquisas. Uma mãe de Porto Alegre, por exemplo, disse que incentiva os filhos a beber em casa com os amigos para que não façam isso na rua, onde estariam desamparados. Ela acredita que assim está protegendo devidamente os meninos.
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Outros, como um garçom de Belém, admitem vender bebidas a menores, porque, se ele não o fizer, “outra pessoa vai fazer”. Documentos de identidade falsificados, companhia indispensável nas noitadas, são aceitos à larga. E a completa falta de fiscalização para coibir tanto o consumo como a venda das bebidas é a regra. Vende-se livremente porque não há a menor possibilidade de punição.
Algumas iniciativas isoladas, no entanto, começam a atacar o problema. Em outubro do ano passado, o governo paulista sancionou uma lei que prevê multa de até 92 000 reais a estabelecimentos que vendam bebida a menores, mudando o eixo da correção da pessoa física – o garçom incauto – para a jurídica – o dono do empreendimento. Quase 200 000 locais já foram inspecionados, mas em menos de 1 000 houve punição, o que demonstra que ainda há um longo caminho a percorrer.
Belém, quinta-feira, 23h30 O garçom Ricardo Omar, 35 anos, já vendeu cerveja a menores diversas vezes. "Eu trabalhava na praia, não tinha fiscalização nenhuma. Fico triste por ver adolescentes bebendo, mas, se eu não vendesse, outro iria vender", disse o garçom. Omar ficou decepcionado recentemente, quando descobriu que seu filho de 15 anos também consome bebida alcoólica, mas não o proibiu. "Beber um pouco não faz mal, o problema é descambar para as drogas." (Foto: Tarso Sarraf)
Belém, quinta-feira, 23h30 O garçom Ricardo Omar, 35 anos, já vendeu cerveja a menores diversas vezes. "Eu trabalhava na praia, não tinha fiscalização nenhuma. Fico triste por ver adolescentes bebendo, mas, se eu não vendesse, outro iria vender", disse o garçom. Omar ficou decepcionado recentemente, quando descobriu que seu filho de 15 anos também consome bebida alcoólica, mas não o proibiu. "Beber um pouco não faz mal, o problema é descambar para as drogas." (Foto: Tarso Sarraf)
Campanhas mais localizadas também têm surtido efeito. Em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo, moradores se mobilizam desde 2008 para diminuir o consumo de álcool entre os jovens. Nem o tradicional quentão é mais servido nas festas juninas, e o número de lugares que vendem bebida a menores caiu cerca de 50% – abaixo da média brasileira, mas ainda um escândalo.
Esse cenário de vergonha nacional requer, antes de tudo, uma mudança de mentalidade. Até recentemente, pouca gente achava que o cinto de segurança era um acessório útil – ou via algum problema em estar ao lado de um fumante num bar ou em outro ambiente fechado.
Bebida infantil
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Essas visões não mudaram a partir da criação de novas leis, mas a partir do momento em que a obediência às regras passou a ser cobrada. A fiscalização precisa ser apertada nas ruas e o rigor tem de aumentar em casa. Nos dois casos, o caminho mais seguro para proteger os adolescentes das ciladas do álcool é um só: seguir a lei. Bebida, só depois dos 18.