terça-feira, 8 de maio de 2012

Dilma pressiona e Febraban recua das críticas


Entidade divulga nota para desautorizar relatório que questionava eficácia das medidas do governo sobre o mercado de crédito

Martha BeckGabriela Valente e Aguinaldo Novo, O Globo
A presidente Dilma Rousseff ficou irritada com o teor do relatório divulgado ontem pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). No texto, assinado pelo economista-chefe da entidade, Rubens Sardenberg, a conclusão é de que os bancos não elevariam a oferta de crédito no país de maneira significativa, como o governo pretende, com o intuito de alavancar o crescimento econômico.
O economista chegou a dizer que "você pode levar um cavalo até a beira do rio, mas não pode obrigá-lo a beber água", numa referência velada à ofensiva do governo de forçar o aumento do crédito e a queda dos juros e spreads, apesar dos índices de inadimplência elevados. Um interlocutor próximo da presidente rebateu a declaração de Sardenberg dizendo que "o cavalo poderia morrer de sede". A notícia sobre o teor da nota da Febraban e a reação palaciana foi publicada nesta terça-feira pelo GLOBO.
O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, telefonou hoje de manhã para o ministro da Fazenda, Guido Mantega , tentando contornar a reação negativa que o relatório provocara e reafirmou a disposição de colaborar com o governo no esforço para a ampliação do crédito e o crescimento econômico.
Diante da irritação de Dilma e seguindo sua orientação, Mantega avisou ao banqueiro que a retratação teria de ser pública, assim como foi a divulgação do relatório, e deu um prazo até o fim da tarde para a Febraban manifestar-se.
Trabuco tentou explicar a Mantega, por telefone e por e-mail, que o relatório refletia uma realidade de mercado e não se tratava de uma tentativa do setor de bater de frente com o governo. Mas, no fim da tarde, a Febraban soltou nota desautorizando o relatório distribuído na véspera por Sardenberg.
No governo, a orientação foi para que nenhuma autoridade se manifestasse publicamente sobre a crise com a Febraban, pois o esforço a partir de agora é para acalmar os ânimos e dar o episódio como encerrado. Entretanto, a avaliação de fontes do governo é que a publicação do relatório foi a segunda falha da entidade.
O primeiro mal-estar aconteceu com as declarações do presidente da Febraban, Murilo Portugal, cobrando medidas do governo para baixar o spread e exigindo o recebimento de créditos junto à Receita, em reunião no Ministério da Fazenda, em abril. 


Eis a nota que desautorizou o relatório:
"“A Febraban e os bancos associados estão comprometidos com a expansão vigorosa e saudável do crédito, que é a razão de ser do sistema bancário, e é fundamental para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.
A Diretoria de Economia da Febraban produz o Informativo Semanal de Economia Bancária-Iseb há quatro anos. A edição 140, divulgada na segunda-feira, 7 de maio, trouxe uma análise da conjuntura do mercado de crédito baseada em dados e estatísticas públicos e na pesquisa sobre expectativas e projeções e opiniões dos analistas, que não podem ser interpretados como um posicionamento oficial da entidade ou de seus associados.
A Febraban reitera sua crença em que um sistema financeiro saudável, ético e eficiente é condição essencial para o desenvolvimento econômico e social sustentável do país e reafirma sua disposição de trabalhar em conjunto com seus associados e o governo em prol do desenvolvimento do Brasil.” 

Ministro Luiz Fux pede "tolerância zero" entre álcool e direção


País

Agência Brasil

O ministro Luiz Fux, relator da ação que questiona a constitucionalidade da Lei Seca no Supremo Tribunal Federal (STF), disse que é adepto à tese da tolerância zero em relação à ingestão de álcool e direção. No entanto, ele preferiu não adiantar qual será seu voto no julgamento do caso, que, segundo ele, deve ocorrer no final do segundo semestre.
O ministro falou com a imprensa logo após a primeira audiência pública marcada por ele para debater a Lei Seca antes do julgamento do caso. "Sem querer adiantar voto, muito embora pessoalmente eu seja partidário da tolerância zero, restou dessa audiência pública a certeza de que deve aumentar essa política de educação do povo em relação a esses efeitos tão graves que a bebida e a direção acabam encerrando", destacou Fux.
A ação foi protocolada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e pretende limitar restrições impostas pela lei, como o limite máximo de graduação alcoólica no sangue e a proibição de venda de bebida alcoólica à beira de rodovias federais.
Segundo Fux, o primeiro dia de audiência deixou claro que todos são favoráveis a punições mais rígidas para aqueles que dirigem bêbados, mas que há controvérsias sobre o uso do bafômetro e sobre a responsabilização criminal de quem dirige com baixo teor de álcool no sangue.

Sem aeroportos suficientes, bases militares podem ser usadas na Copa



Possibilidade foi levantada nesta tarde por Jérôme Valcke, secretário-executivo da Fifa

Do Portal Terra
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O governo brasileiro e a Fifa selaram a paz nesta terça-feira (8) em Zurique depois de uma reunião de mais de seis horas. Apesar disso, os problemas estruturais do País para receber o Mundial continuam exatamente iguais. Entre eles, a falta de quartos nos hotéis de algumas sedes e a precária rede aeroportuária brasileira.
Faltando apenas 13 meses para o início da Copa das Confederações, fica difícil imaginar que essas questões serão resolvidas a tempo. Por isso, a Fifa já fala até em utilizar bases militares para receber o tráfego aéreo elevado durante o Mundial.
A entidade já sabe que não poderá hospedar torcedores, jornalistas e delegações em muitas das 12 cidades que vão receber a Copa na primeira fase. O jeito será manter os visitantes em trânsito antes e depois dos jogos, com base em grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. O problema então se torna outro: a falta de capacidade dos aeroportos.
A possibilidade de improvisar com bases militares foi levantada nesta tarde por Jérôme Valcke, secretário-executivo da Fifa, depois do encontro com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Segundo Valcke, o tema será debatido pelo fórum criado nesta terça que envolve a própria federação internacional, o governo federal e o Comitê Organizador Local da Copa (COL). "Vamos buscar soluções para várias questões como problemas de mobilidade, aeroportos, bases militares, setor hoteleiro, entre outros temas. Vamos criar um elo com o governo federal para garantir que todos possam assistir à Copa", disse.
O ministro Aldo Rebelo confirmou a possibilidade de utilização das bases militares para ajudar a receber o tráfego aéreo durante a competição. No entanto, disse que o plano ainda precisa ser analisado com mais cuidado. "Nós temos um grupo que considera todas as possibilidades e essa opção (das bases militares) está sendo considerada", declarou. "Mas a forma, o detalhe e as condições só podem ser reveladas quando resolvidas com o Ministério da Defesa que é, em última instância, a área responsável pela operação desses aeroportos", completou.

CÓDIGO FLORESTAL - Um debate desértico-



Por Rolf Kuntz em 08/05/2012 na edição 693
Feijão e arroz interessam a todos, assim como água limpa e ar puro, mas os meios de comunicação conseguiram transformar o debate sobre o Código Florestal em assunto de dois grupos muito restritos, a bancada ruralista do Congresso Nacional e os ambientalistas. A maior parte da cobertura foi mais uma versão da luta entre o bem e o mal, um conflito bipolar entre os defensores da natureza e os partidários da devastação. A redução do problema a termos tão simples dificilmente poderia resultar numa informação de alta qualidade.
“Ruralistas vencem no Código florestal”, noticiou o Globo na quinta-feira (26/4), no alto da primeira página. “Dilma é derrotada, e nova lei diminui a proteção ambiental”, deu a Folha de S.Paulo em manchete. Em página interna o Estado de S.Paulo também destacou a vitória de um dos grupos: “Aprovada reforma do Código Florestal; ruralistas impõem derrota ao governo”. O Palácio do Planalto, nesse caso, surgiu como portador da bandeira ambientalista
Nos jornais, o assunto foi entregue, de modo geral, às equipes encarregadas de questões de Saúde, Ciência e Ambiente. As editorias de Economia ficaram longe do tema. Alguns colunistas econômicos trataram do debate, em raras ocasiões. Em editoriais, também raros, a dimensão mais ampla do assunto foi mostrada. Mas, com a omissão das seções econômicas, a cobertura ficou deficiente. Jornalistas competentes em agricultura poderiam ter enriquecido o trabalho com detalhes de real importância.
Novas técnicas
Valeria a pena circunscrever mais claramente o problema do desmatamento. Quem promove a devastação? Qual a responsabilidade de cada categoria de produtor? Como se dá a ocupação do território pela agropecuária? Quanto cresceu a produção de grãos nos últimos vinte anos e quanto aumentou a extensão das terras cultivadas? Os ganhos de produtividade permitiram limitar a expansão das áreas de lavouras? E qual a proporção entre o crescimento da pecuária comercial e o das pastagens? Quem desmata para criar bois?
Responder a questões como essas tornaria o debate mais interessante e mais informativo para um número muito maior de pessoas. Também serviria para diferenciar tipos de atividade agropecuária e mostrar o envolvimento de cada classe de produtor com a preservação ambiental. Quem acompanhou a evolução da agricultura brasileira nas últimas três décadas sabe quanto mudaram os padrões de manejo de solo e de relação dos produtores comerciais com o ambiente.
Jornalistas com experiência na área agrícola poderiam lembrar, por exemplo, os problemas de erosão causados em algumas áreas do Rio Grande do Sul, até os anos 1980, por algumas das piores práticas. Tanto os produtores quanto o governo – incluídos os bancos oficiais – passaram por um duro e importante aprendizado.
Boas práticas de culturas em encostas, novas técnicas de irrigação, melhor uso das curvas de nível, manutenção de árvores como quebra-ventos naturais, respeito às matas ciliares e emprego mais cuidadoso de máquinas entraram no repertório dos melhores agricultores. A rotação de culturas também contribui para a preservação da qualidade do solo. Técnicas de plantio direto e de cultivo mínimo (minimum tillage) foram adotadas gradualmente. Agrônomos regionais tiveram papel importante nas mudanças, assim como jovens técnicos de volta das faculdades para a propriedade da família.
Discussão empobrecida
Nos anos 1980 e em boa parte dos 90 os debates sobre produtividade e preservação frequentemente se misturaram. A imprensa especializada acompanhou. Ecologistas de ONGs permaneceram longe dessas discussões a maior parte do tempo. Quem acompanhou os fatos e andou pelo interior, como repórter, enfiando o pé no solo recém arado, para conversar com os lavradores, como fez muitas vezes o colunista, sabe disso.
Apesar do longo aprendizado, problemas importantes permaneceram, mas a discussão pública sobre o projeto do novo Código Florestal foi tremendamente empobrecida pelo enfoque ruralistas versusambientalistas.
Os meios de comunicação contribuíram para esse empobrecimento.
***
[Rolf Kuntz é jornalista]

VEJA & CACHOEIRA - Trevas ao meio-dia



Por Mino Carta em 08/05/2012 na edição 693
Reproduzido do site da CartaCapital, 3/5/2012; 
Por que a mídia nativa fecha-se em copas diante das relações entre Carlinhos Cachoeira e a revista Veja? O que a induz ao silêncio? O espírito de corpo? Não é o que acontece nos países onde o jornalismo não se confunde com o poder e em vez de servir a este serve ao seu público. Ali, os órgãos midiáticos estão atentos aos deslizes deste ou daquele entre seus pares e não hesitam em denunciar a traição aos valores indispensáveis à prática do jornalismo. Trata-se de combater o mal para preservar a saúde de todos. Ou seja, a dignidade da profissão.
O Reino Unido é excelente e atualíssimo exemplo. Estabelecida com absoluta nitidez a diferença entre o sensacionalismo desvairado dos tabloides e o arraigado senso de responsabilidade da mídia tradicional, foi esta que precipitou a CPI habilitada a demolir o castelo britânico de Rupert Murdoch. Isto é, a revelar o comportamento da tropa murdoquiana com o mesmo empenho investigativo reservado à elucidação de qualquer gênero de crime. Não pode haver condão para figuras da laia do magnata midiático australiano e ele está sujeito à expulsão da ilha para o seu bunker nova-iorquino, declarado incapaz de gerir sua empresa.
O Brasil não é o Reino Unido, a gente sabe. A mídia britânica, aberta em leque, representa todas as correntes de pensamento. Aqui, terra dos herdeiros da casa-grande e da senzala, padecemos a presença maciça da mídia do pensamento único. Na hora em que vislumbram a chance, por mais remota, de algum risco, os senhores da casa-grande unem-se na mesma margem, de sorte a manter seu reduto intocado. Nada de mudanças e que o deus da marcha da família nos abençoe. A corporação é o próprio poder, de sorte a entender liberdade de imprensa como a sua liberdade de divulgar o que bem lhe aprouver. A distorcer, a inventar, a omitir, a mentir. Neste enredo vale acentuar o desempenho da revista Veja. De puríssima marca murdoquiana.
A lâmpada Skuromatic
Não que os demais não mandem às favas os princípios mais elementares do jornalismo quando lhes convém. Neste momento, por exemplo, omitem a parceria Cachoeira-Policarpo Jr., diretor da sucursal deVeja em Brasília e autor de algumas das mais fantasmagóricas páginas da semanal da Editora Abril, inspiradas e adubadas pelo criminoso, quando não se entregam a alguma pena inspirada à tarefa de tomar-lhe as dores. Veja, entretanto, superou-se em uma série de situações que, em matéria de jornalismo onírico, bateram todos os recordes nacionais e levariam o espelho de Murdoch a murmurar a possibilidade da existência de alguém tão inclinado à mazela quanto ele. E até mais inclinado, quem sabe.
O jornalismo brasileiro sempre serviu à casa-grande, mesmo porque seus donos moravam e moram nela. Roberto Civita, patrão abriliano, é relativamente novo na corporação. Sua editora, fundada pelo pai Victor, nasceu em 1951 e Veja foi lançada em setembro de 1968. De todo modo, a se considerarem suas intermináveis certezas, trata-se de alguém que não se percebe como intruso, e sim, como mestre desbravador, divisor de águas, pastor da grei. O sábio que ilumina o caminho. Roberto Civita não se permite dúvidas, mas um companheiro meu na Veja censurada pela ditadura o definia como inventor da lâmpada Skuromatic, aquela que produz a treva ao meio-dia.
Bandidagem em comum
Indiscutível é que a Veja tem assumido a dianteira na arte de ignorar princípios. A revista exibe um currículo excepcional neste campo e cabe perguntar qual seria seu momento mais torpe. Talvez aquele em que divulgou uma lista de figurões encabeçada pelo então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, apontados como donos de contas em paraísos fiscais. Lista fornecida pelo banqueiro Daniel Dantas, especialista no assunto, conforme informação divulgada pela própria Veja. O orelhudo logo desmentiu a revista, a qual, em revide, relatou seus contatos com DD, sem deixar de declinar-lhes hora e local. A questão, como era previsível, dissolveu-se no ar do trópico. Miúda observação: Dantas conta entre seus advogados, ou contou, com Luiz Eduardo Greenhalgh e Márcio Thomaz Bastos e este é agora defensor de Cachoeira. É o caso de dizer que nenhuma bala seria perdida?
Sim, sim, mesmo os mais eminentes criminosos merecem defesa em juízo, assim como se admite que jornalistas conversem com contraventores. Tudo depende do uso das informações recebidas. Inaceitável é o conluio. A societas sceleris. A bandidagem em comum.
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[Mino Carta é diretor de Redação da CartaCapital]

Um Minuto com Augusto Nunes: José Antonio Dias Toffoli ‘sob suspeita’



O erótico Pato Donald


Enviado por Rádio do Moreno - 
7.5.2012
 | 
13h41m
COLUNA


Hélio Pólvora 

Pato Donald nunca foi de chercher la femme, perdão, chercher la cane. Sua sexualidade sempre me pareceu normal, calma, discreta, da espécie que não discute fêmeas em bares nem alardeia atléticas proezas amorosas. Para ele, a pata do vizinho nunca está mais gorda e tenra do que a sua. Em suma, Donald Duck não é de pular a cerca nem urinar fora do caco. 
O mesmo não se diria do Pato Donald do Parque Epcot, no Disney World, em Miami, destino turístico de muitos brasileiros. Queixa-se uma frequentadora americana, portanto menos imune a suspeitas, que, em 2008, ele, o pato, agarrou-lhe os seios. Ignoro se neles tocou intencionalmente, com intuitos eróticos, se apenas os roçou ou premiu por acidente. O jornal The Sun, de onde partiu a notícia, não dá pormenores — ou então o tradutor em português suprimiu-os. Mas há um agravante: Pato Donald, que devia ter tomado umas e outras, ou sentia-se em estado de abandono afetivo, teria atacado a queixosa quando esta se fazia acompanhar do noivo e do filho. 
Caso de privação de sentidos, se não tiver inspiração alcoólica. O Donald que conhecemos, dos desenhos animados, das tirinhas de jornais, tem voz rouca, é neurótico, vive permanentemente angustiado por pequenos problemas do cotidiano — mas não é agressivo com patas, muito menos com mulheres. É em geral bem educado, paciente com os sobrinhos, useiros e vezeiros em causar-lhe transtornos, e suporta o mau humor, a avareza, o exibicionismo de tio Patinhas — único ricaço na família. 
A mulher sexualmente assediada por Donald, no Parque Epcot, chama-se April Mogolon, tinha 27 anos, provavelmente é charmosa, de busto cheio, e levou Disney à barra dos tribunais. Queria indenização de 88 mil dólares. Até que não exige muito, tendo em vista a gravidade do assédio. Está no seu direito, embora um aspecto do caso me preocupe: somente mais de dois anos depois resolveu pedir compensação por danos morais. Segundo afirma, continua traumatizada até hoje, sofre de ansiedade, a cabeça não para de doer, está sujeita a pesadelos constantes, insônia, suores frios, problemas digestivos. As últimas férias da família foram definitivamente estragadas, a Sra. Mogolon não consegue mais concentrar-se nas atividades domésticas. Um horror. 
Esse Pato Donald da Disneylândia merece um corretivo. Se eu fosse parente do Donald verdadeiro, o dos gibis e dos filmes de Walt Disney, aconselharia um segundo processo por danos morais. Afinal, estão a infamar o Pato original, a macular-lhe a imagem, a impingir-lhe má fama. Com certeza tio Patinhas é da mesma opinião. Suou, embora não se saiba como, para acumular uma montanha de ouro e passar as horas mais felizes da vida a surfar sobre as moedas. Até a penúltima crise financeira internacional ele era o símbolo do triunfante capitalismo americano. Hoje, com o PIB baixo, o crescimento lento e empregos escassos, a economia americana arquivou tio Patinhas como sinal de abastança. 
Ainda assim, Patinhas é personagem forte. Herdou o apego ao erroneamente chamado vil metal dos avarentos criados por Shakespeare e Balzac. Arrancar uma moeda ao velho Patinhas dos gibis é tarefa hercúlea que os sobrinhos de Donald, imaginosos e arteiros como são, e ancorados numa infância perene, jamais concluíram. Nesse capítulo, certos parlamentares brasileiros lhes dariam lições preciosas. 
Quanto a Donald, este, de tão atormentado por um cotidiano cheio de armadilhas, vive de acordo com as circunstâncias. É um pato enredado, emaranhado, de nervos à flor da pele — ou das penas. É certo que tem uma companheira — qualquer pato tem—, e que esta, a Margarida, se não o resgata e o redime, pelo menos não o afunda mais, nem o leva ao açougue de aves. Margarida é pata cobradora, às vezes encrenqueira. Mas há piores. A Patalógica, por exemplo. Ou a Patacoada que tanto povoa o Brasil de hoje. 
Volto ao The Sun. Não seria a primeira, nem provavelmente a última vez que personagens de gibis atacam na Disney. Em 2004, um funcionário fantasiado de Tigrão tocou de maneira inadequada e insólita numa menina de 13 anos. A Lei Maria da Penha precisa pegar de verdade no Brasil, para que, juntamente com o etanol, o carnaval e o fisiologismo político possamos exportá-la para os Estados Unidos. Pois é, míster: os tempos mudam. Antes, o que era bom para os Estados Unidos era bom para o Brasil; hoje, é o contrário. Menos, é claro, os títulos de doutor “horrores causa” do ex-presidente Lula.
* Hélio Pólvora é escritor e colaborador da Rádio do Moreno.

Mensalão: Barbosa barra a derradeira esperteza

08/05/2012 - 18:32



José Roberto Salgado, diretor do Banco Rural, uma das casas bancárias envolvidas no escândalo do mensalão, tentou emplacar no STF uma derradeira esperteza. Num instante em que o julgamento se avizinha, Salgado pediu açucar. Queria que as acusações contra ele descessem à primeira instância do Judiciário.
O réu alegou que, sem mandato eletivo, não dispõe da chamada prerrogativa de foro. Assim, caberia a um juiz de primeiro grau julgá-lo, não ao Supremo. Na eventualidade de ser condenado, poderia recorrer a um Tribunal de Justiça estadual.
Confirmando-se a condenação, o réu ainda disporia do direito de bater às portas do STJ. Só depois de percorrer todos os escaninhos da Justiça o caso chegaria, se fosse o caso, ao STF.
Chama-se Márcio Thomaz Bastos o advogado de Salgado. Sim, ele mesmo, o ex-ministro da Justiça de Lula. Vingando a tese do doutor, outros réus sem mandato desceriam à primeira instância. Entre eles os petês José Dirceu e José Genonino.
Submetido à petição de Thomaz Bastos, o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo no Supremo, levou o pé à porta. Barrou a manobra. Anotou em seu despacho que o desmembramento dos autos já foi apreciado antes. E a resposta fora negativa.
Ficara entendido que os dois réus detentores de mandato –os deputados Valdemar Costa Neto (PR-SP) e João Paulo Cunha (PT-SP)— içam os demais para a grelha da Suprema Corte. Coisa sacramentada, insuscetível de debate.
Barbosa anotou: “Apesar do esforço do agravante em sustentar que o seu pleito ainda não teria sido examinado pelo Supremo Tribunal Federal, observo que a questão relativa ao desmembramento do feito em relação aos réus que não gozam de foro por prerrogativa de função –objetivo do agravante— já foi, por várias vezes, apreciada nesta ação penal, sendo, em todas as ocasiões, rejeitada pelo Pleno desta Corte.” Assim, o refresco foi, de novo, negado.

Ingressos encalham nas decisões de Estaduais (por Juca Kfouri)


Em média, 28,5% dos bilhetes não foram vendidos nos jogos do último domingo
POR MARTÍN FERNANDEZ E RODRIGO MATTOS
Mais de um quarto das arquibancadas ficaram vazias nas decisões dos dez campeonatos estaduais mais importantes do Brasil -os nove que têm representantes da Série A do Brasileiro e o Ceará.
Segundo cálculo feito pela Folha com base em informações das federações, o encalhe médio de ingressos no domingo foi de 28,5%.
E a tendência é de queda. A presença de público nos quatro principais torneios estaduais (São Paulo, Rio, Minas Gerais e Rio Grande do Sul) caiu muito nas três últimas decisões de título.
Em 2010, o total de público no primeiro jogo das quatro decisões foi de 136.611 pagantes -média de 34 mil.
No ano seguinte, esse número caiu quase 20%, com um total de 109.912 pessoas.
Neste ano, outra queda, de 18,36%, com 89.731 pagantes.
O cálculo considera apenas o primeiro jogo de cada decisão. Há dois anos, como agora, havia pequenos na final: o Ipatinga em Minas e o Santo André em São Paulo.
As obras para a Copa também não servem mais de desculpa: as últimas disputas em Minas foram em Ipatinga, Sete Lagoas e no Independência. Ou seja, a comparação não é mais com o Mineirão.
Em São Paulo, os jogos de 2010 e 2011 foram no Pacaembu. Anteontem, no Morumbi.
Goiás e Atlético-GO não conseguiram lotar nem 50% do estádio Serra Dourada.
Bahia e Santa Catarina são as exceções: os espaços vazios no último domingo ficaram abaixo de 10% do total de ingressos vendidos.
JUSTIFICATIVAS
Em Minas, nem a ausência do Mineirão (em reforma para a Copa-14) pode ser citada, já que o público não conseguiu sequer encher o Independência -23 mil lugares.
“A eliminação do Atlético-MG na Copa do Brasil influenciou”, disse o presidente da federação local, Paulo Schettino. “No próximo domingo, o estádio vai encher.”
No Rio Grande do Sul, a final não teve o tradicional clássico Gre-Nal. O “intruso” Caxias tirou o Grêmio e hospedou a primeira partida da final contra o Inter.
Mas nem assim conseguiu encher o estádio Francisco Stédile: 12.042 pessoas pagaram para ver o 1 a 1.
“Somos uma cidade industrial, e aqui os trabalhadores recebem o salário hoje [ontem], portanto depois do jogo”, lamentou o presidente do Caxias, Osvaldo Voges.
Outros dirigentes lamentaram o fato de a TV aberta transmitir as finais para as cidades onde elas ocorrem.

Pais de recém-nascidos à beira da morte por falta de cuidados médicos adequados pedem socorro



A triste face da falta de investimentos e de gestão na saúde pública está evidente no berçário do Hospital Regional da Asa Norte. Alguns recém nascidos, um deles nascido com apenas 24 semanas de gestação, necessitam de UTI neonatal. Não há vagas. Os médicos e a equipe do berçário estão se desdobrando, mas não fazem milagres.

Os médicos, enfermeiras, auxiliares de enfermagem e todo o staff do berçário estão se desdobrando para salvar um recém-nascido filho de Júnia que está em estado grave, mas sabem, também, que, se cuidado com os recursos adequados, ele pode sobreviver.

A única chance do recém-nascido filho de Júnia e dos demais que aguardam vaga de UTI sobreviver é se o secretário de saúde, Rafael Barbosa, e o governador Agnelo Queiroz, resolverem agir e propiciarem, ainda que na rede privada, os meios necessários para que a vida prevaleça.

Se as autoridades citadas continuarem inertes, posição que se encontram desde que assumiram os respectivos cargos, os recém-nascidos irão morrer.

Nosso blog apela às autoridades, aos membros do Ministério Público, aos parlamentares distritais e federais e à impressa que corram ao HRAN, que tentem, ao menos tentem, salvar os bebês. A sociedade precisa se mobilizar em prol da vida.

Fonte: Redação / Colaboradores - 08/05/2012

Dilma corre o risco de ter entrado numa armadilha, diz Maílson da Nóbrega



“Todos são movidos pelo ambiente populista, inclusive o Ministro da Fazenda”, diz o ex-ministro

  
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VEJA
Mailson da Nóbrega
Para o ex-ministro, se os bancos lucram muito, caberia ao governo usar as instituições de defesa de concorrência para investigar se existe um cartel
São Paulo – Para Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda, as recentes ações do governo para diminuir os juros dos bancos são populistas e a Dilma pode ter entrado em uma armadilha. “Nenhum governo do PT assumiu publicamente essa estratégia de atacar os bancos”, afirmou Maílson.
A armadilha está na hipótese de abaixar os juros dar errado “ou por causa da subida da taxa de inflação com um aumento insustentável do crédito ou por perda de rentabilidade por parte dos bancos públicos”, disse Maílson. Nesse cenário hipotético, seria necessário subir a inflação ou os juros, mas o interesse eleitoral “poderia falar mais alto”, segundo Maílson.  “Sabemos que hoje o Banco Central não tem a autonomia do passado. E (nesse cenário hipotético) poderiamos ingressar em um estado em que o governo começaria a tabelar preços”, disse. 
Maílson defendeu a rentabilidade atual dos bancos. Para ele, os bancos no Brasil tem um nível de rentabilidade muito semelhante ao das empresas brasileiras. “Não dá pra comparar com os bancos europeus, que agora tem como grande objetivo não quebrar, não é ganhar dinheiro”, disse. 
Para o ex-ministro, o lucro excessivo ocorre em mercados sem concorrência. Logo, se os bancos lucram muito, caberia ao governo usar as instituições de defesa de concorrência (como o Cade e o Banco Central, no caso dos bancos) para investigar se existe um cartel e tomar as medidas necessárias caso essa situação se comprove. 
“Com base em que um ministro de estado fala que os bancos podem diminuir sua rentabilidade? Todos são movidos pelo ambiente populista, inclusive o Ministro da Fazenda”, disse o ex-ministro. 
Maílson listou alguns fatores que justificam os juros altos no país, como a poupança baixa e a tradição de instabilidade econômica. “O Brasil é um dos únicos países que tributa transações financeiras”, disse. 
“Vários economistas no Brasil dizem que a taxa de juros do país tem que chegar a padrões internacionais. Concordo, se as condições no Brasil forem como as do mercado internacional”, disse Maílson da Nóbrega. O ex-ministro defende que o Brasil continue a fornecer meios para que os bancos emprestem a juros mais baixos. “Essas coisas tem que ser discutidas e não na base do grito”, defendeu.
Para Maílson, a orientação do governo para que suas instituições financeiras cobrem taxas de juros mais baixas, forçando os particulares a cobrarem menos “é uma violência”. “Se um acionista majoritário determina que esse banco cobre abaixo do que deveria cobrar para produzir uma mudança no mercado, esse acionista faz uma transgressão perante a lei, e caberia uma ação do acionista minoritário na CVM”, afirmou, sobre o Banco do Brasil. Com juros mais baixos, os bancos privados poderiam exigir mais garantias para realizar empréstimos, enquanto a inadimplência nos bancos públicos poderia aumentar, segundo o ex-ministro. 
Com as recentes ações, Maílson acredita que a popularidade da Dilma vai subir. “Como subiu a da Cristina Kirchner na Argentina com a nacionalização da YPF. Ambas são ações populistas”, disse. 
Selic
Sobre as especulações de queda na taxa Selic – que atualmente está em 9% -  Maílson afirmou que até uma taxa de 3% seria viável, dependendo da relação entre o potencial de crescimento do país e a taxa de crescimento da economia. “Estamos crescendo muito próximo do potencial, se isso for verdade, uma taxa de juros de 7% não é sustentável no longo prazo”, disse. 
Maílson chefiou o ministério da Fazenda entre 1988 a 1990, após longa carreira no Banco do Brasil e no setor público. Atualmente é sócio da Tendências Consultoria. Maílson participou hoje do Congresso Consumidor Moderno de Crédito, Cobrança e Meios de Pgamento, em São Paulo.