segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

CRÔNICA Cartas de Londres: a cidade em (nenhum) clima de Mundial



Desde a madrugada de dia 5 de julho, enquanto celebrava na Avenida Paulista, penso no Japão. Por uma grande vontade de repórter e outra de acompanhar o Corinthians, estou rumo a Tóquio.
Nos últimos cinco meses nesta cidade, tratei do assunto com todos os torcedores do Chelsea que conheci. A resposta mais animada veio há alguns dias. “Verdade, tem isso. Tomara que sirva para demitirmos o treinador que nos tirou da Liga dos Campeões e perdeu a liderança do campeonato inglês.” Nos jornais, nada.
O Mundial de Clubes da Fifa, prioridade na América do Sul, é um torneio amistoso para os britânicos. Azar deles. Os espanhóis e os italianos ligam mais. Mas a indiferença do Chelsea é tão grande quanto a de qualquer outro clube do país -- apenas o Manchester United já levantou o trofeu (1999 em cima do Palmeiras e em 2008, ganhando dos equatorianos da LDU). A vitória do Barcelona por 4 x 0 sobre o Santos em 2011 nem sequer foi transmitida na TV, contam os colegas.
O mais fanático fã do Chelsea na minha classe se chama Romil. Um dos mais brilhantes da sala, com uma especialização feita na França e outros que tais, ele usa a camisa do time por baixo do casaco quase todos os dias. Se não é o uniforme, é um cachecol.
Vai aos jogos e o pai dele, um bem sucedido advogado ainda mais fanático, viaja ao exterior para as partidas mais importantes. Eis o que ele diz sobre o Mundial: “Eu vou assistir aos jogos, mas aqui a Liga dos Campeões é o que importa. Vencer no Japão não nos ajuda em nada na Europa.”
Ele gosta tanto do futebol brasileiro que conhece o nome dos nossos clubes (entre os sul-americanos, famoso mesmo é o Boca Juniors). Romil já esteve no Brasil, a aparência lhe permitiria ter nascido em Salvador e ele gosta tanto do país que cogita viver aí algum dia.
É tão fã do Ronaldo que decorava seu quarto com um pôster do Fenômeno -- quando lhe arrumei um autógrafo do homem ele gritou de alegria. Se nem um cara assim se importa, a questão não pode ser arrogância. É simplesmente uma cultura de ver menos peso no torneio.
Durante a Libertadores da América, os britânicos já estão dormindo quando os jogos começam. No Brasileirão, a competição é com as partidas noturnas da Liga Espanhola -- e as torcidas do Barcelona e do Real Madrid por aqui são enormes.
Por isso, se der tudo certo, dia 16 de dezembro será a primeira vez em que muitos londrinos verão uma equipe brasileira em campo. O Chelsea é o primeiro clube da cidade a conquistar a Europa e a jogar o Mundial, tanto nas edições da Fifa como na antiga Taça Intercontinental.

Foto: Divulgação

O time inglês não teve festa no embarque. Talvez celebrem se vencer. Mas em 17 de dezembro, haja o que houver, o pulso de Londres não vai mudar. Ainda bem que estarei perto de onde tudo vai acontecer. Passar um dia desses em casa ou no Guanabara -- um reduto de brasileiros aqui -- me deixaria com uma inveja do tamanho do mundo de quem for à Avenida Paulista de novo.

Maurício Savarese é mestrando em Jornalismo Interativo pela City University London. Foi repórter da agência Reuters e do site UOL. Freelancer da revista britânica FourFourTwo e autor do blog A Brazilian Operating in This Area  Twitter: msavarese. Emailsavarese.mauricio@gmail.comMaurício estará conosco todas as segundas-feiras.

Fantasma



João Bosco Rabello, Estadão.com
Está há 19 meses com o Procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o inquérito que investiga o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) por supostas fraudes em notas fiscais para justificar renda pessoal e que o fizeram renunciar à presidência do Senado. Comprometido com sua volta ao cargo, o governo teme que o passado bata à porta do senador.

Livre pensar é só pensar (Millôr Fernandes)



IMITANDO TRIMEGISTO*:

“Lula é um poder cuja circunferência está em toda parte e cujo centro não está em parte alguma.”
*Hermes Trimegisto, nome grego do Deus Egípcio que o Jorge Ben canta por aí. Criador do Hermetismo, sistema secretíssimo usado ainda hoje por juntas médicas a perigo. Não confundir com Hermes Mercúrio, criador dos bustos estatuários que prefeitos do interior (e das capitais também, ora essa!) usam pra perpetuar seu anonimato. Dizem as más línguas que Lula encomendou seu busto pra ser colocado na entrada do Palácio do Planalto. Em corpo inteiro.
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UM MILIONÁRIO
Meu amigo é milionário. Que admirável, que honrado,
que inteligente, que capaz é meu amigo!

NO QUE VAI DAR ISSO AÍ?



Percival Puggina (1)
Não sou nenhuma celebridade, nem gostaria de ser. Mas volta e meia alguém me pára na rua. Felizmente não querem autógrafos. Querem saber no que vai dar isso aí. A pergunta se refere a essa coisa em que transformaram o Brasil. Minha resposta acaba sendo comprida. Então, doravante, para simplificar as coisas, passarei a responder por escrito. Andarei com a resposta no bolso.dilma_de_vermelho_politiqueira_reprovada
O Brasil está no olho de um furacão e não toma conhecimento. Como nunca antes neste país, os problemas são graves e têm efeitos cumulativos. Mencionarei apenas os principais, relacionando-os à nossa posição no contexto mundial: a) estamos em 88º lugar no ranking da educação básica e no 66º da educação superior; b) este ano, pela primeira vez, entramos na lista das 50 economias mais competitivas, com um modestíssimo 48º lugar; c) nossas péssimas instituições nos deixam no 79º lugar em relação ao quesito qualidade das instituições nacionais; d) ocupamos o 99º lugar no ranking da liberdade de imprensa; e) somos o país lanterna do BRIC quanto ao número de registro de patentes nos Estados Unidos (apenas 7% do total obtido pela China no ano passado); f) ocupamos o 84º posto entre 187 países no ranking do desenvolvimento humano (IDH); g) somos o 69º país mais corrupto, com uma vergonhosa nota pouco superior a três. Junto com a proverbial impunidade, os sucessivos casos de corrupção, na novilíngua oficial, viraram “malfeitos” – assim como se fossem travessuras de gente grande.
Não bastasse isso, 2012 foi um ano perdido. Nossa economia cresceu uma ninharia, pouco mais de um por cento, índice que nos coloca em penúltimo lugar entre os 20 países ibero-americanos. Como consolação, ganhamos do Paraguai. As tarefas centrais de qualquer governo – Educação, Saúde, Segurança e Infraestrutura – vão de mal a pior. Um governo desses só pode ser bem pontuado distribuindo dinheiro para os pobres e para os ricos, e mandando a conta para a classe média. Dos primeiros vêm os votos; dos segundos a grana
(1)Percival Puggina é arquiteto, empresário, escritor, titular do site  www.puggina.com articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas eGaviões.

DIFICULDADES PRESIDENCIAIS



Plínio Zabeu
Mais uma vez Dilma (foto) é  surpreendida (?) com uma denúncia grave de corrupção. Pela reação que teve parece mesmo que houve uma surpresa. Tanto que, de imediato, demitiu funcionários especiais comandados pela gerente do escritório presidencial em São Paulo bem como cancelou as atividades da repartição.  Muito se tem falado e, graças à imprensa ainda livre no Brasil, pelo menos vamos tendo conhecimento das falcatruas sem fim que foram sempre crescentes a partir do governo petista em 2003. Na verdade a corrupção sempre existiu no país,   mas nunca dessa maneira.cara feia
E parece que as coisas vão continuar.  O mensalão quase foi para a prescrição, não fossem ações corajosas e eficientes de alguns ministros da corte máxima da justiça.   Depois de anos foi finalmente encerrado o julgamento, com a absolvição de alguns e condenação de outros. Quando os jornais noticiaram o complemento da chamada dosimetria, muitos se surpreenderam e sentiram até que uma nova era seria inaugurada no Brasil. Gente importante aliada aos dirigentes governamentais, figuras como o  ex ministro da Casa Civil foram condenados a prisão e multas.  Enfim uma sensação de alívio e esperanças por tempos melhores.
Mas  novas ocorrências chamaram nossa atenção.  A chamada operação Porto Seguro  desvendou um esquema incrível de corrupção que, em alguns aspectos, deixam em segundo plano a ocorrência maior que foi o mensalão.
Um grupo capitaneado por influente personagem nomeada por Lula e mantida por Dilma (por ordem dele) aproveitava o cargo para as  atitudes corruptas.  Dinheiro desviado, favores concedidos e até mesmo  a “doação” de uma importante ilha, patrimônio público e de preservação ambiental, para lucro de grupos.  A presidente mandou investigar como atitude imediata.  Resta agora esperarmos ações rápidas e positivas evitando um decurso infinito como aconteceu no caso mensalão.  As acusações são graves  e fartamente comprováveis.
Mas o receio continua.  No caso do mensalão, um dos ministros já trabalha no sentido de reduzir as penalidades tanto de detenção como de pagamento de multas.  Será que ele conseguirá mudar algo para favorecer companheiros de partido?  Esperamos que não. Mas, como soe acontecer no Brasil (como esta frase é usada!!!) corremos o risco de ver tudo acabar em nada ou em pouca coisa.
No caso da recente denúncia, o ministro da justiça já se pronunciou  procurando  blindar o governo atual,  negando existência de quadrilhas no governo e    fazendo acusações levianas e absurdas ao ex presidente FHC . Chegou ao cúmulo de dizer que    a policia federal começou  suas atividades no governo Lula.  Não procurou saber da história real do problema. A Polícia Federal foi corrigida, foi estimulada  e regulamentada para suas eficientes ações durante o governo FHC. Se  o governo Lula tivesse levado a sério os problemas denunciados (a partir do caso Waldomiro Diniz) e comprovados no assunto mensalão tudo teria sido diferente. Mas o então presidente se calou e quando foi chamado a  se pronunciar disse simplesmente que “não sabia” ou que tudo se encaixava no sistema caixa 2 também ilegal mas de uso habitual entre  os políticos brasileiros.
Para mostrar algo de útil  a presidente Dilma agora tenta diminuir a carga tributária com novas medidas  de incentivo. O governo deixará de receber R$ 3,4 bilhões de impostos.  Mas seria muito melhor  se conseguisse frear a corrupção que nos leva  entre R$ 100 e 200 bilhões anuais.  Será que um dia conseguiremos uma solução para a terrível   corrupção?
(1) Foto: Cara feia não resolve.

A ARTE DE GASTAR MAL



Giulio Sanmartini
Partindo do princípio que todos são honestos, salvo prova em contrário, penso que o governo Federal não esteja sabendo como administrar as prioridades para seus gastos.
Tomo ciência que a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), encaminhou a obtenção de nada menos do que 419 carros tipo perua, todos do modelo Fiat Palio Weekend. Para financiar essa compra, a Secretaria empenhou R$ 18,4 milhões.casa do cazzo
Todos os carros são iguais, no valor unitário de R$ 43,9 mil, e a compra foi sacramentada por um único pregão que já cobriu todo o lote desejado. Segundo o órgão, 37 dos veículos serão distribuídos entre centrais de intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais), e os demais 382 irão para conselhos tutelares ao redor do país.
A secretaria de Direitos Humanos é um órgão da Presidência da República, cujo titular tem status de ministro, trata de implementar, promover e assegurar os direitos humanos, direitos da cidadania, da criança, do adolescente, do idoso, das pessoas portadoras de deficiências. Sua atual titular é a deputada Federal Maria do Rosário Nunes (PT-RS). Recebeu o cargo como prêmio por ter participado ativamente na campanha da atual presidente Dilma Rousseff, pois seu eleição de deputada estava enrolada no Tribunal Regional Eleitoral.
Como todas as ministras chegou cheia de gás, mas a realidade se encarregou de esvaziá-las, hoje poucas gente saberá que é a ministra dessa pasta, cabide de empregos. Os conselhos tutelares que receberão 382 carros, fazem parte do aparelhamento da SDH/PR.
Enquanto isso, no Brasil, falta dinheiro para educação básica, saúde, segurança e o escambau. Vá gastar mal assim na casa do cazzo!
(1) Fotomontagem: O Fiat e uma escola no Maranhão.

Retorno ao PDT pode ser o plano B de Dilma


SEGUNDA-FEIRA, 10 DE DEZEMBRO DE 2012



I
rritada com a interferência de “lulistas” em seu governo, com a falta de solidariedade de muitos deles e o desgaste provocado pelas denúncias de “malfeitos” que não lhe pertencem, a presidenta Dilma já segredou a interlocutores próximos que no futuro pode considerar seu retorno ao PDT como uma espécie de “plano B”. Seu ex-marido e amigo Carlos Araújo já voltou ao partido de Leonel Brizola, ídolo dele e da ex-mulher. Ex-assessora de Leonel Brizola (fazia um resumo diário do noticiário para ele), Dilma quer seu ex testando a aceitação de sua refiliação. Num gesto de assepsia política, Dilma fez de Brizola Neto ministro do Trabalho para ajudá-lo a destituir o presidente da sigla, Carlos Lupi. A pedido de Brizola Neto, Dilma apóia o deputado João Dado (SP) para líder do PDT, contra o atual, André Figueiredo (CE), ligado a Lupi. O Planalto cancelou a liberação de todas as emendas parlamentares do PDT, inclusive as já empenhadas. A ordem agora é negociar. (Claudio Humberto)

Edificação gótica abriga residência em Londres


Edificação gótica abriga residência em Londres

No alto da torre tinha uma casa





Londres é uma cidade que não se cansa de mostrar ao mundo que 

ali, tudo é possível. Uma das boas evidências do peculiar pensamento 
local vem do noroeste da cidade, onde uma antiga torre d'água, 
de estilo gótico, foi transformada numa moderna casa com fachada 
envidraçada. Com 30 metros de altura, a torre foi comprada em 2008 
por Leigh Osbourne e Graham Voce pela “bagatela” de £ 395 mil. 
A dupla decidiu então convertê-la em uma casa de luxo.


O projeto todo é uma espécie de vitrine - mostra para quem está do 

lado de fora boa parte do que acontece no interior. A fachada do 
edifício original conserva os tijolos e a arquitetura de estilo gótico. 
Na lateral, no último piso e na parte de trás da morada, o contraste 
agudo ocorre com a presença das paredes envidraçadas, que trazem 
muito mais leveza à fachada original, tipicamente inglesa, embora 
inspirada na tradição veneziana.





Construída em 1877 por Fowler e Hill, a torre agora abriga diversas 

salas, uma academia e quatro quartos com ampla vista de 360 graus 
da capital inglesa. O visual a partir do último piso é caprichado - 
o patamar é apelidado carinhosamente de “O Cubo”. Ali há ainda 
um charmoso terraço com móveis rústicos. O acesso aos andares de 
cima se dá por um moderno elevador.


Os interiores são uma atração à parte, com decoração limpa e 

contemporânea, apoiada num design minimalista e atual. Com base 
neutra - paredes brancas, piso claro e escadas de madeira – o toque 
despojado e colorido fica por conta das diversas paredes listradas que 
revestem vários cômodos, como a sala principal com listras em preto 
e branco, que dialoga com o tapete estampado com motivos 
geométricos nas mesmas cores; nos degraus das escadas em tons mais 
sóbrios combinando com a parede de tijolos aparentes ao lado; 
em tons clarinhos de azul bebê com branco em um dos quartos; em 
azul escuro com grafite na parede onde fica a cama em outro quarto; 
e em azul escuro com branco no estilo navy em outro. Um jeito único 
de morar.


















































Fonte: http://casavogue.globo.com/



TELLES



Luiz Berto
Sobre Telles, encontro estas referências na antologia Poetas de Palmares, organizada por Juarez Correya:
“Nasceu em Primavera de Santo Antônio, Pernambuco. Autodidata. Poeta, pintor e escritor. Fundou nesta cidade a revista A Esfinge. Criou, com um grupo de jovens, o Grupo Cultural dos Palmares, entidade responsável pela edição do jornal O Olho, em inatividade, e pela formação de grupos artísticos. pAutor de uma triologia inédita: Assim Falou a Esfinge – (Assim Falou a Esfinge, ensaio; Prolegômenos da Arte, ensaio; Poemas da Nova Era). Atualmente, elabora livros que compõem uma nova série cíclica. Realizou exposições de pintura no Recife, Goiana, São Paulo e Santos”.
Muito pouco, pouquíssimo, para explicar este Telles Júnior de muitas artes e muito mistério.
Bem pequeno, deve ter um pouco acima de metro e meio, frágil, meio curvado, calva pronunciada e mãos sensíveis. Irrequieto artista, que vive deslocado em seu tempo e em seu mundo.
Há muitos anos atrás, nos encantávamos com o mistério daquela placa na janela de sua casa na Rua do Galo: um enorme olho do qual saíam raios luminosos e o letreiro circular – Comunhão Esotérica do Pensamento.
Encontro-o em seu minúsculo atelier, cercado de talhas, quadros, livros e papéis. Na parede da rua, além de um mastro para hastear bandeiras, uma placa avisa: “Telles Júnior – Poeta, Pintor, Filósofo e Escultor”.
Os quadros, misteriosos, cheios de simbolismo, não chegam bem ao surrealismo, mas necessitam de detalhadas explicações do artista para sua perfeita compreensão. Alguns poemas estão emoldurados nas paredes, também herméticos e carregados de simbolismo, como este título: A Realidade dos Contrafortes da Antítese. Pregado a uma talha, está um envelope lacrado.
- O segredo do desenho desta talha está dentro do envelope. Quem comprar, fica sabendo – explica o artista.
Enquanto olho de soslaio o bigodinho pintado com tinta preta sobre o lábio fino, vou escutando suas queixas.
- Vivo isolado em Palmares, completamente ilhado. O povo daqui ainda não tem mentalidade suficiente para entender a arte.
Entre um gole e outro de um licor especial de sua fabricação, novas queixas.
- Abri um curso de entalhador e apareceram alguns interessados. Mal aprenderam a manejar as ferramentas e tirar lascas da madeira, já estavam vendendo talhas na feira, me fazendo concorrência. Fechei o curso.
Ao lado da máquina de escrever portátil, uma vitrola despeja acordes de música clássica. Luxo do sensível vate: só trabalha ouvindo os nobres sons.
- Palmares não prestigia o artista.
Naquele ambiente mágico, cercado de obras misteriosas, ouvindo o místico poeta, sorvendo seu licor e envolto nas sombras da boca-da-noite, também me senti inclinado à contemplação.
- Telles, qual é a sua filosofia de vida?
- É uma só, e dela não afasto um milímetro: comer, cagar e dormir.
Sorvi o último gole e deixei o artista entregue ao seu trabalho.
(Do livro “A Prisão de São Benedito”, 4ª edição, 1997, Editora Bagaço)

Brasil vai às compras de final de ano



Em forma de poesia, o café-expresso de Cassiano Ricardo



O advogado, jornalista, ensaísta e poeta paulista Cassiano Ricardo Leite (1895-1974) é autor de uma obra poética tida como uma das mais sérias e importantes da literatura brasileira contemporânea, inclusive como representante das tendências nacionalistas. O poema “Café Expresso” é um exemplo clássico de sua obra, que propunha uma visão épica da história pátria, exaltava o bandeirismo, buscava a mitologia nacional, vinculava-se à civilização cafeeira e à civilização industrial.
O poema é uma viagem aos pensamentos no momento em que se recebe a tão merecida xícara de café expresso pela amanhã com olhos de quem viveu em 1928 (ano em que a obra fora escrita). Notamos que a rotina é quase a mesma em São Paulo, o que muda são apenas alguns detalhes. A moeda, por exemplo: no período em que um café custava 200 réis.
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CAFÉ-EXPRESSO
Cassiano Ricardo
Café-expresso — está escrito na porta.
Entro com muita pressa. Meio tonto,
por haver acordado tão cedo…
E pronto! parece um brinquedo…
cai o café na xícara pra gente
maquinalmente.
E eu sinto o gosto, o aroma, o sangue quente de São Paulo
nesta pequena noite líquida e cheirosa
que é a minha xícara de café.
A minha xícara de café
é o resumo de todas as coisas que vi na fazenda e me vêm à memória
apagada…
Na minha memória anda um carro de bois a bater as porteiras da
estrada…
Na minha memória pousou um pinhé a gritar: crapinhé!
E passam uns homens
que levam às costas
jacás multicores
com grãos de café.
E piscam lá dentro, no fundo do meu coração,
uns olhos negros de cabocla a olhar pra mim
com seu vestido de alecrim e pés no chão.
E uma casinha cor de luar na tarde roxo-rosa…
Um cuitelinho verde sussurrando enfiando o bico na catléia cor de
sol que floriu no portão…
E o fazendeiro, calculando a safra do espigão…
Mas acima de tudo
aqueles olhos de veludo da cabocla maliciosa a olhar pra mim
como dois grandes pingos de café
que me caíram dentro da alma
e me deixaram pensativo assim…
Mas eu não tenho tempo pra pensar nessas coisas!
Estou com pressa. Muita pressa.
A manhã já desceu do trigésimo andar
daquele arranha-céu colorido onde mora.
Ouço a vida gritando lá fora!
Duzentos réis, e saio. A rua é um vozerio.
Sobe-e-desce de gente que vai pras fábricas.
Pralapracá de automóveis. Buzinas. Letreiros.
Compro um jornal. O Estado! O Diário Nacional!
Levanto a gola do sobretudo, por causa do frio.
E lá me vou pro trabalho, pensando…
Ó meu São Paulo!
Ó minha uiara de cabelo vermelho!
Ó cidade dos homens que acordam mais cedo no mundo!
(Colaboração enviada pelo poeta Paulo Peres – site Poemas & Canções)

Charge do Duke (O Tempo)



A História do Supremo é incoerente e inconsistente por causa da substituição dos ministros



Helio Fernandes
Discute-se muito a forma de composição do Supremo (STF), mas não existe uma escolha que seja irrefutável. Na Constituição de 1891, Rui Barbosa optou pelo modelo dos EUA, com os ministros sendo vitalícios. Mas cometeu um equívoco colossal: os ministros eram empossado e só depois, sem tempo estabelecido, examinados, vetados ou aprovados.
A Constituição foi promulgada em 25 de fevereiro de 1891 e exigia apenas “saber jurídico”. Nesse mesmo 1891 dois testes com o Executivo derrotando o Judiciário e a própria Constituição. Em 8 de novembro, o presidente (indireto) Deodoro deu um golpe, prendeu grandes personalidades, fechou o Congresso, mas não resistiu à força militar do vice-presidente (indireto) Floriano.
Deodoro foi derrubado, mas a hipocrisia nacional identificou sua saída como “renúncia”. Surgiu o primeiro grande problema. A Constituição estabelecia: “Se o presidente morresse, renunciasse, fosse considerado incapacitado, antes de decorrida a primeira metade do mandato, o vice assumiria e realizaria a eleição direta em 30 dias.
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VOCAÇÃO DE DITADOR
Floriano assumiu e como era tremenda vocação de ditador, não convocou eleição, se manteve inconstitucionalmente no cargo. É conhecido o episódio. Rui Barbosa anunciou: “Vou entrar com habeas-corpus no Supremo, para ser convocada eleição”. Floriano, usando intermediários, replicou: “Se o Supremo conceder habeas-corpus contra mil, que dará habeas-corpus aos ministros do Supremo?”
O Senado e o Supremo se mantiveram em silêncio. Floriano ficou quatro anos no Poder. O Senado preferiu a vingança ou a retaliação. Em 1892, no início, Floriano nomeou o médico Barata Ribeiro para o Supremo. Tomou posse, quatro meses depois foi vetado pelo Senado. Floriano não podia fazer nada, mas para um homem com a sua convicção (falta de), foi terrível.
Em 1893, Floriano nomeou o mesmo Barata Ribeiro para prefeito do Distrito Federal. O processo de escolha era o mesmo. Barata Ribeiro foi novamente recusado. (Ficou apenas três meses no cargo, tem o nome em uma das ruas mais importantes de Copacabana.
Em 1924 rasgaram novamente a Constituição, atingindo o Supremo, a própria Constituição e a democracia. Decidiram que o Congresso a ser eleito em 1926 teria “Poderes Constituintes”. Muitos deputados e senadores sabiam que voltariam (ou continuariam), votavam em causa própria. Fizeram uma nova Constituição, em cima da que havia.
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NOVA CONSTITUIÇÃO
Sobre o Supremo:
1 – Os ministros deixaram de ser vitalícios, mas a emenda dizia, numa violenta agressão à linguagem: “Continuarão VITALÍCIOS até os 70 anos”:
2 – Estenderam o saber jurídico, para “notável saber jurídico e ilibada reputação”. Mada contra.
3 – Estabeleceram o rodízio de dois anos na presidência. Pela idade com que chegam ao Supremo, não existe ninguém que seja presidente duas vezes. Não houve antes, nem depois, nem agora.
Muita gente acredita que Joaquim Barbosa assumiu a presidência por causa da atuação no mensalão, perdão, Ação 470. Era sua vez, com Lewandowski na vice. Este assumirá com Cármen Lúcia na vice, ela com Dias Toffoli, este com Luiz Fux. Param por aí as constatações. Rosa Weber não será presidente, Zavaski também não, por causa da idade. Celso de Mello e Marco Aurélio têm 3 ou 4 anos ainda de permanência. O substituto de Ayres Britto dependerá também da idade.
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SEM ILIBADOS
Nenhum dos Poderes é ilibado, e o Supremo também não é, dependendo das mudanças. Quando Getúlio Vargas entregou Olga Prestes aos nazistas, precisava de aval do Supremo, obteve sem muita dificuldade. O Supremo, no Rio, ficava na Avenida Rio Branco, quase esquina de Pedro Lessa. Este foi o primeiro negro a pertencer ao Supremo. Tumultuador, de forte personalidade, não foi presidente, se aposentou antes.
Nas duas ditaduras, o Supremo não teve coragem de enfrentar os ditadores, “fizeram tudo que seu mestre mandava”. Cassaram parlamentares, “aposentaram” (hipocrisia que escondia a palavra cassação) três notáveis companheiros.
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PS – Amanhã continuo, já examinando a possível decisão do STF sobre mandatos parlamentares, rigorosamente polêmica.
PS2 – Em toda a História da República, sou o único jornalista JULGADO pelo Supremo. Muitos foram processados, inteiramente diferente.
PS3 – Conheço muito a História do Supremo. Quando Carlos Veloso assumiu a presidência do Supremo, inaugurou o belo prédio do Rio, o Centro Cultural do STF. Falava sobre o Supremo, parou, afirmou: “Preciso ter muito cuidado. Estou vendo ali o jornalista Helio Fernandes, que conhece como ninguém a História do Supremo”.
PS4 – Eu estava com a grande juíza Salete Macalós, que já devia estar no Supremo há muito tempo.

Diretório Nacional do PT declara apoio à decisão da Argentina de limitar concessões de veículos de comunicação



Iolando Lourenço e Ivan Richard (Agência Brasil)
O Diretório Nacional do PT, presidido pelo deputado Rui Falcão,  manifestou apoio às medidas adotadas pelo governo da Argentina de limitar as concessões dos veículos de comunicação no país. Em nota, o partido elogia a chamada Lei de Meios e ressaltou que a nova lei contribui para “ampliar a liberdade de expressão e aprofundar as transformações democráticas” .
 “Falcão se julga cercado pela imprensa”
No documento, elaborado sexta-feira pelas principais lideranças do partido, o PT volta a defender a regulamentação da comunicação no Brasil. “Coerente com isto, o Partido dos Trabalhadores defende a adoção, no Brasil, de medidas previstas na Constituição de 1988 e a espera de regulamentação que impeçam a existência de monopólios, especialmente a concentração de rádios e TVs, nas mãos de poucas empresas”, diz trecho da nota.
A sigla também defendeu a aprovação da Medida Provisória 579, que trata da redução da tarifa de energia elétrica no país, orienta os militantes a se mobilizarem em defesa da MP e pede que seus parlamentares se manifestem em todas as tribunas e espaços públicos. O PT também “conclamou” seus governadores, prefeitos, parlamentares, dirigentes e filiados a defenderem o veto parcial ao Projeto de Lei dos Royalties e a decisão de destinar 100% dos ganhos da exploração de petróleo à educação.
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UMA LEI QUE NÃO VAI PEGAR
Carlos Newton
Pode-se traduzir toda essa manifestação do PT com apenas uma frase cinematográfica – “O Império Contraataca”. Todos sabem que o PT quer mesmo controlar a mídia e mira direito na Organização Globo. Julga que poderá destruir o monopólio da família Marinho através de decreto ou lei. Ledo engano.
A esse respeito, é bom explicar aos dirigentes petistas que há séculos já foi inventado o “testa-de-ferro”, hoje mais conhecido como “laranja”. Desde sempre a Organização Globo opera essa estratégia, para burlar a atual legislação (e a próxima).
Basta olha o mapa das emissoras de televisão repetidoras da Globo no interior de São Paulo. Algumas pertencem ao Boni, mas a grande maioria é da empresa Traffic, do repórter J. Hawilla. 
Se a legislação pretendida pelo PT for aprovada pelo Congresso, os irmãos Marinho simplesmente colocam parte do complexo em nome de “laranjas”, e estamos conversados. A lei será do tipo vacina e não vai pegar.

XÔ LEWANDOWSKI!



Charge de Roque Sponholz e Texto de Giulio Sanmartini
A desfaçatez de Ricardo Levandowski, ministro do Supremo Tribunal Federal STF, é estarrecedora, mais estarrecedor ainda é que o país continue a mantê-lo no cargo, com o perigo, que passados dois anos ele chegue à presidência daquela Casa.
Ele durante o estrondoso processo do mensalão, escandalizou o país com suas  estapafúrdias e agressivas tentativas de inocentar o bandido José Dirceu e a canalha que o segue.lewandowski-dona-marisa-lula-240812-sponholz-humor-politico
Não satisfeito com isso, Lewandowski empunha de novo a bandeira da amoralidade, ao declarar sem pejo, que caberia à Câmara dos Deputados a tarefa de cassar os parlamentares condenados à prisão. Sabendo que numa votação secreta poderá prevalecer o corporativismo. Segundo ele, a Constituição determina, que só à Câmara caberia a tarefa de retirar o mandato de deputados condenados criminalmente. Mas propositalmente ele ignorou, que a própria Carta coloque a condenação criminal entre os casos de perda de direitos políticos e, sem direitos políticos, ninguém pode exercer o mandato de deputado.
Todavia voltou à cena o Super-Joaquim, que sepultou esse torpe raciocínio fazendo-lhe uma pergunta definitiva: “É compatível com o mandato parlamentar alguém condenado a sete, oito, nove anos de prisão?”.
Quem pensou que Lewandowski havia esgotado seu estoque de vilanias, enganou-se, ele tinha uma das mais amorais jamais vista saírem do pensamento de um magistrado da Corte Suprema, ao dizer que não vê problema pois:  “Nada impede que os réus exerçam atividade laboral fora do estabelecimento carcerário para, depois, voltarem para o repouso noturno”.
Sobre esse absurdo diz Dora Kramer: “O cumprimento de um mandato não é uma ‘atividade laboral’ como outra qualquer, muito menos a volta do trabalho para ‘repouso noturno’ em ‘estabelecimento carcerário’ pode ser vista como algo corriqueiro quando se trata de parlamentares.
Deles a Constituição exige decoro”.
Como o clamor público exige decoro desse venal ministro

QUEM TEM “COOPER” TEM MEDO



Giulio Sanmartini
O ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, aprontou tanto que acabou montando a cavalo num porco. Sua fornida amante, também ex-chefe do gabinete da Presidência em São Paulo Rosemary Nóvoa de Noronha está  indiciada na Operação Porto Seguro e logo que foi pedir os primeiros socorros e viu abandonada. Tal fera ferida, ameaçou botar a boca no trombone e jogar merda no ventilador de teto.
Lula, tão valente como um leão de tapete, falou pelo telefone com rose tentando inutilmente acalmá-la, mas logo mostrou que no seu manual prevalece o princípio do “quem tem cooper tem medo”, assim, imediatamente correu para seus asseclas petistas, que lhe eram devedores e carregando as notas promissórias começou a cobrar o preparo da contra-operação “Abafa a Rose”, o comando coube a seu lacaio de todas as horas Paulo Okamotto.
 e ai luiz inacio
- E aí Luiz Inácio, como é que fica?
- É nêga, “tamu fritu!”
Este rapidinho preparou o Instituto Lua, do qual é presidente, como central para as operações necessárias e escalou a quadrilha: o ex-ministro Luiz Dulci, o senador, que diria ex-cara pintada, Lindbergh Farias (PT-RJ) e o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).No campo jurídico, o requisitado advogado Celso Vilardi, parceiro do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos em casos de grande repercussão e que caiu nas graças do partido após livrar o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares de uma pena de dois dígitos.
Na terça-feira (4) Okamotto foi ao aprtamento de Rose, no bairro Bela Vista. Assim que a encontrou assutou-se pois apareceu-lhe uma mistura de gordinha sexi com vovó carente, com os cabelos desgrenhados, com a voz alterada, que nada tinha a que ver  com a Rose vaidosa, flagrada na investigação da Polícia Federal trocando influência política por cirurgias plásticas. Com sua calma oriental, Okamotto disse a Rose que estava falando em nome do ex-presidente Lula e que ela não ficaria desamparada. “Calma, Rose. Segura firme. Não vamos te abandonar”. No mesmo dia, Okamotto também teve que ouvir as lamúrias do marido de Rose, João Vasconcelos, e de sua filha Mirella Nóvoa de Noronha. Eles reclamaram que o escândalo destruiu suas vidas. Luiz Dulci, também tentou convencer Rosemary a não explodir. A conversa ocorreu pelo telefone. As investidas aparentemente lograram êxito, ao menos por enquanto. Até o fim da semana, Rosemary havia adiado os planos de jogar gasolina em uma fogueira que o PT tenta apagar pelas beiradas.
Vamos ver, pois ainda muita coisa vai acontecer, visto que dessa vez, há o clamor público contra Lula e a amante.
(1) Texto de apoio: Josie Jeronimo.

Juízes paulistas ganham brindes de empresas, segundo a Folha



Automóveis, cruzeiros e viagens internacionais estariam entre os "prêmios" recebidos pela Associação Paulista de Magistrados, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo


Divulgação
Navio cruzeiro Imperatriz dos Mares, da CVC
Cruzeiros, viagens internacionais e carros: os "brindes" que os magistrados paulistas ganham de empresas privadas
São Paulo - No último dia 1º, o tradicional clube paulistano Clube Atlético Monte Líbano recebeu mais de mil pessoas em festa da Associação Paulista de Magistrados (Apamagis). Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, nessa festa os juízes estaduais de São Paulo receberam "brindes" distribuídos por empresas públicas e privadas.

Entre os brindes sorteados na festa, que teve ingressos vendidos a R$ 250, estavam automóveis (como um Volkswagen Fox zero), cruzeiros e hospedagens em resorts com direito a acompanhante.
O corregedor nacional de Justiça, ministro Francisco Falcão, levará o assunto ao plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nesta terça-feira, para tentar regulamentar patrocínios privados em eventos de juízes.
Segundo a Folha, os magistrados que defendem a existência de patrocínios e brindes afirmam que a Apamagis é uma entidade privada com interesses mercadológicos, independente das ações dos juízes nas cortes.
O presidente da Apamagis, desembargador Roque Mesquita, não quis se pronunciar sobre o evento de confraternização.