terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Viver é mais do que ter dinheiro



Eu estava fazendo 15 anos e nada tinha saído como eu imaginava. Havia planejado uma festa com todos os meus amigos de uma vida inteira (aos 15 anos a gente pensa que já viveu uma eternidade). Tinha escolhido o salão e encontrado a costureira que faria a cópia exata do vestido que arranquei de uma página da “Capricho”. Sabia quais músicas iriam toc
ar, com quem eu dançaria a valsa. Estava tudo certo alguns meses antes, se não fosse por uma série de imprevistos daqueles que o mundo maduro nos empurra goela abaixo. Que se danem as suas expectativas. A vida, quando tem que dar rasteira, não pensa na faixa etária.
Eu sei que no dia do meu aniversário não teve festa. Eu estava em outra cidade, em uma casa que não era minha, sem amigos, sem vestido, sem príncipe e sem dinheiro. Meu pai teve a hombridade de me levar para almoçar e nós tivemos a nossa primeira conversa franca. Ele dissertou sobre a vida, sobre o valor da família e a importância de estarmos juntos naquela data tão especial, mas a minha maturidade emocional ainda estava em construção. Eu confesso que não tinha a menor condição, nem mesmo espiritual, de assimilar aquele organograma de valores. Mesmo diante do meu esforço pífio para compreender, ele seguiu me dando explicações. Pôs a culpa nele mesmo e no diploma que ele não tinha porque precisou trabalhar mais quando os filhos vieram.
Todo aniversário era assim, eu podia fazer o que quisesse, e nesse ano não foi diferente. Papai fez questão, apesar das restrições orçamentárias. Pediu uma porção de batatas fritas só para mim. Nos embriagamos de Coca-Cola e, entre um suspiro e um gole de frustração, ele me deu de presente uma lição: “Um dia você vai entender que para o mundo não importa o que você é, e sim o que você tem”. Já se passaram mais de 15 anos e eu nunca me esqueci disso. Também não me esqueci dos olhos marejados do meu pai e de tudo que ele me disse. Tive a impressão que ele engoliu as piores palavras junto com o refrigerante.
Que se dane a minha festa de quinze anos. Eu não morri por causa disso. Mas tem gente morrendo porque precisa comprar um remédio que custa a metade de um salário mínimo. O meu pai morreu se desculpando pelo que ele não pôde me dar. Eu preferi guardar comigo tudo o que ele me deu. Me lembro não só da minha primeira bicicleta, Caloi Ceci, cor-de-rosa, que ele comprou sem saber como ia pagar, mas me lembro, principalmente, dele me ensinando a andar sem as rodinhas, e do momento em que olhei para trás e meu pai chorava ao me ver pedalar sozinha.
Muita gente demora a entender que nós precisamos de dinheiro, mas necessitamos, também, de bons momentos. Alguns nunca chegam a assimilar isso. Meu pai se foi acreditando que a pessoas se aproximavam dele pelo que ele tinha, e se afastavam pelo que ele deixou de ter. Uma pena que eu não tive tempo de lhe dizer que o melhor da vida não se compra. O amor é isso. Impagável, intransferível, indispensável, imprescindível. Eu reconheci o amor nos olhos do meu pai quando ele me ensinou a andar de bicicleta…

Conclusões sobre as greves de PMs



Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Paulo Chagas

Caros amigos: É fácil comprovar, e nunca é demais repetir, que o fim do Regime Militar ensejou o início de um estudado e deliberado clima de libertinagem que nos conduziu, ao longo dos últimos 30 anos, à exacerbação do desmando, da corrupção, da impunidade e da compensação do crime, fazendo com que chegássemos, nos dias de hoje, ao caos e ao império da criminalidade.

O primeiro marco temporal dessa planejada “evolução” foi a promulgação da nossa Constituição “Cidadã” - aglomerado de direitos deliberadamente dirigidos aos “cidadãos” portadores da “necessidade especial” de protegerem-se da ação coercitiva do Estado.

Desde antes da chegada do PT ao poder - etapa fundamental de um plano totalitário, comunista, elaborado pelos integrantes do Foro de São Paulo - além da crescente libertinagem, falsamente apresentada como “liberdade”, procedia-se a uma inescrupulosa campanha de demonização, desmoralização e cooptação das FFAA e das Polícias Militares, procedimento fundamental para o sucesso do plano.

A criação da Comissão Nacional da Verdade e a criminalização da ação policial militar face à violência crescente da bandidagem, cada vez mais estimulada a organizar-se, são evidências dessa componente do plano.

O fim da influência do Exército sobre as PM – Forças Auxiliares – com o esvaziamento da Inspetoria Geral das Polícias Militares (IGPM), cedeu terreno para que o Poder Político ocupasse esse espaço e buscasse transforma-las em milícias a serviço dos interesses políticos e ideológicos dos governos estaduais. A promoção de um Major a Coronel, contrariando todas as regras de promoções, para em seguida nomeá-lo Comandante Geral da Brigada Militar, durante o governo de Tarso Genro, no Rio Grande do Sul, é o exemplo mais gritante dessa nefasta “evolução”.

A ditadura do “politicamente correto” e a hipocrisia dos defensores dos “direitos humanos” tolheram a tal ponto a atuação das PM que chegamos à nunca imaginada marca das 60 mil mortes violentas por ano e, no mesmo período, ao recorde mundial de assassinatos de policiais.

Em que pese à ilegalidade, à inoportunidade e aos resultados fatídicos da atual greve da PM do Espírito Santo - que transformou o estado em área liberada para todos os tipos de crimes -, a sua ausência nas ruas deixou comprovada a sua eficiência na contenção do índice de criminalidade intencionalmente estimulado pelo plano macabro de poder da esquerda revolucionária, liderada pelo Partido dos Trabalhadores.

A forma escolhida pelos Policiais Militares para sensibilizar o governo do Estado para a sua degradante situação salarial é também reflexo da perniciosa politização de seus quadros mais graduados, porquanto a hierarquia, a disciplina, o sentido da autoridade e a tradição – pilares de qualquer organização que se quer militar - são fatores que asseguram, além do amor próprio e do espírito de corpo, a confiança nos chefes, selecionados por seus méritos pessoais e profissionais para o exercício do Comando e para assegurar os interesses corporativos de quem diariamente arrisca a vida para cumprir o seu dever.

O ingrediente mais importante da liderança bem sucedida é a confiança.
Um líder militar é alguém que identifica e busca, a qualquer custo, a satisfação das necessidades legítimas de seus liderados. A autoestima é fundamental para a eficiência dos soldados e inclui a necessidade de sentir-se valorizado, tratado com respeito, apreciado, encorajado, tendo seu trabalho reconhecido e justamente recompensado.

A autoridade do Comandante se estabelece quando há a certeza de que ele serve aos subordinados e sacrifica-se por eles, pela instituição e pelo compromisso de todos com a nobreza da missão, acima de qualquer interesse pessoal.

O lamentável episódio, além das conclusões acima e de muitas outras que o estudo minucioso do caso possam trazer, permite, em particular, enaltecer o exemplo de prontidão das FFAA brasileiras para acudir a sociedade em perigo em quaisquer circunstâncias e locais do território brasileiro, põe em dúvida o custo benefício da manutenção de uma Força Nacional de Segurança Pública nos moldes atuais e, por fim, mas não por último, prova o desserviço à segurança pública e pessoal causado pela lei do desarmamento dos homens e das mulheres de bem, diante da impossibilidade de desarmar os criminosos, este sim, um efetivo atentado aos direitos humanos dos humanos direitos!


Paulo Chagas é General de Brigada R-1.