Melissa de Andrade
Basta uma indicação clara “Me afague” para dissipar qualquer hesitação. Sim, pode agradar o cachorro, tocar o pelo macio, chamar pra ver se vem. Ele está ali para isso mesmo. Essa atenção genuína que um cãozinho oferece, a alegria espontânea e a presteza em interagir estão à disposição em alguns aeroportos dos Estados Unidos.
É um programa para ajudar a aliviar o estresse muitas vezes associado a viagens. As filas longas, a espera, o desconforto, a preocupação com o problema pendente, a ansiedade provocada pelo medo de avião, a viagem de última hora para uma emergência, a vida que vai mudar depois de um divórcio ou da perda de um ente querido e, até, o medo de um ataque terrorista. Sim, estamos nos Estados Unidos.
Os “cães de terapia” fazem amigos e deixam lembranças em quem se distraiu uns minutinhos dos próprios pensamentos e acabou saindo de sorriso no rosto e alma mais leve. Estudos indicam o quanto o contato com animais pode reduzir os níveis de estresse e melhorar a condição geral da saúde. Esses efeitos poderiam ser sentidos durante uma convivência rápida, como numa espera por um voo?
Meu ambiente de trabalho é uma prova que sim. Eu tenho a sorte de trabalhar em uma empresa que não só aceita que seus funcionários levem os cães para o trabalho, como estimula esse hábito. Um dos prédios leva o nome do primeiro cão que “trabalhou” lá. Os mascotes acabam virando o xodó da equipe toda. O ambiente fica mais leve. O dono, certamente, é um funcionário mais feliz. E, juro, nunca vi nenhuma bagunça por eles ficarem por lá o dia inteiro.
E os cachorros não atrapalham em nada. A não ser pra quem tem alergia. Ou pra quem caminha em direção à mesa do chefe sem prestar muito atenção. Abre parênteses: como é que alguém coloca uma cama cinza prum cão cinza em cima de um carpete cinza? Não chutei o bicho por pouco. Isso poderia muito bem ser resolvido com a veste usada nos aeroportos para indicar que ali está um cachorro amigável e feliz de receber atenção.
No aeroporto, nas empresas ou nas ruas, animal de estimação facilita o convívio social. Principalmente numa cidade muitas vezes sisuda como Seattle.
Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Conteúdo e de Mídias Sociais em Seattle, de onde mantém o blog Preview e, às sextas, escreve para o Blog do Noblat.