Pedro Henrique Mancini de Azevedo "Ninguém gasta o dinheiro dos outros com o mesmo cuidado com que gasta o próprio." (Milton Friedman) O último alvoroço causado nas redes sociais mais uma vez causou um embaraço para o presidente Michel Temer. Desta vez, o motivo foi a compra de alimentos de alto padrão para abastecer o avião utilizado pelo presidente, que somavam gastos superiores a R$1,7 milhões. Após repercussão negativa, o governo cancelou a licitação que ocorreria no dia 2 de janeiro do próximo ano. É muito bom ver que a internet está mudando a política brasileira e mundial. Estamos vivendo uma verdadeira revolução da informação. Os nossos políticos estão acuados, pois finalmente a população está fazendo aquilo que sempre deveria fazer – vigiá-los de perto. Para se ter uma ideia do lanchinho de Temer, a licitação previa que um sanduíche de mortadela custasse R$16,45 a unidade. Um verdadeiro impropério. Mais absurdo ainda é saber que em 2006, o ex presidente Lula gastava neste mesmo lanchinho R$3,6 milhões - mais que o dobro de Temer. Apesar de comemorar o fato de estarmos mais atentos a vida de marajás que a classe política vive, tenho a obrigação de colocar alguns pontos. Toda redução de gastos supérfluos como esses devem ser cobrados, criticados e divulgados assim como aconteceu nesse episódio, e não só quando estamos em momentos de crise. Mas sinto dizer que o corte desses gastos são mais simbólicos do que qualquer outra coisa. É fato que quando o governo pede para cortar gastos ele também deve fazer um esforço para cortar da própria carne. Entretanto, o triste dessa situação é que isso não nem perto de resolver a nossa crise. Como uma imagem vale mais do que mil palavras, o gráfico demonstra como está distribuído o orçamento da União de 2015, elaborado pela ONG Auditoria Cidadã.
Longe de mim de compactuar com as ideias da ONG citada acima, pois a mesma elabora esse estudo com o intuito de incentivar o governo a promover um calote da dívida. Esse não é meu intuito. O que quero demonstrar é que existem dois grandes problemas no orçamento que saltam aos olhos de qualquer um – Juros e Dívida Pública; e Previdência.
Antes de falar sobre os juros é importante saber como o governo chegou a essa situação. Basicamente, existem 3 formas que o governo pode sanar suas contas. A primeira é aumentando impostos, e isso vem ocorrendo de forma sistemática desde o início do Plano Real. O Brasil saiu de uma carga tributária de 27% em 1995 para perto dos 36% em 2016. A segunda é a inflação. O governo gasta mais do que arrecada, e com isso emite moeda no mercado cobrando uma "taxa" por essa emissão. Essa taxa se chama inflação. E a terceira é emitindo títulos públicos. Esta última é onde entram os chamados juros sobre juros que destroem as nossas contas. Com a implementação do sistema de metas de inflação, o governo se viu com uma certa impossibilidade de emitir moeda. Isso fez com que o perfil da dívida brasileira mudasse. Hoje, o governo ao invés de hiperinflacionar o mercado, emite títulos e os recompra com a promessa de que irá pagá-los algum dia. O problema é que como não paga nunca, surgem os chamados juros sobre juros. É o equivalente a um jogador viciado que continua apostando mais dinheiro mesmo quando está perdendo. O credor fica cada vez mais desconfiado e aumenta os juros progressivamente, fazendo com que o devedor fique ainda mais encalacrado. Por isso, é errado atribuir aos bancos os juros exorbitantes cobrados no Brasil. Os juros são altos porque os credores têm medo de calote, e como o governo brasileiro tem histórico de ser gastador e caloteiro... Alguns devem estar se perguntando com que o governo gasta tanto. Seriam com os lanchinhos? Sim, ele gasta muito com isso como vimos anteriormente. Porém, como também já vimos no gráfico, o governo gasta muito com a Previdência (21,76%) - daí a necessidade de reforma, pois esses quase 22% são absurdos, já que temos apenas 8% da população acima de 65 anos. Já a outra grande fatia, chamada de Juros e Amortizações da Dívida não consegue ser paga porque o governo gasta muito com pessoal - que constitui cerca de 40% dos gastos do governo central. Contando com mais outros gastos semelhantes, estima-se que apenas 10% dos gastos do governo sejam discricionários (livres). É um entrave legal que engessa a capacidade do governo em cortar gastos, já que 90% dos gastos estão atrelados a Constituição e a leis específicas. É assustador saber que só se pode mexer em 10% dos gastos! Sendo assim, reforço que devemos continuar divulgando as mordomias que os nossos governantes usufruem com o nosso dinheiro. Mas também é preciso dizer que hoje isso é um carrapato em meio a boiada. Não achem que os cortes não devem ser feitos por causa dessas mordomias; eles devem ser feitos apesar dessas mordomias. Está mais do que claro que o orçamento do governo não comporta o tamanho do Estado. Mas e a corrupção, pergunta o mais cético? Ora, vale o mesmo raciocínio. Muito do que já foi roubado não poderá ser resgatado; é custo afundado. E aí, por causa disso não faremos cortes e continuaremos na mesma? Então fechem as portas do país. Temos que apoiar as operações que estão em curso para que eles recuperem o que for possível e façam com que os criminosos sejam punidos. Torço para que todos eles fiquem sem um centavo. Mas também torço para que as pessoas entendam de uma vez que o país quebrou devido a uma ideia de Estado gigante que não deu certo. Vamos combater a corrupção, as regalias e também os gastos exorbitantes. Esse é o meu desejo para 2017. Feliz ano novo a todos! PS.: É muita contradição de quem critica o lanchinho do Temer criticar a PEC do Teto de Gastos. A PEC existe para limitar esses gastos também, ora bolas! É a mesma contradição de quem critica a classe política e pede cada vez mais Estado. Precisamos começar a raciocinar.
Fonte: Blog do Puggina
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sábado, 31 de dezembro de 2016
O LANCHINHO DE TEMER, O CARRAPATO E A BOIADA
Juiz embarga bens de filhos de Cristina Kirchner - É a família Lula hermana
O Globo
Medida preventiva inclui 16 propriedades, um veículo e as participações societárias em três empresas
BUENOS AIRES — Um juiz argentino decidiu nesta sexta-feira embargar os bens de Florença e Máximo Kirchner, filhos de Cristina Kirchner, herdados do também ex-presidente Néstor Kirchner e cedidos aos dois por Cristina Kirchner em março deste ano. A medida inclui 16 propriedades, um veículo e as participações societárias em três empresas. O pedido tinha sido feito pelos promotores Gerardo Pollicita e Ignacio Mahiques que também solicitaram o embargo do único terreno que resta à ex-presidente, cedido a Lazaro Baez.
Além disso, os hotéis Alto Calafate (da empresa Hotesur) e La aldea, de propriedade de Los Sauces, também foram embargados. A medida foi tomada como precaução, por supostas manobras de lavagem de dinheiro no caso Hotesur.
O embargo preventivo do patrimônio de Máximo e Florencia inclui os imóveis, um carro declarado pelo contador Victor Manzanares em US$ 153.615 e três participações societárias declaradas por US$ 13.723.686 no total. As três empresas — Hotesur, Los Sauces SA e CoMa SA — são investigadas em diferentes casos pela Justiça.
Segundo os promotores, há “fortes indicadores que demonstram a intenção dos investigados de diluir o patrimônio volumoso, para que não seja tutelado pela Justiça”. Para eles, o embargo preventivo é a melhor medida para “proteger os valores que eventualmente poderiam ser confiscados”.
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