sábado, 12 de abril de 2014

O preocupante avanço da censura judicial - EDITORIAL O GLOBO

O GLOBO - 11/04

A liberdade de expressão e informação é avalizada pela Constituição, mas país vive anômala situação em que juízes não respeitam a Carta



O fim da censura, ainda no regime militar, e a garantia de liberdade de expressão explicitamente inscrita na Constituição, em 1988 são marcos fundamentais da redemocratização do país. Foram conquistas árduas, que custaram sacrifícios à sociedade. No caso específico do direito à livre manifestação, trata-se de fruto de longo processo, que só se completou bem depois da volta dos militares aos quartéis e da promulgação da Carta: como entulho herdado da ditadura, perdurou como espasmo do autoritarismo na legislação brasileira a Lei de Imprensa, permanente ameaça a jornalistas e veículos de comunicação, até ser enviada ao lixo pelo Supremo Tribunal Federal, em 2009.

O país consagra, portanto, esse princípio inerente ao estado democrático de direito. E, em comparação com outras nações do continente, onde agravos à liberdade de expressão têm sido praticados sistematicamente, o Brasil é um exemplo positivo. Mas essa confrontação, se nos coloca em patamar diverso de Estados com governos autoritários, como Argentina, Venezuela e outros, por outro mitiga uma realidade na qual o exercício do jornalismo profissional e responsável está sujeito a inaceitáveis trancos. Caso explícito do avanço da chamada censura judicial, em geral requerida por agentes públicos contra veículos de imprensa e jornalistas em todo o país.

Os inúmeros casos de proibição imposta à imprensa, uma anomalia num país em que a liberdade de expressão é abalizada pela Constituição, são preocupantes sinais de que tais ataques não re resumem a episódios isolados. O Poder Judiciário, quase como regra em sua primeira instância, tem colocado sob censura diversos veículos brasileiros. Há casos em que jornais são censurados em tribunais de pequenas causas, com três tipos de procedimentos, simultâneos: proibição de citar o nome de agentes públicos implicados em inquéritos, punição financeira até com sequestro de caixa e determinação de impedimento ao veículo punido de recorrer a tribunais superiores.

Caso notório de censura judicial atingiu o jornal “O Estado de S.Paulo”, proibido de publicar qualquer notícia sobre uma investigação da Polícia Federal envolvendo o empresário Fernando Sarney, filho do ex-presidente da República e senador José Sarney. Mas o tacão judicial, sob pretextos diversos, estendeu-se a outras publicações (“Gazeta do Povo”, do Paraná, “Século Diário”, do Espírito Santo, “Jornal Pessoal”, do Pará, além de casos em Mato Grosso, Amapá etc.). Uma preocupante evidência de que a própria Justiça desrespeita a Carta do país.

Neste sentido, é positiva a iniciativa de instituições como ONU, OEA, STF e CNJ de realizar, no Rio, importante debate sob o tema Liberdade de Expressão e Judiciário. É iniciativa bem-vinda para aparar arestas, devolver ao país a plena acepção do direito amplo e irrestrito à informação e restabelecer, em definitivo, o princípio constitucional segundo o qual a liberdade de expressão prescinde de regulamentação.

Escolha viciada - EDITORIAL ZERO HORA


ZERO HORA - 11/04

O Congresso tem a chance de sepultar o sistema de conchavos, se adotar um novo modelo de indicação de ministros do TCU.


Os políticos e as instituições não podem desperdiçar as lições contidas na tentativa do senador Gim Argelo de se transformar em fiscalizador de atos do governo, enquanto responde a processos na Justiça. O senador do PTB do Distrito Federal sustentou por alguns dias a pretensão de virar ministro do Tribunal de Contas da União, patrocinada pelo Planalto e por parlamentares de partidos da base de sustentação do governo. Argelo é protagonista de mais um movimento constrangedor de ocupantes de cargos públicos. Seria acomodado numa função que exige habilitação comprovada e conduta moral inatacável. O senador não tem nem uma nem outra. E essas condições são essenciais aos integrantes da Corte, como observou o presidente do TCU, Augusto Nardes, ao fazer um apelo em defesa de candidatos à vaga que sejam reconhecidos pela idoneidade e pela reputação ilibada.

A afronta representada pela candidatura do petebista tem origem num conluio da política. Argelo é governista no Senado, mas nas próximas eleições poderia ser aliado de um grupo que faz oposição ao Executivo no Distrito Federal. Para acomodar os interesses do PTB, em meio a uma reforma ministerial, o político ganharia como prêmio um cargo em que permaneceria, sem incômodos, até aposentar-se. O TCU se prestaria, assim, a uma troca de favores da politicagem miúda, abrigando uma figura cujo currículo está em total desacordo com as atribuições da instituição. O apadrinhado pelo Executivo responde no Supremo às acusações de peculato, lavagem de dinheiro, crime contra a lei de licitações, crime eleitoral e corrupção ativa.

Um órgão auxiliar do Congresso, com o dever de fiscalizar os atos do governo, não pode ter entre seus membros alguém sob investigação. A manobra foi tão desastrada, que a direção do Senado chegou a tentar evitar a sabatina do candidato e abreviar os trâmites de sua aprovação. Todo o processo de indicação conspirou contra esforços que o TCU vem fazendo, no sentido de se alinhar às instituições que se preocupam com a transparência de seus atos. É louvável, nesse sentido, que técnicos do próprio Tribunal tenham manifestado publicamente inconformidade com a tentativa de aprovação do nome de Argelo pelo Senado. E que integrantes do próprio Congresso expressem desconforto com a candidatura enfim fracassada.

É preciso, no entanto, que os próprios políticos façam mais do que se indignar. Dos nove conselheiros do TCU, seis são indicados pelo Congresso e três pelo Executivo. O aperfeiçoamento das escolhas depende de mudanças que podem ser iniciadas com o debate de duas propostas de emenda constitucional apresentadas ao Parlamento. Ambas defendem que os conselheiros sejam escolhidos por concurso público. São propostas que devem inspirar a adoção do mesmo critério também pelos tribunais de contas dos Estados, ainda constrangidos, a exemplo do que ocorre em Brasília, a acolher indicações meramente

Câmara ardente - NELSON MOTTA


O ESTADÃO - 11/04

Entre os novos e honestos que entrarão na Casa, vários vão se corromper, mas quem acredita que algum dos velhos picaretas já instalados vai se regenerar?


A Câmara dos Deputados vai abrir concorrência para escolher uma agência de propaganda para identificar as causas do desgaste de sua imagem e melhorá-la com uma campanha publicitária de 10 milhões de reais. No país da piada pronta, seria só mais uma, se não fôssemos nós a pagar a conta desse deboche com o contribuinte e afronta à inteligência alheia. Nem 100 milhões de reais e Nizan Guanaes, Washington Olivetto e Duda Mendonça juntos fariam o milagre: a própria ideia da campanha suja ainda mais a imagem da Casa.

Logo em seguida ao anúncio ultrajante, como uma irônica resposta da realidade, foram ao ar o voo de 100 mil reais que um doleiro preso pela PF pagou para o então vice-presidente da Câmara, André Vargas, e as relações perigosas entre os dois. Apavorados com a contaminação, o Planalto, Lula e o PT já jogaram Vargas ao mar, outros partidos temem novos nomes, a manada entrou em pânico diante do perigo iminente. As eleições vêm aí e agora as cassações são por voto aberto. Quem condenará quem?

As ações e omissões de cada um numa eventual CPI-bomba, com televisão ao vivo, vão ser mais convincentes, para o bem e para o mal, do que qualquer campanha publicitária. O público acaba percebendo o que eles tentam esconder e as manobras para diluir as culpas, que, no fim, atingem toda a instituição. Mas terminar em pizza no meio da campanha vai ter um preço salgado para todos.

No que se refere, como diz a Dilma, à Câmara, a única certeza é a de Ulysses Guimarães: a próxima será pior. A matemática é triste: entre os novos e honestos que entrarão, vários vão se corromper pelo poder, pelos privilégios e pela vaidade, mas quem acredita que algum dos velhos picaretas já instalados vai se regenerar? Não por acaso, André Vargas estava se preparando para tomar a presidência da Câmara, o ex-presidente João Paulo Cunha está preso, e o próximo pode ser o deputado Eduardo Cunha.

Nossos 10 milhões de reais só vão melhorar a vida da agência de publicidade e piorar ainda mais a imagem da Câmara. Mas eles não ligam, repetem para nós o que o doleiro Youssef digitou a André Vargas: kkkkk.

O mundo fragmentado - MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 11/04
As comemorações pelos 80 anos do filósofo e pensador da contemporaneidade Sérgio Paulo Rouanet reuniram no Rio, na Academia Brasileira de Letras e na Universidade Candido Mendes, uma série de intelectuais brasileiros e estrangeiros para três dias de debates. A maratona teve início na terça-feira, com uma conversa entre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-ministro da Cultura no Museu de Arte do Rio (MAR).
Fernando Henrique destacou a capacidade de Rouanet de mobilizar pelo convencimento, pelo diálogo, o que hoje em dia não é trivial . Definindo-o como um democrata , que acredita na razão, no diálogo, Fernando Henrique não deixou de lado o polemista Rouanet, que não quer destruir o antagonista, faz uma crítica para esclarecer, para iluminar .

Na análise de Fernando Henrique, vivemos num mundo em que a fragmentação predomina . A constatação é a de que há uma certa crise por toda parte da democracia representativa , e Fernando Henrique perguntou como é que vamos juntar o ´demos´ (povo) à ´res publica´ (coisa pública)? .

Como manter a soberania da vontade popular, que é essencial, e ao mesmo tempo garantir que as instituições funcionem? . Nessa era de muita incerteza em que vivemos, entender o conhecimento, a liberdade, é mais pertinente que nunca, ressaltou o ex-presidente, destacando que a grande contribuição de Rouanet é exatamente essa, a de dar destaque à razão, à capacidade de se mudar pelo convencimento .

Como se pode exercer o pensamento crítico numa época em que as grandes narrativas estão num processo acelerado de derretimento, as certezas estão se desfazendo, o conhecimento é fragmentado e a indeterminação parece se inscrever na ordem natural das coisas?

Rouanet não concorda com a tese de que a pós-modernidade se definiria pelo eclipse das grandes narrativas. Algumas sobrevivem, lembrou, citando a grande narrativa da religião, que hoje em dia está mais fanaticamente virulenta do que nunca, com o fundamentalismo religioso . Outra grande narrativa que deveria ter desaparecido e não desapareceu, na opinião de Rouanet, é o nacionalismo extremo: Estamos vendo que o nacionalismo está de volta, a guerra da Crimeia está acontecendo de novo pelas mesmas razões: nacionalismos enraivecidos, nacionalismos rivais. Os conflitos da etnicidade estão em evidência pelo mundo .

Fernando Henrique considera que para quem atua politicamente como ele é preciso ter uma narrativa, você não dá sentido às coisas e não muda nada se não acrescentar valores à narrativa . Num mundo de consumismo, de predominância dos mercados, a existência de alguns valores é fundamental para que as coisas não se desagreguem, para que se possa ter uma vida associativa, afirmou o ex-presidente.

Fernando Henrique lembrou Max Weber (sociólogo e economista alemão), que, ao mesmo tempo em que formulou a ética da responsabilidade, formula também a ética das convicções, uma sem excluir a outra. Autonomia com responsabilidade, conciliar os dois conceitos , lembrou Rouanet.

No mundo atual, com a modificação tecnológica que permite o acesso direto da informação e de convocação, não estaríamos na prática resolvendo essa contradição, perguntou Fernando Henrique. Uma pessoa que está só em casa, mas se pertence a uma tribo da internet, está também em conjunto. Não se trata mais do individualismo antigo, as pessoas querem participar, não aceitam mais as formas atuais de participação por delegação, querem participação direta, mas estão isoladas. Não sei se está surgindo uma nova maneira de conciliação desses dois momentos .

Para Rouanet, a ideia da democracia mundial parece fundamental, e sem ela não existe possibilidade de democracia interna, que é prejudicada pela tirania particularista que existe em dois ou três países hegemônicos. Países totalmente democráticos são tiranos no plano internacional , afirmou Rouanet, numa crítica indireta aos Estados Unidos.

O homenageado lembrou que está havendo uma tendência na ciência política de substituir o termo governo mundial por governança mundial , que considera uma tarefa bem mais modesta e bem mais realizável. De uma certa maneira, o mercado leva a isso, comenta Fernando Henrique. A integração global que já aconteceu leva à necessidade de uma governança global, que ainda não conseguimos . Ele lembrou que, nessa última crise financeira, houve tentativas de conseguir regras mais firmes pelo menos de mercado, do sistema financeiro, mas se avançou muito pouco .

Semana de renúncias - ELIANE CANTANHÊDE


FOLHA DE SP - 11/04

BRASÍLIA - Como diz o ditado, "é melhor prevenir do que remediar".

Ele cai perfeitamente no caso da indicação do senador Gim Argello (PTB-DF) para o Tribunal de Contas da União (TCU), que fiscaliza gastos.

Cai bem igualmente no caso do deputado licenciado André Vargas (PT-PR), que, flagrado voando em avião de doleiro preso e trocando mensagens comprometedoras com ele, vive aquele primeiro momento de autoengano, imaginando ainda possível manter o mandato.

Argello era o homem errado, na hora errada e no cargo errado. Seus próprios pares no Senado lhe impuseram uma derrota constrangedora, negando regime de urgência, direto no plenário e sem sabatina, para a votação de sua indicação para o TCU. Depois, os que seriam seus futuros pares no tribunal autorizaram o presidente, Augusto Nardes, a ameaçar publicamente vetar o seu nome.

Condenado em primeira e segunda instâncias no DF, Argello responde a seis inquéritos (ele diz que são "só" quatro) no Supremo tribunal Federal por uma fileira de crimes, desde peculato até corrupção passiva e ativa. Como frisou Nardes, entre os requisitos para ser ministro do TCU incluem-se "idoneidade moral e reputação ilibada". Seria o caso?

Quanto a Vargas: desconhecido até virar vice-presidente da Câmara, ele deveria ter sido menos impetuoso quando desacatou o presidente do STF, com o punho cerrado, dentro do plenário. Como deveria ter sido mais pudico nas relações com um doleiro bastante conhecido e diante de propostas heterodoxas envolvendo o Ministério da Saúde e de promessas de "independência financeira".

Sem saída, Argello renunciou à indicação para o TCU e Vargas, à vice-presidência da Câmara. Um vai descolar uma candidatura no DF, o outro vai sangrar em praça pública até largar o osso do mandato.

Para prevenir esses vexames, basta escolher ministros do TCU e vice-presidentes da Câmara idôneos e de reputação ilibada. Será tão difícil?

Em nome dos partidos - LUIZ GARCIA

O GLOBO - 11/04

O poder, aqui e alhures, oferece tentações irresistíveis para políticos e administradores de caráter frágil


Está feia a coisa em Brasília. Não é a primeira vez, neste governo e em outros que o antecederam. O poder, aqui e alhures, oferece tentações irresistíveis para políticos e administradores de caráter frágil. Quando isso acontece, é de se esperar que os partidos vítimas dessa fragilidade protejam sua reputação e seus futuros mandatos fazendo o que fazem, por exemplo, os empresários que desejam manter a confiança de seus fregueses. É simples, pelo menos em princípio: basta botar na rua os ladravazes — uma definição antiga e um tanto fora de moda. Ela identifica corruptos contumazes e de grande apetite.

No escândalo mais recente em Brasília, o comando do PT pressionou o deputado André Vargas a renunciar ao cargo de vice-presidente da Câmara. Ele é acusado de cumplicidade com o doleiro Alberto Youssef em negócios altamente suspeitos no Ministério da Saúde. A Justiça Federal no Paraná, onde eles agiram, decidiu enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) documentos da Polícia Federal que citam Vargas no âmbito da Operação Lava-Jato.

Porta-vozes do PT dizem que Vargas agiu por conta própria. E teria sido também sua a decisão de se licenciar. Em vista do peso das acusações, não ficará nada mal para o partido agir por conta própria, tomando a iniciativa ouvir o deputado sobre as acusações. É o que já foi decidido, embora porta-vozes do partido tenham insistido, formalmente, em afirmar que ainda trabalham com a ressalva de que ainda exista a obrigatória (formalmente, pelo menos) presunção de sua inocência.

Em todo esse lamentável episódio existe uma lição para o PT e outros partidos. Trata-se da necessidade de manter o respeito do eleitorado através da exigência — a sério e permanente — de bom comportamento de seus filiados, não apenas no exercício de mandatos eletivos, mas também no seu trabalho em cargos públicos.

Melhor teria feito o PT (e os outros partidos também) se assumisse uma certa responsabilidade sobre o comportamento de seus membros em cargos públicos — que eles exercem, não se pode esquecer, em nome de suas legendas.

Marcadas para morrer - DORA KRAMER

O Estado de S.Paulo - 11/04

Para que serve a política? Entre outras finalidades, para dirimir conflitos, construir consensos, acomodar interesses antagônicos, fazer valer a vontade da maioria respeitados os direitos da minoria.

Grosso modo, nessa dinâmica funcionam os coletivos políticos: partidos, diretórios, Assembleias, Congresso Nacional. O exercício da mediação é da natureza da atividade. Pois o nosso Poder Legislativo não só perdeu a capacidade de mediar a si como já não consegue exercer as suas prerrogativas nem firmar a própria autonomia. Transferiu essa função ao Poder Judiciário.

E o faz repetidas vezes, ainda que, quando lhe convém, inverta o raciocínio para reclamar a invasão e usurpação de poderes pelo Judiciário. Logo ele, que não age de ofício. Só pode atuar quando provocado a se manifestar sobre a constitucionalidade de leis ou vácuos legislativos criados pela omissão do Parlamento.

Temos agora de novo em tela um caso típico na proposital barafunda instalada em torno das investigações sobre negócios nebulosos da Petrobrás. A oposição conseguiu assinaturas na forma da lei para investigar irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, pagamento de propina a funcionários da estatal por uma offshore holandesa e superfaturamento da construção da refinaria Abreu e Lima.

A situação revidou propondo incluir na pauta da CPI investigações sobre formação de cartel na aquisição de trens do Metrô em São Paulo e irregularidades no Porto de Suape em Pernambuco. Dona da maioria e da presidência do Senado, a bancada governista reinterpretou de forma marota uma antiga decisão do Supremo Tribunal Federal e validou a CPI múltipla.

Muito bem. Oposição e situação recorreram ao STF, quando poderiam solucionar a questão com honestidade, apreço às prerrogativas legislativas, respeito à própria autonomia e reverência à Constituição.

Na Carta de 1988 está escrito que as CPIs se instalam mediante a assinatura de um terço dos deputados ou senadores. Um terço, e não a maioria. A ideia do legislador foi garantir o direito da minoria. A manobra do governo, para a qual se pede o aval do Supremo, caso seja aceita, põe por terra esse princípio.

Pelo seguinte: se a maioria pode incluir qualquer assunto na pauta de uma CPI proposta pela minoria, ela também deixará de investigar o tema ou temas que foram objeto do pedido original, pois terá número suficiente para conduzir os trabalhos como bem lhe convier. Isso quer dizer, de maneira a criar desconfortos à minoria e levar conforto à maioria. Para sempre.

Desse modo não se extinguem apenas as CPIs. Mata-se junto uma parte da política.

Assim é. No oficial reina a paz e a unidade na seara tucana. No paralelo, a avaliação da direção nacional é a de que, se Aécio Neves depender do empenho do governador Geraldo Alckmin, ficará no ora veja em São Paulo.

Conhecedora do estilo autocentrado do governador, a cúpula já havia decidido que a campanha teria coordenação própria independente da estrutura estadual.

Tudo é possível. Nada decidido, mas o zum-zum do momento é a articulação da candidatura de José Serra ao Senado por São Paulo.

Para concorrer a uma cadeira pelo Rio, o PSDB examina com interesse o nome de Ellen Gracie, ex-ministra do Supremo Tribunal Federal.

Sobre a vaga de vice na chapa presidencial, a decisão será tomada aos 45 do segundo tempo. Em data próxima à da convenção de junho, a fim de captar os últimos movimentos do cenário político e adaptá-los à escolha.

Em português claro: com a queda da presidente Dilma nas pesquisas os tucanos voltaram a incluir no radar todas as hipóteses de coligações, inclusive com o PMDB.

O doleiro e o deputado nas asas da corrupção - ROBERTO FREIRE


BRASIL ECONÔMICO - 11/04


A sociedade brasileira mal consegue se atualizar diante da avalanche de denúncias envolvendo a Petrobras, com novidades estarrecedoras dia após dia, e o PT já protagoniza mais um escândalo que atinge o centro do poder. O personagem da vez é o deputado André Vargas, vice-presidente do Congresso e integrante da ala mais ligada a Lula. As conexões criminosas do parlamentar com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato, tinham como objetivo assegurar a "independência financeira" da dupla às custas dos cofres públicos.

Foi o que revelaram interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça. As relações promíscuas entre Vargas e seu comparsa, detido por participar de um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões em operações suspeitas, foram desvendadas a partir da revelação de que o deputado viajou com familiares em um avião particular fretado por Youssef ao custo de R$ 100 mil.

A troca de favores chegaria ao Ministério da Saúde, onde o congressista atuou a serviço do doleiro. Dono de uma empresa de fachada denominada Labogen Química Fina e Biotecnologia e registrada no nome de um "laranja", Youssef se aproveitou do prestígio do amigo no PT e obteve um contrato milionário para o fornecimento de um remédio. Com capital social de R$ 28 mil e folha de pagamentos de R$ 30mil, a Labogen fechou um acordo que poderia chegar a R$150 milhões, dos quais R$ 31 milhões já haviam sido firmados por meio de um vínculo assinado pelo então ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

O que chama a atenção é o fato de o ministério ter feito a negociação com um mero intermediário, e não diretamente com o produtor, abrindo brechas para a falcatrua e o ilícito. Trata-se do mesmo Padilha que, em vídeo que circula pela internet, pediu votos a Vargas quando o deputado se candidatou à reeleição para a Câmara Federal. Apoiado por Lula e Dilma, que fincaram na Prefeitura de São Paulo o "poste" Fernando Haddad, o ex-ministro que assinou o contrato sem sequer consultar a ficha cadastral da Labogen será o candidato do PT ao governo paulista. Ao contrário do que os petistas querem fazer crer, Vargas não era um militante qualquer no partido.

Ex-secretário nacional de Comunicação da legenda e entusiasta declarado do famigerado "controle social da mídia", o vice-presidente da Câmara se notabilizou pelo apoio aos mensaleiros condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em fevereiro, durante a sessão de abertura do ano legislativo, o petista provocou o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, ao erguer os braços, de punhos cerrados, como fizeram seus correligionários no momento em que foram presos. O gesto foi historicamente utilizado como símbolo de resistência política das esquerdas durante todo o século XX, mas acabou enxovalhado pelo PT.

Baseadas no Regimento Interno da Câmara, as oposições apresentaram um requerimento ao Conselho de Ética alegando quebra do decoro parlamentar e pedindo punição a André Vargas. A relação indecorosa entre o deputado petista e o doleiro, com a chancela do Ministério da Saúde, é apenas mais um caso de corrupção que se soma ao extenso rol de ilegalidades cometidas nos tempos de Lula e Dilma. Os 12 anos de governo mostraram ao país que o PT não respeita as instituições republicanas e prioriza seus negócios escusos em detrimento dos reais interesses do Estado.

Redução de energia - MIRIAM LEITÃO


O GLOBO - 11/04

O governo convocou ontem uma reunião de todas as autoridades do setor elétrico para discutir a crise. Eles avaliaram o cenário de ter que iniciar ao final de abril uma campanha de restrição voluntária de consumo de energia, com foco no setor industrial. O ONS orientou formalmente as empresas hidrelétricas para desligarem as turbinas à noite para poupar água nos reservatórios.

Apesar de o governo continuar negando que haja crise de abastecimento, ela tem se agravado. O ONS havia dito em fevereiro que o nível dos reservatórios do Sudeste tinha que estar, ao final de abril, em 43% para evitar o risco de racionamento. Agora, informou que chegará ao final do mês em 36,5%. Ou seja, ficará abaixo do que ele mesmo havia dito que era o limite de segurança. Foi por causa desse número que a reunião foi convocada e foram contatadas empresas eletrointensivas.

Algumas hidrelétricas do sistema Eletrobrás estão seguindo a determinação de desligar as turbinas à noite e liga-las de manhã. Ainda que este seja um procedimento que ocorre de vez em quando, não deve ser feito com essa periodicidade diária. Por isso, a Cemig negociou com o ONS para não ter que cumprir essa determinação. O risco de queima de turbina é muito grande. Outro problema que pode decorrer desse liga-desliga é ambiental: em época de muita produção de peixe, eles acabam se aproximando de área na qual não chegariam se a turbina estivesse ligada. Quando as máquinas são religadas aumenta muito a morte de peixes.

O nível de água na hidrelétrica de Três Marias ficará, segundo as projeções, bem abaixo do ponto a que chegou no pior momento do racionamento de 2001. A projeção é que em setembro pode chegar a 3,5% do volume útil, o que levaria a empresa a ter que desligar as máquinas. Em 2001, chegou a 8,5%.

Há quem diga no setor que Três Marias terá mesmo que parar, desmontar as máquinas, para aumentar a vazão do rio para alimentar o reservatório de Sobradinho.

O governo tem tentado evitar qualquer campanha de redução de consumo para não dar o braço a torcer neste momento pré-eleitoral. O problema é que o nível dos reservatórios torna a cada dia mais difícil adiar alguma racionalização do consumo. A tendência é tentar esse caminho: redução voluntária e com foco no setor industrial, e, principalmente, das que mais consomem energia. Isso pouparia o consumidor e derrubaria ainda mais a indústria.

Se evitar o racionamento este ano com medidas como essa, o país ainda assim chegará ao fim do ano com um nível tão baixo de água nos reservatórios que complicará o início do próximo governo. O grave problema financeiro das distribuidoras causado pelo custo da compra de energia no mercado livre e mais o custo das térmicas não se resolve com o empréstimo de R$ 11,2 bilhões que será tomado de um pool de bancos pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Para se ter um ideia, o Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somado de todas as distribuidoras é de R$ 10 bilhões. Toda a capacidade de geração de caixa das empresas não cobre sequer o preço da energia no mercado de curto prazo. E elas só estão comprando nesse mercado porque o governo geriu mal os leilões de venda e compra de energia, deixando parte das empresas “descontratadas”, como se diz no jargão do setor.

Um dia, todo esse custo será repassado para o consumidor, mas elas têm que carregar esse prejuízo até o repasse. Por isso o governo inventou essa fórmula tortuosa de repassar o dinheiro para elas via empréstimo tomado pela CCEE.

Tudo seria muito mais fácil se o governo tivesse admitido o problema em tempo, iniciado medidas de racionalização de consumo, campanhas de economia de energia. Em vez disso, o governo, para manter a quimera da energia barata como arma de campanha eleitoral, tem elevado os riscos de desabastecimento, e, principalmente, o custo da energia. O governo tenta esconder o fato de que é o consumidor quem vai pagar a conta quando passar o período eleitoral, mas esse já é um segredo de polichinelo.

A falta de chuva foi apenas um dos componentes dessa crise. Ela foi em grande parte causada por erros cometidos pelo governo no gerenciamento do setor elétrico.

A inflação e o estrago - CELSO MING


O Estado de S.Paulo - 11/04

O Banco Central (BC) bem que gostaria de interromper o ciclo de alta dos juros, como transpareceu do texto da Ata do Copom, ontem divulgado. Mas terá de lidar com uma inflação ainda mais braba do que com aquela com que contava.

Também em dezembro, entendia que dava os trâmites por findos, mas vieram a estocada de janeiro e as seguintes. Por isso, prosseguiu com a alta dos juros básicos, ainda que a doses mais baixas, de 0,25 ponto porcentual por vez.

O BC foi surpreendido pela inflação de março. Tanto foi que seu presidente, Alexandre Tombini, se sentiu obrigado a dar entrevista ao Jornal Nacional mesmo antes da divulgação da Ata, coisa que nenhum diretor do BC faz regularmente. A Ata do Copom está ultrapassada pelos fatos.

À parte a virulência inesperada, o BC lida com três problemas. O primeiro é que desde abril de 2013 puxou os juros básicos em 3,75 pontos porcentuais ao ano e, no entanto, a inflação está nos mesmos níveis existentes no início do processo, o que espalha dúvidas sobre a eficácia da política monetária.

O segundo problema é que o governo não ajuda. Cerca de 25% dos preços dependem de aprovação prévia do governo - caso dos combustíveis, da energia elétrica e dos transportes urbanos - e, portanto, não são alcançados pela política de juros. Pior, quanto mais alta a inflação, mais o represamento dos preços administrados tende a provocar distorções e expectativas de remarcações no resto da economia. Como foi apontado na Coluna de ontem, em 12 meses os preços livres (os outros 75% dos preços) rodam a quase 7,0% enquanto os preços administrados estão a 3,4%.

O terceiro problema é que o BC não conta com outros instrumentos que poderiam ser acionados. Da política fiscal (controle das despesas públicas), que poderia ser um antídoto poderoso, não espera grande coisa porque, em fase eleitoral, o governo quer mais é gastar.

À falta de melhor discurso, Tombini fez coro ontem com as declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega: o de que as atuais estocadas são temporárias, porque provêm do choque de alimentos provocados pela seca. Isso não explica por que, dos nove grupos de preços que compõem a cesta de consumo, seis estouraram o teto da meta em 12 meses.

É verdade, o choque dos alimentos tem impacto temporário. O problema é que a economia brasileira está excessivamente exposta a choques, num ambiente global de inflação baixíssima. Há o choque da energia elétrica e, para junho, quando o impacto da alta de preços dos alimentos em consequência da seca poderá ter-se esgotado, já se prevê o impacto de alta devido ao aumento de demanda acionado pela Copa do Mundo. Em Copacabana, o Cornetto da Kibon já está sendo cobrado por R$ 15 e as passagens aéreas subiram 26,5% apenas em março.

E, fato curioso, no principal parágrafo da Ata (o de número 32) está dito que "na presença de níveis de confiança relativamente modestos, os efeitos das ações de política monetária tendem a ser potencializados". O BC parece festejar o baixo nível de confiança, na medida em que derruba a demanda, o investimento e a atividade econômica, o que ajuda a combater a inflação. Por essa lógica, se você quer derrubar a inflação, destrua o nível de confiança na economia.

Oito anos de Mantega - ROGÉRIO L. FURQUIM WERNECK


O Estado de S.Paulo - 11/04

O ministro Guido Mantega completou oito anos de permanência na pasta da Fazenda. O fato enseja reflexões sobre o que ocorreu desde 2006, quando o ministro Antonio Palocci teve de ser substituído. Como foi possível que as oportunidades extraordinariamente promissoras, abertas no mandato inicial do presidente Lula, acabassem redundando em desempenho econômico tão lamentável como o que vem marcando o governo de Dilma Rousseff?

Na resposta a essa indagação, é importante focar no que interessa. Não faz sentido perder tempo com atribuição de culpa ao ministro Guido Mantega. É preciso ir mais fundo. E entender como o Planalto passou a se pautar por objetivos e critérios que permitiram que Mantega fosse mantido à frente do Ministério da Fazenda ao longo de três mandatos presidenciais.

No final de março de 2006, quando Lula teve de nomear um substituto para Palocci, seu governo atravessava um momento peculiar. A economia vinha tendo excelente desempenho. Mas o Planalto ainda estava às voltas com a crise do mensalão, que havia descabeçado o PT e deixado o governo vulnerável e extremamente fragilizado.

O objetivo central do presidente passara a ser conter o desgaste da crise e, com sorte, conseguir ser reeleito. Nesse quadro, seria certamente importante tirar o melhor proveito possível do bom desempenho que vinha tendo a política econômica. Mas sem esticar a corda mais do que o necessário. Em meio à adversidade, passara a ser fundamental manter o PT coeso e o Executivo pouco dependente do Congresso.

Foi nessas circunstâncias que Lula se permitiu uma extravagância. Tendo passado mais de três anos sob os rigores que lhe impunha o doutor Palocci, o presidente decidiu que já era tempo de nomear um ministro da Fazenda que jamais lhe dissesse não e lhe deixasse as mãos livres para cuidar da reeleição. O capricho não lhe parecia arriscado. O círculo virtuoso que lhe legara a boa gestão da política econômica parecia cada vez mais consolidado. Tudo que seria exigido do novo ministro era cuidar do piloto automático.

Na verdade, essa era a história que, na época, se contavam os mais otimistas, para tentar se convencer de que tal extravagância não passaria do final do primeiro mandato. Ledo engano. Para grande apreensão de quem quer que havia acompanhado sua trajetória, Mantega foi mantido no cargo no segundo mandato. Um Ministério da Fazenda fraco, tripulado por um ministro dócil e afinado com a ministra Dilma Rousseff havia se tornado um arranjo extremamente conveniente para a consolidação de uma inédita preponderância da Casa Civil na formulação e na condução da política econômica.

Na esteira do desmantelamento da equipe montada por Palocci, as ideias que haviam norteado a política econômica entre 2003 e 2005 passaram a ser frontalmente contestadas pela Casa Civil, coadjuvada pela Fazenda e pelo BNDES. O agravamento da crise econômica mundial, em 2008, foi o ensejo que faltava para que o governo desse outra orientação à política econômica, sob a bandeira de uma "nova matriz" desenvolvimentista.

Abertas as comportas do expansionismo fiscal, com a criação de um gigantesco orçamento paralelo no BNDES, o baque da economia em 2009 foi logo superado. O PIB cresceu nada menos que 7,5% em 2010, ainda que à custa de forte aceleração da inflação. E Dilma acabou eleita presidente.

A confirmação de Mantega como ministro da Fazenda do novo governo não chegou a surpreender. A mudança relevante deu-se em nível mais alto. A responsabilidade pela formulação e pela condução da política econômica, que antes cabia à ministra-chefe da Casa Civil, foi assumida pela própria presidente da República.

O desfecho dessa longa história é bem conhecido. Crescimento pífio, inflação estourando o teto da meta, contas públicas desacreditadas e grave desequilíbrio nas contas externas. Lula reclama de que "poderíamos estar melhor". Claro que sim. Mas agora é tarde. O País está colhendo o que Lula e Dilma plantaram nos últimos oito anos.

Cartas de Buenos Aires: 24 horas, por Gabriela Antunes


Era quinta-feira, mas parecia domingo. Buenos Aires parou.
Quinze milhões de pessoas que vivem na “Grande Buenos Aires” ficaram sem trem, metrô, ônibus e circulando com frota reduzida de taxi.
Manifestantes fecharam as principais rodovias de acesso à cidade, sitiando a capital. A maioria do comércio permaneceu fechada. Postos de gasolina e outros serviços básicos não funcionaram. Apenas os restaurantes mais turísticos abriram as portas.
Os portenhos observaram a greve geral com cautela, permanecendo em suas casas. A greve mobilizou plenamente o país, já que também afetou outras províncias argentinas. Apesar da tensão social, a greve geral de quinta-feira teve caráter pacifico, a despeito dos pequenos confrontos com a Guarda Nacional para liberar as rodovias.
Paisagens emblemáticas da cidade surpreenderam, como a avenida mais larga do mundo, a 9 de Julio, que normalmente quase não comporta o transito pesado do nervo central da cidade. Mas, na quinta-feira, parecia uma paisagem apocalíptica de um filme de ficção cientifica: permaneceu vazia e sozinha.

A avenida 9 de Julio ficou vazia. Foto: Télam

Por trás da paralisação está a enorme máquina sindical argentina, antes uma aliada, agora uma pedra no sapato no Governo de Cristina Kirchner.
A sociedade está dividida. Uma divisão que a própria Presidente fomentou e agora tem que viver com as consequências. Há uma disputa de poder que nem sempre é “para o bem dos trabalhadores”. Não há anjos nem demônios. No final das contas, como diria Gandhi, “olho por olho, todo o mundo termina cego”.
Para usar as palavras do Chefe da Casa Civil, Jorge Capitanich, é uma batalha de senhores feudais.
O Governo não pode mais inventar eufemismos para a inflação, a desvalorização do peso e o acréscimo da violência. Os trabalhadores se sentem esmagados pelo aumento de preços, pelos assaltos e pela tensão social gerada por uma economia que, como muitos sustentam, está deteriorada.
Por outro lado, não se pode negar a enorme pressão que sofre o Governo ao administrar um país excessivamente politizado, onde novos “líderes” populares saltam de cada esquina. São muitas forças endógenas movendo-se nas entranhas da máquina.
O “Cartas de Buenos Aires” conversou com sindicalistas que destacaram sua preocupação com os recentes ajustes que o Governo vem levando a cabo.
O medo é que o país esteja caminhando para uma situação parecida à crise de 2001, quando milhões de argentinos ficaram desempregados e o país entrou em um período de trevas, do qual ainda não se recuperou totalmente.
Exageros a parte, o que é mesmo palpável é a tensão social das últimas semanas. O resto é um balaio de gato de fatos e versões.

Gabriela G. Antunes é jornalista e nômade. Cresceu no Brasil, mas morou nos Estados Unidos e Espanha antes de se apaixonar por Buenos Aires. Na cidade, trabalhou no jornal Buenos Aires Herald e hoje é uma das editoras da versão em português do jornal Clarín. Escreve aqui todos os sábados.

LIBERDADE CONDICIONAL - Mais Médicos: cubanos são vigiados e assediados


O GLOBO - Paulo Celso Pereira e Thiago Herdy
Em hotel de SP, profissionais são cerceados por monitores e procurados por críticos do programa.
BRASÍLIA e SÃO PAULO - Regidos por um contrato pouco transparente com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), médicos cubanos participantes do programa Mais Médicos, do governo federal, são submetidos, logo que chegam ao Brasil, a condições que remetem às que vivem na ilha. Além de receberem cerca de 30% do salário pago aos demais participantes do programa, eles estão sob permanente vigilância, conforme constatou O GLOBO em conversas nas últimas semanas com médicos do programa e pessoas que estão em contato direto com eles.
Mas também há, no momento, uma ofensiva de um grupo de pessoas de fora do programa para tentar localizar médicos insatisfeitos, com o intuito de oferecer-lhes asilo ou refúgio e um emprego. A iniciativa conta com o apoio da Associação Médica Brasileira (AMB), que critica o Mais Médicos, e criou um programa de suporte ao médico estrangeiro.
O objetivo não é convencer os cubanos a seguir o caminho de Ramona Rodriguez — que depois de deixar o programa se mudou para os Estados Unidos —, mas sugerir que vivam e trabalhem como médicos no Brasil, depois de passar por formação mais rigorosa e aulas de português. Quando ainda participava do programa, Ramona reclamava que se sentia vigiada e sem liberdade para viajar a outras cidades do país.
Na semana passada, O GLOBO se hospedou no Hotel Excelsior, do Centro de São Paulo, que serve como primeira moradia para boa parte dos médicos que chegam ao país, e constatou que a vigilância é realizada em caráter permanente. Desde o segundo semestre do ano passado, cubanos ocupam a maior parte dos quartos do hotel, localizado ao lado de um antigo cinema que foi transformado em auditório para que eles recebam aulas de português e sobre a organização do sistema de saúde brasileiro.
Aulas de manhã e de tarde.
Até que sejam enviados para cidades escolhidas pelo Ministério da Saúde, os médicos ficam confinados no hotel, tendo aulas nos períodos da manhã e da tarde. Só saem de lá quando estão na companhia de professores ou agentes do programa. Costumam estender a jornada de estudos até altas horas da noite.
— O chefe deles fica o tempo todo em cima, e eles ficam o dia todo aí. É como se fosse uma prisão, né? Já chegam sabendo qual é a regra, não são de reclamar. Parece que no país deles é tudo muito rígido também — conta uma camareira do hotel, onde atualmente estão hospedados cerca de 550 médicos.
O "chefe" a que se refere a camareira é o médico Roilder Romero Frometa. Apresentado formalmente como consultor da Opas, Frometa já se encontrou com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, na condição de "representante dos médicos cubanos". Em Cuba, ele já era influente. Em outubro de 2011, como diretor de Saúde no município de Guantánamo, foi entrevistado pelo jornal oficial do Partido Comunista na cidade. Segundo funcionários, desde o ano passado Frometa está hospedado no hotel.
Na semana passada, enquanto conversava como hóspede com os médicos, na recepção, o repórter do GLOBO foi interpelado diretamente por Frometa. Sem saber se tratar de um jornalista, o cubano quis saber o que ele havia conversado com os médicos do programa. Ao ser indagado pelo jornalista sobre qual papel desempenhava no local, Frometa tentou evitar ser fotografado e reagiu:
— Você está mexendo com coisa perigosa.
Ele não é o único a monitorar os cubanos. O vai-e-vem de pessoas dentro e fora do prédio é acompanhado também por seguranças do hotel e por pessoas que usam crachás do programa, como observou o GLOBO no período em que esteve no local. Apesar de o hotel ser privado, Opas e Ministério da Saúde tiveram acesso à ficha cadastral preenchida pelo repórter ao se hospedar.
A Associação Médica Brasileira criou há dois meses um programa de apoio ao médico estrangeiro, cujo objetivo é atender médicos de Cuba e de outras nacionalidades insatisfeitos com as condições do Mais Médicos. Dos 22 profissionais que já procuraram a associação, 16 são cubanos.
— Todos que nos procuraram se queixaram da vigilância. Precisam dizer a todo momento para onde vão, com quem se relacionam. Cada grupo tem um superior hierárquico, a quem têm que dar satisfação — diz o presidente da AMB, Florentino Cardoso. Segundo ele, o objetivo do programa é "mostrar que não existe queixa ou trauma em relação à presença do médico estrangeiro no Brasil, desde que se cumpra a legislação".
No início do ano, um grupo de cinco médicos insatisfeitos esteve reunido com um deputado da oposição para pedir ajuda para abandonar o programa federal. Reclamavam da baixa remuneração, de US$ 400 por mês no Brasil (outros U$ 600 eram depositados em Cuba), e da diferença de salário em relação ao recebido pelos médicos de outras nacionalidades, que recebem R$ 10,4 mil mensais. Duas semanas depois, o governo brasileiro anunciou um aumento no salário dos cubanos, para US$ 1.245 (R$ 2,9 mil), agora integralmente pagos no Brasil. Os cinco pediram, então, mais tempo para pensar sobre a deserção.
A saída do programa não é simples. Além do temor de serem deportados antes de conseguirem formalizar o pedido de asilo, os médicos temem eventuais represálias a seu familiares e consideram real o risco de nunca mais verem os filhos, os pais e os amigos que estão na ilha.
"Não existe nenhum tipo de limitação"
De acordo com o governo brasileiro, atualmente estão no país 10.687 médicos vindos da ilha governada por Raúl Castro e ao menos sete deles já deixaram o programa. Há duas semanas o ministro da Saúde, Arthur Chioro, negou em audiência da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara que cubanos fossem perseguidos no Brasil. "Não posso dizer quanto à situação em Cuba, mas aqui eles estão livres", afirmou, na ocasião. O Ministério Público Federal abriu um inquérito para apurar eventuais violações de direitos humanos, mas ainda não encontrou indícios.
Procurado, o Ministério da Saúde divulgou nota em que confirma haver um grupo de funcionários contratados pela Opas responsável pelo "acompanhamento" dos médicos cubanos: "O termo firmado com o governo brasileiro prevê que a organização internacional monte, para melhor gerenciamento do programa, equipe de apoio administrativo e logístico, responsável pelo acompanhamento aos médicos servidores do governo de Cuba que estão em missão internacional no Brasil". É nesse grupo, segundo a pasta, que se encontra Roilder Frometa.
O ministério nega, no entanto, que haja qualquer restrição ou monitoramento direto dos cubanos: "Não existe nenhum tipo de limitação imposta pelo governo brasileiro aos participantes do programa, sejam brasileiros ou estrangeiros de qualquer nacionalidade. Todos os participantes estão sujeitos às leis do Brasil, não havendo qualquer tipo de restrição de ir e vir. (...) O termo firmado entre o governo brasileiro e a Opas não estabelece nenhum tipo de monitoramento, acompanhamento ou coerção aos médicos participantes, que recebem o mesmo tratamento que qualquer outro estrangeiro que obtenha visto de permanência no país em condições semelhantes", diz a nota.
Atualmente, a venda de serviços médicos é a principal fonte de receita na economia cubana, rendendo US$ 6 bilhões ao ano (R$ 14 bilhões), seguida do turismo, que gera US$ 2,5 bilhões (R$ 5,8 bilhões), segundo dados oficiais.
Publicado no Globo de hoje.

PSICANÁLISE DA VIDA COTIDIANA - Da Crueldade Humana


CARLOS VIEIRA
Visitando o dicionário de Houaiss encontro a palavra crueldade, conceituada e descrita assim: “crueza, atrocidade, barbaridade, brutalidade, desumanidade, malignidade, perversidade e ruindade.” Já no Dicionário Analógico da Língua Portuguesa, de Francisco Ferreira dos Santos Azevedo, o termo crueldade remete à “capacidade de fazer o mal, pravidade, maleficência, ofensa, virulência, vandalismo, destruição, tormento, assalto, abuso e ultraje.”
A crueldade humana é intrínseca, inata e aprendida no decorrer da formação do nosso Eu. Causas hereditárias, trans geracionais, aspectos íntimos da tessitura da mente humana; causas ambientais, a começar por traços perversos e malignos de certos pais, e por uma influência ambiental que desde o começo da história do homem mostra jogos cruéis, sádicos, acompanhados de prazer. É óbvio que o ato cruel engendra sua consequência de prazer, vide as brincadeiras infantis e os jogos da antiguidade em cenários romanos, onde celebravam festas para matar animais, escravos e inimigos do governo em praça pública e, espetáculos de enforcamento sendo comemorados por populações, embevecidas de grande satisfação e prazer. Assim, a crueldade, os aspectos sádicos da personalidade humana, são rituais de satisfações após provocarem dores físicas e psíquicas.
Humberto Eco, escritor italiano, ensaísta, crítico de arte e literatura, em seu magnífico livro – “História da Feiura”, traduzido por Eliana Aguiar pela Editora Globo, no capítulo “Satanismo, sadismo e prazer da crueldade, nos lembra o famoso Marquês de Sade quando diz:”... estava muito longe de acreditar que o homem, a exemplo dos animais ferozes, só poderia gozá-los vendo fremir de pavor suas companheiras...quando Antônio terminou com gritos tão furiosos, com incursões tão mortais a todos os recônditos do meu corpo, com mordidas tão semelhantes, enfim, às sangrentas carícias de um tigre...” São descrições das nuances da crueldade humana e da capacidade maligna de retirar prazer pela dor do outro.
No entanto, é em nosso pensador, ensaísta, escritor, Michel Eyquem, Seigneur de MONTAIGNE, nascido em 1533, que encontramos uma das mais belas descrições, em seu Ensaio – “Sobre a Crueldade”. Após passear sobre questões ligadas à bondade,  compaixão e piedade, Senhor de Montaigne, captando características da alma humana, fala da crueldade, da maldade: “Entre os vícios, odeio cruelmente a crueldade, tanto por natureza como por julgamento, como sendo o extremo de todos os vícios... Os selvagens não me ofendem tanto por assarem e comerem os corpos dos falecidos quanto aqueles que os atormentam e perseguem quando são vivos... Quanto a mim, tudo o que, na própria justiça, vai além da morte simples me parece crueldade...”

Montaigne me parece totalmente atual quando naquele época, no século XVI, escreve:” Vivo numa época em que abundam exemplos inacreditáveis desse vício da crueldade, pelas desordens de nossas guerras civis, e não vemos nada de mais extremo nas histórias antigas do que aquilo que assistimos todos os dias... Eu mal era capaz de me convencer, antes de tê-lo visto, que pudesse existir almas tão ferozes que quisessem cometer assassínios só pelo prazer; retalhar e cortar membros de alguém; aguçar o espírito para inventar torturas inusitadas e mortes novas, sem inimizade, sem proveito, e só para o fim de gozar do agradável espetáculo, dos gestos e movimentos lastimáveis, dos gemidos, dos gritos lamentáveis de um homem morrendo em agonia... Mas quando encontro entre as opiniões mais moderadas raciocínios que tentam mostrar a semelhança estreita entre nós e os animais...”
O leitor está a perguntar o sentido desse meu “improviso”, ou mesmo paráfrases de textos famosos sobre a crueldade humana! Sim, não poderia deixar de associar passagens tão inesquecíveis de escritores geniais com o que acontece hoje, nesse mundo pós-moderno, nessa nossa civilização da “tecnocracia, dos avanços econômicos e científicos”. Crescemos,  desenvolvemos, criamos e ampliamos a cultura, mas lateja e dói no coração de cada ser humano, hoje, o atraso ou, me parece, a involução do animal humano. Estamos a cada dia mais bárbaros, sedentos de fome, voracidade, inveja e desejo de usar os nossos semelhantes para obtermos prazeres materiais, sexuais e de enriquecimento ilícito. Dos bandidos e assassinos da rua aos homens “ditos de bem”, todos eles usam os mesmos métodos de crueldade para sentir prazer, matando os demais, matando de morte física, de fome, de privação de humanidade, assim como torturando psiquicamente o outro. Vandalismo, saques, corrupção, desvio de verbas para alimentação e saúde, estupros, atitude triunfante de prazer auferindo lucros de roubos ao erário público, são ou não são atos de extrema violência, sadismo e crueldade?
O próprio Senhor de Montaigne escrevia que:” é preciso ser vigilante para retesar e endurecer contra a existência dos vícios”. Claro que isso é uma função de governo, uma vontade política de ter uma “política de segurança pública”. O fato é que vivemos a sós, abandonados nas “ruas da vida” sem o mínimo de proteção à nossa integridade física e psíquica!
Sigmund Freud sempre repetia que a psicoterapia psicanalítica era uma forma de “civilizar os instintos(pulsões), domesticá-los. Somos hoje, principalmente os homens rotulados de seres do “primeiro mundo”, mais bárbaros e violentos quando se trata de viverem suas vidas em função de prazeres individualistas, egocêntricos e narcísicos!
Aprendamos ainda com nosso mestre Montaigne: “Devemos justiça aos homens, e bondade e benevolência às outras criaturas capazes de recebê-las. Há certa relação entre elas e nós e certa obrigação mútua. Não temo confessar a ternura de minha natureza tão pueril que me leva a não recusar ao meu cão a festa que me oferece fora de hora ou que me pede. Os turcos têm obras de caridade e hospitais para bichos...”
Nós, do mundo contemporâneo estamos a cada dia mais, assaltando recursos que seriam para alimentar nossas crianças; para tratar as doenças dos nossos indigentes; sabotando uma assistência à saúde aos que pagam horrores de seguro e de imposto; comendo e dilapidando o pouco que se tem, e os direitos obrigatórios pregados em nossa Constituição.
O “Inferno de Dante” é aqui! Estamos chegando ao FIM, ou ainda resta uma esperança de MUDANÇAS? Oxalá alcancemos a politização dos nossos jovens; oxalá tenhamos ainda tempo de rever os critérios éticos que nossa sociedade perdeu; oxalá os nossos governantes e políticos possam acordar do “pesadelo da crueldade”, e desse modo, enxergar a alteridade, o Outro, semelhante e diferente de si, e caia numa consciência de responsabilidade.
“Tristeza da Infância”
Poema de William Blake
Minha mãe, queixosa; meu pai choroso!
Mergulhei no mundo perigoso:
Aos gritos, nu, desamparado,
Como um demônio em céu nublado

Nas mãos de meu pai, com coragem,
Debati-me contra as bandagens.
Decidi, atado e exaurido, 
No seio materno ser nutrido.
Carlos.A.Vieira, médico, psicanalista, Membro Efetivo da Sociedade de Psicanálise de Brasília e de Recife. Membro da FEBRAPSI e da I.P.A - London.

Renan e Michel brigam pelo PMDB - JORGE MORENO


Nhenhenhém De Brasília


Foi só o vice Michel Temer ir ali a Nova York, representar a presidente Dilma, para o PMDB do Senado (leia-se Renan Calheiros ) tomar de assalto o partido. Aproveitando-se das confusões do “Coisa-Ruim”, que mostram um Congresso sem liderança, sem rumo e com má fama, Renan cantou de galo, criando a famosa “CPI x-tudo”, que desagrada ao Palácio e à oposição ao mesmo tempo, já que não há instituição pública que resista a uma devassa. Quando Michel voltou, até a vaga para indicar ministro do TCU já estava nas mãos de Renan Calheiros. 

A verdade é que Renan e Michel nunca se toleraram. Os dois lutam pelo comando do PMDB, a maioria dele hoje nas mãos do “Coisa-Ruim”. Por isso, o vice não pode romper publicamente com o “Coisa”. Precisa do famigerado para se proteger do PMDB do Senado. 

Aí, a origem do problema: Dilma desconfia das tímidas reações de Michel contra o “Coisa-Ruim”.
Fios de ouro

Eu não queria estar na pele daquele cirurgião de Recife que implanta cabelos em políticos.

Pelo prontuário da maioria dos seus pacientes, vê-se que ele só deve receber em dólares, de origens não muito sadias.

Até porque paciente bom não vai a médico.

Sansões
Suspeita-se até que o médico deve usar algum tipo de adubo para fazer crescer rapidamente os cabelos, que funcionam como uma espécie de Viagra para os egos dos pacientes: todos se transformam em verdadeiros Sansões, loucos para derrubar as torres dos templos dos poderes. 

Cabeleiras
Vejam só alguns dos famosos pacientes do médico no Congresso: Renan, “Coisa-Ruim”, Henrique Alves e Gim Argello.

Fundos partidários

Lembrem-se que o PT já expulsou deputados que votaram em Tancredo e ameaçou fazer o mesmo com quem assinasse a Constituição de 88. 

Por que então, agora, o partido recusa-se a expulsar o deputado André Vargas?

É que Vargas disputou e ganhou a eleição de vice-presidente da Câmara contra Paulo Teixeira, prometendo mundos e fundos para seus eleitores.

E ameaça divulgar os mundos e, principalmente, fundos com os quais comprou alguns votos da sua própria bancada. 

Trio fantástico

Quem é leitor desta coluna sabe que sempre denunciamos as ligações do “Coisa-Ruim” com setores do PT, via André Vargas e Vaccarezza.

E Vaccarezza, o rei da esperteza, deve estar com as barbas de molho.

Único?
Não estou acusando ninguém, mas, se os três citados formavam um trio, por que será que apenas dois agiam fora do eixo, e outro, no caso o Vaccarezza, era o agente do bem? 


Love

Até o ministro da Aviação, Moreira Franco, o maior avaro de elogios da política brasileira, anda falando bem da gestão de Mercadante como ministro da Casa Civil. O prefeito Eduardo Paes foi às nuvens quando Mercadante, depois de uma audiência, levou-o de surpresa a Dilma. 

Bem feito!

A sorte do país é que o “Coisa-Ruim” ganha muito, mas não ganha todas.

Perdeu na criação do blocão, na indicação dos ministros do Turismo e da Agricultura, e no Marco Civil da Internet. 

Exceção

Amigos do ex-ministro Zé Dirceu estão preocupados com o seu abatimento psicológico, diante da demora da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal de fazer prevalecer o direito de regime semiaberto da sua prisão.

Alguns petistas articulam a ida dos integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara à penitenciária da Papuda para vistoriar as condições em que se encontra Zé Dirceu. Os advogados do réu já estão atuando junto à VEP, cobrando motivos da demora na liberação do pedido de Zé Dirceu para trabalhar no escritório do advogado José Grossi. 

Para os amigos, a demora deve-se às especulações de supostos privilégios a Zé Dirceu, coisa que, pelo menos garantem, nunca aconteceu.

NOVA LEI DA EDUCAÇÃO DA DITADURA CHAVISTA QUE PREVÊ DOUTRINAÇÃO COMUNISTA DO PRÉ-ESCOLAR À UNIVERSIDADE CAI NAS REDES SOCIAIS E GERA MAIS PROTESTOS NA VENEZUELA



Um dia depois do tiranete Nicolás Maduro acenar com um “diálogo com a oposição”, um novo pesadelo se abate sobre o povo venezuelano. Trata-se de um decreto emitido pela ditadura chavista que cria um sistema de doutrinação comunista em todo o sistema educacional da Venezuela, conhecido como “Projeto 15”. Esse projeto começou a ser idealizado durante o governo do difundo caudilho Hugo Chávez (vejam o vídeo acima).

Durante esta sexta-feira e agora na madruga deste sábado, pelo Twiter, o projeto vem sendo seguidamente denunciado por cidadãos venezuelanos e por lideranças políticas da oposição. Trata-se de uma lei do Ministério da Educação que fornece as diretrizes de como funcionará o sistema educacional público e privado.

Em síntese, o tal Projeto 15, seria uma cópia da Lei de Educação cubana, que objetiva doutrinar todos os alunos desde a pré-escola até a universidade de forma a transformá-los em ativistas do comunismo, conforme explica Robert Alonso, dissidente venezuelano exilado em Miami. Esse conhecido ativista anti-comunista é irmão da famosa atriz e cantora venezuelana Maria Conchita Alonso, que também vive exilada nos Estados Unidos.

texto veiculado por Robert Alonso, por meio do Twitter, explica que essa nova lei educacional chavista prevê, nas escolas e universidades, a presença permanente de espiões do regime que denunciarão os alunos e professores que não se enquadrarem nesse projeto de doutrinamento. Esse mesmo critério será adotado nos estabelecimentos de ensino privado. Todos eles passarão a ser bolivarianos, como por exemplo ‘Colégio Bolivariano Dom Bosco’, ‘Universidade Bolivariana Metropolitana’ e assim por diante, numa perspectiva de tornar públicas todas as escolas e universidades existentes na Venezuela.

Segundo informam pelo Twitter, já há reações nas ruas contra o denominado "Projeto 15" e isso deve entrar na pauta das manifestações que continuam em todo o território venezuelano, desafiando a violenta repressão da polícia bolivariana, a mostrar que o regime comunista de Maduro continua avançando e os manifestantes se preparam para novos protesto, inclusive já neste sábado.

Tais fatos comprovam que o regime chavista segue sendo contestado pela maioria dos venezuelanos, fato confirmado por pesquisas de opinião recentemente divulgadas no país e não há qualquer indicador de que os venezuelanos sairão das ruas.
Criancinhas do pré-escolar já receebem doutrinação comunista com o culto à personalidade do defunto caudilho Hugo Chávez.