domingo, 26 de julho de 2015

Em busca das contas secretas de PT e PMDB

domingo, 26 de julho de 2015


Vamos picotar a reportagem de Fausto Macedo sobre a nova fase da Lava Jato, no Estadão, porque ela tem um monte de dados importantes. 
1 - “A nova fase atingirá o PT e o PMDB como líderes do esquema de corrupção em conluio com o comando do cartel, que fatiava obras da Petrobrás, mediante o pagamento de propina, desde 2004”.
2 – “Com a chegada dos primeiros documentos oficiais da Suíça, após acordo de cooperação internacional entre os dois países, a Lava Jato acredita ter aberto uma janela nas apurações que levarão à comprovação de uso de contas secretas dos quatro núcleos do esquema: empresarial, político, de operadores financeiros e de agentes públicos”.
3 – “Os investigadores também vão espraiar a devassa em contratos de outras áreas dos governos de Lula e Dilma Rousseff. Uma das prioridades é o setor energético e envolve as obras de grandes usinas, como Belo Monte, no Pará, e Angra 3”.

Oito jogadores do time de hóquei na grama de Cuba desertam no Pan de Toronto


UOL



O time de hóquei na grama de Cuba desembarcou no Pan de Toronto com 16 jogadores. E deixará a metrópole canadense com apenas a metade dos atletas. Isso porque nada menos que oito jogadores desertaram. 
Na modalidade, cada time inicia a partida com 11 jogadores. Ou seja, Cuba entrou em campo neste sábado (25) para enfrentar Trinidad e Tobago valendo o sétimo lugar faltando três atletas. Resultado: derrota por 13 a 0.
"Temos sete companheiros nos EUA. Mas fomos representar Cuba com nosso maior esforço, nosso amor pela bandeira cubana e pela nossa equipe", disse Roger Aguilera após o revés, sem especificar o destino do oitavo desertor.
Segundo o jornal argentino Canchallena, cifras extraoficiais dão conta que pelo menos 20 atletas cubanos desertaram durante o Pan do Canadá. Os números são incertos porque a deserção é um tema rechaçado na delegação cubana. No Pan de Winnipeg, em 1999, também no Canadá, pelo menos 13 cubanos desertaram.
Se o time masculino de hóquei de Cuba entrou em campo com apenas oito jogadores, a equipe feminina também sofreu por causa do número reduzido de atletas. Na sexta-feira, as cubanas começaram o jogo contra as dominicanas com apenas nove titulares.
"É algo difícil para nós. Só tínhamos oito jogadoras e mais a goleira. Tivemos que jogar com nosso coração", disse a cubana Brizaida Ramos.
Além dos atletas de hóquei na grama, também desertaram de Cuba no Pan de Toronto quatro remadores, segundo confirmou à imprensa canadense o próprio técnico Juan Carlos Reyes, e dois saltadores, de acordo com o site Cuba Sí

'Tudo tem um limite, e o futebol brasileiro chegou ao seu', diz Romário






Sérgio Lima






No subsolo de uma ala do Senado Federal, a porta número 11 leva ao gabinete de um ex-camisa 11 da seleção brasileira, que trocou o uniforme por terno e gravata. "Essa geração é uma merda. Tem o Neymar, o Neymar e o Neymar", diz Romário, 49, sobre os garotos que hoje ocupam o lugar que já foi seu. Indagado sobre se escalaria ele próprio —Romário— aos 23 anos, quando jogava na Holanda, ou Neymar, também 23, em seu momento atual, o senador não hesita: "O Romário de 23 anos era pica".
O cenário é diferente, mas o Romário do Senado se parece muito com o dos gramados. "Eu não gostava do protagonismo", diz. "Eu amava o protagonismo. E isso vai ser eterno para mim."
Depois de brilhar no futebol por mais de 20 anos, ultrapassando, em suas contas heterodoxas, a marca dos mil gols, vencendo a Copa de 1994 pela Seleção e outros tantos títulos por clubes como Barcelona, Vasco e Flamengo, o atacante largou as chuteiras em 2008 e decidiu buscar seu espaço em Brasília. Em 2010, foi eleito deputado federal pelo PSB e, neste ano, estreou no Senado. "O Romário não é mais ex-jogador, hoje ele é senador da República."
O famoso "baixinho", de 1,67m, que agora prefere a alcunha de senador, acaba de ser eleito presidente da chamada CPI do Futebol, criada para, em suas palavras, "moralizar o futebol brasileiro". Ele recebe a reportagem com um aperto de mão e semblante fechado no gabinete de número escolhido por ele e decorado com um quadro do ex-atacante ao lado da filha caçula Ivy, 10, xodó do político, que tem síndrome de Down. Uma grande bandeira do América-RJ, seu time de coração, e uma réplica da taça da Copa do Mundo completam o ambiente, cujo acesso é guardado por belas assessoras.
VEJA FRASES DE ROMÁRIO FORA DOS CAMPOS



O senador idealizou a CPI no fim de maio, após a prisão do ex-presidente da CBF José Maria Marin, na Suíça, em meio ao escândalo de corrupção na Fifa, a maior instituição do futebol. A comissão foi instalada no dia 14 de julho, data da visita da reportagem, dois dias antes do recesso parlamentar.
"O mais importante aconteceu hoje, parceiro", diz Romário, usando uma de suas expressões mais conhecidas pela única vez na entrevista. "Agora é começar os trabalhos."
*
NO LIMITE
Uma reportagem da revista "Veja" deste sábado (dia 25) acusa o ex-jogador deter uma conta bancária não declarada em um banco suíço , com saldo de cerca de R$ 7,5 milhões. No Facebook, Romário ironizou a reportagem e ameaçou processar a revista. "Como trabalhei em muitos clubes fora do Brasil, é possível que tenha sobrado algum rendimento que chegou a esta quantia", escreveu. "Estou me sentindo um ganhador da Mega Sena, só que do meu próprio honesto e suado dinheiro."
O senador vem prometendo que, com a CPI do Futebol, conseguiria a prisão de nomes como Marco Polo Del Nero, presidente da CBF —a quem chamou de "safado, ladrão e ordinário" e que teria sido citado em relatório do Departamento de Justiça dos EUA sobre a corrupção na Fifa como "coconspirador"—, e Ricardo Teixeira, ex-mandatário da entidade também citado pelo órgão americano, além de indiciado pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. "Tudo tem um limite. E o futebol brasileiro chegou ao seu. É hora de a gente reorganizar, repaginar e moralizar tudo isso."
A iniciativa é encarada com desconfiança em alguns setores do esporte. O Bom Senso F.C, movimento criado por jogadores para brigar por melhores condições no futebol brasileiro, não se animou com a instalação da CPI. Temem que as investigações percam o foco ou acabem em pizza.
Os 11 senadores escalados para compor a comissão não animam quem torce pela renovação do futebol. Dois políticos, por exemplo, são investigados na Operação Lava Jato da Polícia Federal: o ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) e o relator Romero Jucá (PMDB-RR). Outros nomes são velhos conhecidos dos bastidores do esporte, como Zezé Perrella (PDT-MG), presidente do Cruzeiro durante 18 anos e que, em 2013, alegou que investigar os gastos dos estádios do Mundial não seria bom para a imagem do Brasil às vésperas da Copa.
Romário defende o time: "Independentemente dos problemas que o senador Jucá está enfrentando agora, ele me disse que, nesta CPI, realmente está com vontade de melhorar o futebol". Mas promete inovar na presidência da comissão: "O relator vai apresentar o relatório dele, e eu vou apresentar o meu. Não tenho rabo preso com ninguém". O presidente da CPI pode, mas não costuma exercer o direito de elaborar um relatório próprio.
Quanto ao rabo, há quem discorde. O ex-atacante é criticado pela boa relação com o presidente do Vasco e ex-deputado federal Eurico Miranda, um dos principais investigados na primeira CPI do futebol, no fim dos anos 1990, por enriquecimento ilícito e falsidade ideológica. "O Eurico é meu amigo mesmo, um dos poucos que fiz no futebol", diz.
"Mas, se ele faz coisas que não têm que ser feitas no futebol, tem que pagar por elas. As pessoas acham que não, mas com certeza o convidarei para depor na CPI. Uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa", afirma o baixinho.
Desde que chegou ao Senado, no começo do ano, Romário vem ganhando espaço na casa. Preside a Comissão de Educação, Cultura e Esporte e foi relator de leis importantes, como o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que garante direitos como o pagamento de auxílio-inclusão para deficientes que trabalham e que era uma das principais bandeiras do senador, e a Lei das Biografias. "Quando fui eleito deputado, a maioria torcia o nariz para mim", diz. "Noventa e cinco por cento desses deputados acharam que eu passaria batido pela minha legislatura. Eu era um dos que eles chamam de personalidadezinha."
"Estudei ciências políticas por oito meses, ninguém pode dizer que eu caí aqui de paraquedas", diz o senador que fez aulas particulares com o doutor em ciência política Leonardo Petronilha.
*
VIDA NA SELVA
A agenda do ex-atacante guarda diferenças com a de outros senadores. Um horário é reservado diariamente para o autógrafo de camisas e objetos mandados para o gabinete. Funcionários do local o abordam para tirar selfies. Na Câmara dos Deputados, um colega levava as visitas de seu Estado para sessões de tietagem com o ídolo semanalmente.
Nos dois dias em que a reportagem acompanhou o ex-jogador no Senado, ele chegou às 14h. No primeiro dia, participou da abertura da CPI. No outro, após participar de uma reunião a portas fechadas sobre mudanças no acordo ortográfico, comandaria um encontro da Comissão de Educação —cancelado por falta de quórum. O senador resume a sua rotina política: "Fico terça, quarta e quinta em Brasília, vou embora na sexta. Chego no Rio e vou direto pro meu escritório, onde fico até o final do dia. Nos fins de semana, eu viajo para remontar o PSB no Estado. E segunda é dia de conversa política".
Sérgio Lima
O ex-jogador - agora deputado federal pelo PSB - Romário, posa em seu gabinete em Brasília
O ex-jogador - agora deputado federal pelo PSB - Romário, posa em seu gabinete em Brasília



E deixa escapar um desabafo: "Quando me aposentei do futebol, achei que ia levar uma vida legal. Mas a verdade é que é uma selva de caralho", brinca. Contudo, diz não se arrepender. "A vida de político é cansativa, mas eu gosto. Acho legal."
Difícil é arrancar dele um elogio a algum congressista. "Não tive nenhuma influência na política. Quem mais me influenciou foi a Ivy", diz, sobre a filha a quem atribui sua entrada na nova profissão. O interesse do pai pela condição da menina fez com que se aprofundasse no tema.
"Nos primeiros cinco anos dela, eu entrava em contato com pessoas pela internet para me inteirar do assunto. Me fizeram entender que eu poderia ser uma voz atuante por essa causa em Brasília. E assim eu vim."
Quando ainda era jogador, Romário costumava dizer que, se houvesse 0,1% de chances de fazer um gol, ele jamais tocaria a bola para um companheiro de ataque. Até hoje, reafirma a sua máxima: "Não daria o gol nem para a Ivy. Ela teria que esperar a próxima".
Acostumado ao estrelato desde que apareceu como garoto prodígio no Vasco, aos 19 anos, Romário sempre foi individualista e esquentado. Chegou a estapear um colega de equipe no gramado e, na Holanda, pediu ao tradutor que explicasse xingamentos aos médicos do PSV, equipe em que jogava.
RAINHA DA INGLATERRA
Dos tempos de PSV aos de PSB pouca coisa mudou no comportamento dele. Em agosto de 2013, ainda deputado federal, colidiu com a cúpula de seu partido.
"Não concordava com os votos deles", diz o senador. Na época, o PSB era aliado do governo do PT. Romário rompeu com o partido e negociou a ida para outra legenda.
"O Eduardo Campos [então governador de Pernambuco e presidente do PSB] me pediu que voltasse e assumisse a presidência do partido no Rio", diz. "Aceitei, mas fui rainha da Inglaterra durante alguns meses. Nas reuniões do diretório, composto por sete pessoas, eu sempre perdia por 6 a 1. Falsificaram minha assinatura em cheques. Quando eles marcavam reuniões, elas aconteciam; quando eu as marcava, não."
Depois da morte de Eduardo, em agosto de 2014, e da expressiva votação conquistada por Romário na eleição para senador (mais de 4,6 milhões de votos, o 3º mais votado do país) o cenário mudou para ele dentro do PSB. "Me transformei em presidente de fato", diz.
Recentemente apontado como segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto para a prefeitura do Rio, Romário ainda não anunciou oficialmente a candidatura, mas está animado para concorrer ao cargo. "A posição política mais charmosa no Brasil hoje é ser prefeito do Rio", diz. "Isso é uma vontade minha, sim."
Certa feita, após uma partida contra o Corinthians na qual se destacou, Romário disse "Quando eu nasci, papai do céu apontou o dedo para mim e falou: 'Esse é o cara'". Desde então, vem batalhando pra provar que Deus estava certo.
"As pessoas podem não gostar disso, mas tenho que ter atitude. E aqui, no Senado, não é diferente", diz. "Eu não tenho meia palavra, não levo três minutos pra falar uma coisa que pode ser falada em cinco segundos. Não falo bonito. Sou pragmático. Dizem que, no meio político, isso não é bom, mas o resultado tem sido positivo. Então pra que mudar? Na minha vida, sempre fiz quase tudo errado e sempre deu quase tudo certo." 

Mais um golpe na frágil confiança - SUELY CALDAS


O ESTADÃO - 26/07

A credibilidade é essencial para qualquer governo perseguir uma trajetória de progresso para o país. Sem confiança no futuro, empresários não investem, trabalhadores perdem empregos, instituições enfraquecem, a população e o país empobrecem. Tem sido assim com muitos governos da América Latina que embarcam na aventura do populismo, descontrolam os gastos públicos, o dinheiro seca, os governantes fracassam e o país entra em parafuso. Venezuela e Argentina vivem esse dilema há alguns anos. O Brasil é o novo ocupante desse barco de náufragos. Muito da crise econômica em que o País mergulhou decorre da falta de confiança: Dilma Rousseff vai mesmo fazer o que precisa ser feito para organizar o caos das contas públicas e planejar a volta do crescimento econômico ou seu discurso de austeridade terá vida breve? Essa incerteza tem sido a maior razão da resistência de empresários investirem no País.

Pois bem. Se antes já estava difícil de acreditar, agora Dilma acaba de aplicar um golpe mais fundo na recuperação da confiança ao reduzir a meta de superávit primário de R$ 66,3 bilhões para R$ 8,7 bilhões. Pior: ela mostra não acreditar nem na sua própria meta ao permitir uma folga para o raquítico superávit virar um déficit de R$ 17,7 bilhões em 2015, caso receitas extraordinárias não se concretizem. Ou seja, a nova trajetória do governo já começa frouxa, enfraquecida, acanhada e rendida a quem tem poder de expandir gastos públicos e oferece um salvo-conduto para gastar mais. No Congresso, onde Dilma enfrenta crescente oposição e até ameaça de impeachment, há uma fila interminável de propostas para aumentar despesas capazes de desmantelar qualquer governo.

Derrotado na decisão de reduzir a meta fiscal, o ministro Joaquim Levy tem se esforçado para aplacar o choque do golpe e recuperar alguma credibilidade. Diz que não jogou a toalha, não abandonou o ajuste fiscal nem deu passaporte para os de sempre gastarem mais. Quem conhece Levy sabe que ele é duro na queda, mas sua expressão era de embaraçado constrangimento, de alguém que não crê nos argumentos que expressa, ao explicar as novas metas à imprensa, na quarta-feira. Vitorioso no embate, mas assustado com a reação negativa do mercado, o ministro Nelson Barbosa defendeu em entrevista ao Estado um caminho que Dilma já rejeitou com veemência em 2005: um ajuste fiscal baseado em metas para travar a expansão dos gastos. Atenção, não é corte de gastos, é um ajuste fiscal envergonhado, como é o conceito de privatização do PT.

O líder de um país pode recuperar a confiança com atitudes. Mas a tentação populista da classe política brasileira requer um caminho mais estruturante e impessoal, para garantir credibilidade capaz de atravessar governos e proteger a população de políticos aventureiros. Esse caminho começou a ser construído no governo FHC com o desmanche de alguns ralos por onde escorria dinheiro público e que foram vedados. O primeiro foi a privatização dos bancos estaduais, que fabricavam dinheiro para governadores esbanjarem em campanhas eleitorais e em benesses a amigos, a parentes e a eles próprios e que tornavam a dívida do Estado impagável. Com o mesmo fim, governadores abusavam das empresas estaduais de energia elétrica, que repassavam dinheiro para governadores gastarem livremente. Novamente a privatização fechou o ralo. O terceiro foram as operações de Antecipação de Receita Orçamentária (ARO), que governadores ofereciam em garantia aos bancos em troca de empréstimos que enchiam o cofre do governador em exercício e subtraía do próximo que lhe sucedia. E a dívida só aumentava. Uma lei passou a proibir as AROs. Por fim, a Lei de Responsabilidade Fiscal pôs em ordem as contas públicas dos Estados, fixou limites para endividamento e gastos com salários e estabeleceu punição a governadores e prefeitos infratores.

Pena que as ações de FHC foram limitadas, focaram mais em Estados e municípios e quase nada no governo federal, o que possibilitou as pedaladas fiscais. Lula e Dilma nada construíram, ao contrário, desconstruíram.

CONTAS SECRETAS DE SENADORES, GOVERNADORES E DEPUTADOS NA SUIÇA


(Bernardo de Mello Franco)As anotações de Marcelo Odebrecht mostram que o presidente da maior empreiteira do país andava preocupado com o “risco swiss”. Segundo os investigadores, era assim que ele se referia à possibilidade de a Lava Jato identificar contas da empresa na Suíça.
O pequeno país europeu é conhecido pela qualidade do chocolate, pela precisão dos relógios e pela confidencialidade dos bancos. Por causa do último item, também ganhou a imagem de paraíso para corruptos e corruptores de todo o mundo.
A Suíça endureceu suas leis para acabar com a má fama, mas os personagens do petrolão parecem não ter se dado conta (com trocadilho). É o que indica o novo capítulo da Lava Jato, iniciado nesta sexta-feira.
Só na denúncia contra a cúpula da Odebrecht, que tem 205 páginas, a palavra “Suíça” aparece 114 vezes. De acordo com os procuradores, a paisagem alpina foi o cenário de um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro desviado da Petrobras.
O Ministério Público Federal afirma que os petrodólares eram ocultados pela empreiteira em cinco contas no PKB Privatbank, com sede em Lugano. Antes de chegar lá, passavam por offshores registradas no Uruguai, nas Ilhas Virgens e em Belize.
Parte da conexão suíça já havia caído no início do ano, quando a Lava Jato repatriou R$ 268 milhões do delator Pedro Barusco. A denúncia contra a Odebrecht abre outra avenida para a comprovação de crimes e a recuperação de dinheiro público.
Os investigadores prometem não parar por aí. O próximo passo é identificar contas secretas de deputados, senadores e governadores que participaram da farra do petrolão.

CHARGE DO SPON - Lula de saco cheio...


O SORRISO DO EX-MÃOS DE TESOURA - COLUNA DO CARLOS BRICKMANN

A Coluna de Carlos Brickmann



Lembrando uma ótima piada, o especialista explicava que a hiena comia mal, dormia mal, mantinha relações sexuais uma vez por ano. Um espectador perguntou: “De que ri o animalzinho?” Joaquim Levy achava essencial cortar quase R$ 70 bilhões de despesas (mas o Governo não cortou nenhum dos 113.540 funcionários sem concurso, nem dos 200 mil terceirizados; o Congresso criou despesas novas para a Previdência; o Judiciário tenta um aumentão); e acreditava que o Tesouro deveria gerar superávit primário de 1,1% do PIB, para evitar que a dívida pública subisse mais (obteve 0,15%, e olhe lá, se tudo der certo). Mas Joaquim Levy continua no cargo, sempre sorridente. Estar ministro deve ser ótimo.
Joaquim Levy, o implacável Mãos de Tesoura, não era tão implacável assim. A meta de superávit, que ele fixara em R$ 66,7 bilhões (com precisão de algarismos depois da vírgula), ficou em R$ 8,5 bilhões. Pode virar déficit. Merreca. Nada comparável a ter Excelência antes do nome e carro com chapa de bronze.
Na verdade, a farra de gastos começou antes de Dilma, de Lula, antes até de Fernando Henrique.

Como demonstraram os professores Samuel Pessoa, Marcos Lisboa e Mansueto Almeida, a despesa pública no Brasil sobe mais do que a receita desde 1991. Não foi Joaquim Levy que elevou as despesas. Mas, com o risco de perda do grau de investimento (que joga o dólar para cima e faz com que os juros pagos pelo Brasil no Exterior se multipliquem), caberia a ele a tarefa de começar a botar ordem na casa. E não é que parecia o homem certo para isso?

Nova pergunta
Talvez a questão inicial seja errada. Talvez se deva perguntar de quem ele ri.

O poço sem fundo
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, certamente tem muitos defeitos. Mas burro não é; e tem fama de estudar os assuntos antes de falar sobre eles. Cunha faz oposição ao Governo, mas não se arriscaria a uma bobagem que em pouco tempo se tornaria óbvia. Diz que não vai haver superávit, não: haverá déficit.
Déficit leva o país a perder o grau de investimento – a fama de bom pagador.

O fundo do poço
Mas o caro leitor deve tranquilizar-se: segundo o ministro Joaquim Levy, a situação “parou de piorar”. Na opinião de Sua Excelência, portanto, já chegamos ao fundo do poço.
Agora é torcer para que o Governo não jogue terra em cima.

Mas a festa continua
Todos concordam: é preciso conter despesas oficiais, certo?
1 – O Senado aprovou a criação de 200 novos municípios. Mais prefeitos, vereadores, assessores. No total, calcula-se algo como 15 mil gulosas boquinhas.
2 – A Câmara Federal reservou R$ 789.800,00 para alugar carros que servirão aos deputados neste segundo semestre. Motoristas e combustível à parte.
3 – A Assembleia Legislativa de São Paulo abriu licitação para comprar 56 carros, que servirão a Suas Excelências. Os carros serão obrigatoriamente sedãs, com transmissão automática e ar condicionado, quatro portas, motor de no mínimo l.800 cm³ e 140 cavalos. E custarão pouco menos de R$ 5 milhões de dinheiro público. A abertura dos envelopes da licitação está prevista para amanhã.
4 – Twitter do senador Roberto Requião, do PMDB paranaense: “Departamento jurídico de Itaipu contratou filho de Cedraz para defender a usina na questão de ser ou não fiscalizada pelo TCU. PQP!” Refere-se ao advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do TCU, Aroldo Cedraz.
5 – Mas, em 2 de junho, o psicólogo e ex-deputado Maurício Requião, irmão do senador Requião, foi nomeado por Dilma para o Conselho de Itaipu. São R$ 20.800,00 por mês para participar de seis reuniões por ano.
6 – Ao lado de Maurício Requião, está no Conselho de Itaipu o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto. Foi nomeado em 2003 pelo presidente Lula, e de lá para cá recebeu sucessivos mandatos. O atual termina em maio de 2016. Desde 2010 Vaccari enfrenta processo por acusações de desvio de recursos da Bancoop, cooperativa habitacional dos bancários, que presidiu. De acordo com o Ministério Público, responde por estelionato, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Mesmo assim, foi reconduzido em 2012.
Neste momento, por motivos de força maior, não pode comparecer às reuniões.

Tudo tem motivo
É por essas e por outras que a popularidade de Dilma, que já está abaixo da inflação, caminha rapidamente na direção de ficar menor que o pibinho de 2015.

Onde há crescimento
Um grande jornal impresso noticiou discretamente o crescimento do número de meses contido em cada ano (deve ser algum viés contra o Governo, este de não dar destaque à expansão em algum setor). Diz a reportagem, sobre a compra do jornal britânico Financial Times para o grupo japonês Nikkei, que a transação ainda tem de passar pelo cumprimento das formalidades legais. O negócio será concluído, segundo a notícia, apenas “no quarto quadrimestre de 2015″.
Como nunca dantes neste país, já em 2015 haverá pelo menos quatro quadrimestres, ou 16 meses. Os funcionários do jornal deveriam receber 16 salários.