Saída reforça tese de que Peluso tenha forte ligação com o tribunal
Episódio ocorre em meio à crise no Judiciário; funcionária pediu que informação não fosse divulgada
Funcionária de confiança do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cezar Peluso, a diretora-geral do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), Helena Azuma, deixou o cargo para ser secretária de Orçamento e Finanças do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), corte investigada pelo órgão.
A troca ocorre em meio à crise que envolve as duas instituições. A situação colocou em lados opostos Peluso, que critica supostos abusos cometidos pela corregedoria do CNJ, e a corregedora Eliana Calmon, para quem setores do Judiciário são resistentes a serem investigados.
Em 8 de dezembro, a Folha revelou que pelo menos 17 integrantes do tribunal paulista estavam sendo investigados pela possibilidade de terem recebido ilegalmente R$ 1 milhão cada um em 2010.
Na avaliação de conselheiros, a saída de Azuma do órgão investigador reforça a ideia de que ainda é forte a relação entre Peluso e a cúpula do TJ-SP, tribunal de origem dele.
Nomeada em junho de 2010, Azuma teve sua exoneração do conselho publicada no "Diário Oficial da União" há uma semana, entre o Natal e o Ano Novo, apesar de a saída ter sido assinada por Peluso, que também preside o CNJ, em 16 de dezembro.
Como diretora-geral, ela era responsável pelas áreas de orçamento, finanças, patrimônio e pessoal — incluindo o setor da corregedoria.
Ela disse que assumirá a nova função na semana que vem e pediu para que a informação não fosse divulgada.
"Isso era bom nem ser ventilado porque nem foi publicado. Isso é uma notícia que só se torna oficial com publicação", afirmou. Ela disse ser servidora aposentada do mesmo TJ-SP.
Sartori disse que não vê problema na mudança de cargo da funcionária, que ele afirma ser de sua "confiança pessoal". Procurado, Peluso não se manifestou.
Felipe Seligman e Leandro Colon
Fonte: Jornal Folha de São Paulo