domingo, 28 de julho de 2013

Cartas de Buenos Aires: O Anticristo, por Gabriela Antunes


Enquanto o Papa era recebido no Brasil com honras de sucessor de São Francisco de Assis, aclamado o pontífice da justiça social e alcançava a quase inédita e unânime simpatia dos brasileiros por um argentino, León Ferrari agonizava em Buenos Aires.
Provocativo, controverso, polêmico, ateu e herege. Quando o artista plástico amarrou uma estátua de Jesus Cristo a uma réplica de um caça norte-americano para protestar contra a guerra do Vietnam e uma igreja que considerava opressora, jamais imaginaria que o homem que chegou a acusá-lo de blasfemar se tornaria o Papa Francisco. “Fiz esta obra porque estavam bombardeando o Vietnam em defesa da civilização ocidental (...). Por outro lado, está a crueldade do cristianismo, representada pela figura de Cristo”, explicou Ferrari à imprensa.
“Nos anos oitenta, criei uma série de obras que se chamava ‘Para Hereges’. Eram gravuras que misturavam motivos orientais e religiosos. O pior da religião é castigar os que não pensam como eles, o auge da intolerância.
E a intolerância mais extrema é a danação por fogo eterno. Essa mesma intolerância abrange toda a sociedade”, disse uma vez em entrevista o artista, considerado pelo jornal “The New York Times” um dos cinco maiores artistas conceituais do século XX.

Télam

Crítico ferrenho da sociedade “ocidental e cristã” e ativista dos direitos humanos, Ferrari, que tem um filho desaparecido durante a ditadura, deixou a Argentina no período de repressão do Governo militar, na década de 70, exilando-se em São Paulo. Retornou a Buenos Aires em 1991.
Em 2004, uma retrospectiva do artista no bairro portenho de Recoleta levou mais de 70 mil pessoas ao centro cultural local, enquanto o então Cardeal Jorge Mario Bergoglio travava uma cruzada contra o artista e sua exposição. Fanáticos religiosos chegaram a vandalizar suas obras e a justiça da época decidiu fechar a mostra, reaberta posteriormente graças a uma decisão das instâncias jurídicas superiores.
A exibição continha provocações explícitas, como santos e imagens consideradas sagradas pela Igreja católica dentro de frigideiras e liquidificadores.
“Ferrari criticou como poucos a paixão ocidental pela crueldade e o crime”, escreveu o jornalista Fabián Lebenglik, na edição de ontem do jornal Pg 12.
Em 2009, o artista chegou a brincar com a rixa dele com Bergoglio, afirmando que “pensou muito nele” quando recebeu, durante a Bienal de Veneza, o Leão de Ouro, um dos mais prestigiados prêmios das artes.
Antes de morrer, as declarações do artista foram mais sombrias: Ferrari qualificou a ascensão do Bergoglio à condição de Papa como “um horror”.

Os coroas dão aulas de como se joga futebol


Tostão (O Tempo)
Os coroas Alex, Seedorf, Juninho Pernambucano, Zé Roberto e Juan estão dando aula de como se joga futebol. Eles continuam bem fisicamente, e o nível técnico do futebol brasileiro é baixo. Eles estão por aqui porque não tinham mais chance de jogar nas melhores equipes da Europa. Muitos comentaristas, geralmente ex-jogadores, não entendem assim. Essa realidade não diminui em nada o brilhantismo de suas carreiras.
Depois das boas atuações da seleção e da conquista da Copa das Confederações, parece proibido dizer que o futebol brasileiro está com muitos problemas, dentro e fora de campo. A seleção, nessa competição, com oito jogadores que atuam fora (agora, são dez), foi um fato isolado, em parte por jogar no Brasil.
É preciso continuar com os protestos: fora a elitização dos novos estádios, fora a perpetuação de dirigentes no poder, fora o iminente perdão de todas as dívidas dos clubes com o governo (em torno de R$ 3 bilhões), fora o excesso de chutões, de jogadas aéreas, de faltas; fora Marín e fora os mais velhos e os mais jovens ditadores, como o técnico Gallo, das categorias de base do Brasil, como demonstrou em sua entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo”. Ele quis agradar a seu chefe (Marín), que o tinha elogiado, como futuro técnico da seleção principal.
Termino com Ganso. Após refletir sobre as últimas atuações do jogador, todas no mesmo nível, cheguei a uma conclusão bizarra, que pode estar totalmente errada, de que o Ganso atual, tão criticado, joga da mesma forma e com a mesma qualidade do Ganso do Santos, quando era endeusado. Mudaram apenas os olhares e as circunstâncias.
Antes, como o Santos ganhava e jogava muito bem – tinha Neymar –, todos elogiavam os toques bonitos, precisos e inteligentes de Ganso, que simbolizava o reencontro com o talento dos grandes armadores do passado. Agora, como o São Paulo joga muito mal e perde, Ganso se tornou símbolo do futebol lento, pouco prático e ultrapassado

Presidente do BNDES tem de explicar no Senado os empréstimos favorecidos a Eike


Ricardo Brito
(da Agência Estado)

O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ), deve agendar para logo depois do recesso parlamentar, em agosto, a convocação do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, para explicar as operações de crédito realizadas entre o banco e o grupo empresarial de Eike Batista.
O pedido, apresentado pela senadora Ana Amélia (PP-RS) e pelo líder do PSDB na Casa, Aloysio Nunes Ferreira (SP), teve como base reportagem do jornal Estado  que revelou que o BNDES adiou prazos de cobrança e alterou exigências em contratos de financiamentos com empresas de Eike.
Documentos oficiais do banco mostraram que foram firmados 15 contratos no valor de R$ 10,7 bilhões com empresas do grupo de Eike Batista, de janeiro de 2009 a dezembro de 2012, com juros baixos, garantias em ações das próprias companhias ou bens que ainda seriam adquiridos.
“Essas operações que foram objeto de muitos comentários, inclusive por parte do presidente do BNDES, com afirmações peremptórias em defesa das operações de crédito em direção a esse grupo”, afirmou o líder tucano.
A comissão também aprovou requerimento de convite para ouvir o presidente da Eletrobrás, José da Costa Carvalho Neto. A pedido do senador Francisco Dornelles (PP-RJ), ele será chamado a explicar uma operação que a estatal fez com o BNDES. Dornelles quer esclarecimentos sobre operação de empréstimo do banco à Eletrobrás e a distribuição de dividendos com base nesse empréstimo.
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG - Em recente entrevista à Folha, Luciano Coutinho teve a desfaçatez de dizer que os empréstimos a Eike Batista (quase 11 bilhões) eram “baixíssimos” e não havia risco para o BNDES. Na verdade, o risco é total, porque Eike é como a Dilma e o Cabral – vem descendo a ladeira direto. (C.N.)

As diabruras do prefeito Eduardo Paes para favorecer o megaempresário Jacob Barata


Pedro Porfírio
O que vem acontecendo neste evento religioso é coisa do diabo. Fora o desempenho simpático do Papa, que ainda está em lua de mel com o trono, tudo cheira mal.
Esse cancelamento do grandioso ato final no terreno do empresário de ônibus Jacob Barata Filho, em Guaratiba, é a própria exposição explícita de um crime continuado: Estado e Município gastaram dinheiro na dragagem do rio Piraquê, construção de passarelas e ainda deram uma mãozinha no aterramento do terreno em área DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE, programado para ser comercializado em 2014 num grande loteamento de 3 milhões e meio de metros quadrados.
Agora, a constatação de que o terreno do último ato era de fato um manguezal,  cuja escolha aconteceu burlando normas ambientais, favorecia  a um amigo e financiador de políticos corruptos, virou um charco e não tem como sediar a apoteose deixou meio mundo mal na fita. Essa área não tinha condições para nada, como vinha alertando o Ministério Público, mas ganhou aterro a custo zero (para seus donos) e seu metro quadrado seria valorizado para a comercialização prevista para 2014, ao ganhar visibilidade internacional.
Todo mundo sabia, conforme revelou o jornal O DIA no último dia 3 de julho, que esse manguezal pertence ao todo poderoso Jacob Barata, o  generoso chefão do sistema de transportes, amigo, irmão, camarada de uma fileira de políticos corruptos. Só o prefeito Eduardo da Costa Paes teve a cara de pau de dizer em entrevista coletiva que não sabe quem é seu proprietário, com que tenta encobrir o ato de favorecimento com confissões de incompetência. (artigo enviado por Sergio Caldieri)

Eric Clapton - BB King -Crossroads 2010 - Live