domingo, 20 de janeiro de 2013

Nos porões do esporte, por Dorrit Harazim



Caberá a pergunta se a Nike, a Oakley ou a Anheuser-Bush de nada sabiam ou nada suspeitavam contra seu atleta de ouro. Alguma vez quiseram saber?
Dorrit Harazim, O Globo
Assim como José Dirceu e outros mensaleiros condenados pelo Supremo Tribunal Federal, o americano Lance Armstrong, maior ciclista de todos os tempos movido a doping, também tem sua empedernida legião de fiéis.
Essa tropa de choque renitente é movida a saudosismo, lealdade, manipulação e, sobretudo, interesses. Sempre que provas ou indícios, denúncias ou acusações adquirem volume avassalador ou irrefutável, ela encontra refúgio na afirmação de que se trata do linchamento público de um herói. Ou, à falta de outro argumento, de que “todo mundo faz a mesma coisa”.
A dimensão da idolatria ao atleta nascido no Texas, mesmo fora da esfera do esporte, explica a facilidade com que essa tropa de fiéis sempre desqualificou qualquer denúncia. “Trata-se de uma caça às bruxas com financiamento do governo”, era uma das linhas de defesa mais frequentes de sua equipe de advogados.
“Passei por mais de 500 testes antidoping e nenhum jamais resultou positivo”, defendia-se o próprio atleta, omitindo o fato de que à época em que foi colhido o material não existiam exames capazes de detectar EPO ou doping sanguíneo.
Não fosse o congelamento de seis amostras em 1999, retestadas oito anos atrás, seus primeiros resultados positivos teriam se perdido. “Ele é muito forte, está bem para quem teve a carreira e seu sustento arrancados”, diz hoje outro de seus advogados, atualizando o discurso para a atual campanha de empatia com um caído.
A própria doença de Armstrong solidificou o seu status de herói nacional: interrupção da carreira aos 25 anos por um câncer de testículos grau 4, quase letal, a história da superação narrada em livro, a construção de uma obra caritativa de grande visibilidade e apelo popular, turbinada pelas famosas pulseirinhas amarelas Livestrong que arrecadaram US$ 26 milhões só no primeiro ano de vendas.
Isso tudo, antes de seu retorno triunfal às pistas. “Lance deixou de ser apenas um ciclista”, declarou em 1977 seu agente Bill Stapleton. “Devido à superação do câncer, a sua marca agora adquire outra envergadura. Ele está na iminência de fazer a transição para outro patamar de celebridade.”
A partir daí, Lance Armstrong foi o roteirista de sua meteórica carreira, centrada, como declarou, no lema “vencer a qualquer custo”. Em tom monocórdio, esclareceu: “Decidi fazer qualquer coisa para ganhar — e isso é bom.”
Para isso, engolia pílulas a 50km da chegada, outras a 30km da chegada, controlava o estoque de doping da equipe, ensinava como tomar EPO (apelidou-a de “Edgar Poe”) a cada 3 ou 4 dias, embarcava em jato privado para a retirada de 500cc de sangue e camuflava eventuais hematomas usando camisas de manga comprida, denunciavam ex-colegas. Seu apartamento em Gerone, na Espanha, tornou-se o quartel-general da operação.
Na entrevista em duas partes concedida esta semana à apresentadora Oprah Winfrey, Armstrong correu o risco calculado de romper com seus súditos mais leais. Admitiu ter recorrido a doping durante 13 anos, dos primórdios de sua carreira até chegar ao apogeu, em 2005, como o “Homem de Aço”.
Fez sua confissão pública no mesmo tom impessoal e controlado com que mentiu por tantos anos. Tampouco mudou o olhar gélido com que brindava seus adversários depois de vencer uma prova.
Na entrevista, manteve-se blindado: confessou mas não explicou, reconheceu “falha de caráter” mas não pediu desculpas por ter perseguido, ameaçado e questionado a honra de colegas. Teve a chance de esclarecer os cantos mais sombrios do porão do esporte, mas não quis acelerar o roteiro para sua eventual reabilitação.
O uso generalizado de testosterona, cortisona, hormônio de crescimento, autotransfusão de sangue e EPO (o hormônio sintético que aumenta a produção de glóbulos vermelhos) por Armstrong e sua equipe, embora conhecido, jamais fora admitido.
Um mapeamento minucioso feito pela Agência Antidoping dos Estados Unidos (Usada) ao longo de dois anos resultara num relatório de mais de mil páginas, divulgado três meses atrás. E este, por sua vez, acarretou a perda de todos os títulos mundiais conquistados pelo atleta e seu banimento da prática de qualquer esporte olímpico para o resto da vida.
Mas a Usada e o governo americano, que mantém aberta uma investigação federal paralela, querem ir mais fundo. E para isso uma colaboração de Armstrong, apelidado de “Bernie Madoff do esporte” por ter conseguido manter a fraude tanto tempo, seria crucial.
A velocista Marion Jones, estrelíssima dos Jogos de Atlanta, em 2000, com cinco medalhas olímpicas no pescoço, também passou anos negando seu envolvimento em outro vasto esquema de doping.
Acabou por fazer confissão chorosa, cumpriu pena de seis meses por perjúrio e jamais retornou às pistas. No caso de Armstrong, contudo, a acusação é bem maior: a de ter liderado o programa de doping mais sofisticado, profissional e exitoso da história do esporte.
A intenção da Usada é conseguir montar uma Comissão da Verdade e de Reconciliação capaz de pegar todos os tentáculos do programa de doping — a começar pelo papel da própria União Internacional de Ciclismo, dos grandes patrocinadores e das equipes.
A U. S. Postal de Armstrong, por exemplo, investiu US$ 32,2 milhões na equipe entre 2004 e 2011 e faturou mais de US$ 103 milhões em marketing — 320% de retorno, portanto.
Caberá, então, a pergunta se a Nike, a Oakley ou a Anheuser-Bush de nada sabiam ou nada suspeitavam contra seu atleta de ouro. Alguma vez quiseram saber? “Sempre que um ciclista é flagrado, o sistema se proclama chocado e se declara completamente contrário à prática do doping. Tacha o culpado de ovelha negra e tudo continua igual”, constata o alemão Jörg Jaksche, já aposentado.
Talvez nem tudo. Para os crédulos inveterados, a vitória do britânico Bradley Wiggins no Tour de France 2012, seguida de sua conquista do ouro nos Jogos de Londres, é um alento. Wiggins demonstrou que é possível vencer fazendo apenas o que deve: pedalar.

Dorrit Harazim é jornalista

O futebol, segundo Nelson Rodrigues



Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)
Mesmo que você não goste de futebol, deveria ler “O Berro Impresso das Manchetes”, de Nelson Rodrigues. São as crônicas que ele escreveu na Manchete Esportiva entre 1955 e 1959, o período em que durou a revista.
O futebol segundo Nelson Rodrigues Nelson no Maracanã
A beleza, a inteligência, o humor dos textos são assombrosos. Você se pergunta com frequência: como alguém pode ter tanto talento para escrever? O futebol para Nelson Rodrigues não era um jogo banal em que 11 jogadores de cada lado tentam fazer um gol: era um épico camoniano, era uma luta heróica não pela vitória mas pela vida entre gladiadores uniformizados e cercados por torcidas delirantes.
Lamento que na imprensa esportiva nunca mais tenha aparecido ninguém comparável. O futebol segundo Nelson Rodrigues é muito mais interessante que o futebol real. Com a maior parte dos cronistas esportivos contemporâneos, o que acontece é exatamente o contrário.
Nelson Rodrigues pegou uma época fascinante do futebol brasileiro na Manchete Esportiva. O Brasil saía da ressaca de 1950, quando perdeu para o Uruguai na final no Maracanã, rumo a seu primeiro título, na Suécia, em 1958.
Imagens inspiradas percorrem o livro. O futebol brasileiro, para NR, tinha que ser alegre e “enfeitado como índio de Carnaval”. Os torcedores de futebol se parecem como “soldadinhos de chumbo”. E daí por diante. Fluminense “nato e hereditário”, ele muitas vezes se referia a seu clube, amorosamente, como Timinho. Era assim que o Fluminense era conhecido na década de 1950, por sua estratégia de comprar jogadores baratos.
PERSONAGEM
Para mim, especificamente, o livro trouxe uma informação cara. Soube ali que foi Adolpho Bloch, fundador do grupo Manchete, quem sugeriu a Nelson Rodrigues que escrevesse “O Personagem da Semana”. Desaparecida a Manchete Esportiva, NR levou a coluna para o Globo. Foi lá que a conheci, menino ainda, nos anos 60. Foi tão marcante para mim aquela coluna que décadas depois, na Editora Globo, pedi aos editores da revista Época que elegessem também “O Personagem da Semana”.
Em seus textos, Nelson Rodrigues toca num fator crucial, pouco valorizado pelos críticos esportivos de hoje: a sorte.
Para um time ser campeão, nota ele, não basta ter uma defesa intransponível, um meio de camo genial e um ataque assassino: é preciso ter sorte. (O maior exemplo disso é a seleção brasileira de 1982, de Telê.) Sem sorte, como escrevia NR, você é “atropelado por uma carrocinha de chicabon”.
Isso não vale apenas para o futebol – mas para a vida em geral.

Lula ganha o Troféu Algemas de Ouro, como o mais corrupto do ano



Renato Onofre (O Globo Online)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou 2013 vencendo mais uma eleição. Entre as personalidades mais corruptas de 2012, Lula ganhou com 65,69% dos 14.547 votos válidos o Troféu Algemas de Ouro. Em segundo lugar, com 21,82%, ficou o ex-senador Demóstenes Torres (sem partido) seguido pelo governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB), com 4,55%.
 Lula ganhou disparado…
Ironicamente, a segunda edição da premiação organizada pelo Movimento 31 de Julho foi marcada pela fraude. Os organizadores detectaram a utilização de um programa de votação automática que criou perfis falsos no Facebook, que direcionou 38% do total de votos (23.557) para candidatos ligados ao PSDB e ao DEM.
A premiação, que aconteceu na tarde deste domingo no Leblon, Zona Sul do Rio, foi marcada pela descontração. Em clima de carnaval, com máscaras representando os candidatos que disputaram o Algemas de Ouro 2012, os manifestantes elogiaram a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) na condução do julgamento do mensalão e lembraram os feitos “históricos” de cada concorrente.
ELEIÇÕES LIMPAS
Além de Lula, Demóstenes e Cabral, estavam no pleito o senador Jader Barbalho (PMDB-PA); os deputados federais Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Paulo Maluf (PP-SP); o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e sua ex-companheira de Esplanada, Erenice Guerra; o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido); e o empresário Fernando Cavendish.
— Depois de eleger poste, o ex-presidente Lula mostra que ainda tem fôlego para ganhar mais eleições daqui para frente. Foram três candidatos que fizeram jus à premiação. Todos eles se destacaram nas páginas do jornal, mas o ex-presidente se sobressaiu. No ano passado, ele foi responsável por um dos momentos mais lamentáveis da história brasileira ao tentar chantagear um ministro do Supremo. Acho que por sua atuação em 2012, e nem quero lembrar de Valérios e Rosemarys, ele mereceu esse troféu e o cheque simbólico de R$ 153 milhões — afirmou Marcelo Medeiros, coordenador do Movimento 31 de Julho.
No último dia 9, os organizadores comunicaram à imprensa e à rede social Facebook — plataforma utilizada para computar os votos — a tentativa de fraude. A denúncia partiu dos próprios eleitores da enquete que perceberam que parte das escolhas foram feitas por perfis falsos, recém-criados no ambiente virtual.
— Não é militância. Se fossem militantes, era válido. O que detectamos foi uma organização criada para fraudar a disputa. Coincidentemente, os votos sempre eram para candidatos da oposição do governo petista e Cabral — explicou Medeiros, que prometeu mudanças na plataforma de computação dos votos na próxima eleição.

Estrangeiros já compraram US$ 60 bilhões em terras no Brasil




O último relatório do Banco Central sobre investimentos no país, nas mãos da presidente Dilma Rousseff, informa que estrangeiros já compraram US$ 60 bilhões em terras no Brasil.


A maioria deles é de empresários da China e Oriente Médio. As propriedades adquiridas concentram-se nas regiões Centro-Oeste e Norte.

A Agência Brasileira de Inteligência tem informes de que agora os chineses, para driblar eventual desconfiança sobre seus interesses, têm usado argentinos como ‘laranjas’.

Epidemia de amnésia seletiva e "cara de pau" nas Alagoas




Renan Calheiros mostrando - com alguma ênfase - o que pensa da imprensa e da opinião pública


com informações da Gazeta do Povo


O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e seu filho, o deputado federal Renan Filho (PMDB-AL), o Renanzinho , pagaram com dinheiro público serviços de uma empresa ligada a uma funcionária do senador.

Os dois direcionaram R$ 110 mil das verbas de seus gabinetes de Brasília para pagamentos de serviços da empresa de pesquisa Ibrape. O sócio majoritário dessa empresa, Francivaldo Diniz, é marido de Edenia Sales, secretária de Renan em seu escritório político em Maceió. Edneia era sócia do Ibrape até março de 2012.

À revista, Renan disse não saber que ela era sócia da empresa e que fez o contrato por ser "o melhor instituto de pesquisa do estado".

Francivaldo disse à revista não se lembrar que tipo de serviço prestou ao senador e ao deputado. 

Edneia disse que não ver por que o senador teria de se privar de ter "um serviço bom" só por Francivaldo “ser seu meu marido 

Mario Lobato da Costa - Blog do Mario

Com nosso dinheiro. De novo



Renan Calheiros e seu filho, Renanzinho, contratam um instituto de pesquisa ligado a uma funcionária do senador – e pagam a conta com verba pública

MURILO RAMOS E LEANDRO LOYOLA

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EM FAMÍLIA O senador Renan Calheiros  e o deputado Renanzinho. Pai e filho ajudaram a candidatura de  Remi Calheiros, irmão e tio (Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)
Daqui a duas semanas, mesmo que Brasília venha a se encontrar em inverno nuclear, as leis da política brasileira preveem que o senador José Sarney, do PMDB do Amapá, repassará a presidência da Casa ao senador Renan Calheiros, do PMDB de Alagoas – um substituto que, espera-se, manterá o cargo no mesmo patamar moral do antecessor. Os senadores até votarão, mas se trata de um gesto simbólico. Renan já está eleito. Será o quarto homem na sucessão da República. Voltará ao posto ao qual fora obrigado a renunciar, em 2007, depois que – tome fôlego, leitor – se revelou o seguinte: Renan tinha contas pessoais pagas por um lobista, Renan usara laranjas, bois e notas frias para ocultar seu rico patrimônio, Renan desviara dinheiro público, Renan mandara espionar adversários…

Passaram-se seis anos, e o tempo não passou no Senado. ÉPOCA descobriu que Renan e seu filho, o deputado federal Renan Filho, o Renanzinho, também do PMDB de Alagoas, pagaram com dinheiro público uma empresa ligada a uma funcionária do próprio senador. Entre agosto de 2011 e outubro do ano passado, os dois direcionaram R$ 110 mil das verbas de seus gabinetes, em Brasília, ao pagamento de “serviços” da empresa de pesquisa Ibrape. O sócio majoritário do Ibrape é Francivaldo Diniz, marido de Edenia Sales, secretária de Renan em seu escritório político em Maceió.

Edenia recebe do Senado um salário de R$ 12.811 brutos. Afirma trabalhar para Renan há cerca de 14 anos. Diz agendar audiências para o senador em Alagoas e lidar com suas correspondências. Edenia figurou como sócia do Ibrape até março do ano passado. Apesar de conviver com Edenia há tanto tempo, Renan afirma não saber que ela era sócia da empresa no período em que fora contratada por seu gabinete. “Contratei o Ibrape porque é o melhor instituto de pesquisa do Estado”, diz. O senador não informa, porém, quais pesquisas foram feitas com o dinheiro. Renan e seu filho pagaram o Ibrape com a verba de gabinete, uma cota mensal a que os parlamentares têm direito para bancar despesas essenciais para o exercício dos mandatos. O gabinete de Renan fez dois pagamentos ao Ibrape, de R$ 8 mil cada um, em agosto e setembro de 2011. O gabinete de Renanzinho fez sete pagamentos entre janeiro e outubro de 2012. No total, R$ 94.500.

A família de Renan é cliente VIP do Ibrape. Remi Calheiros, irmão de Renan e sucessor de Renanzinho na prefeitura de Murici, berço eleitoral de Renan em Alagoas, usou o serviço do Ibrape em sua campanha para prefeito do município no ano passado. Em agosto, talvez por coincidência, o gabinete de Renanzinho mandou pagar R$ 15 mil ao Ibrape. Francivaldo, marido de Edenia, funcionária de Renan, afirma não se lembrar que serviços prestou ao senador e ao deputado. “São pesquisas que a gente faz sobre os problemas e as demandas de cada município”, diz. Remi e Renanzinho não responderam à reportagem. Mas Edenia falou: “Somos casados, mas não somos a mesma pessoa. Não vejo por que o senador (Renan Calheiros) teria de se privar de ter um serviço bom só por ele (Francivaldo) ser meu marido”. Edenia sabe quem é bom de serviço.

Ação contra senador Lobão Filho não anda há 11 anos



  • Banco cobra de senador dívida de um empréstimo em que foi dada como garantia fazenda-fantasma

SÃO LUÍS - Desde 2002 tramita na Justiça do Maranhão uma ação que tenta cobrar do senador Edison Lobão Filho (PMDB-MA) e mais três pessoas, uma delas mulher do parlamentar, o pagamento de uma dívida calculada, na época, em R$ 5,5 milhões (no processo, não há valores atualizados). Em 2009, inexplicavelmente, o processo foi arquivado, sem que ninguém assim determinasse. No ano passado, ao descobrir o erro, o banco pediu o desarquivamento, mas, mesmo assim, embora desde agosto de 2011 esteja concluso, o processo continua parado.
O juiz que cuidava do caso, José de Arimatéia Correia Silva, da 5ª Vara Cível de São Luís, foi aposentado compulsoriamente em fevereiro deste ano pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Arimatéia foi acusado de agir com parcialidade em várias ações.
No meio do processo, entre tentativas de Lobão Filho de excluir seu nome como um dos fiadores de um empréstimo junto ao Banco do Nordeste (BNB), a empresa da qual foi sócio tentou substituir as garantias que havia dado por uma fazenda-fantasma.
Lobão Filho foi sócio da Bemar Distribuidora de Bebidas entre 1996 e 1998. Em julho de 1997, a empresa contraiu um empréstimo de US$ 648 mil —R$ 699 mil na cotação da época. O dinheiro foi utilizado para a compra de caminhões — há pelo menos três em nome do parlamentar. Como garantia pela liberação da verba, a Bemar não deu os próprios veículos, como seria comum — deixou alienadas para o pagamento da dívida 28.820 caixas de cerveja Schincariol.
O agora senador, sua mulher, Paula, e as sócias Maria Luiza Thiago de Almeida e Ana Maria dos Santos aparecem como fiadores do empréstimo que deveria ter sido pago em 30 prestações. A empresa, porém, não honrou o compromisso, e, desde 2002, o BNB tenta penhorar os bens da Bemar e dos fiadores.
Em 2008, quando Lobão Filho assumiu a vaga do pai, que virou ministro de Minas e Energia, veio a público a história de que ele havia transferido para uma empregada doméstica suas cotas da Bemar para tentar fugir da cobrança da dívida. Ele negou que tivesse conhecimento de que a sócia que entrava em seu lugar era uma laranja.
No decorrer do processo de cobrança da dívida, a Bemar sugeriu trocar a garantia dada pelo empréstimo: em vez das 28.820 caixas de cerveja, apresentou uma fazenda de 20 mil hectares em Sento-Sé, na Bahia, avaliada, segundo informava a empresa, em R$ 4,5 milhões. A distribuidora de bebidas também procurou retirar Lobão e os demais ex-sócios da condição de fiadores. No entanto, o BNB descobriu que a fazenda que a Bemar disse ter adquirido em abril de 2002 por R$ 10 mil não existia.
‘Até hoje estou pagando com a minha imagem’
SÃO LUÍS A Bemar juntou avaliações que teriam sido realizadas no mesmo mês da compra da fazenda que afirmavam que o imóvel valia R$ 4,5 milhões. “Estranha-se, portanto, o fato de o imóvel sofrer uma valorização de mais de 40.000% no mesmo mês”, anotaram os advogados do banco num agravo de instrumento. O técnico do BNB que esteve no lugar enviou e-mail à chefia da instituição atestando que a fazenda não existia.
O senador Edison Lobão Filho (PMDB) negou que soubesse que era fantasma a fazenda que a Bemar Distribuidora de Bebidas queria dar como garantia para pagamento da dívida. Lobão declarou ao GLOBO que se arrepende de ter deixado a sociedade, porque, de acordo com ele, a empresa, que era deficitária, agora é muito lucrativa.
O senador disse que quando entrou na sociedade, em 1996, a empresa era pequena e faturava pouco. A Bemar, segundo contou, trazia cerveja da Bahia para revender no Maranhão.
—Entrei como avalista, e as dívidas começaram a se acumular. Com o tempo, fiz um acordo pelo qual eu saía sem nada, mas os demais sócios assumiam todas as dívidas.
Ele afirmou que procurou o Banco do Nordeste para retirar seu nome da condição de avalista, uma vez que já não era mais sócio da empresa, mas o banco não aceitou.
— Eu procurei o banco e disse que a empresa não havia falido e que meus ex-sócios estavam ricos. Pedi para transferir a dívida para eles porque eu não tenho mais nada a ver com o negócio.
O senador maranhense lamenta hoje sua decisão de sair da sociedade.
— A empresa está muito maior do que antes. Foi um péssimo negócio eu ter saído. Eles ficaram ricos com este negócio — repetiu.
Para o senador, é estranho o banco afirmar que a fazenda que seria dada como garantia não existe. Ele afirmou que há um ano, ao conversar com Marco Aurélio Costa, um dos sócios da Bemar, este lhe teria dito que havia comprado uma fazenda que havia valorizado demais.
— Ele afirmou que estava preferindo fazer um acordo e ficar com a fazenda. Eu não tenho nenhuma fazenda porque não gosto. Mas eles são grandes fazendeiros, têm diversas fazendas. Com toda a grana da bebida, eles compraram fazendas. Vou procurá-los para saber o que fizeram.
Lobão Filho disse que foi investigado quando surgiram notícias de que teria vendido sua parte para uma laranja e que nada foi provado contra ele.
— Até hoje estou pagando com a minha imagem.


Inimigos da Pátria, por Mary Zaidan



Incapaz de olhar além do próprio umbigo, reconhecer erros e buscar correção de rumos, o PT tenta fazer com a economia o que fez com os seus malfeitos na política: gerar versões fantasiosas sobre a realidade e culpar o mensageiro pelo conteúdo desagradável da missiva.
Nessa toada, começou a espalhar a versão de que a oposição e analistas da grande imprensa estão torcendo para que o País afunde. Que, impatrioticamente, desejam pibinho e apagões.
Falam como se o PIB de 1% em 2012, talvez aquém disso, ou os malabarismos para fechar o ano fiscal fossem invenção diabólica de uma mídia satânica que teria como tarefa precípua desestabilizar governos petistas.
Mesmo de férias, coube ao ministro das Comunicações Paulo Bernardo os primeiros tiros oficiais, resposta ao artigo publicado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) no jornal Folha de S. Paulo. “Não dá para ele e a oposição ficarem torcendo a favor do pibinho e do apagão”, reagiu o ministro, mas sem contestar os números expostos.
No dia seguinte, neste blog, o ex-ministro José Dirceu adicionou o elemento que faltava: a mídia. Os “jornalões”, que, segundo ao réu condenado no processo do mensalão, “fazem campanha pelo apagão”.
Sem dúvida, melhor seria se tudo não passasse de oportunismo oposicionista e conservadorismo da mídia.
Que os apagões não existissem, que as contas públicas estivessem equilibradas, que a inflação não tivesse rompido a casa dos 6% e de mais de 10% quando se fala nos preços dos alimentos. Que o governo não lançasse mão de artifícios - tão grotescos que desacreditam o País – para fechar 2012.
Também não passam de invenção as pás eólicas gastando para ficar paradas, sem gerar um único watt, devido aos atrasos nas obras dos sistemas de transmissão. Os otimistas falam em aproveitamento parcial delas daqui cinco ou 17 meses.
Enquanto isso, dá-lhe o caro e poluente gás como fonte complementar. Isso, com produção industrial baixíssima ou negativa. Imaginem como seria com um pibão.
Como não há sedimento para tapar os buracos, a pregação do governo e do PT de que tudo não passa de torcida contra da oposição e da mídia tende a aumentar.
Vale tudo. Até dizer – como se viu nas redes sociais - que o blecaute de uma hora que atingiu 33 cidades do Piauí na mesma manhã em que a presidente Dilma Rousseff desembarcava no estado foi sabotagem; coisa da direita ou criação da imprensa. Uma prática conhecida.
Mas é melhor ter cuidado. Dizer que o mensalão era ficção não serviu para a Suprema Corte. Na economia, é ainda mais difícil que o enredo cole. O bolso, não raro, é mais sensível do que a razão.

Mary Zaidan é jornalista, trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa, @maryzaidan

Elis e Adoniran - Uma tarde no Bixiga


Ricardo Noblat - 
20.1.2013
 | 16h04m
TRIBUTO A DOIS BONS AMIGOS



Fios desencapados na relação Lula-Dilma?



Carlos Chagas
Se não era hora, e o governador Eduardo Campos fez vazar a informação por ingenuidade ou malícia, deve ser excluído da Corte por falta de confiança. Mas se já era hora, e o presidente do Partido Socialista apenas cumpriu missão acertada com a presidente Dilma, quem fica mal é o ex-presidente Lula, que obrigatoriamente deveria ter sido convidado a participar do anúncio.
Fala-se da notícia publicada ontem a respeito de Dilma haver participado a Campos, em encontro na segunda-feira, que vai disputar a reeleição em 2014. Que a presidente é candidata a um segundo mandato, até os postes da Esplanada dos Ministérios sabiam, faz muito. Claro que na dependência de sua popularidade continuar em altos patamares, assim como do compromisso de o Lula manter a decisão tantas vezes expressa por ele, de que a vez é dela, daqui a dois anos. Discutia-se a oportunidade da confirmação, que para Dilma não deveria acontecer tão cedo. O ano de 2013 é de realizações administrativas, ela tem enfatizado.
Por que, então, ficou o dito pelo não dito e a imprensa pode noticiar o mais importante conteúdo de uma conversa a dois, no palácio do Planalto? Milimétrica e sofisticada, essa operação não foi. É claro que a presidente carece de condições para desmentir o que insistia em não tornar público para não chamar o fogo amigo antes da hora. Como vai dizer, agora, que não é candidata? Admitem alguns que o anúncio terá sido feito para neutralizar os petardos fluindo de parte do PT, empenhados alguns companheiros em fazer o Lula candidato e assim vingar-se de Dilma pela pouca atenção que ela dedica ao partido.
Quem quiser que decifre a charada, mas a verdade é que o processo sucessório ameaça fugir do controle dos detentores do poder. Até porque Eduardo Campos faz saber que sua candidatura está posta. Não renunciou à pretensão, ainda que dependa de mil fatores para efetivá-la.
Espera-se para esta semana nova conversa entre Lula e Dilma. Haverá fios desencapados nessa relação?
EXÉRCITO BRANCALEONE?
João Capiberibe, Cristóvan Buarque, Randolfe Rodrigues, Pedro Taques e outros estão à espera de dois movimentos: um das oposições no Senado, lideradas por Álvaro Dias e Aloísio Nunes Ferreira, outro dos dissidentes do PMDB, com Pedro Simon, Jarbas Vasconcelos, Luiz Henrique e mais alguns. Consolidado esse grupo, com dificuldade chegaria a 20 senadores, ou seja, jamais colocaria em perigo a candidatura de Renan Calheiros à presidência da casa. Apenas incomodaria, feito ferrinho de dentista.
MALDADE
O governador do Piauí, Wilson Martins, ficaria devendo algumas semanas a mais no Purgatório, se o Purgatório existisse. Onde já se viu em pleno calor infernal, debaixo do sol do meio-dia, presentear a presidente Dilma com uma roupa de vaqueiro, daquelas de couro curtido, obrigando-a a vesti-la e até botar um chapéu?
Certos presentes dados a presidentes da República deveriam ser proibidos por lei. É grande o número de chefes de governo obrigados a experimentar cocares espalhafatosos, senão os índios anfitriões ficariam ofendidos. Alguns, como José Sarney, resistiram impolutamente, porque essas penas dão um azar danado. Mas gibão de vaqueiro nas condições de sexta-feira, no interior do Piauí, convenhamos, é um passaporte para a insolação…

Forbes: Edir Macedo é o pastor mais rico do país, com fortuna de R$ 2 bilhões



É hoje a entrega do Troféu Algemas de Ouro ao político mais corrupto



Mário Assis
Os nomes dos vencedores do Troféu Algemas de Ouro 2012 serão anunciados neste domingo, durante o Grito de Carnaval do Pega Ladrão, em frente ao Cine Leblon, na Zona Sul do Rio. No últimos dias, a coordenação do Movimento 31 de Julho, que promoveu a enquete no Facebook, estará fazendo a apuração para impugnar os milhares de votos falsos de softwares robôs usados para fraudar a votação dos maiores corruptos de 2012.
 Sarney venceu em 2011
Segundo os organizadores da enquete, todos os dez candidatos ao troféu merecem as algemas, mas o resultado da votação tem de espelhar a verdade das urnas. Os votos foram verificados com a ajuda dos próprios eleitores, que fizeram centenas de comentários na página da enquete indicando eleitores repetidos, perfis com nomes diferentes e fotos iguais e sequências de votos vindos do exterior de perfis criados há poucos dias e com quantidade irrisória de amigos e interações. Além disso, os votos visíveis foram fotografados e analisados pela coordenação.
MAIS VOTADOS
Até o encerramento da votação, na terça-feira, dia 15, foram registrados mais de 23 mil votos, dos quais muitos são suspeitos. A coordenação comunicou a manipulação ao Facebook na semana passada e divulgou o caso na Internet e através da imprensa. Mas isso não inibiu a ação dos robôs fraudadores.
Os candidatos mais votados foram o ex-senador Demóstenes Torres, o ex-presidente Lula, o deputado Eduardo Azeredo, o ex-governador Paulo Maluf e o governador Sérgio Cabral. Mas essa ordem poderá ser alterada depois das impugnações.

Charge do Duke (O Tempo)



Rose tem de se apresentar amanhã na 5ª Vara Federal. E a imprensa estará à espera dela.



Carlos Newton
Será apresentado amanhã mais um capítulo da novela romântica (com toques políticos e policialescos) protagonizada por Rosemary Noronha, a ex-chefe do Gabinete da Presidência da República em São Paulo e companheira preferencial de viagens do ex-presidente Lula, com quem visitou oficialmente 32 países em menos de três anos, quando ele estava no poder.
Amanhã, Rose vai enfrentar outro desafio. Terá de driblar de novo a imprensa para impedir que Rose seja entrevistada, filmada e fotografada ao comparecer obrigatoriamente à 5ª Vara Federal de São Paulo. Se ela faltar, pode ter a prisão decretada, por desobediência à ordem judicial.
Como se sabe, há duas semanas,  um dos advogados de Rose, o criminalista Celso Vilardi,  conseguiu que a companheira de Lula simulasse ter ido à 5ª Vara Federal em São Paulo e até assinasse um termo de comparecimento, sem que ninguém a visse, filmasse ou fotografasse.
Mas como Rose pôde entrar na Vara, sem que os jornalistas e funcionários do cartório da 5ª Vara Federal a vissem? Não é possível que ela tenha ido lá, sem que ninguém tivesse notado. Para conseguir burlar a imprensa e evitar que os funcionários e jornalistas sequer vissem Rosemary, com toda a certeza o advogado Vilardi está contando com a cumplicidade da 5ª Vara Federal. É impossível que alguém consiga entrar ou sair das dependências deste juizado sem ser notado.
Na verdade, o comparecimento de Rose à 5ª Vara Federal está sendo fraudado. Ela não está se apresentando ao juízo. Algum serventuário, cooptado pelo advogado dela, tem levado o termo de comparecimento para que Rose o assine, em sistema “delivery”. É a única explicação. Amanhã voltaremos ao assunto, com mais detalhes.

MÃOS NO FOGO


Charge Roque Sponholz e Texto Anhangüera
O Jornal Folha de São Paulo, 31/12/2012, publicou na primeira página, conforme podem ver na ilustração abaixo. Ôrra, meu… Um cara que põe a mão no fogo por outro, depois que se provar que o outro é um ladrão canalha, deviam colocar mesmo até torrar, né não?folha haddad
Mas nosso mestre chargista Roque Sponholz não perdeu a chance. Perpetrou seu humorismo sarcástico, aproveitando a levantada de bola do jornal, e marcou seu gol. Veja na segunda página, clicando no Saiba Mais
roque mao no fogo

NOVELA INFINDÁVEL



Giulio Sanmartini
Depois dos equivocados  comentários de Marco Aurélio Garcia, Assessor Especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais (ufa!), sobre a situação venezuelana (Veja Um asqueroso Bobo da Corte 12/1), posse de chavez 2 psdfoi a vez do próprio chanceler, Antonio Patriota de prolongar essa novela bufa, afirmando que é preciso ser “muito cuidadoso e respeitoso” com a soberania da Venezuela diante da incerteza institucional que o país vive com a ausência do presidente Hugo Chávez e elogiou o vice dele, Nicolás Maduro.
Patriota disse, em entrevista a correspondentes estrangeiros em São Paulo, que cabe aos venezuelanos e às autoridades do país determinar mediante seus próprios procedimentos “o caminho a ser tomado”, prosseguindo, não resistiu em entrar no perigoso caminho da galhofa ao declarar  que “espera seu breve restabelecimento”. Certamente a única pessoa no mundo que  acredite  possível a sobrevivência do autoritário presidente da Venezuela.
Vale lembrar que qualquer informação sobre Chávez, tornou-se um segredo de estado cubano. Ele está na Ilha desde dezembro passado, após se submeter a uma nova operação contra um câncer.
Não adianta tentar seguir sobre o assunto pois qualquer coisa que se diga é mera conjectura.
Assim segue essa infindável e chatíssima novela.
(1) Fotomontagem enviada por Gilberto Cardoso