sexta-feira, 13 de julho de 2012

ASSASSINATOS EM SÉRIE EM OSASCO SEGUEM A LÓGICA DAS EXECUÇÕES SELETIVAS


bLOG DO pANUZIO

Há pouco mais de um mês a Grande São Paulo vem sendo assolada por uma onda de violência. As ações do crime organizado, assassinatos seletivos de PMs, são uma retaliação ao uso da violência desmedida pela ROTA, que assassinou barbaramente um preso depois de algemá-lo e torturá-lo.
A partir daí, e seguindo o que o PCC havia antecipado, passaram a ser assassinados policiais em horário de folga, em locais onde faziam bicos ou no ambiente de sua vida privada.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado jamais reconheceu que as ações eram engendradas pelo crime organizado. Mentiu deliberadamente para a população enquanto botava a tropa em alerta máximo. Jamais enxergou qualquer indício de articulação entre as mortes dessa vindita insana.
Agora, o que se vê também está aparentemente desprovido de sentido. Em uma única noite, dissimulando o barulho dos tiros com o foguetório da final da Copa do Brasil, bandidos executam seletivamente 8 pessoas supostamente com passado criminal em pontos conhecidos de venda de drogas.
O secretário Antônio Ferreira Pinto, o principal incentivador dos abusos policiais, veio a público para declarar, sem qualquer tipo de informação objetiva, que os assassinatos provavelmente são produto de uma guerra entre quadrilhas pelo controle das “biqueiras” instaladas na periferia de Osasco. Mas basta a qualquer observador minimamente inteligente fazer um exercício singelo de raciocínio para encontrar a possibilidade de um outro contexto.
Há alguns indícios a serem considerados. Primeiro: se todos os locais em que houve assassinatos eram pontos de distribuição de drogas, quem tinha essa informação ?
Segundo: se todos os executados tinham relação com o tráfico, quem tinha essa informação ?
Terceiro: por que essas pessoas foram “escolhidas” para a maratona dos homicidas ?
Quarto: se o propósito das ações era reaver o controle do tráfico, por que a dissimulação dos estampidos ?
Pode ser que os execuções sejam produto de uma guerra entre quadrilheiros. Mas pode ser também que não. Nesse caso, por que a polícia só considera uma hipótese ?
Talvez seja apenas mais do mesmo — a tática dos bandidos full-time apropriada por outros bandidos part-time.
Seja o que for, não é bom descartar nenhuma possibilidade.

Após enviar carta à TV, Bruno é proibido de fazer faxina como punição



Pelas normas da penitenciária, as correspondências precisam passar por um departamento específico, para registro e conferência de teor

Do Portal Terra
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A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) de Minas Gerais, em nota divulgada nesta sexta-feira, afirmou que o goleiro Bruno Fernandes "cometeu erro disciplinar ao ignorar as regras de segurança do Complexo Penitenciário Nelson Hungria", ao enviar uma carta ao público por meio de seu advogado, Rui Pimenta. A correspondência foi enviada ontem para o programa TV Verdade, da emissora mineira Alterosa. Nela, Bruno diz que não deu ordens para o desaparecimento de sua ex-amante, Eliza Samudio, que sumiu em 2010.
Como punição, o goleiro foi temporariamente proibido de realizar o trabalho de faxina na unidade e está recolhido em sua cela, com o direito das duas horas de banho de sol. Ele ainda deve prestar depoimento na segunda-feira para apresentar sua defesa à Comissão Disciplinar do Complexo Prisional, que determinará o fim ou extensão do recolhimento em cela.
Pelas normas da penitenciária, as correspondências precisam passar por um departamento específico, para registro e conferência de teor. A Seds disse ainda que a direção da unidade notificará a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) local sobre a atuação do advogado. Na carta entregue por Rui Pimenta ao programa, Bruno diz que cuidará do filho de Eliza, Bruninho, que ela dizia ser dele. "O Bruninho tem, sim, um pai, sempre teve, e vou honrar esse compromisso perante a sociedade."
"Te confesso, pelo sangue de Cristo Jesus, que nunca desejei, ordenei ou determinei, a quem quer que seja, o desaparecimento de Eliza Samudio", diz a carta, lida no ar. "Estou pagando já dois anos de prisão por um possível crime que não cometi e nem ordenei. Mas Deus é minha testemunha e saberá cobrar quem merece." O goleiro ainda reafirmou sua inocência. "Talvez o único erro da minha vida foi ter confiado em algumas pessoas, mas vou lutar com todas as forças para provar para o mundo que sou 'inocente'", diz o documento.
Plano B
Nessa semana foi veiculada uma carta que seria de Bruno a Macarrão. Na correspondência interceptada, Bruno diz ao amigo que, após conversar muito com os advogados, eles chegaram à conclusão de que "a melhor forma para resolvermos isso é usando o plano B". Segundo a revista, o plano A seria negar envolvimento no desaparecimento da ex-amante de Bruno, Eliza Samudio. No plano B, Macarrão assumiria a culpa para livrar o goleiro da cadeia.
O advogado de Bruno, no entanto, polemizou ao afirmar ao jornal O Estado de S. Paulo que o "plano B" seria, na verdade, o fim do relacionamento de seu cliente com o amigo. Bruno, segundo outro advogado, nega a versão. A defesa de Macarrão ameaça processar Rui Pimenta pelas afirmações sobre a sexualidade do amigo do goleiro.
O caso Bruno
Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
 
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.
 
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
 
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.
 
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

Além de Demóstenes, Congresso teve mais 25 escândalos em 2012



Desde 2009, Câmara e Senado somam 255 casos de desvio de conduta ou suspeita de irregularidades
O Congresso é palco de muitos escândalos. Em 2012 já foram 26, segundo dados da página “Escândalos no Congresso”, mantida por este Blog desde 2009.
A lista de 2012 já inclui o caso Cachoeira, que envolve o nome de diversos políticos. Ontem (11.jul.2012) ocorreu a cassação do mandato do senador goiano Demóstenes Torres (sem partido) acusado de ter conexões impróprias com empresário Carlos Augusto Ramos, o Cachoeira, preso pela Polícia Federal suspeito de integrar um esquema de corrupção.
A página “Escândalos no Congresso” monitora os casos de desvio de conduta e de suspeita de irregularidades relacionados ao Congresso divulgados pelos principais veículos de mídia. Para cada escândalo é dado o resumo da história, o “outro lado” (explicações dos acusados publicadas nas reportagens) e “o que aconteceu” (desdobramentos tornados públicos).
No primeiro ano do levantamento, foram registrados 93 escândalos. Em 2010, ano eleitoral em que o Congresso ficou esvaziado, a contagem caiu: 42 casos. Em 2011, primeiro ano da atual legislatura, foram 94. Com os 26 deste ano, são 255 escândalos desde o início do monitoramento.
HistóricoUma das primeiras histórias registradas pelo Monitor de Escândalos, em fevereiro de 2009, é a de Edmar Moreira, apelidado de “Deputado do Castelo”. Moreira colocou à venda um castelo localizado em Minas Gerais, levantando indícios de que havia ocultado o valor real de seus bens da Justiça Eleitoral. Ele não perdeu o mandato, mas não se reelegeu nas eleições de 2010.
Também estão no Monitor casos ligados à “farra aérea” e aos “atos secretos”, ambos de 2009. Outro caso notório é o do deputado Pedro Novais, que pagou motel com dinheiro da Câmara em 2010. Na época de divulgação do fato, ele tinha sido convidado por Dilma para ser ministro do Turismo. A presidente eleita manteve o convite, mas em 2011, novas acusações contra Novais o derrubaram do Ministério

A INCRÍVEL HISTÓRIA DO GUERRILHEIRO QUE RECRUTOU A MÃE PARA A LUTA ARMADA, PARTICIPOU DE “JUSTIÇAMENTO” E DEU AULA DE MÚSICA A CRIANÇAS: É HORA DE “JOGAR LUZ” NOS PORÕES


por Geneton Moraes Neto 

O último comandante militar do grupo guerrilheiro ALN faz confissão sobre execução de companheiro porque acha que é hora de todos os lados envolvidos na luta armada virem a público dizer o que aconteceu nos “porões”.
Um dos principais personagens da luta armada contra a ditadura militar confessou, diante das câmeras da Globonews, ter participado pessoalmente da execução de um companheiro -  um integrante da chamada “coordenação nacional” da Ação Libertadora Nacional (ALN) que caíra em desgraça junto ao comando da organização.
 Em declarações anteriores, o ex-guerrilheiro admitira que tinha participado da reunião do “Tribunal Revolucionário” que selara a execução. Mas nunca tinha admitido ter sido um dos executores da sentença.
 O cenário da confissão foi o estúdio G da TV Globo, no Jardim Botânico, durante a gravação de um depoimento para o programa Dossiê Globonews (a entrevista completa vai ser reexibida neste domingo, às 17:05). O autor da declaração: Carlos Eugênio Paz, o Clemente, comandante militar da Ação Libertadora Nacional, organização criada por Carlos Marighella para combater, com armas, o regime militar.
 Primeiro, Carlos Eugênio Paz falou genericamente sobre a decisão “colegiada”. Depois, ao ser perguntado pela terceira vez se tinha participado diretamente da execução, respondeu:
 - É uma informação quer até hoje não dei. Você está perguntando. A verdade verdadeira é que não dei porque ninguém teve esta atitude de me perguntar diretamente. Participei – sim – da ação. Um comando de quatro companheiros participou. Não fui sozinho. Os outros três estão mortos. A execução foi feita a tiros, numa rua, nos Jardins, em São Paulo, no dia 23 de março de 1971. Tomamos aquela decisão coletivamente. Era uma decisão de organização. Não assumo sozinho. Não sou maluco, não sou louco de decidir uma coisa dessa sozinho. Isso é uma direção. A ALN considerou que ele passava a ser um perigo para a própria organização,porque era dirigente, pela quantidade de informações que ele tinha e pelo fato de que estava abandonando companheiros à própria sorte num combate. É essa a questão.    
 Ao quebrar um voto de silêncio que deveria durar até a morte, Carlos Eugenio Paz diz que quer dar o exemplo nestes tempos de Comissão da Verdade: se um ex-guerrilheiro confessa participação num ato “nada glorioso”, militares envolvidos em atos violentos deveriam, também, vir a público para relatar o que ocorreu nos “porões”:
 - Enquanto as duas partes não falarem abertamente, vai se ficar jogando tudo para baixo do tapete. Faço uma exortação: eu estou aqui contando tudo. Conto o que dá glória e o que não dá glória. O nosso lado foi todo investigado. O que não foi investigado é: onde está Paulo de Tarso Celestino – da ALN ? Onde está Jonas? Cadê o corpo de Jonas ? ( Preso por agentes do Doi-Codi no Rio de Janeiro, em 12 de julho de 1971, o advogado Paulo de Tarso Celestino, que militava na ALN, desapareceu desde então. O ex-operário Virgílio Gomes da Silva, o Jonas, um dos chefes da ALN, comandou em setembro de 1969 o operação de seqüestro do embaixador americano. Preso três semanas depois, entrou para a lista dos desaparecidos políticos). Evidentemente, mataram. Mas por que mataram ? Onde mataram ? Quem matou ? Onde está ? Isso nos importa. Porque os livros de História precisam ter estas lacunas preenchidas. Você não pode entrar na História, causar tudo o que causamos e, depois, não querer assumir as coisas. Eu assumo! Como não temos vergonha do que fizemos, contamos.
 A confissão do ex-comandante militar da ALN significa, na prática, que uma cena ocorrida no dia 23 de março de 1971, na rua Caçapava, na Consolação, em São Paulo, finalmente ganhou um desfecho – quarenta e um anos depois. Naquele dia, um comando da ALN formou uma expedição punitiva para executar a tiros o militante Márcio Leite de Toledo. Ex-estudante de sociologia de vinte e seis anos de idade, Toledo tinha sido enviado a Cuba para treinar guerrilha. Voltou, clandestino, ao Brasil.
 A volta coincidiu com a morte de dirigentes da ALN, capturados pelos órgãos de segurança. Márcio se tornou, então, uma espécie de dissidente dentro da organização. Tinha dúvidas sobre se a tática de luta da ALN era correta. Resultado: reunido, o comando da ALN decidiu que Toledo passara a ser um perigo para a organização. Se desertasse, levaria consigo todos os segredos sobre as táticas de luta, identidade dos militantes e planos da ALN.
 A decisão extrema foi tomada: Mário seria executado. Um encontro foi marcado para a rua Caçapava. Quando chegou ao local, Márcio Toledo Leite foi surpreendido pelo comando da ALN – que abriu fogo contra ele. Panfletos deixados no local diziam que a ALN, “uma organização revolucionária em guerra declarada, não pode permitir uma defecção desse grau em suas fileiras”.
 Os executores da sentença de morte selaram, desde então, um pacto de silêncio:
 - “Um comando é designado. Os componentes fazem pacto de silêncio. O ato mais polêmico da história da ALN é cometido (…). É uma ação de sobrevivência, não nos trará glórias nem conseguiremos jamais saber se foi ou não acertada, simplesmente os tempos exigem” – escreveria Carlos Eugênio em suas “memórias romanceadas” – o livro Viagem à Luta Armada.
 Numa declaração ao Fantástico,em 1996, ele finalmente reconheceria que a morte de Márcio Toledo foi “um erro”, mas não admitiu a participação direta na execução:
 - O comando de quatro pessoas tomou a decisão de manter o segredo até a morte.  
"Clemente": biografia agitada ( Foto: Jorge Mansur )

MISSÃO: SEQUESTRAR O COMANDANTE DO II EXÉRCITO

 “Clemente” é o único sobrevivente do comando da ALN. Todos os outros estão mortos. Carlos Eugênio – que adotou como nome de guerra o sobrenome de um ex-jogador do Corinthians e do Bangu, Ari Clemente – diz, na entrevista, que um dos mais ousados ataques da ALN chegou a ser parcialmente executado, em São Paulo: nada menos que o sequestro do comandante do II Exército, general Humberto de Souza Melo, um militar de “linha dura”. O ataque não chegou a ser noticiado pelos jornais, então submetidos à censura. A guerrilha nunca tinha tentado seqüestrar um militar de alta patente.O comando da ALN decidiu, no início de 1971, que a hora tinha chegado.   
A ALN descobriu que o comandante do II Exército frequentava uma igreja batista na rua Joaquim Távora, na Vila Mariana, em São Paulo. Um comando de dez guerrilheiros foi ao local. O que aconteceu foi uma cena digna de filme de Tarantino: guerrilheiros e agentes do DOI-CODI – uns apontando armas para os outros. Em meio a tudo, o comandante do II Exército, sob a mira do comandante Clemente:  
-Eu estava com um fuzil. Nosso companheiro José Milton Barbosa estava com uma metralhadora alemã de nove milímetros. Chegamos a render o general na porta da igreja. Neste momento, chega uma patrulha do DOi-CODI. Ficou o general – com uma pequena comitiva – na porta da Igreja. Nós, em volta do general. E os agentes do DOI-CODI em volta da gente. Houve um “cerco dentro do cerco”. E ainda havia outro carro nosso – que estava apontando para o “cerco do cerco”. Eu disse ao general: “Aqui, vai morrer muita gente. Os agentes estão nos cercando. Mas nós estamos o cercando. Se algum tiro for disparado, a primeira rajada vai ser no peito do senhor! Vai ser um morticínio”. O general disse :”Não! Aqui, hoje, ninguém vai morrer!”.Começamos a recuar, mas sempre apontando as armas para ele. Fui o último a entrar no nosso carro – que  partiu em disparada. Devo dizer que o general se portou como combatente.Há uma coisa que,nós, combatentes,prezamos: é o outro combatente se comportar como combatente. O general não demonstrou nervosismo.Neste dia, a gente salvou a vida de um bocado de gente – inclusive do general. Porque, se eles disparassem, nós iríamos disparar. O general ia morrer. Quem estava na comitiva morreria. E nós todos iríamos morrer também.  

 O CONSELHO DE MARIGHELLA: “UM COMANDANTE SÓ APRENDE A MANDAR QUANDO APRENDE A OBEDECER”

Carlos Eugênio cita três nomes que estavam na lista dos “sequestráveis” da ALN : o presidente do Bradesco, Amador Aguiar; o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo(Fiesp), Theobaldo De Nigris, além do presidente do grupo Ultra, Peri Igel:
-Tínhamos essa lista.Prefiro chamar de captura de agentes do inimigo, não de seqüestro.Jamais seqüestramos alguém para pedir dinheiro. Queríamos libertar nossos companheiros presos e torturados. Marighella definia muito bem: quem vai financiar nossa atuação é o capital financeiro. Não estamos tirando dinheiro do correntista. Estamos tirando dinheiro do dono do banco. Sempre foi assim. Assaltávamos bancos, expropriávamos dinheiro dos carros pagadores.  
O envolvimento de Carlos Eugênio Paz, o “Clemente”, com a ALN começou cedíssimo. Aos dezessete anos de idade, ouviu a pregação de Carlos Marighella, pessoalmente. O fundador da ALN recomendou que ele servisse ao Exército no Forte de Copacabana. O conselho que recebeu de Marighella:
- Você não vai ao Exército para aprender a atirar. Porque aprender a atirar você pode aprender aqui mesmo. Quero que você vá lá para duas coisas. Primeiro: aprender a obedecer. A base de qualquer comando militar é assim: o comandante aprende a mandar quando aprende a obedecer. Um soldado disciplinado pode, então, se tornar um comandante de uma tropa de guerrilha. Você vai, primeiro, aprender a obedecer. Segundo: quero que você aprenda como raciocina um militar, para que você possa se transformar num quadro militar da guerrilha.
Assim foi feito. O alagoano radicado no Rio saiu de quartel sabendo o que é uma granada, um fuzil, uma metralhadora, uma pistola automática e o que significa hierarquia. Estava pronto para a guerrilha:
 - “A direita jogou suas tropas na rua. A esquerda não jogou nada. Nossa geração queria reagir. Como é que os militares chegam, acabam com a liberdade, arrombam a porta do Palácio do Governo e do Congresso, saem cassando todo mundo ?”, diz ele.  “Queríamos participar da resistência. Marighella foi o primeiro que lançou esta palavra de ordem: temos de resistir com as mesmas armas que eles usaram para tomar o poder. Ou seja: as armas de fogo. Temos de construir uma guerrilha urbana, uma guerrilha rural para derrubar a ditadura. Decidi que ia colocar minha juventude e minha vida sob o comando de Carlos Marighella(…) Qual foi o primeiro ato violento que foi feito dentro de nosso país, senão o dia 31 de março de 1964? Deram o primeiro tiro. Vi um general dizendo que nós é que demos. Não! Quem deu o primeiro tiro foram as Forças Armadas, no dia 31 de março de 1964”.

 O “TRIBUNAL REVOLUCIONÁRIO” CONDENA O EMPRESÁRIO

Em outro ponto da entrevista, Carlos Eugenio dá detalhes de outra decisão extrema tomada pela ALN: a execução do empresário Henning Albert Boilesen, morto a tiros na manhã do dia 15 de abril de 1971, na rua Barão de Capanema, nos Jardins,  em São Paulo. Boilesen foi condenado por um “tribunal revolucionário” da ALN por ter financiado a Operação Bandeirante,organização criada pelo II Exército em São Paulo para centralizar o combate à luta armada. Eugênio apertou o gatilho:
 - Dirigi a ação. Fui autor do tiro de misericórdia. É o último tiro que é dado. Tínhamos testemunhas – vivas até hoje – que foram torturadas na frente de Boilesen. Não era um inocente. Não foi justiçado por ser empresário, mas por ser um quadro direto da repressão. Como tal, estava sujeito a sanções da guerra. Todos nós estávamos sujeitos a sanções. Boilensen também. E estas sanções,no caso de Boilesen, foram aplicadas. Eu estava sujeito também a sanções de guerra: quantas vezes não mandaram tiro em cima de mim ?
 Nesta altura do depoimento, o ex-comandante militar da ALN faz a lista das “marcas da guerra”:
 - Pegaram a minha mãe em 1974, em São Paulo : ela passou um mês torturada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury. Minha irmã foi torturada. Minha companheira que tive na vida, Ana Maria Nacinovic, foi fuzilada na luta armada, quando saía de um restaurante. Com todas essas pessoas que iam morrendo, eu morria junto também. E tinha as mortes que cometi. Veja o prejuízo que o golpe de Estado de 1964 causou: fez com que brasileiros e brasileiras tivessem de participar de um aluta fraticida. Alguém acha que estávamos ali porque gostávamos de ficar dando tiro nos outros ?
 O ex-comandante militar da ALN é um caso único na história da luta armada: recrutou a própria mãe para a guerrilha. Maria da Conceição Coelho da Paz terminou entrando para a ALN. Tinha 49 anos de idade. Adotou o codinome de Joana. Passou dois em Cuba treinando enfermagem. Iria atuar como enfermeira dos guerrilheiros no Brasil. De volta ao Brasil, terminou presa e torturada, em São Paulo, para dizer onde o filho estava. Não disse. A essa altura, Carlos Eugênio já estava fora do país. Tempos depois,em Paris, disse que uma mãe não entrega um filho. Ficou com sequelas nas mãos, resultado da tortura. A cabeça de Carlos Eugênio valia ouro para os órgãos de segurança. O silêncio da mãe de Eugenio valia ouro para a guerrilha. A “Joana da ALN” morreu aos 79 anos, em 2000.
 Carlos Eugênio Paz não chegou a ser preso. Conseguiu sair do Brasil pela fronteira com a Argentina. Usou, na identidade falsa providenciada pela ALN, o mais banal dos nomes: João José da Silva. Tremeu nas bases quando viu o próprio rosto estampado num cartão de “Procurados” colado na parede do posto da Polícia Federal na estação rodoviária. Mas o agente que o atendeu não notou que aquele João José Silva era Carlos Eugênio Paz. “João José” passou pela Argentina, pelo Chile,por Cuba, pela Rússia e pela Tchecoslováquia, até desembarcar em Paris.
 Em Cuba, o comandante militar da ALN viu um general chamado Arnaldo Ochoa estender um mapa em cima da mesa e mostrar o plano de trazer para o Brasil um navio lotado de guerrilheiros cubanos. Eugênio recusou a oferta. Disse que a ALN, organização que carregava a palavra “nacional” no nome, não iria internacionalizar a luta armada.
 Ao descobrir que a guerrilha estava sofrendo um golpe atrás do outro, o então comandante militar da ALN desistiu de voltar para o país. Passaria oito anos em Paris,refugiado. Terminou condenado, à revelia, a 124 anos de prisão, por crimes contra a segurança nacional. Eugênio calcula em cerca de oito o número de militares mortos nas ações de que participou.  
 De volta ao Brasil em 1981,o ex-guerrilheiro arranjou um ocupação improvável, ao percorrer os anúncios classificados de um jornal em busca de trabalho: virou professor de música de crianças na creche Acalanto, na rua Visconde de Caravelas,em Botafogo. Depois, deu aulas de música na Escola Parque, na Gávea. Abriu um curso em Ipanema. Toca violão, piano e baixo. Tinha estudado música quando criança. Considerado desertor do exército, requereu, junto à Comissão de Anistia, a reintegração nas forças armadas. Conseguiu. A portaria do Ministério da Justiça que reintegra Clemente ao Exército foi publicada no dia três de fevereiro de 2010. Hoje, é terceiro-sargento do Exército – inativo, obviamente. Precisou de dez anos de psicanálise para conviver com as “marcas da luta”. Não é tarefa para amadores. Tinha interrompido as sessões, mas retomou, há pouco. Aos 61 anos de idade, vive com a mulher no interior do Rio. Pretende, em breve, publicar um novo livro. É personagem de um documentário que, se tudo der certo, deve chegar às telas no ano que vem. Teve um enfarte, mas foi salvo por uma angioplastia, em outubro de 1988. Ainda assim, voltou a fumar, desbragadamente. Ao final da entrevista, fumou três cigarros- um atrás do outro, sem intervalo. Em troca de e-mails com o repórter, assina o nome que usava nos tempos da guerrilha: Clemente. É como se quisesse dizer: Carlos Eugênio ainda é Clemente. E Clemente nunca deixou de ser Carlos Eugênio.

Como vamos tratar as doenças mentais?


seg, 09/07/12
por Alysson Muotri 

Caso não tenham percebido, vivemos uma crise na medicina experimental. Medicamentos desenvolvidos nos últimos 60 anos são prescritos amplamente pelos médicos, mas causam pouco efeito nos pacientes. O mais surpreendente é que, mesmo com essa janela de oportunidade, testemunhamos uma diminuição dramática de interesse da indústria farmacêutica e biotecnológica para o desenvolvimento de novos fármacos.
Enquanto as intervenções psicossociais, incluindo novas tecnologias como o uso de tablets, mostram-se extremamente promissoras, a ausência de um plano estratégico para o desenvolvimento de medicamentos mais eficientes é preocupante. A situação é ainda mais grave porque grande parte da população humana é afetada por doenças mentais, causando sérios problemas financeiros para familiares e para o governo. Tome por exemplo o caso do autismo, que afeta cerca de 1% das crianças norte-americanas: o custo para o governo durante a vida de um único indivíduo autista beira os US$ 3,2 milhões (quase R$ 6,5 milhões). Isso representa um custo anual de US$ 35 bilhões (quase R$ 71 bilhões) para a sociedade americana. Números semelhantes servem para a esquizofrenia e quase o triplo do custo vai para o mal de Alzheimer.
Mas o que pode ser feito então?
A descoberta e desenvolvimento de novos medicamentos é um processo lento, caro e de alto risco. Dados recentes sugerem que para cada nova droga que entra no mercado, foram gastos, em média, mais de US$ 2 bilhões de dólares (cerca de R$ 4 bilhões) durante um período de 15 anos. Além disso, o processo falha em mais de 95% das vezes (referências sobre o cálculo desses números estão abaixo). Dá para entender por que a indústria tem fugido dessa área. O gráfico abaixo dá uma dimensão dos riscos e dos custos com que os pesquisadores arcam:
Os governos podem investir mais em novos medicamentos? Os governos têm o direito de não investir mais em novos medicamentos? Ignorar essa questão é simplesmente riscar a palavra “esperança” do dicionário dos pacientes que não respondem aos medicamentos atuais. Na ausência de suporte do governo, resta a solidariedade humana. Enquanto nos EUA o hábito cultural da doação de dinheiro para pesquisas é presente em todas as esferas sociais, em outros países, como o nosso, a filantropia é ainda incipiente. Apesar de estarmos na era do “crowdfunding”, não temos motivos para esperar que a moda pegue para fins científicos.
Uma ideia interessante para acelerar a entrada de novas drogas no mercado é melhorar o fluxo, desde a descoberta até o uso clínico. Obviamente, não temos como acelerar o teste rigoroso e cauteloso em seres humanos, mas podemos acelerar o processo que leva as drogas a serem testadas. Nos EUA, algumas estratégias estão sendo estudadas. Entre elas, destaco o “reposicionamento de drogas”, ou seja, pegar uma droga que falhou em estágios clínicos para uma doença “x” e testá-la contra uma doença “y”. Remédios que já foram testados em humanos e não serviram para o Alzheimer podem ser úteis para o autismo, por exemplo. Essa realocação de medicamentos permite encurtar em alguns anos todo o processo.
Mas não adianta ter drogas disponíveis para testes se não sabemos exatamente como elas funcionam. Os antidepressivos atuais são um bom exemplo. Usamos antidepressivos há três décadas, mas eles não funcionam para todos pacientes. Melhores tratamentos requerem uma melhor ciência, um melhor conhecimento da biologia por trás dos sintomas. É através da compreensão dos mecanismos celulares e moleculares que são desenvolvidas novas terapias contra o câncer a todo o momento. Claramente, isso não tem sido aplicado para doenças mentais e, portanto, não existem novas terapias para autismo ou depressão. Por quê? Possivelmente porque estamos usando os modelos errados. Testam-se novas drogas contra o câncer em células tumorais retiradas dos próprios pacientes. Se a substância bloqueia o crescimento dessas células em laboratório, possivelmente irá funcionar da mesma forma no organismo. Se der negativo, testa-se outra.

A lógica funcionaria também para doenças mentais. No entanto, não havia como isolar neurônios dos pacientes em laboratório e tudo era feito em modelos animais, em camundongos, que são extremamente caros. Não existem roedores com Alzheimer, esquizofrênicos ou autistas. A indústria farmacêutica sofreu um rombo financeiro enorme por ter apostado alto em modelos animais, muitas inclusive faliram. Não quero negar a contribuição de modelos animais para o entendimento de doenças humanas – esses modelos são e vão continuar sendo elementos críticos para o progresso da ciência. Mas os modelos animais não são consistentes para prever como os compostos vão funcionar em seres humanos. Neurônios humanos são, com certeza, mais complexos. Por isso mesmo, aposto em novos modelos produzidos a partir da reprogramação celular, gerando redes neurais derivadas de pacientes em quantidades suficientes para testes em laboratório. Mesmo com as limitações da reprogramação genética – afinal, não deixa de ser um modelo humano in vitro –, acredito que seja o que mais se aproxima do sistema nervoso do paciente. O sucesso dessa nova forma de encarar a busca de novos fármacos vai depender de centros criados a partir de consórcios colaborativos e multidisciplinares entre cientistas e a comunidade clínica – acelerando os testes em humanos –, além da parceria com empresas privadas ou filantrópicas – cobrindo as inconsistências governamentais.
Essas ideias fazem parte do que entendemos como medicina experimental, portanto ainda é um experimento em progresso. Considerando a taxa de sucesso atual – menos de 5% das drogas desenvolvidas vêm a funcionar em humanos –, acho que essas ideias não são tão caras e valeria o risco. Se não funcionarem, saberemos que esse não é o caminho e economizaremos para investir em outras opções. Na minha visão, essas são alternativas razoáveis e podem destacar mundialmente países emergentes, como o Brasil, como líderes de um novo modelo para o tratamento de doenças mentais.

Por que o vírus ‘DNSChanger’ será lembrado como caso de sucesso



seg, 09/07/12



por Altieres Rohr 

Esta coluna está sendo publicado no dia 9 de julho, o dia marcado para o desligamento dos servidores usados pelos sistemas infectados pelo vírus DNSChanger. Se você pode ler este texto, então você não está infectado, porque seu sistema estaria incapaz de acessar o endereço “g1.globo.com“, já que a presença do vírus iria interferir com esse procedimento.
Fui questionado sobre o que havia de tão relevante sobre o DNSChanger. Vários sites estavam falando sobre ele – escrevi uma reportagem para o G1 quando o grupo responsável pelo vírus foi preso, em novembro 2011, e também na semana passada, sobre iminente desligamento dos servidores. No entanto, segundo as estatísticas mais recentes, há apenas seis mil infectados no Brasil. Por que tanta conversa?
O DNSChanger provavelmente será lembrado como um exemplo, um verdadeiro caso de sucesso no combate e no tratamento das consequências da disseminação de uma praga digital. E parte disso é justamente a grande atenção que a praga recebeu da imprensa e das empresas de segurança.
A situação, em 2011, era a seguinte: o FBI conseguiu prender os acusados responsáveis pela criação da praga digital, mas havia ainda quatro milhões de computadores infectados no mundo todo. Se a infraestrutura usada pelo vírus fosse simplesmente desligada, todos ficariam com o serviço de DNS inoperante, que iria impedir o acesso normal à internet.
Começaram, nesse cenário, os trabalhos de “limpeza”. O FBI providenciou na Justiça que o espaço e a rede ocupadas pelo DNSChanger iriam ser reservados para uso das autoridades, pelo menos por um período. Ou seja, as empresas que prestavam serviços para a quadrilha passaram a atender o governo. Nos espaços onde antes havia o sistema do vírus foram colocados servidores legítimos, garantindo o acesso normal à internet para quatro milhões de vítimas.
O vírus operava em seis redes diferentes, nos Estados Unidos e na Ucrânia. Todas foram cobertas pelos servidores temporários das autoridades.
Especialistas formaram o grupo DCWG (DNSChanger Working Group, Grupo de Trabalho DNSChanger), responsáveis por manter os servidores no ar, montar estatísticas e trabalhar junto de provedores, empresas de segurança e órgãos de imprensa para divulgar a existência do problema – afinal, em operação normal, o DNSChanger não causava nenhum impacto visível no funcionamento do computador, um comportamento que contribuiu para sua permanência nos sistemas.
O resultado do trabalho do DCWG foi visto na colaboração do Google, que passou a avisar os internautas infectados. O Facebook, depois, começou a fazer o mesmo. Reportagens foram publicadas na imprensa, alertando internautas sobre o caso.
O número, que era de quatro milhões de infectados, caiu até chegar aos 300 mil registrados na sexta-feira. Ou seja, 92,5% dos sistemas infectados foram tratados em menos de oito meses.
Atualização para observação da coluna: há polêmica sobre os números reais. Paul Vixie, do Internet Systems Consortium (ISC), que geriu os servidores temporários, afirmou que eles conseguiram limpar 50% das infecções. Pelos próprios números do DCWG, que apontaram 800 mil infecções em novembro e 211 mil no domingo, a limpeza foi de 73%. De qualquer forma, o número é significativo.
Conficker Working Group
O primeiro vírus que recebeu um grupo de trabalho formado por especialistas de diversas organizações foi o Conficker. O Conficker contaminou milhões de computadores usando uma brecha no Windows e um dos principais objetivos da cooperação era derrubar a infraestrutura de controle usada pela praga, para que os responsáveis perdessem os canais de comunicação com os sistemas comprometidos.
Nesse sentido, o Conficker Working Group atingiu seu objetivo, apesar de ainda existirem centenas de milhares de computadores abrigando cópias ativas do Conficker.
Algumas organizações ou empresas fizeram parte dos dois grupos de trabalho, como a Trend Micro, a Neustar e a Internet Systems Consortium – que, no caso do DNSChanger, foi a responsável por manter os servidores de DNS no ar.
Muita gente falou sobre o DNSChanger porque uma das lições aprendidas pelo Conficker Working Group é que é preciso fazer com que as pessoas saibam da existência do problema para tomar uma atitude. Nesse sentido, os números conseguidos pelo DCWG são significativos, e ilustram as possibilidades que se abrem com a cooperação das organizações, provedores e autoridades no combate aos vírus de computador.

Bares vivem o rock na decoração Veja exemplos de locais para comemorar o Dia Mundial do Rock em grande estilo


Desde a realização do Live AID, em 13 de julho de 1985, o dia ficou conhecido como o Dia Mundial do Rock. O gênero musical traz influências de vários outros estilos e serve como referência para as mais diferentes aplicações. Bares em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, se dedicaram especialmente em suas decorações para que seus freqüentadores possam emergir no clima do rock and roll. O Pense Imóveis traz dois exemplos para inspirar a sua escolha na hora de também comemorar esse dia.

Um dos bares mais decorados de acordo com a temática em Porto Alegre é o Sgt. Peppers. Funcionando há 23 anos na capital gaúcha, sua fundação veio na carona da comemoração dos vinte anos de lançamento do álbum homônimo dos Beatles.

sgt. peppers dentro

No entanto, ao contrário do que se pode imaginar, o pubnão foi criado em homenagem direta ao disco. Os irmãos Alexandre e Leandro Vieira, fundadores da casa, não negam a inspiração em outra parte do título do clássico:Lonely Hearts Club Band. Ou seja, a intenção era de que o local virasse ponto de encontro para um possível clube dos corações solitários, tradução da expressão em inglês.

sgt peppers penny lane

De qualquer maneira, o quarteto britânico marca presença pelo ambiente. Como na placa indicando Penny Lane, em referência a outro clássico dos Beatles. Pelas paredes, diversos quadros com fotos da banda fazem parte da decoração. 

sgt. peppers quadros

O bar foi feito a partir da reforma de uma casa antiga, de três quartos e um banheiro. Hoje o local tem três mezaninos e é escuro na iluminação, nas paredes de tijolos aparentes e nas madeiras de mesas e portas. A parte central, em frente ao palco, fica onde antes existia um porão.

sgt peppers mezanino

Pelo clima cavernoso, quem freqüenta o Sgt. Peppers pode também encontrar semelhanças com o Cavern Club, onde os Beatles iniciaram sua carreira musical. A diferença começa na capacidade dos bares: o porto-alegrense pode receber 250 pessoas sentadas, enquanto o londrino permite apenas cem.

sgt peppers último mezanino

Conhecido internacionalmente, o local é freqüentado por pessoas de todas as partes do mundo. Aberto de terça a sábado, toca apenas rock, de bandas desde os anos 60 até as mais recentes. Às sextas e sábados, promove shows da Banda dos Corações Solitários, exclusiva do bar e que toca desde sua abertura. Quem senta no último mezanino construído, fruto da ampliação feita há oito anos, bem no alto do Sgt. Peppers, tem a visão completa desse recanto do rock.

Franquia do rock
Para quem gosta de algo menos característico, mas quer manter a temática do rock, outro bar em Porto Alegre também segue essa tendência. O John Bull Pub, no Shopping Total, existe há seis anos na capital gaúcha e tem referência na matriz localizada em Curitiba.
palco john bull

Com inspiração nos pubs londrinos, os bares trazem as bandeiras do Brasil e da Inglaterra. Nas paredes, a decoração fica por conta dos vários quadros com fotografias dos ídolos do rock e do blues.

quadros john bull

O bar também possui um mezanino e tem capacidade para 350 pessoas sentadas.

mezanino john bull

A casa abre de terça a sábado, sempre com apresentações de bandas de rock.

puxadores john bull

Para que o cliente não se esqueça do conceito da casa, os puxadores de porta são feitos a partir de braços de guitarra

Espaço inspirado no estilista Alexander McQueen é escolhido o mais original da Casa Cor RS 2012



O Gabinete McQueen, do designer de interiores Johnny Thomsen, é um dos ambientes da mostra que acontece em Porto Alegre

designer de interiores Johnny Thomsen inspirou-se no estilista britânico Alexander McQueen, morto em fevereiro de 2011, para criar um dos ambientes da Casa Cor RS2012. Chamado de Gabinete McQueen, o espaço foi escolhido o ambiente mais original do evento.

















Localizado na Casa 1 da Casa Cor RS 2012, o Gabinete McQueen tem 18 metros quadrados e traz um pouco do estilista em cada detalhe. As cortinas, por exemplo, tem tecidos em xadrez escocês, país de origem de Alexander McQueen. O design dos móveis, de acordo com Thomsen, lembra o corte perfeccionista da alfaiataria de McQueen.

















O uso de dourado, preto, prata e vermelho remete à cartela de cores das coleções do estilista enquanto que a iluminação focada e evoca a passarela dos desfiles de Alexander McQueen, sempre marcantes e dramáticos. Completa ainda o espaço, uma lareira ecológica.































A Casa Cor RS está aberta à visitação até 24 de julho naAv. Carlos Gomes, 1130, em Porto Alegre. O ingresso custa R$ 22 de terça a sexta-feira. Nos finais de semana, o ingresso é R$ 25. Estudantes e idosos pagam meia entrada. A mostra pode ser visitada de terça a quinta das 15h às 21h e de sexta a domingo, das 12h às 21h.

A era das periguetes


NELSON MOTTA


Antes elas eram as abomináveis piranhas, cachorras e ratazanas, que devoravam os maridos e namorados alheios. Hoje são as adoráveis periguetes, queridas até entre as crianças, as famílias e o público mais conservador. Antes eram groupies de bandas de rock, ripongas calça-frouxa e marias-chuteira, que ganharam alforria com a pilula anticoncepcional, viraram grupo de risco depois da Aids e fizeram dos testes de paternidade por DNA um meio de vida. 

Deborah Secco é a rainha das periguetes na televisão, temperando seu sex-appeal com um lado doce e vulnerável, como as putinhas românticas de Fellini, e ganhando sempre das moças de família na preferência do público. A Deborah discreta e tímida da vida real, com sua voz rouquinha e seu talento de atriz, vira um vulcão sexual sempre prestes a explodir, incendiando desejo e medo nos espectadores. Assim como Regina Duarte era a namoradinha, Deborah é a periguete do Brasil. 

Mas não se iludam com a eventual doçura e os bons sentimentos da periguete. Como o próprio nome indica e o clássico das Frenéticas adverte, ela é bonita e gostosa, mas perigosa, no seu pacote está incluída a perspectiva de virar uma chave de cadeia. Mas, como tudo na vida, há periguetes do bem e do mal, as que têm amor à sua escolha e a exercem com alegria e sem culpa — e as sanguessugas vocacionais, as alpinistas sociais e as golpistas profissionais, que usam o corpo como arma. Como Mariana Ximenes em "Passione". 

Um dos maiores sucessos do megassucesso "Avenida Brasil" é Isis Valverde como a periguete boliviana Suélen, boa de cama e de mesa, que faz gato e sapato dos corações masculinos do Divino com seu mix de malícia e ingenuidade, espontaneidade e malandragem, e sua capacidade infinita de seduzir e de enganar. As novelas não vivem mais sem elas, que inspiraram Chico Buarque no Hino das Periguetes: 

"Se acaso me quiseres,/sou dessas mulheres/que só dizem sim,/por uma coisa a tôa,/uma noitada boa,/um cinema um botequim (...)/Mas na manhã seguinte,/não conta até vinte,/te afasta de mim,/pois já não vales nada,/és página virada,/descartada do meu folhetim."