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sexta-feira, 13 de junho de 2014
Dilma faz comparações inadequadas sobre gastos da Copa
12 de junho de 2014
Dyelle Menezes, Gabriela Salcedo e Marina Dutra
Dyelle Menezes, Gabriela Salcedo e Marina Dutra
A comparação utilizada por Dilma Rousseff em pronunciamento realizado na terça-feira (10), em rede nacional, foi, no mínimo, inadequada. O que ela chamou de “investimento”, termo utilizado pela presidente para classificar os R$ 1,7 trilhão desembolsados para Saúde e Educação, na realidade envolve, predominantemente, despesas correntes.
A natureza de despesas “Investimentos” engloba apenas os dispêndios com obras e compra de equipamentos, ou seja, aqueles que contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital. É nessa modalidade de despesa que se encaixam os gastos com os estádios.
Não foi nesses moldes que Dilma contabilizou o investimento em Saúde e Educação. Conforme pesquisa realizada pelo Contas Abertas, para chegar aos R$ 1,7 trilhão, juntou-se o valor global gasto tanto pelo governo federal, quanto pelos estados e municípios nas respectivas áreas. O número inclui todas as despesas com custeio, como água, luz, vigilância, manutenção e pagamento de pessoal, ou seja, vai do cafezinho da recepção do hospital ao giz da sala de aula.
O deputado Romário (PSB-RJ) afirmou ser lamentável a presidente da República dissimular números para confundir a população. “Ela não pode comparar investimentos em estádios com o orçamento global para saúde ou educação. Investimentos com estádios devem ser comparados com investimentos na construção de hospitais ou escolas”, afirmou o parlamentar.
Com a contabilização da despesa global, Dilma procurou demonstrar que o governo teria “investido” 212 vezes mais em Saúde e Educação do que o valor gasto em estádios – R$ 8 bilhões, tornando ínfimo o valor das arenas. A comparação leva em conta todo o valor empenhado na “ Função Saúde” e na “ Função Educação” , na União, nos estados e nos municípios, entre 2010 e 2013, período em que os estádios estavam sendo construídos.
O parlamentar também destacou que alguns estádios, em sua maioria financiados com dinheiro do governo federal, serão pagos pelos estados e municípios – além do Distrito federal – , com recursos públicos . Dessa forma, segundo ele, não é correto, por exemplo, comparar o valor que a União gasta com saúde com os R$ 1,6 bilhão que o Distrito Federal gastou com construção do Mané Garrincha.
“Dilma está tentando defender o indefensável e cada dia se enrola mais com suas próprias palavras”, defende Romário.
Em termos de comparação, com os R$ 8 bilhões gastos na construção dos estádio seria possível construir 4.000 Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h) de porte II, que cobrem locais que possuem entre 100 mil e 200 mil habitantes e recebem até 300 pacientes diariamente.
Com o valor também seria possível erguer 2.263 escolas com capacidade de 432 alunos por turno, cada. Uma escola com 12 salas de aula e quadra coberta, financiada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), custa R$ 3,5 milhões.
Cartas de Nova Iorque: Futebol e Copa, longe de casa, por Luisa Leme
Hoje a Copa do Mundo começa no Brasil e eu não estou lá. Acho que a frase já passou pela cabeça de cada um de nossos expatriados soltos pelo mundo. A Copa começa na minha cidade, no estádio do meu time, novinho...As ruas estão verde e amarelas, as pessoas preocupadas, ansiosas. Vai ter feriado, vai ter trânsito, greve, gringos, confusão...Vai ter churrasco, vai ter jogo, cerveja, futebol. Vai ter Copa! Mas eu não estarei lá.
A sensação veio esse mês, muito mais forte do que durante o Carnaval. Saio nas ruas de Nova Iorque procurando as cores, o barulho, a ginga no andar, nós. Não encontro bandeirinhas nos carros ou crianças uniformizadas, nem vuvuzela, nem rojão. Encontro a resposta de que não estou em casa: eu moro longe. Ao redor, me perguntam se eu vou para o Brasil, quem vai ganhar, sobre os protestos, a violência, os problemas. Mas todos querem ver a Copa, todos aqui estão animados pelo Brasil. Como um comercial fala na televisão: o futebol voltou para casa.
Não me leve a mal, haverão muitos eventos brasileiros para os jogos por aqui. Mas a experiência internacional não substitui “estar lá” para assistir a partida e gritar gol em coro. A Copa está aqui, mas a festa que começa hoje, lá em casa, não. De fora, expatriados acompanham as críticas, manifestações, a discussão sobre o dinheiro que se gastou, as fotos do metrô lotado na internet, as notícias…Mas não dá para viver a Copa assim.
Quem mora fora por muito tempo as vezes assume o “lado expatriado”, de viajante, e não pensa muito na identidade nacional. Até mesmo para se acostumar com a nova morada, por mais que os gringos adorem “a Brazilian, oh how nice!”. Mas a Copa sempre foi quando nós vestimos a camisa, sacudimos a bandeira. Viver a Copa em casa é um privilégio.
Adoraria ver os estrangeiros amontoados em São Paulo, os fãs do Reino Unido espantados com a nossa cerveja ultra gelada...acompanhar os jogadores dos países mais nórdicos curtindo um samba, comendo acarajé! Ai como seria legal receber os gringos no Brasil, como tantos me receberam por aqui. Assistir corações do outro lado do mundo se apaixonando pelos brasileiros, pela nossa cultura. Como o amor que deu origem à minha família. Conversar sobre a bagunça (não se preocupem com reclamações: americanos, pelo menos, são fascinados pela nossa bagunça) e, principalmente, o jogo de cintura do Brasil. Os gringos sabem que o brasileiro, criativo, sempre se adapta. Características muito valorizadas aqui.
Copa em Nova Iorque é uma festa linda que vai unindo expatriados do mundo todo nos bares da cidade. Daquelas que acontecem no pub inglês, para assistir jogo de times latinos, acontecendo em país ainda mais distante. Entender o fuso horário é uma confusão. Mas todo mundo aparece, se espreme na frente do bar, aprende a dizer “com licença” em umas três línguas, toma cerveja e grita junto. Unidos pelo futebol e pela saudade.
Então já que você leitor está por aí, aproveite por mim e todos os que não podem curtir a Copa de casa. A Copa dos brasileiros.
Luisa Leme é jornalista e produtora de documentários. Passou pela TV Cultura e TV Globo em São Paulo, e pelas Nações Unidas em Nova York. Mora nos Estados Unidos há sete anos e fez mestrado em relações internacionais na Washington University in St. Louis. Escreve aqui sempre às quintas-feiras. Mantém o blog DoubleLNYC com imagens e impressões sobre Nova York. Twitter: @luisaleme
Só queremos o hexa - Carlos Alberto Sardenberg, O globo
Vereadores de São Paulo, de bronca porque não receberam ingressos para a abertura da Copa, adiaram a votação de um importante projeto de lei que regula a construção de imóveis na cidade. Por falta de uma boca livre, tomaram uma decisão política até sustentável.
Já em Brasília, deputados fizeram o contrário. Aproveitaram um gesto político — a oposição à medida provisória que cria os conselhos populares — para ganhar uma folga geral durante o mês de Copa. Em protesto contra essa tentativa de formar uma estrutura paralela de controle do Estado, até uma boa atitude, abandonaram o local de trabalho para só voltar às votações quando o governo Dilma retirar a medida. Por coincidência, claro, dá para acompanhar os jogos, digamos, junto às bases.
Assim é a Copa entre nós. O mote é: todo mundo gosta do jogo e da seleção, e isso é o mais importante, certo.
Errado. A maioria gosta, mas os atores sociais e políticos envolvidos sempre procuram tirar alguma coisa extracampo.
Começa pela decisão de sediar a Copa, uma escolha de governo, portanto, uma opção política. Por que os governos fazem isso? Para promover a celebração do país no cenário internacional.
Sim, há toda uma conversa sobre ganhos econômicos e legados, mas isso é muito discutível.
Um país que está na pior, seja por razões econômicas, seja por política, não consegue sediar uma Copa. Só conseguem os países desenvolvidos e/ou emergentes que passam por um bom momento e cujos governos pretendem exibir isso ao mundo.
Foi o caso, evidente, da África do Sul, que promoveu a primeira Copa naquele continente. Seu governo quis mostrar que ali estava um país capaz. Foi o caso das Olimpíadas da China, cuja liderança quis se apresentar ao mundo como a nova potência.
A Alemanha não precisava demonstrar nada a ninguém, mas em 2006 o governo quis fazer a Copa do país reunificado.
Sete anos atrás, quando se candidatou e levou a Copa, o Brasil de Lula vinha bem e já estava com lugar garantido no grupo dos principais emergentes. Por que não consagrar isso com uma Copa, especialmente no país pentacampeão, amante fiel do jogo?
Também teve a conversa do legado, mas era basicamente um projeto político. Isso vinha mais ou menos bem até pouco tempo atrás. As pesquisas mostravam clara maioria a favor da realização do Mundial. A população começava a se animar e a maior preocupação era com o time, que não engrenava.
No dia da inauguração, a percepção se inverteu. A população está superconfiante na seleção, fechou com Felipão, como se viu na final da Copa das Confederações, mas perdeu o encanto com a realização do Mundial. A maioria agora acha que não era uma prioridade e que o governo deveria gastar seu dinheiro com educação, saúde e segurança.
Como tudo por aqui, o ambiente mudou depois das manifestações de junho do ano passado.
E ficamos assim: a celebração em campo é muito provável; é possível até que que a gente ganhe uma final da Argentina, suprema felicidade; mas o projeto de celebração política do governo Dilma/Lula foi perdido.
A presidente está na defensiva diante das críticas que surgem aqui e lá fora ao processo de organização. Está tão na defensiva que precisou apelar para um patriotismo sem sentido. Críticas são consideradas ataques ao Brasil. E a esses “inimigos” Dilma atribui o desejo de ver catástrofes.
Ora, ninguém disse isso. O que muitos disseram, fora do governo, é que havia casos de dengue em número superior ao “normal” nesta época do ano. E há. E que o sistema elétrico estava trabalhando no limite, havendo risco de uns 25% de falta de energia em certos lugares. E há.
Daí a dizer que essas pessoas queriam ver os turistas estrangeiros com dengue, jogados em hospitais públicos sem energia, como sugeriu Dilma, em rede nacional, vai alguma diferença, não é mesmo?
Também é sintomática a reação da militância Dilma/Lula. Se é óbvio que muita coisa não ficou pronta, o pessoal responde: E daí? O importante é que vai ter jogo. Diante do fato de que já ocorre espera longa em aeroportos, o pessoal responde: também há demora nos desembarques em Miami...
Quer dizer, se é tudo meia-boca, estão reclamando de quê, seus...?
Mas dá para entender a bronca de Dilma e de Lula. Tanto esforço e, na hora, nem podem fazer uma bela celebração nos estádios?
Tudo considerado, não vamos cair no extremo oposto. Tem muita coisa que não saiu bem, mas queremos mesmo é ganhar a Copa. Melhor ainda: com um golaço de Messi, superado por dois espetaculares de Neymar, que tal?
Carlos Alberto Sardenberg é jornalista
Lucros na África - José Casado, O Globo
Numa tarde de quarta-feira de um ano atrás, 22 de maio, Dilma Rousseff pediu e o Senado concedeu, sem debate, perdão sobre 79% da dívida que o Congo-Brazzaville mantinha pendente com o Brasil há quatro décadas.
O débito somava US$ 353 milhões. O governo brasileiro renunciou a US$ 278 milhões. Aceitou receber US$ 68,8 milhões — em até 20 parcelas trimestrais até 2019 —, do país que é o quarto maior produtor de petróleo da África.
O perdão de Dilma foi o desfecho de uma operação iniciada em 2005 no Ministério da Fazenda, sob o comando de Antonio Palocci. O objetivo era abrir caminho para empreitadas privadas brasileiras no Congo-Brazzaville.
Cravado no coração africano, tem o tamanho de Goiás. É referência no mapa de produção de petróleo e se destaca na rota dos diamantes “de sangue” — sem origem —, moeda corrente no submundo de armas e do narcotráfico.
Seus quatro milhões de habitantes sobrevivem com renda per capita (US$ 2.700) semelhante à do Paraguai. O poder local está concentrado no clã de Denis Sassou Nguesso, de 71 anos, que se tornou um dos mais longevos cleptocratas africanos.
Ex-pobres, os Nguesso detêm bilionário patrimônio no qual constam 66 imóveis de luxo na França, em áreas nobres do eixo Paris-Provence-Riviera — segundo documentos de tribunais de Londres e Paris.
O herdeiro político, Denis Christel Nguesso, dirige os negócios do petróleo e tem peculiar apreço pela ostentação: extratos de seus cartões de crédito, anexados a processos por corrupção na França e no Reino Unido, sugerem uma rotina de extravagâncias na compra de roupas no circuito Paris-Mônaco-Marbella-Dubai.
Para a Justiça britânica é óbvio que ele é financiado “pelos lucros secretos obtidos em negociações da estatal de petróleo”, como afirmou o juiz Stanley Burnton em sentença.
Os Nguesso têm intensificado seus laços com o Brasil. Com o perdão da dívida caloteada nos anos 70, o clã congolês já entregou US$ 1 bilhão em contratos ao grupo Asperbrás, controlado pelos empresários José Roberto e Francisco Carlos Jorge Colnaghi, de Penápolis (SP), cuja receita com a venda de tubos e conexões no mercado brasileiro foi de US$ 15 milhões no ano passado.
Do total contratado, US$ 400 milhões foram para perfuração de quatro mil poços artesianos. O preço médio (US$ 100 mil por furo) ficou dez vezes acima do que é pago pelos países vizinhos.
Outros US$ 200 milhões foram destinados a um mapeamento geológico por fotografia, nove vezes mais caro do que o similar executado em Camarões com crédito do Banco Mundial. E houve mais US$ 500 milhões para a construção de alguns galpões industriais em área próxima da capital.A oposição e organizações civis internacionais com atividade no país estão convencidas de que os Nguesso agregaram a Asperbrás aos seus interesses patrimoniais. Os Colnaghi têm crescido em negócios centro-africanos, às vezes apoiados pelo empresário Maxime Gandzion, predileto dos Nguesso para contratos de petróleo.
No Brasil mantêm relações fluidas com Palocci, um dos mais discretos caciques do PT, ex-ministro e chefe da campanha eleitoral de Lula em 2002 e de Dilma em 2010. Costumam emprestar-lhe aviões da frota familiar, especialmente um modelo Citation (prefixo PT-XAC).
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