Cidades lideram o ranking dos imóveis mais caros do Brasil, onde novos empreendimentos em localizações premium já nascem com metro quadrado de até R$ 26 mil
Uma das ruas mais bem localizadas, calmas e arborizadas de São Paulo, a General Mena Barreto, no bairro do Jardim Paulista, atrás do hotel Unique, está prestes a ser o endereço do lançamento imobiliário com metro quadrado mais caro na história da cidade. Com apresentação oficial marcada para os próximos meses, o prédio da JHSF projetado pelo arquiteto argentino Pablo Slemenson (responsável também pelos edifícios Chateau Lafite e Chateau Margaux, na Vila Nova Conceição, cujas metragens estão entre as mais valorizadas da capital) tem seu metro quadrado cotado em R$ 26 mil. O que significa que cada um dos seis apartamentos tipo, com 371 m² cada, sairá a partir de R$ 9,6 milhões, e a cobertura duplex, com 727 m², não custará menos de R$ 18,9 milhões. Valor 43% acima do recorde anterior, pertencente a outra cobertura duplex, com 448 m², em edifício recém-lançado em Moema pela Cyrela, segundo levantamento da Geoimovel. “A escassez de espaço para novos empreendimentos de alto padrão em regiões muito valorizadas é o que faz o valor subir tanto, principalmente entre os imóveis mais antigos e bem localizados”, afirma José Eduardo Cazarin, da Axpe Imóveis. E, contrariando as previsões do mercado que fala em desaceleração, Fernando Sita, diretor geral da Coelho da Fonseca, responsável pelo lançamento milionário nos Jardins, garante que nos próximos três anos os imóveis desse nicho poderão valorizar de 15% a 20%. “Ainda tem muito para crescer. Estamos longe do teto de preços”, diz.
Se o aquecimento realmente continuar nesse ritmo, muito em breve alguns imóveis antigos localizados em regiões nobres de São Paulo e Rio de Janeiro poderão chegar ao mesmo patamar de apartamentos com vista para o Central Park, em Nova York, onde o metro quadrado gira em torno dos US$ 45 mil. No Brasil, o ranking de apartamentos mais caros disponíveis para compra é liderado por uma cobertura duplex de 1 mil m² na Avenida Vieira Souto, Rio, cujo preço de venda gira em torno dos R$ 60 milhões. Rodeada de mistérios devido ao alto valor, sabe-se apenas que possui extensa varanda de frente para o mar, diversas salas e quatro suítes. “O preço dos imóveis na orla de Ipanema e do Leblon é um disparate. A apenas uma quadra da praia, um apartamento com 700 m² pode sair por seis ou sete milhões de reais”, afirma Marcia Arede, gerente de marketing da J.Tavares.
Mais:- avaliação não significa que a imobiliária foge à regra do mercado. Em sua carteira é possível encontrar, por exemplo, duas coberturas triplex no Leblon, com vista para o Morro Dois Irmãos e o Arpoador. A primeira, de 583 m², avaliada em R$ 35 milhões, tem cinco suítes, três vagas de garagem e condomínio mensal de R$ 6 mil (com direito apenas a portaria e segurança 24 horas). A outra, em um dos raros empreendimentos novos na Avenida Delfim Moreira, tem 771 m², cinco suítes, piscina e quatro garagens, e pode ser adquirida por R$ 32 milhões.
Ranking dos apartamentos à venda mais caros do Brasil Preço Localização Detalhes
R$ 60 milhões Ipanema (Av. Vieira Souto) Cobertura duplex de 1 mil m², quatro suítes, rodeado por varanda, de frente para o mar de Ipanema
R$ 50 milhões Itaim Bibi (R. Leopoldo Couto de Magahães) Cobertura triplex de 910 m², com nove vagas na garagem, quatro suítes e três dormitórios para empregados. Condomínio mensal de R$ 9.500
R$ 49 milhões Vila Nova Conceição Cobertura de 1.379 m²
R$ 48 milhões Vila Nova Conceição (Praça Pereira Coutinho) Cobertura duplex de 822 m², com seis suítes, 10 vagas na garagem e piscina coberta
R$ 35 milhões Jardim Paulistano (R. Tucumã) Cobertura triplex com mais de 1 mil m²
R$ 35 milhões Leblon (Av. Delfim Moreira) Cobertura triplex de 583 m², com cinco suítes, trÇes vagas de garagem, adega, piscina e taxa de condomínio de R$ 6 mil
R$ 32 milhões Leblon (Av. Delfim Moreira) Cobertura triplex de 771 m², com piscina, vista para o mar, cinco suítes e quatro vagas de garagem
R$ 30 milhões Copacabana (Av. Nossa Senhora de Copacabana) Cobertura com 1.018 m², seis quartos, duas suítes, piscina, chafariz, sauna, churrasqueira e três vagas na garagem
R$ 30 milhões Itaim Bibi (R. Horácio Lafer) Cobertura duplex de 1.145 m² em prédio assinado pelo arquiteto Daniel Libeskind
R$ 26 milhões Jardim Paulista (R. Peixoto Gomide) Cobertura Triplex de 820 m², com cinco suítes, oito vagas de garagem e condomínio de R$ 6.700
Em São Paulo
Valores de metro quadrado compatíveis com o de áreas nobres em bairros como Vila Nova Conceição, Itaim Bibi e Jardins, em São Paulo. “Não se pode falar em um preço médio para o bairro inteiro, porque têm pequenas áreas dentro deles que são muito melhor localizadas”, explica Sita, que tem hoje disponível em seu portfólio um caso claro desse tipo de distinção. Localizadas em pontos diferentes da Vila Nova Conceição, uma cobertura de 822 m², próxima à Praça Pereira Coutinho, está à venda por R$ 48 milhões, enquanto outra, um pouco mais distante do quadrilátero de ouro, mas com 1.379 m² vale apenas R$ 1 milhão a mais. Diferença que cai um pouco quando se trata de apartamentos tipo. No edifício L’Essence (na rua João Lourenço), por exemplo, um imóvel de 726 m², com cinco suítes e oito vagas de garagem está disponível por R$ 22 milhões, enquanto outro, de 700 m², na mesma praça Pereira Coutinho, está no mercado por R$ 25 milhões.
Mas se o bairro vizinho ao parque do Ibirapuera reúne o maior número de apartamentos de alto padrão por quarteirão paulistano, está no Itaim Bibi, no trecho entre as ruas Tabapuã, Horácio Lafer e Leopoldo Couto de Magalhães, próximo ao Parque do Povo, um dos imóveis mais valorizado da cidade. À venda por R$ 50 milhões, o triplex de 910 m² na rua Leopoldo Couto de Magalhães tem nove vagas na garagem , quatro suítes e três dormitórios para empregados e ainda vem com taxa mensal de condomínio de R$ 9.500 de condomínio (para uso do salão de festas, spa, piscina e quadra de esportes). “Mas cerca de 70% do cálculo do condomínio em qualquer imóvel de alto padrão é referente à segurança”, lembra Sita.
Na mesma região, a cobertura duplex de 1.145 m², ainda em construção no edifício Vitra, assinado pelo arquiteto Daniel Libeskind , está avaliada em R$ 30 milhões (preço 50% acima do estimado durante o lançamento do projeto, em novembro de 2010). E, com vista para o Jockey Club de São Paulo, o triplex de mais de 1 mil m² no topo do edifício Vila Europa, na Rua Tucumã, sai por R$ 35 milhões.
Mudanças no mercado
Se a tendência de alta no mercado de alto padrão não muda, o mesmo não se pode dizer do público. “Há dez anos os compradores desse tipo de imóvel eram empresários de 55 a 60 anos. Hoje a faixa etária caiu para 45 anos e entraram novos consumidores do mercado de tecnologia, médicos e advogados querendo morar melhor”, avalia o diretor da Coelho da Fonseca. O desejo de viver em edifícios reconhecidos por seu alto padrão faz até mesmo com que uma única pessoa ocupe imóveis de mais de 700 m² pelo simples prazer de morar bem.
Fonte: IG