A revista Época traz neste final de semana uma reportagem especial sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de "fatiar" a Operação Lava Jato, enfraquecendo-a de modo a permitir a possibilidade de impedir a punição dos corruptos e ladrões integrantes da maior organização criminosa já ocorrida na história do Brasil. Aliás, isto ficou muito evidente para a opinião pública e se refletiu imediatamente pelas redes sociais que se transformaram na caixa de ressonância da sociedade brasileira.
Antes das redes sociais era difícil perscrutar com exatidão o que se passava na cabeça dos cidadãos comuns longe do centro do poder. Hoje não. E esta é uma realidade que não dá para escamotear e que chega a tornar ridículas certas análises e notícias plantadas da grande mídia.
Desmembrar os inquéritos da Lava Jato presididos pelo Juiz Sérgio Moro foi uma decisão completamente descabida levada a efeito pelo Supremo e que causa justificada revolta da esmagadora maioria dos Brasileiros.
"Fora da Corte - diz Época - todos se perguntavam: por que agora? O que mudou? A quem interessa essa mudança? Desde abril do ano passado, réus tentavam retirar o julgamento do Paraná, sob o argumento de que o Tribunal competente era o do Rio de Janeiro, sede da Petrobras. Mas diferentes subsidiárias da estatal foram envolvidas na investigação e o STF avaliou que os casos deveriam continuar com o juiz Moro. Nenhum dos ministros explicou a razão dos súbito cavalo de pau nessa interpretação".
Seja como for, já há, segundo a reportagem de Época providências no âmbito da Procuradoria Geral da República, de forma a contrarrestar a inusitada decisão do STF, ou seja, tentar salvar aquela que é considerada a mais bem sucedida operação da Polícia Federal no combate à corrupção e à roubalheira em toda a história do Brasil.
FORÇA-TAREFA VOLANTE
Por isso, a decisão do Supremo de desmembrar a Lava Jato teve a imediata repulsa da força tarefa sediada em Curitiba, onde prossegue o inquérito, conforme relata a reportagem de Época:
“Terrível” e “péssima” foram algumas das palavras usadas por investigadores para classificar a ordem do Tribunal. Nos próximos dias, procuradores que coordenam as investigações da Lava Jato vão esquadrinhar uma nova estratégia para enfrentar o desmembramento dos processos da operação.
A Procuradoria-Geral da República acredita que para garantir o mesmo padrão nas investigações – que poderão ficar espalhadas por todo o Brasil – será preciso estabelecer novos grupos e metodologias de trabalho. Hoje o grupo que coordena a Lava Jato está concentrado no gabinete do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e em Curitiba.
O temor do grupo é que as investigações percam fôlego e apoio popular. Outro receio é o compartilhamento em massa de informações - sublinha Época.
Uma das medidas em análise é a criação de uma “força-tarefa volante” - revela a reportagem de Época - entre os procuradores que já atuam na Lava Jato. A ideia é que eles possam rodar entre as cidades que venham a ter investigações em curso auxiliando os integrantes do MPF na contextualização dos casos em apuração.
Ainda que o Supremo tenha decidido pelo desmembramento, a orientação da PGR é a de manter a visão de uma única organização criminosa que atuava em todo o país e em diversos órgãos públicos.
A PGR deve ainda preparar um manual detalhando o método da organização, suas ramificações, personagens e atuação, como forma de garantir a unidade dos inquéritos.
setembro 26, 2015
FONTE - http://resistenciademocraticabr.blogspot.com.br/2015/09/um-plano-para-salvar-operacao-lava-jato.html