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terça-feira, 8 de janeiro de 2013
O rigor estético de João Cabral
O diplomata e poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920-1999) utilizou em sua obra poética desde a tendência surrealista até a poesia popular, porém caracterizada pelo rigor estético, com poemas avessos a confessionalismos e marcados pelo uso de rimas toantes, inaugurando, assim, uma nova forma de fazer poesia no Brasil.
O poema “tecendo a Manhã” significa o sonho do poeta com um futuro construido por todos, livremente, para todos, isento de “armações”, maracutaias e intrigas. Um mundo verdadeiramente socialista?
TECENDO A MANHÃ
João Cabral de Melo Neto
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro: de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma tela tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livrre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
A propósito das repetitivas denúncias sobre obras superfaturadas no Brasil
Luiz de Moraes Rego Filho
Como engenheiro, não posso deixar de comentar sobre as denúncias feitas pela Rede Globo, no Fantástico, sobre “Obras Inacabadas e Superfaturadas” no nosso Brasil..um absurdo repetitivo!
Essas denúncias não sã novas. E constituem mais uma prova da inoperância dos agentes fiscalizadores e uma ratificação da debilidade das nossas leis. Entre as denúncias, observa-se claramente a usurpação da Lei 8.666 (de Licitações), que não é das melhores, mas é a que temos.
É inadmissível que o Tribunal de Contas da União faça apenas uma “recomendação” à Petrobrás, diante do “escândalo” mostrado sobre uma obra que teve seu preço inicial alterado, após o “processo licitatório”, em mais de 12 vezes. Isso não existe em lugar nenhum. Sem falar nas modificações de projetos, que acarretam aditivos e superfaturamentos.
O Ministério Público deveria agir e tudo ser devidamente averiguado, inclusive através de auditorias externas, para que os responsáveis (digo, irresponsáveis e desonestos de “carteirinha”) devolvam as vultosas quantias aos cofres públicos e em seguida sejam trancafiados.
O responsável pela Infraestrutura da Petrobrás, de forma “beócia” e acintosa, ainda vem com justificativas pífias, sem nenhum conteúdo técnico, dizer que “explicou tudo ao TCU”. Balela. Aliás, deveria ser feita também uma grande auditoria na Petrobras, que como se diz ironicamente que “já perdeu a caixa preta faz tempo”. Caixinha pretinha, como o caro petróleo que ela produz.
O acordo ortográfico - há mais o que fazer.
Mauro Santayana
Nada contra os gramáticos e seu ofício. Mas esse Acordo Ortográfico com os portugueses sempre pareceu forçado e inútil. Não é a ortografia que separa as duas línguas, o português brasileiro e o português de Portugal. É a própria visão de mundo, que se reflete na língua culta (escrita), e na conversação coloquial.
Durante muito tempo, a comunicação cotidiana no Brasil se fazia com a língua geral, que desapareceu, pouco a pouco, enquanto o português brasileiro se afirmava nos púlpitos, na poesia, nos documentos oficiais. Enriquecida dos vocábulos ameríndios e das línguas africanas, a língua brasileira começou a distinguir-se da que se falava em Portugal, contaminada, com o tempo, de francesismos e anglicismos.
Entre os grandes escritores portugueses do século 20, destacam-se alguns que viveram no Brasil, e se deixaram influenciar pela nossa linguagem própria, como foram, entre outros, Miguel Torga e Ferreira de Castro. Torga passou a adolescência em Leopoldina, Minas, e Ferreira de Castro viveu dos 12 anos até a idade adulta nos seringais e rios amazônicos. Os dois se encontram entre os maiores escritores portugueses do século 20. E um dos melhores livros sobre a vida amazônica da primeira metade do século 20 é o de Ferreira de Castro, A Selva. É na leitura de Saramago e Aquilino Ribeiro, pelos brasileiros, e de Jorge Amado e Guimarães Rosa, pelos portugueses, que os dois universos intelectuais se encontram.
DESAGRADO
O Acordo pode ter agradado aos que o sugeriram e trabalharam na simplificação ortográfica, mas desagradou a grandes escritores de um e do outro lado do Atlântico. Os jornais portugueses, e seus melhores escritores, o rejeitam. Muitos acusam o Brasil de exercer imperialismo cultural e econômico nas negociações do Tratado (vide o gif que ilustra este post). Em nosso país, fora alguns gramáticos (nem todos) e alguns jornalistas, o desagrado é geral.
Com o abastardamento da linguagem, na redução do vocabulário e na particular ortografia das redes virtuais, uma linguagem escrita que assegure a reprodução exata dos fonemas é necessária, a fim de que se preserve a linguagem e se mantenha a mesma forma culta em todo o território brasileiro.
Sinais gráficos como o trema e o acento circunflexo são indispensáveis para manter a identidade entre as letras e os sons.
A presidente Dilma Rousseff agiu com prudência ao prorrogar por mais três anos a obrigatoriedade do cumprimento do Acordo. Ela atendeu à pressão dos portugueses e dos países da CPLP, mas prestou grande serviço aos brasileiros. Seria o caso de os nossos jornais, que entraram no jogo dos gramáticos, voltarem à ortografia em uso.
É de se esperar que esses três anos devolvam o bom-senso aos legisladores daqui e “d’além-mar”, para deixar as coisas tal como elas se encontram. Temos mais o que fazer, no Brasil e em Portugal, do que banir o trema, o acento circunflexo e o hífen. E, sem tais recursos, fica mais difícil aprender a falar bem, e a pensar com clareza.
(do Blog do Santayana)
Crise no PT: Olívio Dutra diz que Genoino errou ao assumir vaga na Câmara
Juremir Machado da Silva
Ontem, não tive tempo de analisar aqui o diálogo entre o ex-governador Olívio Dutra e o deputado federal José Genoíno no programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba, que vai ao ar todos os dias 13 às 14 horas, comigo e Taline Oppitz.
Olívio, um petista de verdade
Eu tirei o chapéu para Olívio pela coragem, pela franqueza, pela atitude. Não entrei no mérito da questão. Nem entrarei. Olívio mostrou fibra, ética e coragem: disse a Genoíno que, no seu entender, ele não poderia ter assumido na Câmara dos Deputados estando condenado.
Não interessa saber se Olívio está certo ou errado. Interessa é salientar que ele não se escondeu, não pipocou, não se constrangeu, não se escondeu, não temeu a saia justa. Disse o que pensava.
Criticou os erros do PT, validou o julgamento do STF, afirmou que mesmo o presidente Lula deveria ser mais claro sobre tudo o que aconteceu, reconheceu o mensalão como compra de apoio partidário, não tergiversou, não se calou.
Foi aberto, escancarado, sincero. Eu admiro as pessoas que não recuam. Tem muito gente achando que Olívio fez o jogo da direita, que, mesmo falando a sua verdade, serviu aos interesses dos inimigos, que fez gol contra.
Olívio falou sobre isso. Disse que estava agindo conforme a sua consciência. Genoíno também não se intimidou. Mostrou tranquilidade e e elegância. Garantiu ter tomado posse dentro da lei, reafirmou que se considera inocente, disse ter sido condenado sem provas, que os empréstimos validados com a sua assinatura foram legais e pagos pelo PT, garantiu estar em paz consigo.
Salientou ter recebido carta de apoio do grande intelectual Antonio Cândido, um dos maiores críticos literários da história do Brasil, que está velhinho e sempre foi visto como uma das consciências morais do país.
Poucos petistas ou não petistas fizeram publicamente um balanço dos erros do seu partido tão franco quando Olívio Dutra no Esfera Pública. Poucos políticos foram tão diretos diante de um companheiro de partido.
Uma história resume Olívio e seu jeito de ser: ele lembrou do tempo em que Lula vinha a Porto Alegre, de ônibus, e dormia no seu sofá do seu modesto apartamento no Passo da Areia, onde continua morando. – O apartamento ainda é o mesmo, só o sofá melhorou um pouco – disse.
Olívio Dutra atualizou um velho orgulho gaúcho, o dos políticos honestos, retos, de palavra, os homens do fio de bigode como garantia. E que bigode!
Imóveis terão norma com classificação de qualidade
Ouvir todas as conversas do vizinho por causa das paredes muito finas do apartamento.
Correr o risco de levar um tombo na área comum porque o piso é escorregadio demais.
Ou ter de aspirar dentro da própria casa a fumaça que vem do estacionamento.
Quem passa por problemas como esses já deve ter se perguntado se há padrões mínimos de qualidade para os empreendimentos residenciais.
A resposta é que, embora existam muitas normas prescritivas sobre materiais a utilizar e processos a seguir em uma obra, não há um documento único que estabeleça referenciais mínimos para uma boa habitabilidade.
Quem passa por problemas como esses já deve ter se perguntado se há padrões mínimos de qualidade para os empreendimentos residenciais.
A resposta é que, embora existam muitas normas prescritivas sobre materiais a utilizar e processos a seguir em uma obra, não há um documento único que estabeleça referenciais mínimos para uma boa habitabilidade.
A primeira norma desse tipo será publicada neste mês.
A previsão é da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que edita o documento
"Edificações habitacionais -- Desempenho".
"Com prescrição [as normas prescritivas], você define receitas de bolo, não cobra resultados.
"Com prescrição [as normas prescritivas], você define receitas de bolo, não cobra resultados.
O que interessa agora é o comportamento em uso no edifício", diz Carlos Borges, vice-presidente
de tecnologia e qualidade do Secovi-SP (sindicato de habitação), que coordenou a comissão.
Segundo Geórgia Grace, assessora técnica da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção),
Segundo Geórgia Grace, assessora técnica da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção),
o conteúdo técnico foi finalizado, após ter sido discutido por mais de dez anos por empresas,
institutos de pesquisa e entidades: "Falta só a formatação do texto", diz ela, que descarta mudanças.
Após a publicação, a norma, com mais de 300 páginas, passará a valer em 150 dias.
Após a publicação, a norma, com mais de 300 páginas, passará a valer em 150 dias.
Atingido o prazo, a incorporadora que lançar um empreendimento terá de seguir as regras
previstas.
O QUE MUDA
O documento, considerado um marco no setor de construção civil, institui níveis mínimos de
O QUE MUDA
O documento, considerado um marco no setor de construção civil, institui níveis mínimos de
qualidade em diversos quesitos, como acústico, térmico e de iluminação. Além disso, define a
durabilidade de uma edificação em diversos sistemas, como de estrutura, paredes, revestimento e
pisos.
Em relação à parte acústica, é definido um nível máximo de ruído em caso de imóveis em "condições normais". Próximo a estádios, linhas de trem ou aeroportos, onde há sons mais altos, o incorporador será obrigado a medir o barulho na área do imóvel e criar medidas específicas de isolamento, diz Fabio Villas Bôas, coordenador que encerrou os trabalhos.
"Você vai saber se os passos que ouve são um problema da construção ou se há um vizinho que está dançando tango", completa.
Geórgia lembra que a construtora também poderá usar a norma para se defender em possível
Em relação à parte acústica, é definido um nível máximo de ruído em caso de imóveis em "condições normais". Próximo a estádios, linhas de trem ou aeroportos, onde há sons mais altos, o incorporador será obrigado a medir o barulho na área do imóvel e criar medidas específicas de isolamento, diz Fabio Villas Bôas, coordenador que encerrou os trabalhos.
"Você vai saber se os passos que ouve são um problema da construção ou se há um vizinho que está dançando tango", completa.
Geórgia lembra que a construtora também poderá usar a norma para se defender em possível
um processo.
Fonte: Folha de S.Paul
o
Fonte: Folha de S.Paul
o
Era só que faltava: PPS vai pedir quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico de Rosemary Noronha
Infelizmente, não pude viajar até São Paulo e fazer plantão na 5ª Vara Federal, para saber se Rosemary Noronha compareceu a juízo ou descumpriu a determinação da juíza Adriana Zanetti. Há alguns dias, o advogado Celso Vilardi adiantou que sua cliente cumpriria a ordem judicial se fosse intimada, embora a determinação judicial seja clara, obrigando a companheira de viagens de Lula a comparecer em juízo de 15 em 15 dias. Como nenhum jornal noticiou a ida dela, acho que ela não foi. Certamente está muito atarefada, cheia de compromissos profissionais e sociais, é compreensível.
Mas não adianta esconder tanto a ex-chefe do Gabinete da Presidência da República em São Paulo. Queira ou não, ela vai ter de se apresentar diante da juíza Adriana Zanetti, caso contrário poderá ser presa por desobediência a ordem judicial. E os 15 dias do prazo da juíza se completaram ontem, dia 7.
E o pior é que o PPS decidiu solicitar a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Rosemary Noronha ao Ministério Público Federal de São Paulo. Segundo a assessoria de imprensa do partido, a representação será entregue à Procuradoria nesta quarta-feira.
Além disso, o PPS já protocolou um requerimento pedindo que a Comissão Representativa do Congresso Nacional cobre informações do Ministério da Fazenda sobre a participação de Rosemary nas negociações que definiram o comando do Banco do Brasil e do fundo de pensão de seus funcionários, a Previ, e a compra do banco Nossa Caixa pelo BB.
INTIMIDADE COM LULA
Segundo a Folha, o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), diz que as informações serão úteis para esclarecer o esquema montado pela ex-chefe da Presidência em SP. “Ela gozava da intimidade do ex-presidente Lula para fechar negócios escusos. A quebra dos sigilos desta senhora é fundamental para esclarecer toda essa sujeira. Inclusive para saber se houve envolvimento, ou não, do ex-presidente da República nessa história”, afirmou o parlamentar, em declarações ao jornal paulista.
Como se sabe, Rosemary é ex-chefe do gabinete da Presidência da República no Estado e foi apontada pela Polícia Federal como integrante de um esquema de venda de pareceres fraudulentos do govero, desvendado na Operação Porto Seguro.
Depois a eclosão do escândalo, os dirigentes da Polícia Federal alegam que só quebraram o sigilo do e-mail de Rose e nem chegaram a pedir que se quebrasse também o sigilo telefônico. Mas a medida logo levantou suspeitas, porque a rotina na PF é primeiro quebrar o sigilo telefônico. Somente depois, quando há evidências, é que são quebrados os sigilos de e-mail e bancários.
A explicação é de que a PF não quebrou o sigilo telefônico de Rose para evitar que o ex-presidente Lula fosse submetido a constrangimentos, em função da intimidade das conversas entre ele e a ex-assessora. Neste caso, não há dúvida de que a Polícia Federal agiu certo, porque a vida particular de Lula só interessa a ele e à sua família. Mas a oposição acha que tem o direito de devassar as conversas entre Lula e Rose, porque o então presidente usou recursos públicos para agradar a companheiras de viagens e a família dela, dando emprego até ao ex-marido de Rose, que usou um diploma falso de curso superior para fazer jus à elevada função. Ah, Brasil…
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