domingo, 2 de junho de 2013

Sede de indignação -Cristovam Buarque


O presidente do STF teceu duras críticas aos representantes do povo e o povo aplaudiu, não viu como uma ameaça às Instituições Democráticas, ao contrário, ampliou sua admiração pelo ministro Joaquim Barbosa.
A razão é simples: ele mostrou indignação, exatamente o que sempre tem faltado na política brasileira.
A reforma política que o Brasil precisa só ocorrerá quando os brasileiros sentirem indignação com os “partidos de mentirinha” e demais deficiências do nosso sistema político apontadas pelo ministro Barbosa.
Por séculos convivemos sem indignação com o absurdo da escravidão, inclusive de antepassados do ministro. A ideia da abolição só começou a se espalhar quando seus defensores passaram ao povo o sentimento de indignação moral contra a escravidão.
Enquanto os argumentos eram econômicos – “o trabalho livre é mais inteligente e produtivo” -; ou ideológicos - “a escravidão não é condizente com o espírito da época” -, a abolição não era entendida, nem sentida, não indignava.
Quando o discurso passou a ser ético, apresentando a escravidão como uma vergonha nacional, o assunto passou a crescer, até prevalecer.
Na Inglaterra, o grande abolicionista William Wilberforce reconheceu que a ideia da abolição só cresceu quando ele e seus companheiros de luta saíram do discurso lógico e provocaram indignação popular contra a escravidão. A abolição foi o resultado da força moral que surgiu da indignação.
Assim também não adianta apenas argumentos lógicos para justificar a necessidade da abolição do analfabetismo – a escravidão do século XXI; é preciso que os brasileiros sintam indignação com o fato de que para abolir o analfabetismo só precisamos de R$ 1,6 bilhão ao ano, por apenas quatro anos, de uma renda nacional de R$ 4,5 trilhões, empregando por dez horas semanais apenas 125 mil dos atuais 1,6 milhão de universitários que estudam com financiamento público.
Só agiremos quando sentirmos vergonha por não podermos colocar, em 2014, em frente de cada aeroporto, uma placa dizendo: “Você está entrando em um território livre do analfabetismo”.
Da mesma forma, não basta dizer e mostrar que o Brasil não tem futuro, na economia ou na sociedade, se não colocarmos todas nossas crianças em escolas com a mesma-máxima-qualidade.
É preciso indignar-se com a falta de qualidade e com a desigualdade da educação. Os argumentos lógicos fracassaram, é a vergonha de não despertar o espírito nacional para resolver o problema.
Houve um tempo em que precisávamos de consciência, agora precisamos de raiva e vergonha. Por isso, o presidente do STF é capaz de enfraquecer a independência dos Três Poderes ao denunciar os partidos, os congressistas e, portanto, o Congresso Nacional, e mesmo assim ser aplaudido.
Mesmo sendo verdadeiras as declarações, os aplausos não se justificariam do ponto de vista lógico das Instituições Democráticas, mas se explicam moralmente: o povo está com sede de indignação.

Cristovam Buarque é professor da UnB e senador pelo PDT-DF.

A educação que se dane, por Mary Zaidan


Aloizio Mercadante. Esse é o nome que a presidente Dilma Rousseff sacou para auxiliar na articulação política do governo, que degringola dia após dia, ainda mais depois que o ex-presidente Lula inventou de antecipar o calendário eleitoral de 2014.
Aloizio Mercadante. O mesmo que em 2006 seria o único beneficiário do malogrado dossiê dos aloprados do PT; que três anos mais tarde, como líder do PT no Senado, protagonizaria a inesquecível e hilária cena de renunciar à “renúncia irrevogável” que fizera dias antes.
Que se tornou unha e carne da presidente, auxiliar de extrema confiança, conselheiro
Que deve coordenar a campanha de reeleição de Dilma ou ser candidato do PT ao governo do São Paulo caso os novatos que Lula prefere não ganhem músculos. Que é ministro da Educação.
Isso mesmo. Ministro da Educação.
Ministro da Educação de um País que continua amargando os últimos lugares no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), realizado com jovens de 15 anos a cada três anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), ficando atrás de Trindade e Tobago e Jordânia. Que não oferece ensino médio a quase 50% de seus jovens (Pnad 2010).
Que ainda tem 14,2 milhões de analfabetos. Que vê seu número de leitores caindo todos os anos (- 9,1% de acordo com a edição 2012 da pesquisa Retratos da Leitura da Fundação Pró-Livro), mesmo considerando a leitura de jornais, revistas e internet. Onde só 25% da população sabem ler e interpretar um texto.

Aloizio Mercadante, Ministro da Educação

Dilma, que discurso sim outro também coloca a educação como prioridade número um de seu governo, nem mesmo esconde que mente como faz a maior parte dos políticos que adora bater na tecla de mais saúde, mais educação.
Prefere que seu ministro da área se junte às atrapalhadas ministras Gleisi Hoffman e Ideli Salvatti, de dedicação exclusiva, na solução do imbróglio do Congresso Nacional, onde a acachapante maioria – uma base de 80% dos parlamentares – insiste em colocar o governo em apuros.
Mercadante dificilmente terá êxito. Até porque o buraco – como os mais experientes já alertaram dúzias de vezes – é mais embaixo. Enterram-se na soberba de Dilma, na humildade zero. Desvios que, dizem, também habitam a persona de Mercadante.
Que Mercadante possa ajudar, talvez.
Mas o que chama atenção é o descuido, pior, o descaso. Dilma confessa que quer o ministro na tarefa político-parlamentar como se a pasta que ele ocupa fosse tão desimportante como boa parte das 39. Com isso a presidente reincide na sua disposição de fazer o diabo para se reeleger. A educação? Essa que se dane.

Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa'. Escreve aqui aos domingos. @maryzaidan

Crepúsculo tumultuado


Dorrit Harazim, O Globo
Nelson Mandela bem que merecia tratamento mais generoso neste crepúsculo de sua fértil, radiosa e decisiva vida pelos séculos 20 e 21. Uma figura pública tão idolatrada mundo afora e tão recatada na esfera privada deveria ter direito a cuidados especiais.
Pois as notícias vindas da África do Sul são ruins. O indefectível sorriso largo e suave já incorporado às suas feições, e que nenhum bípede sem a alegria de viver no DNA conseguiria simular ao longo de 94 anos, começa a dar apagões. Não tanto pela idade avançada ou saúde debilitada. Para ele, o mais difícil de digerir talvez seja o comportamento dos humanos à sua volta.
Uma dessas ocasiões pouco edificantes ocorreu no final do mês de abril. Fazia nove meses que o povo sul-africano não via imagens do seu adorado Madiba, devido a quatro preocupantes internações hospitalares em menos de um ano, e o líder histórico da luta contra o apartheid finalmente tivera alta.
Ocorreu então à cúpula do African National Congress (ACN), partido que Mandela liderou por décadas e que o elegera primeiro presidente negro do país, quase vinte anos atrás, aproveitar a ocasião e forçar uma visita a ser transmitida pela emissora estatal SABC.
O que se viu foi deprimente: nove integrantes da cúpula do partido aboletados atrás da poltrona de Mandela, e um, o presidente Jacob Zuma, sentado na poltrona ao lado, segurando a mão esquiva e rígida do Nobel da Paz.
A imagem tem um quê da foto montada em 1985 no Hospital de Base de Brasília para mostrar um presidente eleito (mas jamais empossado, pois morreu antes), Tancredo Neves, com a equipe médica.
No caso da encenação sul-africana, Mandela permaneceu impassível, com expressão soturna no olhar, mais por irritado. Os pedidos de sorrir para os smartphones dos visitantes foram respondidos com silêncio gélido.
Indignado, o clã familiar acusou os políticos de terem invadido a privacidade do patriarca, explorado sua fragilidade e procurado ganhar dividendos políticos. No entanto, quando chegou a sua vez de precisar de dividendos, não fez diferente.
Para desgosto de Mandela, chegou aos tribunais do país a disputa agora pública que duas das três filhas do ex-presidente travam com George Bizos, o amigo histórico e advogado de confiança do pai, pelo controle de dois fundos de investimento do patrimônio a ser herdado.
Apesar de ter sido o próprio Mandela que delegara plenos poderes de gestão a Bizos, as filhas contestam a validade dessa decisão e contestam a legitimidade gerencial nos fundos do advogado que defendeu Mandela da acusação de sabotagem e conspiração contra o Estado racista 50 anos atrás.
Até por ter passado 27 anos de sua vida preso, Mandela gostaria de prover um mínimo de segurança financeira para as filhas, 17 netos e 14 bisnetos. A julgar pelas amostras, contudo, a dilapidação será mais rápida.
De todo modo, em matéria de exposição pública da vida privada de um homem tão fidalgo, nada será tão doloroso como foi o fim de seu casamento com Winnie Mandela, sua segunda mulher. Vale recordar o que já foi descrito quinze anos atrás.
Desde sua libertação do cárcere de Robben Island, em 1990, Mandela constatara que o matrimônio que sobrevivera a 32 anos de luta mas conhecera apenas seis anos de convivência deixara de existir.
Durante a longa ausência do marido, Winnie fora presa várias vezes, continuara militando, passara a comandar a ala feminina do partido e se tornara admirada no país como a “Mãe da Pátria”. Adquiriu poder, cercou-se de guarda-costas e tornou-se polêmica.
Mandela procurou uma separação amigável, mas a vulcânica Winnie, à época já acusada de várias violações e irregularidades, não aceitou. Para não interferir no andamento dos vários processos a que a esposa respondia, o marido, já então eleito presidente da África do Sul pós apartheid, aguardou dois anos em silêncio.
Em 1996, recorreu à Corte Suprema de Johannesburgo. Durante dois intermináveis dias de audiências transmitidas ao vivo para um país eletrizado, Madiba recorreu em juízo ao argumento-chave que desejou não ter de usar: Winnie era adúltera, mantinha há anos um relacionamento com um jovem advogado do partido.
Raras vezes, nestes tempos de todo-mundo-conta-tudo, um adultério foi descrito com tanta mesura: “Fui o homem mais solitário durante o último período em que estivemos juntos... Winnie jamais vinha para o nosso quarto se eu estivesse acordado...”, resumiu. “Apelo à Corte para não me fazer perguntas que me obriguem a arranhar a imagem da acusada e a causar dor a nossas filhas e netos...”
Winnie ainda tentou um acordo de US$ 5 milhões em troca do divórcio. Renunciou a seu segundo mandato de deputada federal por envolvimento num escândalo fiscal e prestou testemunho perante a Comissão da Verdade e Reconciliação por várias acusações de violações de direitos humanos e abusos de poder. Atualmente está em seu terceiro mandato parlamentar.
Já Nelson Mandela foi tocar o que lhe restava de vida privada após o doloroso divórcio. Aos 77 anos, iniciou um romance com Graça Machel, a viúva do ex-presidente de Moçambique, 26 anos mais jovem, e com ela está casado até hoje.
A consagrada escritora sul-africana Nadine Gordimer assim define seu conterrâneo tantas vezes chamado de “santo secular”: “Mandela é dotado de total ausência de vaidade e orgulho. O que ele tem é respeito por si mesmo. Só pode dar-se a esse luxo a pessoa que sabe quem é e o que fez da vida. Mandela sabe.”
Merece, portanto, ser deixado sossegado, a sorrir da vida. No dia 18 do próximo mês o mundo comemora o “Mandela Day”, dia de seu 95º aniversário e data oficializada pela ONU desde 2009 para se pensar nos outros. Antecipadamente, o mundo lhe deseja um feliz aniversário. E que a disputa pelo espólio político e patrimonial seja, pelo menos, mais discreta.

Dorrit Harazim é jornalista.

Charge do Duke


Chage O Tempo 02/06

Livre pensar é só pensar (Millôr Fernandes)


Esta foto é uma montagem de um ato falso de campanha eleitoral antecipada


Esta foto aí ao lado foi extraída pelo fotógrafo Pedro Rivillion, servidor do Palácio Piratini. Ela  apanha um flagrante montado e falso, porque não havia mais cancela alguma para Tarso erguer em Farroupilha, já que as 4h45m, a Convias, concessionária expurgada do local, retirou todas as cancelas da praça de pedágio, justamente imaginando o tipo de farsa que o governo do PT tentaria armar. A cancela empunhada por Tarso, não era do local onde foi extraída a foto, porque foi peneirada por um sindicalista da CTG no meio do mato.

As fotos extraídas no pedágio de Farroupilha, RS, traçam a trrajetória da vanguarda do atraso no seu dia de glória - uma sexta-feira negra da história do RS. Tarso Genro não explicou como vai pagar os R$ 3 bilhões dos desequilíbrios promovidos por Olívio na contabilidade das empresas concessionárias, não contou por que suprimiu desde este sábado os serviços de ambulância, banheiros, fraldários, socorro mecânico ("Pequenos luxos", segundo Rosane Oliveira, Zero Hora, que terá que ir para a beira da estrada quando for atingida por algum tipo de incontinência ao trafegar pelas estradas pedagiadas) e segurança. A partir de quarta, o governo do PT cobrará pedágios novamente, mas com 30% de desconto, o mesmo que ofereciam as concessionárias para renovar os contratos, obrigando-se, além disto, a manter os serviços e investir pesadamente na manutenção e expansão das rodovias. Nada disto fará Tarso. Ele só arrecadará em cima do que os outros fizeram, tudo para engordar a companheirada que se aboletou na EGR, outra estatal jurássica e desnecessária. O governo gaúcho entrou na contra-mão da história, porque até o governo Dilma Roussef adotou o modelo de concessões rodoviárias, sabendo que não tem dinheiro para investir na infraestrutura material, coisa que Tarso Genro e sua vanguarda do atraso recusam-se a reconhecer, mesmo sem dinheiro em caixa, depois de terem dilapidado o Tesouro. Eles inviabilizaram novamente o RS e ainda querem que o povo bata palmas.

Prédios na Índia terão piscinas no lugar das varandas



Um grupo de arquitetos resolveu inovar na construção de varandas para dois prédios que serão construídos em Mumbai, na Índia. No lugar de um espaço para cadeiras e mesas, eles colocaram piscinas cercadas de vidro. Conhecido como “Aquaria Grande”, os arranha-céus de 37 andares foram o resultado de uma colaboração entre o arquiteto James Law, de Hong Kong, com a companhia indiana Wadhwa Group, informou o jornal Daily Mail.

Dilma perdoou dívida de países africanos para ajudar empreiteiuras amigas, tudo de olho em 2014


A foto é oficial. Dilma na Etiópia, cercada por ditadores cruéis, presidentes emasculados e chefes tribais sem importância. Mademe reina como imperatriz vermelha no meio da rafuagem. 



Reportagem de VEJA desta semana mostra que, por trás de presente de US$ 840 milhões, está a necessidade de ajudar empreiteiras amigas do governo, Odebrecht à frente de todos. A Odebrecht é dona do Pólo Petroquímico de Triunfo e está metida em vários outros projetos, inclusive a Rodovia do Progresso.

. A reportagem é de Otávio Cabral. Eis os trechos mais relevangtes.

Na comemoração dos cinquenta anos da fudação da União Africana, realizada na semana passada na Etiópia, a presidente Dilma Rousseff deu aos anfitriões um presentão de 840 milhões de dólares. O valor equivale ao total da dívida que doze países do continente haviam contraído com o Brasil e que a partir de agora não terão mais de se preocupar em pagar. O governo  brasileiro os perdoou.


. Foi o pragmatismo eleitoral, mais do que a solidariedade aos povos sofredores, que orientou a decisão da presidente Dilma de perdoar a dívida dos países africanos. A questão é que empreiteiras, mineradoras e produtoras agrícolas que querem atuar nesses países com financiamento do BNDES (o órgão acaba de aprovar a criação de um escritório de representação na África do Sul). Ocorre que a legislação impede a concessão de benefícios a nações com dívidas atrasadas junto ao Brasil. Ao abrir mão da cobrança dos débitos, medida que ainda precisa ser aprovada pelo Senado, o governo pretende remover essa barreira – e deixar o caminho livre para as empresas amigas.

BLUES para este Domingão - Muddy Waters and the Band- Mannish boy (live)