sábado, 11 de março de 2017

CEGUEIRA DE UM PAÍS - por J.R.Guzzo


J. R. Guzzo

J.R.Guzzo

Taí o zéroberto de novo, com seu efetivo tacape, a desferir golpes certeiros. O novo artigo, colhido na coluna de Augusto Nunes, na Veja da semana passada, está reproduzido abaixo:

CONVITE ABERTO
O que impressiona é a cegueira de um país em que magistrados acham possível eliminar a corrupção sem reduzir ao mínimo indispensável o tamanho do Estado.
O texto que se segue não é uma piada. Também não faz parte de uma conspiração para desmoralizar a Operação Lava-Jato e os seus esforços contra a corrupção no Brasil. Trata-se apenas do relato resumido de alguns fatos da vida como ela é no Brasil de hoje – tão comuns que só aguentaram ficar no noticiário por alguns minutos, logo superados por outros de maior interesse, como a história da mulher acusada de contratar o próprio assassinato ou as instruções para sacar contas inativas do fundo de garantia. Esses fatos consistem no seguinte: durante todo o famoso ano de 2016, imortalizado por diversos dos mais heroicos combates jamais travados contra a corrupção no Brasil, algumas dezenas de cidadãos metiam loucamente a mão em dinheiro público a algumas centenas de metros em linha reta, ou pouco mais, da sala de trabalho de ninguém menos que o juiz Sergio Moro, na 13ª Vara da Justiça Penal Federal de Curitiba. Mais. Roubavam na Universidade Federal do Paraná, desviando verbas de bolsas estudantis – e o juiz Moro, em pessoa, é professor de processo penal na Faculdade de Direito da infeliz universidade roubada. Os delinquentes começaram seu trabalho em 2013; jamais lhes passou pela cabeça que não deveriam estar desviando verbas bem na cara do Ministério Público, da Justiça Federal e da polícia. Conclusão prática: após todo esse tempo de Lava Jato, das denúncias, prisões e condenações das maiores estrelas da corrupção nacional, e apesar da vizinhança física da força-tarefa anticorrupção, o medo que os corruptos têm de ser punidos é igual a zero. Para eles, não está acontecendo nada de diferente no Brasil – aliás, não está acontecendo nada de diferente nem em Curitiba. É como se o juiz Moro, o promotor Dallagnol e outros vice-reis da Operação Lava Jato estivessem despachando na Cochinchina.

É bom deixar claro, o mais claro possível, que as ações anticorrupção comandadas a partir do juízo federal de Curitiba compõem, possivelmente, a decisão mais acertada que o Poder Judiciário brasileiro já tomou em toda a sua história. É um fenômeno excepcional, para começar, porque passou a punir de verdade um tipo de crime que na vida real não era punido no Brasil. Além disso, mandou para a cadeia gente que jamais alguém imaginou que pudesse ser presa neste país: para ficar numa lista resumida, estão neste momento no xadrez, ao mesmo tempo, os empresários Marcelo Odebrecht e Eike Batista, o ex-governador Sérgio Cabral, os ex-ministros Antonio Palocci e José Dirceu, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, o ex-tesoureiro nacional do PT João Vaccari Neto, o ex-senador Gim Argello e mais uma penca de peixes graúdos. Quando aconteceu algo parecido? Uma salva de palmas para a Lava Jato, portanto, antes que alguém diga que estas linhas foram encomendadas pelo governo federal para divulgar a ideia de que a Lava Jato não adianta nada. Pelo governo ou pelo ex-presidente Lula e seus associados, que são os mais enterrados de todos nos processos de corrupção, mas segundo a ficção corrente já não têm mais muita coisa a ver com a ladroagem neurótica dos seus treze anos e meio de governo; o problema, pelo que se pode entender pelo noticiário, parece que é só dos que ficaram em seu lugar. Tudo bem – mas, sinceramente, em matéria de diminuir a corrupção, a Operação Lava Jato não adianta nada mesmo. Nem se diga acabar com a roubalheira; pelo que ficou demonstrado na Universidade Federal do Paraná, não está dando nem para diminuí-la um pouco. Dá para acreditar que o covil dos ladrões, durante esse tempo todo, estava num dos locais de trabalho frequentados pelo doutor Moro? Não há nada comparável em nenhum outro lugar do mundo. É artigo que não se imita, como diria Noel RosaOs ladrões de bolsas não impressionam pelos 7 milhões de reais que roubaram; por se contentarem com uma mixaria dessas, é capaz até de receberem um prêmio no final do julgamento. Não seria de todo estranho, num sistema judicial que presenteia com prisão domiciliar e outros benefícios réus confessos e condenados por roubar dezenas de vezes mais – desde que façam a “delação premiada”. O que impressiona é a cegueira de um país em que milhares de magistrados e milhões de cidadãos acham possível eliminar a corrupção sem reduzir ao mínimo indispensável o tamanho do Estado brasileiro – e as oportunidades que ele oferece para ser roubado, da construção de refinarias a bolsas de estudo. Não somos roubados porque estão faltando leis. Somos roubados porque a máquina pública convida os ladrões a roubar.

ESTÁ TUDO ERRADO E JÁ QUEBROU. MAS NÃO MEXE! - por Percival Puggina

 10.03.2017

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Percival Puggina

 Difícil entender a conduta de muitos brasileiros. A parcela mais significativa do eleitorado é, historicamente, sensível às mais demagógicas promessas populistas. A biografia de muitos que entraram para nossa história como líderes benquistos e o catálogo de suas principais realizações não resiste ao crivo da relação benefício-custo e ao escrutínio de suas consequências. O Brasil anda devagar e o futuro é um horizonte que se afasta. De Getúlio para cá, incluindo o próprio, o populismo nos presenteou pela urna Juscelino, Jânio, Collor, Lula e Dilma. Não era outro o ânimo dos vices Jango e Sarney. Escaparam-se, em tempos recentes, o saudoso Itamar Franco e FHC em sua primeira eleição como cavalo do comissário de um governo bem sucedido. Já não se diga o mesmo dele em 1998, pois a reeleição enviou às favas os critérios do primeiro mandato.

 Recordista mundial em número de sindicatos, o Brasil cria 250 novas organizações desse tipo por ano. Segundo a revista Veja, em outubro do ano passado, havia 16.293 deles, prontos para servir de sinecura a dirigentes e de complicador às relações de trabalho. O motivo pelo qual os temos em tal quantidade (125 vezes mais do que os Estados Unidos e 180 vezes mais do que a Argentina) é o mesmo pelo qual são tantos os nossos partidos políticos. Há muito dinheiro fácil para uns e outros.

 “Nenhum direito a menos!”, lia-se em faixa de passeata ocorrida há dois dias em Porto Alegre. “Queremos mais direitos e não menos!” proclamava outra, no mesmo evento. Ora, quem disse que muitos direitos são vantajosos ao trabalhador? Fosse assim, Portugal e Espanha estariam recebendo trabalhadores alemães e ingleses. No entanto, o que acontece é o contrário. Recursos humanos de países super-regulamentados migram para países onde as relações são mais livres. Aqueles têm as economias mais travadas e pagam salários mais baixos; estes são mais ágeis, prósperos e pagam salários mais altos. Li outro dia que na Venezuela, onde a lei proíbe a demissão de quem ganha salário mínimo, os trabalhadores, por motivos óbvios, têm medo de ser promovidos.

 Então, o Brasil preserva instituições irracionais, verdadeiras usinas de crises que promovem cíclica instabilidade da vida social e econômica. Cultua leis incompatíveis com o tempo presente como se fossem preciosidades jurídicas e esplêndidas realizações da generosidade política. Mas ai de quem propuser alteração em estatutos anacrônicos como os da previdência social e das relações de trabalho! Mas e o Brasil, deputado? Ora, o Brasil! Empregado tem nome e CPF. A empregabilidade não rende votos e o desempregado não tem sindicato.

A infeliz combinação de populismo, corrupção e leis erradas produziu a recessão, gerou 12,5 milhões de desempregados e derrubou a renda real dos brasileiros. Essa queda, porém, foi muito assimétrica, proporcionalmente maior para que ganha menos, chegando a 100% para o universo dos desempregados. Isso está muito errado!
Sim, mas não mexe, parecem dizer as próprias vítimas do perverso populismo e os eternos incendiários do circo alheio. Assim, o mero futuro já é uma utopia.

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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do sitehttp://www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

Curiosidades da História: Quem foi "O Arreda"?



Afonso Henrique Maria Luís Pedro de Alcântara Carlos Humberto Amadeu Fernando António Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis João Augusto Júlio Valfando Inácio de Bragança, era este o nome do único irmão de D.Carlos, filho de D.Luís e D. Maria Pia de Sabóia.
Foi Duque do Porto, Condestável de Portugal e o último vice-rei da Índia Portuguesa. General do exército, inspector da arma de artilharia e comandante honorário dos bombeiros voluntários da Ajuda.


Chegou a ser nomeado pela corte,  herdeiro da coroa, durante o reinado de D.Manuel II seu sobrinho. Após a implantação da Republica, exilou-se em Itália, com a sua mãe. Casou-se em Madrid em 1917, com 
Nevada Stoody Hayes, cidadã norte americana, desse casamento morganático (quando alguém de sangue real se casa com pessoa de condição inferior não transmitindo prerrogativas) não teve filhos. 

Faleceu em Nápoles em 1920 com 54 anos e encontra-se sepultado no Panteão dos Bragança em S. Vicente de Fora, Lisboa, para onde foi trasladado em 1921. 

Ficou conhecido em Lisboa pelos seus gritos de "Arreda, arreda" quando conduzia automóveis pela cidade.Amante de carros e de velocidade, corria pelas ruas no seu automóvel aos gritos «Arreda, Arreda!» para que as pessoas saíssem da frente, o que lhe valeu o cognome.

Em 1901, foi publicado o primeiro Código da Estrada, que determinava um limite máximo de 10 km por hora. Por excesso de velocidade, o infante foi o protagonista de um dos primeiros desastres em Portugal, quando o carro derrapou, na estrada entre Sintra e Cascais – os jornais de 27 de Agosto de 1906 deram conta desse acidente, que deixou "Sua Alteza com uma costela quebrada".

Foi responsável pela organização  das primeiras corridas de carros em Portugal. A primeira corrida foi em Agosto de 1902, no hipódromo de Belém, organizada por D. Afonso. Ao despique, um Locomobile conduzido pelo americano Abott, um Panhard et Levassor conduzido pelo francês Beauvalet e um Darracq conduzido por Alfredo Vieira. E o Fiat de D. Afonso. Dez voltas, quatro objectos de arte em disputa e vitória de Abbot – «com um avanço de quase duas voltas sobre os outros dois concorrentes».

Fontes:
Revista Sábado
wikipédia (imagens)

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FONTE - http://estoriasdahistoria12.blogspot.com.br/2017/03/curiosidades-da-historia-quem-foi-o.html

PROCURA-SE - por Marli Gonçalves



Marli GonçalvesMarli Gonçalves


Prepare-se. Há uma missão a ser cumprida pessoalmente nas ruas. Não dá para botar anúncio. As cidades ficariam entulhadas de cartazes se pudéssemos neles expressar tudo o que andamos perdendo ou só procurando; aliás, precisando desesperadamente procurar. E achar, mais urgente ainda. Sem recompensa.


Procura-se. Um presidente. Não é para agora, já, assim tipo tão imediatamente. Ainda temos alguns meses, mas são poucos – calcula – dá pouco mais de 500 dias. E vamos precisar procurar em tudo quanto é buraco para ver se surge alguém que preste, novo, um quadro político sério que surja depois desse expurgo geral a que assistiremos esquentar a brasa nos próximos dias com a revelação do conteúdo das delações.

Surgirão detalhes, cenas dantescas, certamente degustaremos algumas muito saborosas quando envolverem nossos desafetos, aqueles que a gente sempre achou que tinham culpa no cartório porque já enxergamos escrito Culpado na testa deles, como uma estranha tatuagem invisível que aparece só quando se joga a luz.

Ouviremos falar de valores inimagináveis até para quem habitualmente os tem, mas que não saberiam usá-los de forma tão irresponsável e imatura quanto alguns dos corruptos, esbanjando, se melecando vergonhosamente. Saberemos detalhes de suas compras, suas viagens, e especialmente saberemos para o que foram pagos, o que foi que venderam, o que fizeram para nos prejudicar para ganhar tanto. Qual foi o preço todo.

Não vai sobrar pedra sobre pedra. Só temo que seja tanta e tão volumosa a informação que virá que pode se perder despedaçada por domesticados e vorazes lobos da informação. Já vi acontecer. Pior é que também não dá mais tempo dessa saga ser lançada em capítulos, porque não temos mais esse tempo mantendo a cabeça fora da água para respirar com ondas tão agitadas.

Assim, voltando ao megafone: procura-se! Povo perplexo procura. País saqueado procura. Gatos escaldados procuram.

Procura-se também, aliás, um povo mais atento em quem elege. Daí o apelo para ligarmos todos os radares em busca de novos quadros que ainda possam vir a ser burilados nesses poucos dias que nos restam até as próximas eleições de 2018. Não podemos deixar que só vivaldinos, figuras execráveis como essas se apresentem com seus discursos de ilusões, vingança, grosseria, lero-lero. Eles já estão pondo as manguinhas de fora, mesmo ainda com a roupa cheia de lama respingada. Não queremos mais olhos esbugalhados, moralistas, reacionários, militaristas, bocudos, aventureiros, moscas mortas, sem vergonhas.

Temos de ter alguma chance de encontrar alguém. Pelo menos um rumo.

Aí você me pergunta por que eu não disse primeiramente “fora homi“. Porque creio que isso não vai acontecer; se acontecesse já iria ser a substituição do ruim que ficou no lugar da péssima, sendo trocado pelo pior ainda, dada essa atual linha de sucessão que se impõe no momento.

Para o tratamento de emergência, no entanto, depois de colecionar as sandices ditas ultimamente pelo atual e empertigado presidente, sobre todos os assuntos importantes e fatos que necessitariam de sua atuação e compreensão, culminando nessa da mulher no supermercado e no lar, proponho uma solução. Esparadrapo. Ampla distribuição e orientação para que preguem em suas bocas, em X.

Em boca fechada não entra mosquito. É melhor prevenir do que remediar. Ladrão de tostão, ladrão de milhão. Sucintos e sábios ditos populares.


                Marli Gonçalves, jornalista – Por onde começamos?
                                        São Paulo, 2017


marligo@uol.com.br – marli@brickmann.com.br

@MarliGo