segunda-feira, 24 de junho de 2013

CHARGE DO REGI


Esta charge do Regi foi feita originalmente para o

Especialistas divergem sobre chances de eliminação da pobreza extrema

 Míriam Leitão - 
24.6.2013
 | 
12h03m
NA GLOBONEWS


No momento em que o Brasil está nos jornais pelos protestos de rua, é bom refletir um pouco sobre a política pela qual o país tem sido elogiado, de redução da pobreza.
Os programas de transferência de renda são uma política pública indispensável, mas as manifestações dos últimos dias mostram que eles não resolvem todos os nossos problemas. Significam o fim da pobreza? 
No meu programa na Globonews, eu conversei com a economista Sônia Rocha, pesquisadora do Iets, que acaba de lançar um livro sobre o tema, e com Tiago Falcão, secretário extraordinário da Superação da Extrema Pobreza do Ministério do Desenvolvimento Social.
Quando eu perguntei se eles achavam que o Brasil seria capaz de eliminar a extrema pobreza, Sônia disse que é muito difícil, porque as famílias entram e saem dessa faixa, em função de fatores diversos. Já Falcão acha que é possível superá-la.
Sônia destacou a melhora nos indicadores de pobreza, após a estabilização e principalmente a partir de 2004. As transferências de renda, nesse processo, são importantes, segundo ela, por terem efeito grande sobre a desigualdade, mas o efeito mais forte é o do mercado de trabalho. Tiago concordou com a pesquisadora e lembrou ainda de outras políticas, como a de aumento do salário mínimo, que também têm um efeito importante na renda das famílias mais pobres.
No livro, Sônia conta a história dos programas de transferência de renda, que existem no Brasil desde a década de 70. Inicialmente, eram destinados a idosos e pobres que tinham contribuído para a Previdência. Depois, a situação muda, com a Loas (Lei Orgânica de Assistência Social), em 1988, e mais adiante, outros aparecem, como o Bolsa Escola, o Pet, o Bolsa Alimentação e, enfim, o Bolsa Família.
Sobre os "filhos" do Bolsa Família, Falcão diz que alguns jovens, que estão constituindo famílias, ainda precisam do apoio do programa. Citou ainda o plano Brasil sem Miséria, que tem o objetivo de reforçar as políticas de apoio às ações de transferência de renda.
Sônia e Falcão falaram também sobre as manifestações que ocorrem por todo o país, mesmo com a melhora dos indicadores sociais.
Vejam abaixo a entrevista:

CHARGE DO SINFRONIO


Os acenos de Dilma e a constituinte exclusiva


Sábado, 22 de junho de 2013 23:47


 
Na manhã de sexta-feira, depois do terror da véspera, a presidente Dilma Rousseff recebeu pesquisas informando que a maioria silenciosa era contra a violência e o vandalismo dos protestos. Na reunião com o ministro José Eduardo Cardozo, da Justiça, e o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, exigiu providências para garantir a ordem. Na fala, acertou no tom, no teor e no amarelo da roupa. Perdeu no tempo. Já na terça-feira, quando afagou os protestos como “próprios da democracia”, poderia ter falado grosso contra as arruaças. Mas fiquemos nos acenos que fez ao movimento em relação às bandeiras mais nítidas: um plano nacional de mobilidade urbana, a ser pactuado com prefeitos e governadores; 100% dos royalties do petróleo para a educação, o que não trará resultados imediatos; médicos estrangeiros para reforçar o SUS; e empenho por uma reforma política que responda à bronca dos manifestantes com o sistema e com os políticos. 
Como fará isso, se os congressistas se recusam a sair do conforto das regras atuais, que lhes garantem a eleição e o resto? “Quero contribuir para a construção de uma ampla e profunda reforma política, que amplie a participação popular”, disse Dilma, usando o verbo certo. Ela só pode contribuir, pois a tarefa é do Congresso. “É um equívoco achar que qualquer país possa prescindir de partidos e, sobretudo, do voto popular, base de qualquer processo democrático”, disse em resposta ao refrão “o povo unido não precisa de partido”. E encerrou essa parte defendendo, para o cidadão, “mecanismos de controle mais abrangentes sobre os seus representantes”. Esse é o ponto. Os manifestantes disseram, com palavras e cartazes, e até para alguns congressistas, que não se sentem representados por ninguém. 
O voto distrital, misto ou puro, e a revogabilidade dos mandatos, o “recall”, são alguns dos mecanismos que podem reduzir o abismo entre eleitores e eleitos depois da apuração dos votos. O problema, porém, não é de fórmulas, é de processo. Se a contribuição de Dilma ficar no envio de uma proposta, já sabemos onde vai parar. A não ser que os congressistas e os partidos também estejam ouvindo a voz da rua, como ela disse estar. 
Por isso, há quem esteja disposto a sugerir à presidente a convocação de uma Constituinte exclusiva com essa finalidade. Uma assembleia reduzida para, num prazo curto e pré-fixado, passar a limpo o sistema político-eleitoral. Haveria candidatos partidários e também avulsos. Eles já se candidatariam sabendo que, pelo menos nas duas eleições seguintes, não poderiam concorrer. Isso atrairia pessoas sem projeto eleitoral, dispostas apenas a contribuir. As campanhas seriam financiadas com recursos exclusivamente públicos, evitando a influência do poder econômico, que financia eleições para garantir submissões. 
Essa é, basicamente, a proposta do deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que dormita na Câmara há mais de uma década, para a reforma dos sistemas político e tributário. Hoje, ele pensa que seria oportuno reescrever também o capítulo da organização dos Poderes, que tem permitido, com suas indefinições, conflitos recorrentes, especialmente entre Judiciário e Legislativo. Outros detalhes do processo, é claro, seriam negociados. 
A Constituição atual é pedra sagrada, porque deriva do povo, do chamado poder originário, que elegeu a Constituinte de 1987/1988. Por isso, nova assembleia seria precedida de uma consulta popular sobre sua convocação ou não. No fragor dos protestos, os partidos e as instituições políticas foram injuriados e renegados. Mas, quando os rancores se abrandarem, hão de entender que não há solução fora da democracia representativa. A não ser no autoritarismo ou numa máquina do tempo que levasse à velha Atenas e sua Ágora.
 
Os músculos da direita
 
Foi um dos líderes (na falta de outra palavra, pois não gostam dessa) do Movimento Passe Livre (MPL), Rafael Siqueira, que declarou: “A suspensão de novos atos é por dois motivos simples. A gente vai ter que analisar e fazer uma reflexão profunda com as pessoas que são aliadas da gente na luta contra o aumento sobre que atitude tomar. A segunda coisa é que muita gente da direita, com pautas de que a gente discorda totalmente, estão se aproveitando dos atos”. 
Vândalos, ladrões, punks e bandoleiros do PCC também se infiltraram. Acontece com movimentos inorgâncos. Mas foram os neofascistas e os militantes da nova extrema-direita que levaram ao movimento a marca da intolerância política e o viés fascistizante. Reconhecer a infiltração não suprime a importância e a legitimidade dos que protestaram democraticamente. Se queremos saber o que se passa, isso precisa ser dito e melhor conhecido. Nos quartéis, ela já teria núcleos de simpatizantes na base, não nas cúpulas. PT, CUT e PCdoB talvez tenham errado em comparecer ao ato de quinta-feira, chamado pelo MPL para celebrar a vitória, o recuo do prefeito e do governador no aumento das passagens. A festa virou guerra entre os raivosos ativistas da direita e os da esquerda. O Portal Terra publicou foto de um direitista mordendo raivosamente a bandeira do PT. A descrição do jornalista Rodrigo Viana, que lá estava, em seu blog, sobre a corrente de ódio, é preciosa. Essas cenas não vimos na tevê. 
Na democracia, há lugar para todas ideologias. O problema, no Brasil, é que não existe uma direita assumida e esclarecida, que aceite o jogo democrático. A que sobra, é um legado dos porões da ditadura. Prefere as máscaras e ação dissimulada de indignação.

PROTESTOS: Reuniões gigantes como a de hoje de Dilma com governadores e prefeitos são só demonstração. Não haverá resultado algum a curto prazo. Por que o governo não apoia de uma vez a CPI das Copas e a saída de Renan Calheiros?



Reuniões gigantescas, como a que Dilma tem hoje e como são as reuniões ministeriais (foto), não são produtivas e não dão em nada de concreto (Foto: Agência Brasil)
A macro-reunião de hoje da presidente Dilma Rousseff com 27 governadores e 26 prefeitos de capitais é só para efeito demonstração.
Nada do que será discutido sobre reformas para melhorar a saúde e a educação públicas, por exemplo, terá qualquer efeito de curto prazo.
Para construir hospitais e outras instalações de atendimento é preciso não somente importar médicos do estrangeiro, nem haver apenas dinheiro, mas terrenos, eventuais desapropriações, projetos, concorrências públicas. É coisa para ANOS.
Para destinar os recursos do petróleo da camada do pré-sal para a educação é preciso resolver uma enorme lista de questões: quanto existe de petróleo efetivamente; quanto poderá ser explorado e em que ritmo; quem vai ficar com o quê antes de os recursos irem para o Tesouro; como o dinheiro será investido, e por quem, e em que projetos; sem contar com as oscilações do preço do petróleo no mercado internacional, que impactarão os futuros investimentos.
Mais uma vez, declaração de intenções
Uma vez mais, teremos uma grande reunião, como as reuniões ministeriais que não dão em nada, para que se façam declaração de intenções. Reunião de “vai” e de “vamos”: o governo “vai” fazer isso e aquilo, “nós” “vamos” investir nisso e naquilo, “nós” “vamos” conseguir tais e tais resultados etc etc.
Reunião de promessas, algo que as pessoas deixaram claro que não aguentam mais.
Como dizia o doutor Ulysses Guimarães, não se faz reunião grande sem estar, antes, tudo acertado.
E não se trata de malandragem antidemocrática, não.
Encontros de chefes de Estado, por exemplo, se realizam exatamente assim: técnicos e diplomatas, com instruções de seus governos, passam meses preparando os encontros, discutindo os problemas, em consulta com seus superiores, e aparando arestas. A grande reunião dos poderosos é para resolver alguns detalhes e dar publicidade às decisões.
A reunião convocada por Dilma para tentar arrefecer os movimentos de protesto nas ruas não dispôs de qualquer tempo de preparação, por mínimo que fosse, para que possa resultar em algo de realmente prático e objetivo.
Um grande impacto teriam, sim, duas posturas de que a presidente tem cogitado nos últimos dias, preocupadíssima com o fato de que, inevitavelmente, os protestos cada vez mais tendem a cair no colo do lulopetismo há dez anos no poder:
1) declarar o apoio à CPI da Copa do Mundo (que certamente incluiria a Copa das Confederações), pela qual vem lutando o deputado Romário (PSB-RJ), que exporia os espantosos gastos que, no caso da disputa de 2014, multiplicaram vergonhosamente os custos das Copas da Alemanha, em 2006, e da África do Sul, em 2010;
2) entregar a cabeça de seu aliado Renan Calheiros, do PMDB, o contestadíssimo ficha-suja que preside o Senado, contra o qual já se fez um manifesto com 1,5 milhão de assinaturas e cujo nome está na boca e nos cartazes dos manifestantes.
Para isso, porém, há que ter coragem de estadista.
Dilma terá?

Na América Latina, PIB do Brasil está na ‘lanterna’


  • Em meio à inflação alta e à saída de investidores do país, Cepal vai rever para baixo previsão de crescimento

BRASÍLIA — Às voltas com inflação em alta, fuga de capitais e lentidão na realização de investimentos, o Brasil é o país que teve a segunda mais baixa variação do Produto Interno Bruto (PIB) entre as nações da América Latina no ano passado: apenas 0,9%, último entre os que apresentaram crescimento e à frente apenas do Paraguai, que apresentou queda de 1,2% no PIB em 2012. Os dados são da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) que fez um ranking com 20 países da região.
Além do PIB foram analisadas também as taxas de infação desses países. A brasileira, de 5,8%, no ano passado, foi a sexta mais alta da região, abaixo de parceiros latinos como a Venezuela, a Argentina e o Uruguai, que em 2012 registraram taxas de 19,5%,10,8% e 7,5%, respectivamente.

Ao que tudo indica, contudo, para 2013, a expectativa é que o país piore nesse ranking, já que nos últimos doze meses a inflação acumulada, medida pelo IPCA-15 — que faz uma prévia da inflação oficial —, chegou aos 6,67%, estourando o teto da meta do governo, que era de 6,5%.Região cresce menos de 3,5%
Os números da Cepal serão revistos para baixo no próximo mês, devido à conjuntura na região. Em abril, a expectativa do organismo era que Argentina e Brasil melhorassem seu desempenho, mas agora há dúvidas quanto a isso. A última projeção da Cepal era que a América Latina cresceria 3,5% em 2012.
Panamá e Peru à frente
De acordo com o representante da Cepal no Brasil, Carlos Mussi, por outro lado, ainda é esperado o crescimento do consumo como consequência de melhores indicadores do mercado de trabalho e do aumento do crédito bancário ao setor privado.
— O menor crescimento da economia mundial afetou o comércio exterior da América Latina e do Caribe em 2012, já que o aumento no valor das exportações foi de somente 1,6%, comparado com os 23,9% de 2011. Já o valor das importações caiu de 22,3% em 2011 para 4,3% no ano passado — destacou Mussi.
Os dados da Cepal mostram ainda que os países que tiveram maior crescimento na região foram Panamá, com PIB estimado em 10,7% no ano passado, Peru, com 6,2% e Venezuela e Chile, ambos com 5,6%. Já no ranking da inflação, El Salvador apresentou a menor taxa: 0,8%, seguido pelo Chile (1,5%), Cuba (2%), Colômbia (2,4%) e Peru (2,6%).

Jogo em aberto, por Ricardo Noblat


É razoável supor que Dilma enfrenta sérias dificuldades para entender o que se passa no país.
Se Lula, que é um político esperto, anda pendurado no telefone a pedir, humilde, a ajuda de amigos para tentar decodificar a voz das ruas, quanto mais Dilma, que nem política é, muito menos esperta.
E carece de amigos que sejam. Ou de colaboradores informais que gostem dela a ponto de aconselhá-la de graça.
Para governar bem, um presidente da República tem de se destacar como líder.
Não precisa ser um excepcional gestor. Mas líder está obrigado a ser.


Como governar sem exercer influência sobre o comportamento, o pensamento e a opinião dos outros — auxiliares e governados?
Com seu entusiasmo, o líder contagia os que o cercam. Agindo assim, obtém a adesão deles aos seus planos.
Dilma infunde medo. O medo inibe.
Para além de carismático, o líder é um grande comunicador.
Dilma não é nem uma coisa nem outra.
O líder é persuasivo.
Dilma é um chefe mal-humorado e impositivo.
O líder é um hábil negociador.
Dilma não negocia — manda. E ai de quem desobedecê-la.
O líder é exigente.
Dilma é exigente.
O líder é criativo e quebra paradigmas, se necessário.
Dilma é convencional.
Não foram poucos os correligionários de Lula que o desaconselharam a indicar Dilma para sucedê-lo.
Mas ele resistiu a todos os apelos. Dizia que Dilma era a melhor gestora que conhecera.
A preferência de Lula por Dilma se escorava em dois principais motivos: ela seria leal a ele. E não seria obstáculo ao seu eventual retorno à Presidência da República.
Lula não pensou primeiro no país quando elegeu Dilma sua candidata — pensou nele próprio. E, do seu ponto de vista, acertou. No que importa, ele continua governando.
Quando se atrapalha ou se vê em apuros, Dilma corre ao seu encontro.
A viagem de um presidente custa caro pelo aparato que movimenta.
Quanto custa uma viagem de Dilma entre Brasília e São Paulo para se aconselhar com Lula?
Não pergunte. Ela decidiu que os custos de suas viagens permanecerão em segredo por anos a fio.
É o governo da transparência, como destacou em sua fala à Nação na última sexta-feira.
Os governantes modernos não dão um passo importante sem consultar a opinião popular por meio de pesquisas.
É assim com Dilma, como foi antes com Lula e Fernando Henrique Cardoso.
Espanta que, munido de tantas pesquisas, o staff dela tenha sido incapaz de prever que um gigantesco tsunami estava a caminho.
A verdade é que só acreditamos naquilo que não nos desagrada. Como só lemos o que reforça as nossas convicções.
Com os governantes não é diferente.
De tanto repetir que o mensalão não existiu e de que nenhum governo combateu mais a corrupção do que o dele, Lula acabou acreditando em tais fantasias. Bem como os que renunciaram a pensar com independência para seguir o líder disposto a pensar por eles.
A corrupção não impediu Lula de se reeleger, nem Dilma de sucedê-lo. Ora, por que haveria de produzir sérios estragos no futuro? O povo não parecia ligar.
Nos últimos 12 meses, Lula cabalou votos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para absolver mensaleiros. Não se revelou constrangido ao apertar apertar a mão de Paulo Maluf para selar o apoio dele ao candidato do PT a prefeito de São Paulo.
Renan Calheiros, que já renunciou à presidência do Senado para não ser cassado, foi eleito presidente do Senado em fevereiro último. Milhares de pessoas pediram a sua renúncia. Em vão.
A um confidente, Dilma disse que não se meteria na eleição de Renan porque não poderia se meter com assuntos pertinentes ao PMDB e ao Congresso.
Como se ela de fato não se metesse. Como se nunca tivesse se metido.
A ex-faxineira ética, que nos seu primeiro ano de governo demitiu seis ministros por suspeitas de malfeitos, não apenas se recompôs com eles como devolveu ministérios e outros cargos que havia tomado dos seus partidos.
Para se eleger a gente faz o diabo a quatro, desculpou-se Dilma. E nessas ocasiões o bicho costuma pegar.
Está para ser aprovada no Congresso uma proposta que enfraquece o poder de investigação do Ministério Público. O governo não mexeu um dedinho para impedir.
O vice de Alckmin, governador do PSDB, virou ministro de Dilma sem deixar de ser vice.
Por fim, o STF ganhou ministros escolhidos com base na esperança de que livrem mensaleiros da cadeia.
Ainda bem que são homens honrados. Votarão de acordo com sua consciência.
Resultado da influência do demônio: esgotou-se a paciência dos que acabaram saindo às ruas para protestar.
A repulsa à corrupção está por trás de sua atitude, segundo pesquisa do Instituto Datafolha.
Dilma foi forçada a admitir que seu governo ouve com atenção as vozes que cobram mudanças.
Mas mudanças para quê se o governo vai tão bem?
Quer dizer: passou recibo de que ou muda ou ficará de fora da próxima eleição.
Dilma de fora significava Lula dentro outra vez.
Significava...
Agora, não mais necessariamente.

Cartas de Londres: Top 10 comentários bestas sobre o Brasil


Mauricio Savarese
São poucos jornalistas brasileiros que escrevem em inglês e, ainda menos, que se expressam bem no idioma local. Por isso muitos colegas e curiosos londrinos me procuraram na semana passada para explicar o que acontece no Brasil. Se não é fácil de entender por aí, imaginem como é por aqui. E isso apesar de a Copa das Confederações estar passando na BBC, desde o início.
É verdade que na mídia britânica os protestos nem de longe são prioridade. Turquia, Síria e a espionagem nos EUA são os principais temas internacionais. Há gente muito bem informada, é claro. Outros, não poucos, são de uma ignorância comovente.
Sem delongas, vamos aos dez comentários mais bestas que ouvi nesta semana.
10 - “A crise econômica chegou lá, não é?” Um colega de classe.
9 - “Primeiro fazemos a entrevista em inglês e depois em espanhol, com mais tempo, já que é seu idioma.” A produtora de um canal de televisão importante.
8 - “Não queremos saber o que querem. O que interessa é a Copa do Mundo, o resto não é problema nosso.” Subeditor de um jornal britânico que anda mal das pernas, mas é influente na esquerda.
7 - “Acho que isso significa que podemos ter a Copa do Mundo aqui na Inglaterra.” Um tuiteiro local que é um dos mais críticos à corrupção na FIFA.
6 - “Espero que termine bem. O presidente do Brasil ainda é aquele japonês Fujimori?” Um caixa de supermercado ao me ver com a jaqueta da seleção brasileira.

Mauricio Savarese fala sobre os protestos no Brasil no Russia Today

5 - “Talvez você devesse pensar em desistir de voltar e ficar por aqui mesmo. Você pode alegar o problema político lá.” Uma amiga. Generosa, mas, puxa vida, que bobagem.
4 - “Sim, precisamos falar mais sobre o Brasil... Enfim, vamos agora discutir os cortes no corpo de bombeiros.” Um famoso apresentador de TV. Era um programa de debates.
3 - “Seria incrível se a seleção brasileira parasse de jogar e fosse no meio dos protestos, já que o povo gosta tanto dela.” Outro tuiteiro londrino. O mesmo que meses atrás disse não conhecer nenhum clube brasileiro porque “lá só ligam para a seleção”.
2 - “Não sabia que a presidente do Brasil era anti-semita. Vi um cartaz comparando ela a Hitler e fiquei horrorizado. É isso mesmo?” Um senhor diante do protesto que reuniu 1.000 diante do Parlamento.
1 - “Perdão pela sinceridade, mas brigar por R$ 0,20 parece uma grande bobagem.” Âncora de uma rádio bastante importante.

Mauricio Savarese é mestrando em Jornalismo Interativo pela City University London. Foi repórter da agência Reuters e do site UOL. Freelancer da revista britânica FourFourTwo e autor do blog A Brazilian Operating in This Area.Twitter: @msavarese

Dilma põe o Congresso numa sinuca de bico

Ricardo Noblat - 
24.6.2013
 | 17h50m
COMENTÁRIO


A presidente Dilma Rousseff surpreendeu os políticos com a proposta de convocar um plebiscito para a aprovação de uma Assembléia Constituinte destinada unicamente a conceber uma reforma política.
Entra presidente, sai presidente, e a reforma política permanece estancada como uma promessa que nunca vai adiante. Não vai simplesmente porque os políticos não querem.
A reforma, saia como sair, acabará ferindo interesses de uns ou de outros.
O desejo de Dilma é de que ela vá em frente desta vez. Por ora, não entrou em detalhes a respeito. Não disse nem como nem quando isso será discutido.
Quando seriam eleitos os constituintes encarregados da reforma? No próximo ano quando forem eleitos deputados, senadores, governadores e o presidente da República? É o mais provável. 
Se no próximo ano, a Constituinte se reunirá durante o mandato do próximo presidente. Caso Dilma não se reeleja, quem a suceder poderá não se sentir tão comprometido com a ideia como ela.
Uma vez que a Constituinte aprove a reforma, caberá ao Congresso referendá-la? Ou ela começará de imediato a produzir os seus efeitos?
O Congresso foi posto contra a parede. Ou colabora com Dilma para que se faça o que ele nunca quis ou ela poderá dizer: "Cumpri minha parte. O Congresso não cumpriu a dele".
Uma reforma política ambiciosa servirá, entre outras coisas, para diminuir a corrupção. Eleições são poderosos focos de corrupção. O próprio exercício cotidiano da política também o é.
Foi a corrupção, segundo todas as pesquisas aplicadas até aqui, o gatilho das atuais manifestações de ruas. 
Dilma aplica uma segunda paulada forte na corrupção quando anuncia o apoio do governo ao projeto legislativo emperrado no Congresso que torna hediondo o crime de corrupção.

A bola foi empurrada para o Congresso.

O Fim de Lula e Dilma: Escândalo Bilionário na Petrobras é Maior Que o Mensalão




Lula sujou as mãos na Petrobras
A compra da refinaria de Pasadena, no Texas, pela Petrobras é o grande escândalo que o PT vinha abafando, mas acabou chegando ao Tribunal de Contas da União e com largas chances de aterrissar na Justiça Criminal.

No início de 2005 a refinaria Pasadena Refining System, de Pasadena, no Texas, foi adquirida pela empresa belga Astra Oil Company, pela quantia de US$ 42,5 milhões; em setembro de 2006 a Astra alienou à Petrobras 50% da refinaria mediante o pagamento de US$ 360 milhões, ou seja, vendeu metade da refinaria por mais de oito vezes o que pagara pela refinaria inteira, um ano e meio antes. Não seria de estranhar, por conseguinte, que a Astra Oil Co. pretendesse vender os 50% que permaneciam no seu patrimônio. Ocorre que, por desentendimentos cuja natureza ignoro, a Astra ajuizou ação contra a Petrobras e nela a Petrobras teria sido condenada e, mercê de acordo extrajudicial, pagou à Astra US$ 820 milhões, pondo fim ao litígio. 

O estranho negócio, que causou prejuízo de pelo menos US$ 1 bilhão à empresa e seus acionistas, tem como protagonistas pessoas muito próximas a Lula e, sob a ótica do escândalo, tem todos os ingredientes necessários para superar com folga o Mensalão do PT. No olho do furacão estão Guido Mantega, ministro da Fazenda e atual presidente do Conselho de Administração da Petrobras; José Sérgio Gabrielli de Azevedo, ex-presidente da estatal petrolífera e atualmente secretário no governo Jaques Wagner; Almir Guilherme Barbassa, diretor financeiro da empresa e presidente da Petrobras International Finance Co., a caixa de Pandora da empresa; Nestor Cerveró, diretor financeiro da BR Distribuidora; e Alberto Feilhaber, funcionário da Petrobras durante duas décadas e há alguns anos trabalhando na Astra Oil, uma das empresas do grupo que atraiu a Petrobras para a refinaria de Pasadena e depois largou a bomba nas mãos dos brasileiros.
Lula e Dilma Quebraram a Petrobras
O escândalo ganha contornos maiores e mais perigosos porque à época do negócio, que pode acabar em tribunal de Nova York a pedido de investidores internacionais, a presidente do Conselho de Administração da Petrobras era Dilma Rousseff, que posicionou-se contra o projeto apresentado por José Sérgio Gabrielli, seu desafeto, mas que por imposição de Lula foi obrigada a aceitar o negócio.
Com um terço do seu valor corroído nos últimos três anos e enfrentando sérios problemas de fluxo de caixa, inclusive com direito a atraso no pagamento de fornecedores, a Petrobras vem assustando o mercado financeiro, cujos analistas apostam em um rombo de alguns bilhões de dólares na estatal. Esse crime em termos de governança corporativa que o PT cometeu na Petrobras é infinitamente mais danoso do que a eventual privatização da empresa.
Acontece que nenhum ser humano minimamente lógico e dotado de inteligência, a ponto de ser guindado a cargos de direção em uma empresa como a Petrobras, aceita um negócio lesivo, como a compra da refinaria texana, sem que haja um plano diabólico por trás.
O Ministério Público Federal (MPF) já se debruça sobre o preâmbulo de uma ação que investigará casos concretos de superfaturamento em contratos firmados pela Petrobras durante a gestão de José Sérgio Gabrielli.
Na mira do MPF também estão outros escândalos envolvendo a Petrobras, como o da Gemini, empresa através da qual governo brasileiro repassou, não de graça, o monopólio de produção e comercialização de gás natural liquefeito (GNL) a uma companhia norte-americana.

MPF abre investigação sobre refinaria de Pasadena


Plataforma da Petrobras
O MPF diz que o fato de a Petrobras ter gastado US$ 1,18 bilhão 
para a compra de uma refinaria "revela possível compra superfaturada 
de ações pela Petrobras"

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (MPF) NO ESTADO DO RIO INSTAUROU UM PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO CRIMINAL PARA APURAR POSSÍVEIS INFRAÇÕES NA COMPRA DA REFINARIA DE PASADENA (TEXAS, EUA) PELA PETROBRAS. A PORTARIA FALA EM POSSÍVEL EVASÃO DE DIVISAS E PECULATO, POR INDÍCIO DE SUPERFATURAMENTO.


A atual presidente da Petrobras, Graça Foster, foi intimada a depor. Também foram intimados dirigentes que estavam no comando da companhia na época em que o negócio foi feito: o ex-presidente José Sergio Gabrielli, o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e o ex-diretor de Internacional Nestor Cerveró.



A portaria é assinada pelo procurador da República Orlando Monteiro Espíndola da Cunha. O procurador também pede uma série de documentos à companhia, incluindo os contratos com a Odebrecht Engenharia Industrial, que contemplam serviços em Pasadena. A Petrobras revisou este ano para quase à metade o contrato fechado na gestão anterior por US$ 840 milhões.
Dilma era Presidente do Conselho da Petrobras
Serão apurados tanto o acordo com a Odebrecht quanto a aquisição de Pasadena por valor acima do de mercado, dois casos revelados pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.



O MPF diz que o fato de a Petrobras ter gastado US$ 1,18 bilhão para a compra de uma refinaria que, há oito anos, custou à sua ex-sócia US$ 42,5 milhões "revela possível compra superfaturada de ações pela Petrobras".



E que o teor da representação oferecida ao MPF neste ano pelo Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União relata "ocorrência de fatos capazes de configurar (possível) delito de evasão de divisas".


"Se houve superfaturamento tem de ficar esclarecido, assim como o motivo", disse Espíndola ao Broadcast. "Em tese, dirigentes que participaram podem ter se beneficiado". A investigação pode gerar denúncia à Justiça Federal. Peculato é o crime em que se enquadra desvio de recursos por funcionários públicos. Evasão de divisas é crime contra o sistema financeiro, passível de prisão.

Confira abaixo como a refinaria de Pasadena transformou-se em um bilionário barril de pólvora prestes a explodir e escândalo que que ronda a refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco
Pasadena
Refinaria de Pasadena prejuízo de 1,6 Bilhão para Petrobras
A compra de uma refinaria de petróleo em Pasadena, nos Estados Unidos, considerada obsoleta e pequena para os padrões locais, é o escândalo da vez e tem tirado o sono de muitos integrantes da cúpula petista, preocupados com a reverberação do caso se as investigações avançarem na direção certa, como já demonstra o Ministério Público Federal.
O bisonho negócio começou com a empresa belga Astra Oil comprando a Pasadena Refining System por US$ 42 milhões. Passado um ano, os belgas venderam metade da empresa norte-americana à Petrobras por US$ 360 milhões.
Como todo escândalo petista sempre tem um capítulo extra, a Petrobras foi obrigada pela Justiça dos Estados Unidos, após uma confusão programada, a pagar US$ 839 milhões por uma refinaria sem condições de processar o petróleo brasileiro. A estatal petrolífera tenta, sem sucesso, se desfazer do mico criado, não por acaso, pelo ex-presidente da empresa, o petista José Sérgio Gabrielli de Azevedo, que ostenta em seu o currículo o título de PhD em Economia pela Boston University.
Lula e seu protegido Sérgio Grabielli
A presidente Dilma Rousseff ejetou Gabrielli do comando da estatal, mas desde então não mais tocou no assunto que, quando é lembrado, causa incômodo e nervosismo generalizado no terceiro andar do Palácio do Planalto.
Até agora, a Petrobras recebeu apenas uma oferta pela refinaria em Pasadena: US$ 180 milhões. Atual presidente da empresa, Maria das Graças Foster não sabe o que fazer. Se aceitar a única proposta, colocará no já sacrificado caixa da Petrobras um prejuízo de pouco mais de US$ 1 bilhão, mas há quem garanta que essa conta macabra passa de US$ 1,6 bilhão.
Abreu e Lima
O caso da refinaria de Pasadena é um considerável escárnio, que exige explicação por parte de Dilma Rousseff e de Lula, mas o calo maior no pé da Petrobras está construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
Anunciada por Lula com a pirotecnia oficial que todos conhecem, a refinaria de Abreu e Lima deveria seria erguida em parceria com a Venezuela do tirano e moribundo Hugo Chávez, que até o momento não aportou um tostão no empreendimento. Com a Venezuela, que tem 40% do negócio, deixando de honrar o compromisso, restou ao governo brasileiro usar o dinheiro do contribuinte para não interromper a obra.
Com previsão inicial de investimento na casa dos US$ 3 bilhões, o orçamento da refinaria pernambucana já saltou para incríveis e absurdos US$ 20 bilhões, podendo ganhar, até o final do empreendimento, um acréscimo de mais US$ 10 bilhões.
Como o anúncio da morte de Hugo Chávez é uma questão de tempo e será feito somente quando interessar aos bolivarianos que brigam pelo poder na Venezuela, a participação do governo de Caracas na refinaria pernambucana passa a ser uma inflamável incógnita. Pelo desenrolar dos fatos em Caracas, o governo brasileiro terá de arcar com toda a conta referente à construção da refinaria Abreu e Lima. O que permitirá que a corrupção circule à vontade nas raias de mais uma fanfarrice com o carimbo estelar do Partido dos Trabalhadores.

Fontes: Revista exame/uncho.info/Revista Veja

Inveja inglesa

DEU NO 'GUARDIAN'


No diário "The Guardian", o colunista Simon Jenkins afirma que os brasileiros estão fazendo o que os britânicos não tiveram coragem de fazer durante os preparativos das Olimpíadas:
"Parabéns aos brasileiros por dizer o que o Reino Unido no ano passado não teve coragem: que algumas vezes, há um limite."

Einstein tinha razão


Carlos Chagas
Quando a Guerra Fria tomava proporções de  catástrofe iminente, perguntaram a Albert  Einsten como ele imaginava   a III Guerra Mundial.  Mais como filósofo do que como cientista, ele respondeu que não sabia, mas podia adiantar como supunha  a IV Guerra Mundial: “Será travada com   paus e pedras”.
Pois não é que Einstein acertou, mesmo ficando  a Humanidade, até agora,  livre de uma catástrofe nuclear?  No Brasil, sempre dando lições para o mundo, antecipamos a IV Guerra Mundial, encontrando-se o país envolvido numa guerra de paus e pedras. De duas semanas para cá, sem poupar elogios aos protestos da juventude, assistimos as manifestações populares transformarem-se em mais do que batalhas campais,  numa verdadeira guerra travada com paus e pedras.   Importa menos saber se a dita minoria de baderneiros é a única responsável pelo caos que assola a maioria de nossas capitais e grandes cidades.
Com a conivência ou não das maiorias, as imagens que nos chegam no decorrer das milhares de passeatas são de trogloditas e vândalos empenhados em pauladas, pedradas e, numa concessão aos tempos modernos, utilizando também do outro lado balas de borracha e sprays de pimenta. De um lado as polícias militares, uniformizadas, de outro bandidos de peito nu  e caras encobertas, infernizando a vida do cidadão comum, depredando propriedades públicas e particulares, ora investindo, ora fugindo, mas deixando a intranquilidade e a destruição como consequência. Já está morrendo gente nas ruas.
Terá acertado a presidente Dilma quando derramou-se em homenagens aos que se insurgem a contra a ordem estabelecida, mesmo canhestra e injusta, sabendo que junto com eles criminosos vão assumindo a direção dos movimentos populares, animais ensandecidos cujo objetivo parece ser a destruição dessa sociedade imperfeita a exigir reformas.  Jamais, porém, sua supressão.
Assim continuamos na terceira semana que hoje se inicia. Continuando as coisas como vão, logo as turbas ensandecidas decidirão agir não só na esteira das passeatas que já controlam, mas por conta própria, na compulsão de distorcer completamente os valores da sociedade que os desprezou ou que eles desprezaram. Ou já não faziam isso antes, mesmo sem o estimulo da recente temporada de protestos? Poderão cercar bairros inteiros e incendiá-los, de preferência depois de se apoderarem dos bens de seus habitantes. Invadirão lojas e supermercados  sem repetir sequer os slogans de que atuam para impor a justiça social e as reformas capazes de criar um país  mais justo.
É bom tomar cuidado, valendo repetir a imagem do aprendiz de feiticeiro, hoje aplicável  aos bem intencionados jovens que imaginaram poder mudar o mundo protestando nas ruas contra estruturas viciadas e execráveis, mas sem saber o que colocar no seu lugar.   Os  vândalos, ao contrário, sabem muito bem o que querem.
Para quem não esqueceu a História, recorda-se que nos eletrizantes dias de outubro de 1917, a ordem dada por Lenin e Trotski à Guarda Vermelha era de fuzilar sem vacilações quantos russos fossem flagrados depredando prédios públicos e roubando propriedades públicas e privadas, inclusive obras  de arte. Por isso, apesar das voltas que o mundo deu,  o Palácio  de Inverno ainda está de pé, transformado no Museu Hermitage…