sábado, 16 de junho de 2012

O caso do empresário esquartejado


JORNALISMO PARA IGNORANTES


Por Sylvia Debossan Moretzsohn em 12/06/2012 na edição 698 Observatório de Imprensa
A morte do empresário Mario Matsunaga foi, ao que tudo indica, rapidamente esclarecida logo depois que sua mulher foi presa e confessou a autoria do crime. Certo noticiário tenderá agora a revolver os mistérios da alma humana ao explorar detalhes mórbidos do episódio: afinal não é um crime qualquer, é um crime passional em que a mulher não apenas mata, mas esquarteja o marido após aguardar o tempo suficiente para que os cortes não provocassem tanta sangueira, enquanto sua filhinha de 1 ano dormia alheia a tudo, e na manhã seguinte sai para se desvencilhar do corpo despedaçado distribuído em três malas de viagem.
Há mais detalhes típicos de folhetins: a mulher havia sido garota de programa e encontrara o futuro marido nesses contatos via internet, era extremamente ciumenta e havia posto um detetive atrás dele para comprovar um caso extraconjugal; a mãe está se tratando de um câncer e não compreende o comportamento da filha.
Intimidades de família, segredos de alcova, cenas exclusivas da traição, tudo isso garante audiência ao gosto do voyeurismo do público e fornece farto material para os programas de sempre, com o convite a “especialistas” também sempre dispostos a opinar sobre motivações e mesmo sobre a maneira pela qual as “mentes assassinas”, que rendem óbvios best-sellers, costumam agir.
Mas isso é o que menos importa.
A descoberta do arsenal
Durante a reconstituição do crime, uma descoberta particularmente chocante foi noticiada como se fosse a coisa mais banal do mundo: o arsenal encontrado pela polícia no apartamento do empresário. Trinta armas, entre as quais fuzis e submetralhadoras, e caixas de munição com cerca de 10 mil projéteis.
Não se informou quanto tempo a polícia teve entre esse achado e a investigação que permitiria ao delegado afirmar, categoricamente, que as armas estavam “todas legalizadas, todas regulamentadas e todas autorizadas para uso de colecionador”. O fato mereceu apenas registro nos jornais.
Colecionadores têm entre si esse traço comum da obsessão por determinado objeto, conforme não apenas o gosto mas a condição financeira: podem ser latinhas ou rótulos de cerveja, camisas de times de futebol, soldadinhos de chumbo, selos, livros raros, obras de arte. Ou mesmo armas, mas nesse caso imaginamos sempre – talvez ingenuamente – o fascínio por exemplares antigos, que marcaram época, desde garruchas e mosquetões até modelos utilizados em guerras, mas já fora de circulação. Tudo para ser classificado e guardado com apuro em armários envidraçados, para exibir orgulhosamente aos amigos.
Coisa de colecionador?
De repente, somos surpreendidos com a descoberta do arsenal – parte do qual de “uso restrito das Forças Armadas”, como noticiou a Folha de S.Paulo na sexta-feira (8/6) – e a justificativa do delegado. A quem aparentemente estranhou, ele respondeu: “Ele [o empresário morto] era atirador, ele gostava. É um hobby. Se você pegar, outros colecionadores devem ter muito mais que isso”.
Que uso um colecionador de armas está autorizado a fazer de sua coleção? Onde se pode imaginar que um atirador vá praticar suas habilidades com uma submetralhadora? Colecionadores podem colecionar armas de uso exclusivo das Forças Armadas? Podem colecionar também munição? Dez mil projéteis não serão um número excessivo, em qualquer caso?
Salvo engano, a única reportagem que se deteve minimamente sobre essa história foi a do Jornal Nacionalde sábado (9/6), ainda assim centrada no alerta para o número excessivo de armas – quase 155 mil – legalmente nas mãos de “colecionadores, atiradores esportivos ou caçadores”. Nenhum questionamento sobre o que faria este empresário com tão variado material em casa.
Perguntas que faltaram
Na edição de sexta-feira (8), a Folha de S.Paulo reproduziu reportagem do Agora informando que o empresário havia transformado um dos banheiros do imóvel em “cofre” onde estocava o arsenal. Ao mesmo tempo, dizia que “parte das carabinas, fuzis, submetralhadoras e outras pistolas estava espalhada por outros cômodos do apartamento de quase 300 m² do casal”, porque o empresário “temia um arrastão no prédio onde morava”.
Portanto, as armas seriam utilizadas em caso de assalto. Por isso, aliás, ele e a mulher haviam feito curso de tiro, seriam exímios atiradores.
Podemos imaginar então a cena de um ataque ao apartamento duplex naquele belo condomínio vertical paulistano e o casal de colecionadores se movimentando cinematograficamente de um lado para outro, manuseando alternadamente as 30 armas e despejando seus 10 mil projéteis contra os malfeitores, no melhor estilo dos filmes de gângster. Dois contra uma cidade inteira?
Não caberia perguntar, afinal, o que tanto temia o empresário? Que interesses, atividades e relações poderia ter além de seu trabalho como diretor-executivo de uma fábrica de alimentos, aliás negociada com uma poderosa multinacional americana justamente na semana em que ele, já morto, era dado como desaparecido?
Fantástico de domingo (10/6) fez ampla reportagem centrada na mulher que confessou o crime, e tratou também dos hábitos do casal. Ficamos sabendo que o empresário também era amante de vinhos, tinha essa outra “coleção” e pretendia investir no negócio.
Sobre armas, apenas o registro já conhecido, além da surpresa de uma das empregadas, entrevistada sem ser identificada, diante da descoberta de uma pálida amostra do que havia no apartamento, durante uma limpeza.
Contra a ignorância
Jornalismo, por definição, é feito para ignorantes. Não se trata, como pode parecer a princípio, de uma frase de efeito: ignoramos os fatos que ocorrem fora de nosso círculo de relações, ainda que este círculo tenha sido ampliado com a disseminação do acesso à tecnologia digital. Por isso precisamos do jornalismo: para que nos dê informação confiável.
Por isso repórteres precisam se colocar no lugar do público ignorante e fazer as perguntas que possam esclarecê-lo, e não dar de barato que tudo se resolve com as declarações das fontes, sobretudo quando elas são evidentemente insuficientes para a compreensão dos fatos.
***
[Sylvia Debossan Moretzsohn é jornalista, professora da Universidade Federal Fluminense, autora dePensando contra os fatos. Jornalismo e cotidiano: do senso comum ao senso crítico (Editora Revan, 2007)]

A CPI de araque, por Ruy Fabiano


Enviado por Ruy Fabiano - 
16.06.2012
 | 
12h02m
POLÍTICA


Pelo visto somente o senador Demóstenes Torres pagará alguma coisa com a CPI do Cachoeira - e não propriamente em função dela, mas da Comissão de Ética, que lhe deve cassar o mandato. Os demais, incluindo Cachoeira, devem ser preservados.
O contraventor obteve anteontem um habeas corpus do Tribunal Federal da 1ª Região. É bem verdade que continua preso graças a outro mandado de prisão, expedido pela Justiça do DF.
Mas, se obteve um, não deve ter dificuldades em obter outro, já que tem a defendê-lo ninguém menos que Márcio Thomaz Bastos.
Por que Thomaz Bastos, ex-ministro e conselheiro de Lula, sabendo o que simboliza politicamente, se dispôs a defender o notório contraventor, é um mistério transparente.
O fato de estar recebendo R$ 15 milhões de honorários não paga o custo político e pessoal da defesa. Não se trata de alguém a quem R$ 15 milhões fariam falta ou acrescentariam muita coisa.
Thomaz Bastos está a décadas no mercado, à frente de uma das bancas mais prósperas do país. O que está em pauta, porém, não são os R$ 15 milhões, mas a reputação de um governo de que fez parte, e que tem em Cachoeira um homem-bomba, prestes a explodir. Um Roberto Jefferson sem imunidades.
A CPI começou errada, proposta pela maioria, tendo como objetivo punir dois inimigos de Lula e do PT: o próprio Demóstenes e o governador goiano Marcone Perillo – e, de quebra, incriminar a imprensa, acusando-a de conspirar contra o governo, e de produzir uma cortina de fumaça para o Mensalão.
Lula, conforme se infere de sua patética conversa com Gilmar Mendes, pretendia também usar a CPI para pressionar alguns ministros do STF. Disse a Mendes que controla a CPI e ofereceu-lhe blindagem, em troca de adiamento do julgamento do Mensalão. Uma troca vantajosa, desde que o interlocutor tivesse algo a temer. Não tinha.
Mas como as CPIs, mesmo as de araque, são sempre uma janela aberta ao imponderável, a do Cachoeira não fez por menos: trouxe à tona a Construtora Delta, de tal modo articulada com o bicheiro que se suspeita que o tenha como sócio secreto.
O certo é que a Delta, além de ter contribuído generosamente para a campanha eleitoral de Dilma Roussef, detém a maioria das obras milionárias do PAC, algumas obtidas sem licitação.
A Controladoria Geral da União (CGU) a considerou inidônea, mas o Dnit disse que manterá seus contratos com ela. Só aí a CPI teria motivos para se espantar.
Ao invés disso, considerou tudo normal e se recusou, por maioria (a maioria que a instalou), a convocar Fernando Cavendish, dono da Delta. As razões da recusa estão no noticiário, até aqui não desmentido: Cavendish, íntimo do governador Sérgio Cabral e de José Dirceu, seu ex-consultor, inevitavelmente levaria os amigos a serem convocados.
Coincidentemente, é no Rio, governado por Cabral, que está o maior faturamento da Delta.
Como PMDB e PT estão associados em não perder de vista o objetivo original da CPI – torná-la banco dos réus da oposição -, preferiram deixar Cavendish de fora, e com ele toda a penca de amigos influentes incrustados no coração da República.
O noticiário também dá conta, sem que ninguém se tenha dado ao trabalho de desmentir, que Lula não se satisfaz com a cabeça de Demóstenes: quer porque quer a de Perillo, responsável por tornar pública a informação de que o advertira do escândalo do Mensalão, desmoralizando o argumento do “eu não sabia”.
Lula topa até sacrificar o amigo e correligionário Agnelo Queiroz, governador do DF, com implicações bem mais explícitas que seu colega goiano, desde que Perillo pague pelo crime de tê-lo exposto a uma vexatória contradição.
Se a CPI não está servindo objetivamente para muita coisa, serve ao menos para dar à posteridade um pequeno retrato moral destes tempos que o Brasil atravessa.

Ruy Fabiano é jornalista 

Rio + 20%, por Guilherme Fiúza


Enviado por Ricardo Noblat - 
16.6.2012
 | 17h04m
POLÍTICA


Guilherme Fiúza, ÉPOCA
Enquanto o circo da sustentabilidade vende aos inocentes seus kits verdes de esperança, os não-inocentes garantem seu futuro sustentável em Brasília.
No momento crucial da CPI do Cachoeira, quando o suspeito número um do Brasil, Fernando Cavendish, deveria ser convocado a depor, a nação estava distraída com o carnaval fora de época da Rio + 20.
Resultado: o dono da Delta, pivô do que promete ser o maior escândalo de corrupção da história da República (em cifras e em alcance político), não precisou interromper seu descanso em Paris para se explicar aos brasileiros.
A não-convocação de Cavendish pela CPI, sem um mísero cara-pintada na rua para incomodar a Tropa do Cheque no Congresso, quer dizer o seguinte: o Brasil está se lixando para o seu futuro.
Pergunta aos foliões da Rio + 20: como planejar a sustentabilidade num país onde o orçamento da infra-estrutura é dominado por bandidos?
O esquema Delta-Cachoeira fez a festa no topo do Estado brasileiro, comandando o PAC com obras superfaturadas. Cavendish fez um caixa que lhe permitia, segundo ele mesmo, comprar um parlamentar por 30 milhões de reais.
O Brasil ecológico e sustentável permitiu que os bandoleiros da CPI protegessem esse cidadão. O Brasil ético está, como diria Paulo Francis, tecnicamente morto.
Fica combinado assim: vamos brincar de salvar o planeta com relatórios poéticos e tratados sobre o sexo dos anjos. Enquanto isso, a quadrilha do Cachoeira cuida da sua reciclagem – evitando a extinção da espécie e do esquema.
Que venha a Rio + 20%, onde os felizes herdeiros da operação Delta darão workshops sobre a sustentabilidade do golpe.

Guilherme Fiuza é jornalista e autor de vários livros, entre eles "Meu Nome não é Johnny".

BOA IDEIA DA SEMANA: Plano de segurança em Alagoas


17:30, 15 DE JUNE DE 2012 
FELIPE PATURY
 

Maceió é uma das três cidades com mais de 300 mil habitantes mais violentas do mundo. O índice de homicídios da capital alagoana chega a 120 por cada grupamento de 100 mil cidadãos. No resto do Brasil, a média é de 20 assassinatos por 100 mil. O município deveria ter 12 mil policiais militares. Conta com metade desse efetivo. Somente 5% dos homicídios são esclarecidos. Faltam peritos, equipamentos, câmeras de vilância. “Falta tudo”, diz o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL). Ele foi chamado ontem pela presidente Dilma Rousseff e pelo ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, para debater o assunto. A presidente está sensibilizada com uma carta esmiuçando o problema que lhe foi enviada pelo governador Teotônio Vilela (PSDB) e resolveu transformar Maceió em um piloto do novo plano de segurança do governo.
Felipe Patury

Açougue abusa do luxo no design


Empresa australiana cria uma loja verdadeiramente única, com traços europeus e históricos na decoração

Reconhecido por seu trabalho com algumas dos mais luxuosos e glamourosos hotéis, restaurantes e bares em todo o mundo, o Dreamtime Austrália Design assimiu o seu primeiro projeto de varejo: o açougue Victor Churchill, na Austrália. O diretor Michael McCann e sua equipe criaram uma loja verdadeiramente única, que misturou com sucesso um açougue tradicional e a maneira européia de olhar e sentir com elementos modernos e design de ponta.
açougue de luxo pense imóveis
O nome de Victor Churchill encaixou perfeitamente com o resumo do projeto de história que a Dreamtime Austrália Design queria incutir no design da loja. Durante a demolição de uma parede de arenito, foi decidido manter a parede e realçar o seu valor original, histórico, utilizando como pano de fundo para valorizas as fases de trabalho dos açougueiros.
açougue de luxo pense imóveis
Na chegada ao Victor Churchill, o cliente é recebido por uma fachada pintada e uma arborizada rua da frente. Através da vitrine refrigerada de vidros duplos, é possível acompanhar a constante mudança de carnes penduradas em ganchos de cobre e preteleiras de vidro, com produtos que também participaram de uma exposição de gelo iluminado.
açougue de luxo pense imóveis
Ao entrar na loja, são descobertos grandes painéis de parede de madeira, teto com vigas de madeira e uma de mármore italiano. você vai descobrir ricos painéis de parede de madeira, um teto com vigas de madeira e uma de mármore italiano.
A cozinha quente e fria que usa do recurso de cabelo no couro tem paredes revestidas e protegidas por vidro, baseada na famosa baseada artista de couro do Texas, Kyle Bunting.
açougue de luxo pense imóveis
Uma linha de armários refrigerados, customizados com cobre, cria um muro onde as carnes, o prêmio da loja, são exibidas, juntamente com especialidades como terrines, patês e parfaits preparados no local.
açougue de luxo pense imóveis
O contador exibe muitos dos produtos de charcutaria de alta qualidade do mundo. Carnes artesanais como Jamón Ibérico de Bellota, presunto e chouriço cortado com a lendária e holandesa maquina de cortar carne Berkel ficam expostos. O fatiador de chão Berkel, restaurado na Europa, é uma das antiguidades de qualidade de museu.
açougue de luxo pense imóveis
A parede de vidro, que vai do chão ao teto, na sala fria também impressiona. Cortes de carne aos poucos passam, pendurados em uma engrenagem de corrente dentada com design personalizado. No Victor Churchill, comprar carne ganha mais estilo e o churrasco pode ficar muito mais sofisticado.

Empresa australiana cria uma loja verdadeiramente única, com traços europeus e históricos na decoração

Reconhecido por seu trabalho com algumas dos mais luxuosos e glamourosos hotéis, restaurantes e bares em todo o mundo, o Dreamtime Austrália Design assimiu o seu primeiro projeto de varejo: o açougue Victor Churchill, na Austrália. O diretor Michael McCann e sua equipe criaram uma loja verdadeiramente única, que misturou com sucesso um açougue tradicional e a maneira européia de olhar e sentir com elementos modernos e design de ponta.
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O nome de Victor Churchill encaixou perfeitamente com o resumo do projeto de história que a Dreamtime Austrália Design queria incutir no design da loja. Durante a demolição de uma parede de arenito, foi decidido manter a parede e realçar o seu valor original, histórico, utilizando como pano de fundo para valorizas as fases de trabalho dos açougueiros.
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Na chegada ao Victor Churchill, o cliente é recebido por uma fachada pintada e uma arborizada rua da frente. Através da vitrine refrigerada de vidros duplos, é possível acompanhar a constante mudança de carnes penduradas em ganchos de cobre e preteleiras de vidro, com produtos que também participaram de uma exposição de gelo iluminado.
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Ao entrar na loja, são descobertos grandes painéis de parede de madeira, teto com vigas de madeira e uma de mármore italiano. você vai descobrir ricos painéis de parede de madeira, um teto com vigas de madeira e uma de mármore italiano.
A cozinha quente e fria que usa do recurso de cabelo no couro tem paredes revestidas e protegidas por vidro, baseada na famosa baseada artista de couro do Texas, Kyle Bunting.
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Uma linha de armários refrigerados, customizados com cobre, cria um muro onde as carnes, o prêmio da loja, são exibidas, juntamente com especialidades como terrines, patês e parfaits preparados no local.
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O contador exibe muitos dos produtos de charcutaria de alta qualidade do mundo. Carnes artesanais como Jamón Ibérico de Bellota, presunto e chouriço cortado com a lendária e holandesa maquina de cortar carne Berkel ficam expostos. O fatiador de chão Berkel, restaurado na Europa, é uma das antiguidades de qualidade de museu.
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A parede de vidro, que vai do chão ao teto, na sala fria também impressiona. Cortes de carne aos poucos passam, pendurados em uma engrenagem de corrente dentada com design personalizado. No Victor Churchill, comprar carne ganha mais estilo e o churrasco pode ficar muito mais sofisticado.

Decorar estação de trabalho com objetos pessoais ajuda no desempenho profissional



Personalização do escritório é vista, hoje, como forma de descontrair e motivar o funcionário

Colocando na ponta do lápis, a maioria das pessoas percebe que passa tanto tempo no trabalho como passa em casa - isso sem contar as horas extras e reuniões fora do horário comercial. Mas é possível levar um pouco do lar para o escritório. E não só possível: é até bom para o desempenho profissional, garante a consultora de usabilidade Adriana Bertiol.
Segundo ela, valorizar o emocional no espaço de trabalho é uma tendência atualmente. "O aspecto emocional tem impacto no cognitivo. Aquele objeto pessoal, uma foto, uma lembrancinha, causa uma reação positiva capaz de afetar a memória e o raciocínio", afirma. Adriana explica que as emoções fazem parte de um tripé para o bom desempenho, que inclui ainda a funcionalidade e a usabilidade da estação de trabalho.
Decorar estação de trabalho com objetos pessoais ajuda no desempenho profissional
Mas a consultora adverte que a personalização deve ser guiada pelo bom senso. "A ideia é levar para o escritório elementos que conduzam a uma sensação boa, agradável", detalha. É essa sensação, segundo Adriana, que influencia no desempenho profissional.
Memória e inspiração Além de fazer o funcionário se lembrar da família e ficar à vontade para produzir, a decoração pessoal da estação de trabalho também serve como inspiração. O ilustrador Marcio Nantes, da agência digital Redirect, em Curitiba, tem no escritório objetos que cumprem as duas funções. Fã de desenhos animados e quadrinhos, uma dos artigos que decora seu espaço de trabalho é uma miniatura do Pateta, personagem da Disney.
Decorar estação de trabalho com objetos pessoais ajuda no desempenho profissional
"Para mim, é super importante poder ter por perto elementos que me trazem descontração e diversão e ainda me ajudam a imprimir no meu espaço de trabalho a identidade de quem sou", afirma. Ao lado de Pateta, Nantes também tem uma foto da família, "que faz da mesa de trabalho uma pequena extensão da casa e ainda serve como motivador".
Projeto e reinveção Funcionalidade, usabilidade e aspectos emocionais já eram quesitos considerados pelos designers na hora de planejar móveis e ambientes, mas agora a questão da personalidade de quem vai usar a estação de trabalho parece estar em evidência. Dari Beck, gerente do Estúdio Flexiv Design, também na capital paranaense, destaca que "o posto de trabalho é algo mutável, onde cada funcionário imprime sua seus gostos e características".
Decorar estação de trabalho com objetos pessoais ajuda no desempenho profissional
Os designers têm apostado, por isso, na humanização do escritório. Além disso, hoje eles que as pessoas usem os objetos e espaços de maneira diferente daquela idealizada pelo projetista. No caso dos móveis da Flexiv, é bem comum ver situações em que, por exemplo, o apoio de monitor se transformar em mini altar, ou o suporte para folha A4 se é usado como pequena estante.
Essa reinvenção por parte do usuário funciona como retroalimentação para quem projeta as peças. "Acabamos criando soluções a partir da interpretação do uso", comenta Beck, "funciona como uma espécie de cocriação, onde o cliente nos ajuda a aprimorar o projeto ou desenvolver algo novo".
Decorar estação de trabalho com objetos pessoais ajuda no desempenho profissional
Com informações do Inspire-se

Articulação pretende esvaziar a CPI?


A coluna Panorama Político de Hoje (16) no jornal O Globo.

Ilimar Franco

O chororô
          Os governadores fizeram duras críticas ao Congresso, ontem, na reunião com a presidente Dilma. Reclamaram que os parlamentares estão concedendo aumentos salariais para professores e outras carreiras do funcionalismo. Os gastos dos Estados crescem, a despeito da crise. E protestaram contra proposta, em debate no Senado, que destina 2% dos orçamentos para a Defensoria Pública. O ministro Guido Mantega (Fazenda) sugeriu que os governadores chamem suas bancadas à razão.

Integrantes da base do governo estão defendendo junto ao relator da CPI do Caso Cachoeira, o deputado Odair Cunha (PT-MG), que ele apresente relatórios parciais das investigações. O primeiro deles trataria do caso do senador Demóstenes Torres (GO), que já está sendo analisado no Conselho de Ética do Senado. Outro relatório deveria sugerir o bloqueio de bens dos investigados como o contraventor Carlos Cachoeira, incluindo uma intervenção na fábrica de fármacos Vitapan, que teria sido constituída com dinheiro obtido em atividades ilícitas. A proposta divide. Aliados vêem nela tentativa de esvaziar a CPI e a investigação de outros casos, como o da Delta.
"Como disse o Delfim (Neto) o Brasil era o último peru com farofa no Dia de Ação de Graças. Agora não  seremos mais. Por isso batem na gente” — Dilma Rousseff, presidente da República, sobre a reação dos investidores externos diante da redução de juros e spreads
A MENTIRA. O governador Marconi Perillo (GO) disse "não" ao deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), quando este lhe perguntou se conhecia Nazir D'Isanto. Miro investiga a participação deste empresário na organização criminosa integrada por Carlos Cachoeira. Numa conversa pelo twitter, Nazir justificou o fato de ter sido renegado: "O Exmo. Governador tem o dever de em primeiro lugar cuidar do Estado..."; "...não precisava desgastar-se por um simples e humilde ignoto"; e, "Aprendi um ditado no Brasil: Manda quem tem poder... Obedece quem tem juízo!".
Cúpulas ácidas
A presidente Dilma comentou com os governadores que a reunião do G20 e a Conferência Rio+20 serão pautadas por conversas "ácidas". A crise econômica na Europa e seu desdobramento nos emergentes afeta o humor de todos.
No escuro
A avaliação da presidente Dilma é que pela primeira vez não consegue visualizar solução para a crise. A Alemanha se mostra sobrecarregada e os Brics estão sendo atingidos, sobretudo a Índia, cujo problema é o mercado interno limitado.
PT decide não intervir em Fortaleza
O presidente do PT, Rui Falcão, comunicou ao governador Cid Gomes (PSB), que o partido não vai intervir em Fortaleza com o objetivo de evitar a candidatura de Elmano Freitas, apoiado pela prefeita Luizianne Lins. Falcão alegou que já tinha dado a benção a Elmano e que não dava mais para intervir no processo, como fora feito em Recife (PE). Cid relatou, aos demais governadores, que não lhe resta outro caminho que não seja lançar outro candidato com o apoio do PMDB.
Bem na foto
A foto da reunião dos 27 governadores com a presidente Dilma, ontem, teve que ser batida duas vezes. Na primeira estava ausente o governador Sérgio Cabral (PMDB). Quando o atrasado chegou todos fizeram pose para novo retrato.
Chorão
O governador do Amazonas, Omar Aziz (PSD), ficou 20 minutos lamentando a penúria de seu Estado, sem recursos e sem investimentos. Virou piada, quando Renato Casagrande (PSB-ES) tirou a carteira do bolso e sugeriu uma vaquinha.
A GOVERNADORA Roseana Sarney (DEM-MA) não aguentou o fim da reunião no Planalto para fumar. Acendeu um cigarro tão logo Dilma se despediu. 
A POLÍCIA Federal é alvo de intensa pressão política para não ampliar as investigações iniciadas pelas Operações Vegas e Monte Carlo.
COMENTÁRIO do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), sobre o desejo do líder do governo na Casa, Eduardo Braga (PMDB-AM), de deixar o cargo: "Nós não queremos isso. Temos procurado ajudá-lo na interlocução e na articulação". Então, tá!

CHARGE - E SEGUE A CPMI


Charge

 

“Está claro que convocar o Cavendish é trazer para a CPI todas as empreiteiras”, diz um parlamentar do PT



Fernando Cavendish esteve em Brasília e deixou claro a uma parlamentar: se for transformado em bode expiatório, revelará o esquema de laranjas que atende a todas as empreiteiras que negociam com o governo e que financiam políticos. O recado foi passado adiante, e a CPI decidiu não convocá-lo. Não guarde essa informação só pra você!*
A CPI instalada para apurar o escândalo que tem — ou tinha —no centro o bicheiro Carlinhos Cachoeira produziu, nesta semana que termina, ela própria, um novo escândalo: deixou de convocar Fernando Cavendish, o dono da Delta. Reportagem de Daniel Pereira e Adriano Ceolin na VEJA que começa a chegar hoje aos leitores explica os motivos. Leiam trechos. A íntegra está na edição impressa da revista. Volto depois.
(…)
No mesmo dia em que a CGU anunciou a punição à Delta, [Fernando] Cavendish esteve em Brasília. Numa conversa com um parlamentar de quem é amigo, ele disse que não apenas a Delta, mas a maioria das grandes empreiteiras paga propina a servidores públicos e políticos em troca de obras e aditivos contratuais.
Cavendish afirmou ainda que a Delta adotou o mesmo sistema que já era usado pelas outras empreiteiras: para dificultar o rastreamento da propina, repassava os recursos a empresas-laranja, que, posteriormente, entregavam o pedágio a quem de direito. Sentindo-se injustiçado por ser o único a expiar os pecados em público, Cavendish apresentou ao parlamentar um conjunto de empresas-laranja que serviriam à Delta e às concorrentes.
Ele nominou sete empresas das áreas de engenharia e terraplenagem. Todas atenderiam às empreiteiras de modo geral, repassando recursos destas a autoridades que facilitam a obtenção de contratos em órgãos públicos. Todas funcionam em São Paulo e têm como proprietário o empresário Adir Assad, apesar de estarem em nome de pessoas como o técnico em refrigeração Jucilei Lima dos Santos e de Honorina Lopes, sua mulher, ambos encarnando o papel daquilo que os manuais de corrupção classificam como laranja.
Esta é a "empresa" Moviterra, que movimentou parte da grana da Delta...
Esta é a "empresa" Moviterra, que movimentou parte da grana da Delta...
...e este é o casal Honorina e Jucilei, que aparecem como donos da empresa
...e este é o casal Honorina e Jucilei, que aparecem como donos da empresa
Cavendish conhece como poucos Adir Assad — e os serviços prestados por ele. Há duas semanas, VEJA revelou que a Delta repassou 115 milhões de reais a empresas-laranja. Do total, 47,8 milhões abasteceram as contas da Legend Engenheiros Associados, da Rock Star Marketing e da S.M. Terraplanagem, que também são de propriedade de Adir Assad.
As sete novas empresas de engenharia e de terraplenagem, segundo Cavendish, fariam parte do mesmo laranjal a serviço da Delta e também de outras grandes empreiteiras do país. O parlamentar que conversou com Cavendish passou o relato adiante. Foi como se acendesse um rastilho de pólvora que percorreu as bancadas do PMDB, PP, PR e PT. O recado foi entendido como um pedido de solidariedade e, claro, como uma ameaça velada, destinada a trazer novas empresas e parlamentares para o centro da investigação.
“Está claro que convocar o Cavendish é trazer para a CPI todas as empreiteiras”, diz um graduado petista que votou contra a convocação do empreiteiro. Só uma investigação acurada sobre a movimentação financeira das empresas-laranja revelará se Cavendish blefa ou fala a verdade. O fato é que, na semana passada, o empresário foi blindado apesar da fartura de indícios que pesam contra ele. Além do relatório do Coaf, a própria CPI já detectou que houve grande quantidade de saques em dinheiro, às vésperas das eleições, nas tais empresas-laranja abastecidas pela Delta.
Uma planilha em poder da comissão também revela que contas da empreiteira que recebiam os recursos federais foram as mesmas que transferiram dinheiro para uma empresa-laranja sediada em Brasília, agraciada com 29 milhões de reais. Os parlamentares de oposição acreditam que encontraram o caixa usado para subornar funcionários do governo federal.
(…)
Adir Assad: ele concetra as empresas-laranja
Adir Assad: ele concetra as empresas-laranja
VolteiNão que fosse exatamente um mistério, não é? Mas agora estão aí os detalhes da cadeia de eventos que resultou na não convocação de Cavendish. Nunca antes na história destepaiz uma Comissão Parlamentar de Inquérito se acovardou de maneira tão vexaminosa.
E fiquem como outra informação: alguns governistas consideram que as convocações do dono da Delta e de Luiz Antônio Pagot, ex-chefão do Dnit, são inevitáveis. Tentam uma maneira — o problema é saber que compensação poderia oferecer — de fazer com que depoimentos incômodos estourem como bomba só no terreno da oposição. Até agora, não conseguiram encontrar a fórmula. A razão é simples: o primeiro cliente da Delta é o governo federal; o segundo é o governo do Rio; o terceiro é o de Pernambuco.
A Delta tinha uma expertise e um método onde quer que operasse, entenderam? E,  anda a espalhar Cavendish, não eram práticas exclusivas de sua empresa. Ele teria feito apenas o que todos, na sua área, fazem.
 Ah, sim: a convocação de Cavendish foi recusada por 13 a 16. Escreve VEJA: “Para a definição do placar, foram decisivos dois parlamentares: o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que se alinhou à maioria, e o deputado Maurício Quintella Lessa (PR-AL), que não participou da sessão. Soube-se depois que Nogueira e Lessa haviam se encontrado na Semana Santa com Cavendish num restaurante em Paris”.
Eles juram que foi um encontro casual. Quem duvidaria?
PS — Leitor,  você ainda se encontrará com Cavendish em Paris. Mas tenha o bom senso e o bom gosto de não dançar com guardanapo na cabeça…
Post publicado originalmente às 6h48
Por Reinaldo Azevedo

Feijoada e vinho – como combinar?


08 junho 2012 |  Marcelo Copello

O tema “harmonização” – a escolha do vinho adequado para cada prato – está muito em voga no Brasil. Busca-se aqui descobrir qual vinho seria ideal para os pratos típicos, já que não temos tradição em vinho e estas receitas historicamente não eram consumidas com vinho. O caso mais estudado é a feijoada, cartão portal da culinária verde e amarela. A feijoada tem suas origens na relação entre o senhor de engenho, muitas vezes um colonizador português, e os escravos africanos. Enquanto as melhores partes do porco iam para a casa grande, a senzala comia as o que era desprezado (pé, orelha etc). Somou-se a isso o feijão preto de origem americana, e as influencias de pratos portugueses da Estremadura, das Beiras e de Trás-os-Montes e Alto Douro, que misturam feijão (não o preto) à lingüiças, orelha e pé de porco, além de outros pratos europeus como o cassoulet (França), o cozido madrileño (Espanha) e a “casserola” milanesa (Itália). Hoje a feijoada é um cozido de feijão preto e carnes (carne seca, lombo, costela, pé, orelha, rabo, paio, lingüiça e língua de boi), temperado com pimenta vermelha, cebola, alho, azeite, louro e geralmente servida com arroz branco, fatias de laranja, couve, farofa e molho de pimenta.

O LOCAL E OS CONVIDADOS
Harmonização é uma ciência eminentemente prática. Reuni portanto um grupo de abnegados amantes do vinho que emprestaram seus palatos a esta experiência em um restaurante de nome bastante sugestivo. A “Casa da Feijoada” (Rua Prudente de Moraes 10, Ipanema, Rio de Janeiro), que oferece um único prato e faz fila à porta com pessoas (muitos turistas) que buscam provar a verdadeira feijoada.

À nossa “mesa-laboratório” sentaram-se: Embaixador António Almeida Lima – Consul Geral de Portugal no Rio de Janeiro, Solange Amado – empresária, Lauro Carvalho – enófilo, Marcelo Velloso –  empresário, e Leonardo Braga – proprietário da Casa da Feijoada.
A ESCOLHA DOS VINHOS
Escolher um vinho para acompanhar a feijoada não é tarefa banal. O prato oferece alto nível de sabor, aroma, sal e gordura, um toque de amargor do feijão preto e a picância da pimenta, em maior ou menos grau, pois esta é acrescentada a gosto na hora de comer. Escolhi uma ampla gama de vinhos portugueses:
  • Um espumante branco brut muito vivaz - Vértice Super Reserva 2000, Douro.
  • Um espumante tinto bastante usado para acompanhar o leitão da Bairrada – Raposeira Tinto 2003,Douro.
  • Um refrescante branco – Alvarinho Muros Antigos 2006, Anselmo Mendes, Minho.
  • Um tinto alentejano, moderno, macio e com madeira nova – Casa de Sabicos Reserva 2004.
  • Um tinto da Bairrada, mais tradicional, fermentado em lagares e com estágio em madeira usada -Casa de Saima Bairrada Garrafeira 2001.

A PRÁTICA
Como sempre faço em eventos de harmonização sugiro que todos os vinhos sejam provados antes da chegada do pratos, para mostrar como realmente o perfil do líquido muda diante da comida. Puro todos os vinhos agradaram bastante, a exceção do Raposeira, pois a união da acidez borbulhante do espumante com taninos causou estranheza.

A feijoada, como manda o figurino veio fumegante. Todos então comeram provando todos os vinhos e deram duas opiniões, em um agradável debate sobre a “performance” de cada caldo. O Alvarinho foi unanimemente descartado, apesar de excelente, pois sumiu diante da maior estrutura do prato. O Vértice foi muito elogiado e foi um bom companheiro para a feijoada, embora sem sinergia com o prato. O Casa de Sabicos, outro vinho muito bom, teve seu perfil madeirado e de “doçura” nos taninos e álcool exacerbado pelo prato, o que a poucos agradou, sendo elogiado apenas por Solange, uma amante dos tintos aveludados. O Bairrada encantou por sua elegância e complexidade, mas esperava-se mais taninos desde filho da Baga. Faltou-lhe impacto no paladar para enfrentar a força da carne gordurosa e, com o feijão sobrou um pouco de amargor no fim de boca. O campeão, quem diria, foi o Raposeira tinto, que puro desagradou, mas que cresceu com o prato, e mais ainda com a pimenta. Como lembrou o Sr. Embaixador António Almeida Lima, “todo casamento precisa de modéstia” e o vinho que antes mostrou-se o mais humilde era ao final o mais prendado, como uma “gata borralheira”.

Marcelo Copello (mcopello@bacomultimidia.com.br)