quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Humanidade desumana - RODRIGO CRAVEIRO


CORREIO BRAZILIENSE - 13/11
Vivemos uma guerra, na qual somos nosso pior inimigo. Em Goiânia, o executor ordena que policial civil coloque o filho de 5 anos no chão, antes de matá-lo e de ferir a criança e a mãe. Em Pirenópolis, uma professora de piano é brutalmente assassinada dentro de casa. Em Ribeirão Preto (SP), o padrasto e a mãe do menino Joaquim, de 3 anos, são suspeitos da morte dele e de lançar o corpo em um córrego. De dentro das penitenciárias de São Paulo, a cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) planejou matar o governador Geraldo Alckmin, e determinou a execução de crianças. No Maranhão, facções criminosas mandam eliminar 10 agentes da lei. Aqui em Brasília, sequestros relâmpagos acontecem em plena luz do dia e a poucos quilômetros do centro do governo. E muitos daqueles que decidem nossos destinos perderam valores morais, subjugados pela força inescrupulosa do dinheiro e pela arrogância do poder.
Leis frouxas, Justiça morosa e práticas permissivas na esfera pública acabam nos tornando reféns de nossos próprios erros e de nossa selvageria. Os presídios lotados e transformados em depósitos de gente - verdadeiras escolas do crime - estão longe do propósito de ressocialização. Tornaram-se espécie de centro do ócio e de reciclagem da marginalidade. Algumas igrejas transformaram-se em bastiões de estelionatários, ávidos em oferecer prosperidade espiritual em troca da riqueza material. O desespero e a falta de perspectivas de uma parte da população, abandonada à própria sorte, são um convite ao deleite de alguns "pastores".

A inexistência de uma cultura de paz e de políticas sociais calcadas na valorização do emprego, a despeito do populismo oculto por trás das cestas básicas e do tão propalado Programa Bolsa Família, torna nosso futuro ainda mais sombrio. Em um país no qual se valoriza brutamontes se matando em um ringue, a novela das oito quase glamoriza a promiscuidade e o adultério, e o humorístico das noites de domingo exalta o preconceito ao "pobre" e achincalha a mulher, é de se pensar que quase tudo está perdido. Quem já teve uma arma apontada para a cabeça - como eu, durante um sequestro relâmpago, em 1995 - vislumbra essa inversão de valores. Nossas vidas estão nas mãos de marginais e não nos braços do Estado, que deveria ser o provedor do bem-estar social e da segurança. Estamos entregues à própria sorte em uma luta diária pela sobrevivência. Salve-se quem puder.

Dilma joga damas; Lula, xadrez - LUIZ CARLOS AZEDO


CORREIO BRAZILIENSE - 13/11


Dilma procura manter os aliados no governo, tratando-os com distância regulamentar. Lula joga com a capacidade de transferir votos e criar expectativas de poder


Nove entre os 10 maiores empresários do país estão fazendo lobby para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorra às eleições presidenciais do próximo ano no lugar da presidente Dilma Rousseff. E frequentam o Instituto Lula, no Ipiranga, com muito mais assiduidade do que o gabinete do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que consideram perdido diante das dificuldades da economia. E nunca tiveram tanta saudade do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que, por breve período, foi chefe da Casa Civil da presidente Dilma Rousseff e hoje vive de consultorias na área econômica.

Na verdade, Lula retroalimenta essa romaria dos empresários, que mantêm vivo o “Volta, Lula!”. Nas conversas com os políticos, o petista sempre descarta a possibilidade de disputar a próxima eleição no lugar de Dilma, mas seu olho brilha quando trata do assunto, garantem todos os interlocutores. “Se me encherem o saco, eu volto… Em 2018”, chegou a admitir durante almoço no Senado, por ocasião da festa dos 10 anos do Programa Bolsa Família, conforme revelou a repórter Denise Rothenburg na coluna Brasília-DF. Aquela foi mais uma semana na qual o ex-presidente da República roubou a cena e sufocou os esforços da presidente Dilma para ter uma marca própria de seu governo, além de pôr mais lenha na fogueira do “Volta, Lula!”

Dilma e o ex-presidente Lula operam o mesmo tabuleiro político, mas cada um tem um jogo diferente. Dilma se movimenta como quem joga damas, no qual todas as peças são iguais e se movem da mesma forma. Ganha quem capturar todas as peças do oponente. Lula joga xadrez: as peças são variadas e cada tipo faz um movimento específico. O objetivo final é comer o rei do adversário. Dilma procura manter os aliados no governo, tratando-os com distância regulamentar; é bem-sucedida porque conhece e usa o poder de cooptação da máquina do governo, ou seja, de sua caneta cheia de tinta. Lula joga com a sua capacidade de transferir votos e criar expectativas de poder, inclusive para reaproximar os ex-aliados que se desgarraram. O rei adversário nesse jogo é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que de aliado histórico dos petistas passou à oposição aberta.

Para quem quiser ouvir, Campos jura que será candidato a qualquer preço. Ele não perdoa as retaliações que sofreu do Palácio do Planalto desde que se colocou na disputa presidencial de 2014. Na conversa que selou o destino de Marina Silva e da Rede, Campos disse que será candidato mesmo que o ex-presidente Lula concorra no lugar de Dilma. Foi somente após essa resposta que a ex-senadora decidiu ser vice na chapa de Campos e recomendar aos militantes da Rede a entrada em bloco no PSB. Na noite do acordo, Campos ligou duas vezes para Lula e não foi atendido. Considerou o ex-presidente da República informado de sua decisão, o que só veio acontecer pelos jornais, no dia seguinte. Em 27 de outubro, Campos ligou para Lula novamente, para dar os parabéns pelo aniversário do ex-presidente. Conversaram como se nada demais houvesse ocorrido: “Eduardo, estaremos juntos como sempre”. É ou não um jogo de xadrez?

Miscelânea
Guerra fiscal/ A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou projeto de lei complementar do senador Paulo Bauer (PSDB-SC) que disciplina a compensação das perdas dos estados com a redução das alíquotas interestaduais do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). São reduzidas para 4% e 7% as atuais alíquotas interestaduais, de 7% e 12%, com exceção dos produtos da Zona Franca de Manaus e do gás natural, que continuariam com 12%. O placar de 12 a 8 na CAE mostra que a guerra entre a União e os estados está só começando no Senado.

Pessimista/ Nunca o ministro da Fazenda, Guido Mantega, esteve tão jururu, nem mesmo quando enfrentou grave problema de saúde na família. Anda pessimista porque não consegue reduzir os gastos do governo e os indicadores da economia sinalizam baixo crescimento para 2014.

A dor de cotovelo do marechal e a República - FERNANDO MARTINS


GAZETA DO POVO - PR  - 13/11

No recém-lançado livro 1889, o jornalista Laurentino Gomes levanta a hipótese de que pode ter sido a dor de cotovelo do marechal Deodoro da Fonseca que desencadeou a proclamação da República – que nesta semana completa 124 anos. O pouco conhecido episódio do ciúme do marechal pela Baronesa do Triunfo também simboliza a tortuosa gênese republicana do país, que produz seus efeitos até hoje na vida pública nacional.

Segundo o relato de Laurentino Gomes, a baronesa – Maria Adelaide Andrade Neves Meireles – era uma bela viúva gaúcha. Documentos indicam que Deodoro teria se sentido atraído por ela quando governou o Rio Grande do Sul, em 1883. Mas Maria Adelaide escolheu Gaspar Silveira Martins – um rival do marechal no amor e na política.

Os destinos de Deodoro e Silveira Martins voltariam a se cruzar seis anos depois, nos eventos que culminaram na instauração do regime republicano. Laurentino Gomes conta que o marechal, em nenhum momento durante o dia 15 de novembro, derrubou a monarquia. Deodoro, que era o líder do golpe militar, tão-somente afastou da chefia do governo parlamentar o Visconde de Ouro Preto, considerado um perseguidor do Exército.

Foi somente na madrugada do dia 16 que Deodoro concordou em instituir a República, como pedia uma ala dos militares insatisfeitos. A decisão do chefe do movimento foi tomada quando ele soube que dom Pedro II havia convocado Silveira Martins para chefiar o novo gabinete. Laurentino Gomes especula que o ciúme do marechal em relação ao rival tenha contribuído para pôr fim ao Império. Sem o prestígio de Deodoro e diante de uma eventual recusa dele em propor a mudança de regime, a nação talvez pudesse ter permanecido uma monarquia.

Assim, a República brasileira teve, nas palavras de Gomes, uma “madrinha secreta”. O curioso é que a “musa” da proclamação e os demais personagens envolvidos eram todos da aristocracia rural ou militar. E que a alvorada do republicanismo nacional teve um forte componente personalista. O elitismo e o personalismo, que pouco combinam com uma verdadeira República, continuam a ser marcas da vida pública nacional mais de um século depois.

É sintomático ainda comparar a madrinha republicana do Brasil com o símbolo universal da República – a efígie de Marianne, que pode ser vista em qualquer nota de real. Marianne foi concebida como uma musa pelos republicanos franceses. Ela não é uma pessoa de carne e osso, marcando a impessoalidade da República ideal, que não faz diferença entre cidadãos. Marianne – a contração dos dois nomes femininos mais comuns na França do século 18 (Marie e Anne) – é ainda a personificação do povo, em contraposição à aristocracia.

A sedução do poder viaja a jato no mundo mágico de governantes

Author: Carlos Newton |
http://www.esmaelmorais.com.br/wp-content/uploads/2013/07/charge6.jpgPedro do Coutto

Reportagem de Flávia Pierry, O Globo de terça-feira, revelou que o governo de Brasília aprovou edital para contratar um serviço de táxi aéreo, à base de pequeno avião a jato mas sempre com direito à salas VIP e a tratamento de bordo também de qualidade especial. O governador Agnelo Queiroz justifica a iniciativa pela necessidade da obrigação de ter de viajar pelo país, dadas as dimensões nacionais, de modo rápido e seguro. Não se sabe que obrigações serão essas já que Agnelo Queiroz é governador do Distrito Federal.

Imagine se os demais vinte e seis governadores alegarem as mesmas razões para seguir o exemplo e adquirirem ou contratarem aviões para se locomover de um estado para outro, ou de uma localidade para outra. No caso do governo de Brasília, os voos podem até ser internacionais, com o mínimo de escalas possível.

PODER E SEDUÇÃO

Tudo por conta do mundo mágico do poder e da sedução de que se reveste. Este lado é tão forte, no plano psicológico quanto a despesa que acarreta no plano financeiro. È um deslumbramento, péssimo exemplo ético para a população que escolhe seus governantes para administrar e não para que se deslumbrem no universo da autoafirmação – falsa autoafirmação na verdade. Porque o governador de Brasília não pode se transportar por via rodoviária dentro da cidade ou através de voos comerciais como fazem todos? Não há razão explícita além de um exemplo de fascinação, como na valsa famosa. Isso de um lado.
De outro não se explica à luz da lógica quais os motivos que incluem viagens internacionais na agenda do governador. Eles podem ocorrer, mas de maneira pouco frequente, que podem ser atendidos pelo uso das linhas comerciais regulares que levam rapidamente de um ponto a outro do planeta.

A população não paga impostos, cada vez mais pesados, para isso. Se o governador precisar viajar, basta requisitar as passagens e diárias. Se deseja convidar outras pessoas não incluídas em sua equipe, use seus recursos próprios para tal. Não recursos públicos. São gastos assim que, multiplicados, levam à perda sensível de parte das receitas, diminuindo a capacidade do poder público de investir mais em saúde e educação e também realizar os investimentos reprodutivos de que o país exige e a população espera. Espera e, habitualmente, de quatro em quatro anos, ouve a repetição das promessas. Os eleitores vão às urnas  em busca de esperança. A que se volta para a realização dos compromissos de campanha. Não para que os que pediram seus votos, ontem, amanhã os utilizem para uso pessoal do poder, transformando-o de instrumento de ação social e econômica coletiva numa ponte  pessoal para o luxo e a ostentação.
 
É preciso colocar uma barreira concreta e efetiva entre os dois polos da questão. O poder não existe para satisfação individual e deslumbrada dos que o ocupam. Sua finalidade é outra, muito diferente: melhorar os níveis de vida da população e melhorar as estruturas da sociedade. Mas os exemplos nada dignificantes se repetem. Acumulam prejuízos enormes, incluindo a queda da credibilidade do poder público. Isso é extremamente negativo para os políticos, para a política, para o próprio país.

Estoque de carisma de Lula - GAUDENCIO TORQUATO

Author: Carlos Newton | Date: 6 Comments »
Gaudêncio Torquato
Qual o peso de Lula na balança eleitoral? Essa é uma das questões mais controversas do debate político ora em curso. A polêmica se estabelece a partir do reconhecimento de que Luiz Inácio Lula da Silva, retirante nordestino que aos 7 anos chegou a Vicente de Carvalho, no litoral paulista, num caminhão “pau de arara”, é o último perfil carismático da paisagem política contemporânea.
O carismático exibe um veio populista, principalmente ao agitar as massas com um discurso floreado de bordões e refrões de fácil assimilação. O dicionário de verbetes de Lula é o mais acessível às massas. É evidente que o portador de carisma tem de provar e comprovar que não se limita ao verbo tonitruante dos palanques. Precisa demonstrar ação. A trajetória do pernambucano Luiz Inácio, sob esse aspecto, é cheia de atos e fatos. É um roteiro de lutas, criação de movimentos, mobilização de massas, greves, negociações com o patronato, derrotas e vitórias eleitorais.
Já não se pode dizer o mesmo da ex-senadora Marina Silva, por exemplo, em quem muitos enxergam aura carismática. Falta-lhe o tônus da ação. Um eixo largo de feitos. Sua planilha, hoje, exibe enfeites mais retóricos, apesar da atenção causada por seu porte miúdo, voz em falsete e uma história de carências.
A conclusão, pois, é a de que os demais perfis inseridos na galeria do carisma não passam de imitações baratas. Alguns não passam de “bolhas de sabão”, que se elevam por instantes e logo estouram, para usar a própria comparação feita por Max Weber.
Dito isso, salta à vista a observação de que “o último dos moicanos”, com seu arsenal carismático, poderá abater gregos e troianos que tentem flechar a candidata petista em 2014. Certo? Não. A hipótese aponta para entraves.
Primeiro, carisma não é um bem inesgotável. Trata-se de um dom que atinge o clímax em tempo determinado e, sob circunstâncias não tão favoráveis, pode declinar. Weber lembra que o domínio carismático se impõe em momentos de crise, mas seu estado de “pureza” é afetado pelo rolo compressor da modernidade.
DIFERENÇAS
O Brasil de 2002, quando Lula correu o território brasileiro e ergueu ao topo o mastro da esperança, avançou muito. O corpo de Lula cabia bem na alma nacional. Sua voz ecoava alto por todos os estratos da pirâmide social. Acabou levando o troféu.
Depois de oito anos, continuou a usar a aura carismática para embalar um perfil técnico e até então apolítico, a ex-ministra Dilma Rousseff. Um achado que deu certo. Fez o mesmo na capital paulista com o atual prefeito, Fernando Haddad.
A elevação dos índices de racionalidade (particularmente nos bolsões que ascenderam socialmente), o desgaste do PT com o episódio da Ação Penal 470 (mensalão) e a polarização entre tucanos e petistas, com sinais de saturação, parecem indicar obstáculos no caminho de Lula.
O eventual sucesso da presidente Dilma, é consenso, terá como “leitmotiv” o cenário econômico. Não se descarta o trunfo Lula no baralho eleitoral. Mas a estrutura da fortaleza que construiu no campo do carisma não é tão sólida como há 20, 30 anos. Vaza água por alguns canos.
Estoque de carisma de Lula

Ninguém mais conhece Eike

Author: Carlos Newton | 
 
Fernando Gabeira
O Estado de S. Paulo
Quando você é famoso, ninguém o conhece. Essa frase de Arthur Miller talvez valesse uma reflexão para o bilionário Eike Batista. A derrocada de seu império foi interpretada, erroneamente, no exterior como o fim do sonho brasileiro. Dilma Rousseff havia elogiado Eike e dito que gostaria de ter no Brasil mais capitalistas como ele. Mas isso não o transforma num símbolo do empresariado nacional, que envolve uma diversidade de estilos e estratégias irredutível a um só homem.
O Rio de Janeiro será o Estado mais atingido por essa depressão pós-euforia. Isso não quer dizer, no entanto, que a trajetória de Eike Batista tenha sido um relâmpago em céu azul. Muito menos que a admiração pelo empresário se tenha reduzido ao governo brasileiro e seus aliados no Rio. Preocupa-me um pouco, embora seja uma experiência humana frequente, tratar alguém como se fosse apenas um fracasso pessoal.
Suas entrevistas eram disputadas e as fotos de sua intimidade, valiosas. Políticos o cortejavam, artistas o procuravam em busca de patrocínio, a tal ponto que, diante de um problema aparentemente insolúvel, alguém sempre lembrava: quem sabe o Eike não ajuda…
Não o conheço pessoalmente. Conversei inúmeras vezes com seu pai, Eliezer Batista, e tenho dele uma excelente impressão. Sempre que me lançava numa campanha política, procurava-o para trocar algumas ideias sobre estratégia, uma área em que é, com razão, muito respeitado. Eliezer Batista contribuiu para o governo Lula enfatizando a importância da integração física sul-americana, algo que se tomou uma política oficial, apesar das distorções que, no meu entender, se devem apenas ao viés ideológico do PT, não à ideia original.
Mesmo sem conhecer Eike, trabalhei em inúmeros temas ligados a ele. Escrevi sobre o Porto de Açu e afirmei que ele realizava um velho sonho de Minas Gerais: o acesso ao mar.
O Porto de Açu está localizado no litoral do Rio, mas é ligado a Minas por um mineroduto de pouco mais de 500 quilômetros. No passado, um político chamado Nelson Thibau chegou a prometer o acesso ao mar em campanha eleitoral, levando um barco para a Praça Sete, em Belo Horizonte.
Minha visão do Porto de Açu é de uma obra monumental, inclusive com o esforço de recuperar a vegetação da restinga. Voltei lá, desta vez para criticar Eike. O trabalho de retirada de areia do mar, depositada em grande quantidade na região, acabou salgando os mananciais e arruinando alguns pequenos lavradores. Pus no ar o comovente depoimento de um plantador de abacaxis destruído pela deterioração de suas terras. Pouco se falou do impacto do Porto de Açu nas lagoas de água doce e nas terras dos pobres lavradores.
Acompanhei o projeto do Hotel Glória e a tentativa de reforma da Marina da Glória, sempre com uma visão crítica. Não sentia na imprensa e no mundo político, com exceção do PSOL, grande empenho em avaliar as mudanças que desagradavam aos usuários da marina.
DESPOLUIÇÃO
Vivendo, como vivo, na margem da Lagoa Rodrigo de Freitas, monitorei a ajuda que Eike deu à despoluição, ponderando que era necessário um trabalho mais sério de renovação das águas. Em outras palavras, considerava a ajuda superficial, embora bem-vinda.
Eike foi sempre muito ligado ao governador Sérgio Cabral. Emprestou o avião para que Cabral fosse à Bahia e reiterou sua grande amizade pelo parceiro. Tudo isso contribuiu para demarcar a distância entre o meu olhar e o bilionário que construía seu império.
Como em todo grande momento, ainda que de inferno astral, Eike terá de reavaliar sua visão das pessoas. Muitos que o bajulavam devem estar rindo de suas dificuldades empresariais.
Nada disso, porém, quer dizer que Eike não seja responsável: Mas quando vejo reportagens enfatizando seu casamento com Luma de Oliveira, custa-me a compreender como isso possa ser um prenúncio de fracasso empresarial. Os erros não passam, neste caso, por mulheres bonitas, mas por um excesso de otimismo que não contaminou o governo porque o governo já é contaminado, por definição, com futuros gloriosos.
UMA FÁBULA
Unidos, Eike e o governo construíram uma fábula que custou ao empresário parte de sua fortuna. Mas custou também as economias de pequenos investidores e os esforços dos contribuintes, presentes, involuntariamente, nessa fanfarra por meio de recursos do BNDES, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
Um dos problemas da derrota é a solidão. Poucos querem realmente conhecer e alguns querem, de fato, esconder as inúmeras relações de Eike. Isso não é bom para o que resta da autoestima nacional.
O BNDES garante que foi um acidente histórico e que o País não perderá nem 20 centavos com essa história. Acontece que o banco financia os amigos do governo e se recusa a dizer a quem e como financia, alegando sigilo bancário. A partir da derrocada de Eike e das chamadas campeãs nacionais, é necessário saber exatamente como o BNDES investiu dinheiro, quanto perdeu, se perdeu, quanto ganhou, se ganhou.
Falta curiosidade aos nossos parlamentares. Existe na imprensa, mas o banco resiste a ela. Somente com uma investigação séria e oficial seria possível desvendar essa monumental bolsa dos ricos, muitas vezes superior à Bolsa Família, mas, ao contrário desta, protegida pelo segredo.
De que adiantou aprovar, como aprovamos, uma lei de acesso às informações, se estão bloqueadas as que nos levam aos bilhões jogados fora? O governo quer dispor do dinheiro de acordo com sua política, o que é razoável para quem se elegeu. Mas fazê-lo sob o manto do sigilo toma-se algo muito perigoso. Se a derrocada de Eike e dos chamados campeões nacionais não nos trouxer de volta o dinheiro perdido, que nos dê ao menos a transparência prometida e sempre negada nas questões essenciais.

Os 10 segredos das pessoas com força de vontade


Alguns empreendedores são determinados e cheios de força de vontade. Aqui estão os segredos que tornam isso possível
Os 10 segredos das pessoas com força de vontade

Alguns empreendedores são determinados e cheios de força de vontade. Aqui estão os segredos que tornam isso possível

Algumas pessoas possuem grande força de vontade, enquanto outras simplesmente inventam desculpas com tudo que acontece em sua vida.
Afinal, algumas pessoas dizem que vão emagrecer 10 quilos e emagrecem quando menos esperamos. Por outro lado, outras pessoas reclamam durante anos de 2 ou 3 quilos, sem tomar nenhuma atitude.

A força de vontade é uma habilidade que pode ser aprendida

Katie Morton passou 2 anos pesquisando o tema força de vontade nos campos da psicologia e da neurociência. Ela descobriu que a força de vontade pode ser aprendida, e não é um dom apenas de pessoas especiais.
Aqui estão alguns segredos para cultivarmos um comportamento de força de vontade.

#1. Defina claramente o que você quer

Como você sabe que está cedendo ou resistindo se você não sabe o resultado que quer alcançar? Ter clareza em seus objetivos elimina espaço para negociação.
O primeiro passo para o desenvolvimento de grande força de vontade é conseguir ser claro sobre o que você quer que a sua vida seja e por quê. Isso ajuda você a definir claramente quais as ações a tomar e o que evitar.

#2. Acredite que você pode

Enquanto não temos controle sobre tudo, temos controle sobre o tipo de comportamento que esperamos de nós mesmos.
Nossas escolhas se refletem no que acreditamos ser verdade. Se você acredita que é muito difícil, então tudo vai sair difícil.
A dúvida nos impede de realmente nos esforçarmos. As pessoas com força de vontade extraordinária sabem que vão conseguir porque acreditam. Quando você acha que consegue, encontra caminhos que lhe ajudam a conseguir.
Se você não acreditar no seu potencial, ninguém vai acreditar.
Se você não acreditar no seu potencial, ninguém vai acreditar.

#3. Resolva os problemas em vez de desistir

A mudança é algo desconfortável. Assim, quando a maioria das pessoas esbarra em um obstáculo, elas ficam felizes em jogar a toalha e terem encontrado uma desculpa.
As pessoas com grande força de vontade veem um obstáculo à sua frente e param tentando descobrir como podem contorna-lo. Com a prática, qualquer um pode se tornar um solucionador de problemas criativo, e isso é muito mais divertido.

#4. Assuma total responsabilidade

A maneira mais rápida de ficar preso em hábitos pouco saudáveis é culpar as circunstâncias e as pessoas por aquilo que está fora de controle.
As pessoas com força de vontade extraordinária aceitam totalmente a declaração: “eu sou responsável por minhas ações, meus hábitos e minha vida”. Não importa como você foi criado, ou o dia que você teve.
Em vez de parar para colocar a culpa em alguém, desvie a sua atenção para como você pode ter sucesso e como você pode acompanhar as suas decisões.

#5. Esteja disposto a pagar o preço

Quando tememos a dor que a mudança traz, ficamos presos dentro da pequena bolha da zona de conforto que representam os comportamentos familiares, pensamentos e sentimentos.
As pessoas com força de vontade extraordinária sabem que vão ter que suportar um certo nível de desconforto para conseguir o que querem.

#6. Esteja em dia com suas emoções

Muitos de nós vai tomar alguns litros de sorvete, ou se encher de chocolate ao primeiro sinal de perigo.
As emoções nos ajudam a navegar pela vida. Como disse Albert Einstein: “o descontentamento é a primeira necessidade do progresso”.
Quando você sente seus sentimentos e fica em contato com suas próprias necessidades e desejos, você se concentra em fazer melhorias ao invés de evitar as coisas.

#7. Esteja aberto a possibilidades positivas

Nossos cérebros são como um filtro, agarrando-se a toda experiência negativa que temos como “experiências de aprendizagem”, enquanto jogamos de lado as experiências positivas com a explicação de coincidências.
Os psicólogos chamam isso de viés de negatividade e estamos todos sendo afetados por ele.
Quando você está ciente desta tendência, fica mais fácil inverter a equação e se concentrar no que está funcionando e o que você está fazendo certo, que é um elemento essencial para nossos planos.

Esteja receptivo a coisas boas.

#8. Ame-se incondicionalmente

Muitos de nós pensamos que podemos nos chicotear e punirmos com rotinas que não gostamos. Essa é uma forma miserável de viver.
Um componente chave para criarmos hábitos é termos prazer no que estamos fazendo. Fomos mal condicionados a pensar que o trabalho, alimentação saudável e o exercício não são agradáveis.
Porém, muitas vezes esquecemos que hábitos saudáveis e ações produtivas podem facilmente ser agradáveis quando conscientemente enquadramos dessa forma.

#9. Concentre-se em valores, não na perfeição

Quando agimos esperando a perfeição, ficamos limitados por regras que nos dão a falsa sensação de controle e temos medo de errar.
O perfeccionismo é um jogo que não pode ser vencido. É inevitável cometer erros, porque somos humanos e sempre podemos falhar, nos envergonhar ou tomar a decisão errada.
Quando deixamos de lado o perfeccionismo e nos concentramos em nossos valores somos mais capazes de aprender com os erros. Isso promove a nossa sabedoria, a melhoria e o crescimento.

#10. Não julgue os outros de forma negativa

É muito mais fácil criticar os outros do que ir atrás do que realmente queremos na vida. Enquanto estamos ocupados julgando e comparando, temos bem menos tempo e energia de sobra para tornar nossas vidas algo grandioso.
As pessoas com força de vontade extraordinária olham objetivamente para o sucesso de outras pessoas, admiram o trabalho duro e usam-no como inspiração.
Ao invés de ficarmos relutante sobre o que queremos, podemos desenvolver a força de vontade extraordinária direcionando nossa energia para descobrir o que queremos da vida e fazer isso acontecer.
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Este artigo foi adaptado do original, “10 Secrets os People With Extraordinary Willpower” do The Third Metric.

O rei dos imóveis descobre o Brasil


by Felipe R. Magalhães

O empresário Jorge Pérez, CEO da incorporadora americana Related, dona de mais de US$ 50 bilhões em projetos em todo o mundo, pretende fazer do País o foco de seus investimentos nos próximos anos. Saiba quais são seus planos para o mercado brasileiro.

O empresário cubano-americano Jorge Pérez, CEO da maior incorporadora dos Estados Unidos, a Related Group, tem duas grandes paixões: obras de arte e canteiros de obras. Aos 64 anos, Pérez é o maior colecionador de esculturas e pinturas da Flórida e – junto com sua mulher, Darlene Boytell-Pérez – está entre os dez maiores dos Estados Unidos, com um acervo estimado em US$ 280 milhões pela Miami Art Dealers Association. Entre as peças mais valiosas, penduradas nas paredes da suntuosa mansão onde criou quatro filhos, em South Beach, reduto dos abonados de Miami, estão quadros do colombiano Fernando Botero e do mexicano Diego Rivera.
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Jorge Pérez CEO da Related: "O Brasil tem se mostrado o melhor
do mundo para investimento em imóveis"
Suas polpudas contribuições ao mundo da arte fizeram com que o antigo Museu de Miami fosse rebatizado, em 2011, para Jorge Pérez Art Museum. Naquele ano, suas doações superaram US$ 40 milhões, incluindo US$ 20 milhões em telas de artistas latino-americanos. “A arte alimenta minha alma, me fortalece e me dá uma energia que não sei explicar”, disse Pérez em entrevista à DINHEIRO, durante uma rápida passagem a negócios por São Paulo, no final de outubro. Eleito o latino mais rico dos Estados Unidos no ano passado, com um patrimônio líquido de US$ 1,6 bilhão – sem considerar a fortuna imobiliária em nome de sua empresa –, pode-se dizer que Pérez tem múltiplas cidadanias.
Ele nasceu em Buenos Aires e passou boa parte da adolescência na Colômbia. Em 1968, com 18 anos, criou raízes em Miami, onde estudou economia e iniciou a construção de um império no ramo da construção civil. “Se algum brasileiro perguntar, diga que sou cubano, pois sei que dizer que nasci na Argentina pode pegar mal por aqui”, diz, sorrindo, o empresário, um influente assessor da Casa Branca para assuntos ligados a Cuba desde a gestão do presidente Bill Clinton. Neste ano, Pérez deve superar a marca de 100 mil apartamentos vendidos na Flórida, número equivalente a todos os imóveis residenciais construídos na cidade de São Paulo entre 2008 e 2013. 
“Construir um imóvel me dá tanto prazer quanto adquirir uma obra de arte. Quanto mais eu tiver, obras e imóveis, melhor”, afirma Pérez, chamado de o “Rei dos Condomínios” pelo The Wall Street Journal. Na segunda quinzena do mês passado, Pérez esteve no Brasil, a serviço de sua segunda, mas não menos empolgante, paixão. O bilionário, em parceria com a construtora paulista Bueno Netto, comanda o maior projeto imobiliário em execução no Brasil. O Parque Global, como será chamado o novo megabairro em fase inicial de construção na região do Mo­­rumbi, às margens do rio Pinheiros, em São Paulo, terá R$ 8 bilhões em valor geral de vendas.
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Paulo Aridan, diretor da Odebrecht: "Estamos seguindo
a nova vocação imobiliária da capital"
Trata-se da construção de uma luxuosa minicidade de 218 mil m² – área equivalente a 21 campos de futebol – em uma das poucas regiões da capital paulista com disponibilidade de terrenos. O condomínio multiuso terá dez torres (as mais altas com 47 andares) que abrigarão imóveis residenciais, hotel e escritórios, além de um shopping center com 400 lojas, 14 salas de cinema e 30 restaurantes. Um jardim privativo de 17 mil m² garantirá uma área verde no coração do novo bairro, que deverá ser inaugurada daqui a cinco anos. “A construção do Parque Global será uma contribuição incalculável para a arquitetura e o design do País, uma autêntica obra de arte, deixando obsoletos todos os grandes empreendimentos que conhecemos até aqui”, diz Pérez.
“Estamos erguendo uma nova cidade dentro da capital, com alto padrão de excelência, incorporando o que existe de mais moderno em engenharia e arquitetura”, acrescenta o sócio Adalberto Bueno Netto, dono e presidente do Grupo Bueno Netto. À primeira vista, a empolgação de Pérez e Bueno Netto pode soar exagerada. No entanto, a julgar pelos projetos bilionários executados pela Related em outros países, não é. A incorporadora, controlada por Pérez e pelo magnata americano Stephen Ross, administra um fundo imobiliário de mais de US$ 14 bilhões e possui cerca de US$ 50 bilhões em projetos em andamento, cifras que colocam a dupla em lugar de destaque no ranking dos maiores investidores mundiais do ramo imobiliário. 
“Jorge Pérez e Stephen Ross hoje são sinônimos de negócios grandiosos no ramo imobiliário”, diz Sharon Allen, consultora do Coldwell Banker, em Miami. “A estreia deles no Brasil, assim como acontece em todos os países por onde passam, deverá imprimir um novo ritmo para todo o mercado local.” A Related está à frente da maior obra imobiliária na história dos Estados Unidos, um projeto avaliado em US$ 20 bilhões que promete redesenhar a silhueta da Big Apple nos próximos dez anos. Assim como o paulistano Parque Global, um novo bairro será erguido na região oeste da Ilha de Manhattan, um dos metros quadrados mais caros e disputados do mundo.
A central de linhas de trens da cidade, uma das poucas áreas não habitadas da ilha, será coberta com gigantescas placas de concreto, onde serão construídos 17 edifícios comerciais e residenciais. “Achávamos que Nova York havia chegado ao limite, sem áreas para novas construções, mas o novo bairro está criando um incrível horizonte para o setor”, disse Jonathan Miller, presidente da consultoria Miller Samuel Real State, de Nova York. O novo bairro nova-iorquino, batizado Hudson Yards, é o maior, mas não o único empreendimento faraônico no portfólio da companhia.
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Hudson Yards: o megabairro em Manhattan será erguido sobre um gigantesco pátio de trens metropolitanos (à esq.)
Nos Estados Unidos, a Related assina a construção de cartões-postais como o complexo Time Warner Center, em Nova York, o Park Tower, em Chicago, e o Icon Bricker e o Apogee South Beach, em Miami (leia mais sobre o mercado imobiliário americano na entrevista “A Recuperação do mercado imobiliário nos EUA ainda levará três anos” ao final da reportagem). No Exterior, a Related de Pérez e Ross também possui obras em andamento em países como China, Índia, Emirados Árabes, Argentina e México. “Estamos em todo o mundo, mas faremos do Brasil o principal foco de nossos investimentos fora dos Estados Unidos nos próximos anos”, afirmou Pérez.
Por conta da atuação no setor imobiliário de mercados emergentes, o chefão da Related é conhecido como o “Donald Trump dos Trópicos”. “Conheço com precisão mercados em todo o mundo, e posso garantir que o Brasil tem se mostrado o melhor do mundo para investimento em imóveis.” Além das oportunidades bilionárias geradas, o mercado imobiliário brasileiro será uma peça indispensável na estratégia de recuperação da solidez financeira da Related, que sentiu os efeitos da crise do subprime americano: entre 2007 e 2010, a companhia acumulou perdas de mais de US$ 1 bilhão. Os preços dos imóveis desabaram, os bancos fecharam a torneira do crédito e os compradores desapareceram da noite para o dia.
“A crise me roubou dois anos de trabalho e me ensinou mais do que 20 anos de experiência”, afirmou Pérez. De quebra, as dificuldades o motivaram a colocar sua experiência no papel. O livro Powerhouse Principles: The Ultimate Blueprint for Real Estate Success in an Ever-Changing Market (Os Princípios para os empreendimentos imobiliários de sucesso em um mercado em constante mudança, numa tradução livre), traz algumas das lições que Pérez diz ter aprendido com o tombo. Dos ensinamentos tirados das turbulências do final da década passada estão a flexibilidade e a diversificação dos projetos. Não por acaso, para sustentar essa estratégia de longo prazo no Brasil, os planos da Related vão muito além do condomínio “três em um” na capital paulista.
No ano passado, a incorporadora deu o pontapé inicial em sua estratégia brasileira ao abrir o primeiro escritório em São Paulo. A operação local ficou a cargo do executivo Daniel Citron, ex-presidente da Tishman Speyer no Brasil, que logo anunciou a construção de um edifício residencial na região da avenida Faria Lima e que começará a ser erguido neste ano. Segundo Citron, a ordem da matriz é garimpar novas áreas para construir. “Recebemos sinal verde de Pérez para investir o que for necessário no Brasil”, disse Citron. “Estaremos em busca de oportunidades em qualquer lugar do País que tenha potencial de valorização.”
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Stephen Ross, o sócio de Pérez: o bilionário está construindo um bairro
de US$ 20 bilhões em Nova York, no maior projeto imobiliário
da história do país
PARCERIAS A busca por novas oportunidades de negócios já ocorre no Rio de Janeiro. A Related participa da concorrência por 100 mil m² no Porto Maravilha, um novo megabairro de alto padrão, que ocupa uma área total de um milhão de m2 e que poderá ter um volume geral de vendas (VGV), apenas na primeira etapa, semelhante aos R$ 8 bilhões do Parque Global, em São Paulo. O início das obras depende de uma assinatura do fundo imobiliário da Caixa Econômica Federal, proprietário da área do porto. “O grande fluxo de investimentos estrangeiros é bem-vindo porque agrega recursos e expertise aos novos projetos”, afirma Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP, a principal entidade do setor imobiliário no País.
“No entanto, os empreendimentos serão bem-sucedidos se houver parceria com empresários brasileiros, já que o mercado imobiliário é uma atividade essencialmente local.” A ofensiva da Related no mercado conta com parceiros de peso. No Rio de Janeiro, se o projeto for aprovado pela Caixa, a companhia terá como sócias a Westfield, empresa responsável pelos principais projetos da Olimpíada de Londres, e a BNCorp, incorporadora do Grupo Bueno Netto. O consórcio é chamado de Grupo Porto Cidade. O projeto apresentado pelas três empresas prevê a construção de seis arranha-céus no Porto Maravilha e terá investimentos imediatos da ordem de R$ 3,5 bilhões.
“Acredito que o futuro da Related no mercado brasileiro dependerá, principalmente, do sucesso ou não da empresa no Porto Maravilha, que hoje é o principal cartão de visita do mercado imobiliário da cidade”, diz o economista Eugênio Pedroza, da consultoria Jones Lang LaSalle. O interesse do bilionário Jorge Pérez pelo mercado brasileiro da construção não se dá por acaso e coincide com um momento raro na história do setor no País, em que lançamentos de megaempreendimentos imobiliários são cada vez mais comuns. Os cinco maiores deles devem gerar um valor geral de vendas colossal, na casa dos R$ 30 bilhões (veja as maiores obras abaixo).
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Adalberto Bueno Netto: "Estamos erguendo uma nova cidade
dentro da capital"
Dentro do mesmo projeto que vem sendo cobiçado pela Related no Porto Maravilha, por exemplo, há outros interessados do porte das gigantes OAS, Carioca Engenharia e a Odebrecht. “O novo complexo imobiliário na região portuária será um marco na história do Rio de Janeiro, uma cidade que sofre com a falta de espaços e a ocupação desordenada”, afirma Rodrigo Melo, diretor da regional carioca da Odebrecht Realizações Imobiliárias. O local receberá investimentos também do empresário e apresentador de televisão americano Donald Trump, que construirá seu primeiro conjunto de edifícios comerciais no Brasil, o Trump Towers.
O empreendimento terá cinco prédios, que serão erguidos pela construtora Even e pela incorporadora MRP International, com um VGV de R$ 6 bilhões. Na lista dos megaempreendimentos bilionários em obras pelo País ainda estão o Jardim das Perdizes, da construtora Tecnisa, com potencial de R$ 5 bilhões em vendas, e o Parque da Cidade, um novo bairro que será construído pela Odebrecht na Chácara Santo Antônio, próximo da marginal Pinheiros, ambos em São Paulo, que poderá gerar vendas de R$ 4 bilhões.
“Estamos acompanhando a nova vocação imobiliária da capital, seguindo para os novos vetores de desenvolvimento da cidade”, disse Paulo Aridan, diretor-geral da Odebrecht Realizações Imobiliárias em São Paulo. Seguir a vocação imobiliária dos mercados em que atua é, inclusive, uma das regras fundamentais da cartilha de Jorge Pérez, descritas em seu livro. Resta saber, agora, se a receita do sucesso do empresário nos Estados Unidos será replicada no Brasil. O erro é um capítulo sobre o qual ele espera não ter de escrever novamente.

Portaria estabelece gestão condominial dos empreendimentos do programa MCMV


 fonte: Lugar Certo

De acordo com a nova redação da portaria nº 168, os estados ou municípios deverão contratar uma empresa especializada em gestão condominial trinta dias antes da entrega dos imóveis

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A empresa selecionada terá que desenvolver um trabalho pedagógico com os moradores para ensinar as diretrizes das atividades que devem ser desenvolvidas nos condomínios
O Ministério das Cidades publicou na segunda-feira (11/11), a Portaria nº 518 que altera a portaria nº 168, que regulamenta a modalidade Empresas do programa Minha Casa, Minha Vida, realizada com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) e já está em vigor a partir da data de publicação. A principal mudança estabelecida pela Portaria é sobre a Gestão Condominial descrita no anexo sete da norma. De acordo com a nova redação, os estados ou municípios deverão contratar uma empresa especializada em gestão condominial trinta dias antes da entrega dos imóveis. O contrato é realizado com recursos do FAR e terá vigência de no mínimo doze meses.
objetivo é que a empresa desenvolva um trabalho pedagógico com os moradores para ensinar as diretrizes das atividades que devem ser desenvolvidas nos condomínios como escolha do síndico, gestões contábeis, administração, entre outros. As iniciativas são complementares às atividades sociais que já são desenvolvidas pelos municípios para dar condições aos moradores de fazer uma gestão adequada dos empreendimentos com maior sustentabilidade.
O trabalho será dividido em três fases: formação de condomínio –fase inicial com duração de trinta dias. É realizado um levantamento de informações para a elaboração da previsão orçamentária do condomínio, prestação de assessoria técnica nas reuniões que antecedem a ocupação, eleição de síndico, conselho fiscal, entre outras ações.
segunda fase será de implantação e organização, terá duração máxima de noventa dias e consiste em providenciar emissão de Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) do condomínio e registro das atas para informar ao contratante após sua conclusão. Além de realizar reunião inicial com síndico e conselho fiscal para esclarecimentos sobre o trabalho de assessoramento e apoio ao síndico nas discussões com os condôminos para elaboração/adequação do regimento interno; prestar esclarecimento e assessoramento ao síndico e ao conselho fiscal acerca da abertura de contas Pessoa Jurídica (PJ) do condomínio.
terceira fase, que é a gestão condominial, deverá ser iniciada após a eleição do síndico e conselho fiscal, com duração até o final da vigência do contrato. As atividades desenvolvidas serão de assessorar o síndico quanto à necessidade e periodicidade da convocação de assembleias ordinárias e extraordinárias, assim como aos seus respectivos procedimentos; participar das assembléias, orientar o síndico e conselho fiscal com relação à elaboração de cadastro de moradores, planejamento e condução de assembleias, disponibilizar canais de comunicação para esclarecer dúvidas ou prestar assessoramento ao síndico e conselho fiscal, entre outras.
Informações do Ministério das Cidades
Fonte: Lugar Certo