quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

ÚLTIMO REDUTO DOS HIPÓCRITAS E DOS CAFAGESTES - A Coluna de Mauro Pereira


Mauro Pereira
Mauro Pereira



Ainda que repudiada por boa parte da sociedade brasileira, a reação irresponsável e arrogante do PT, e da CUT (braço pelego do sindicalismo no governo federal, de forma mais descarada na administração do ex-presidente Lula), arrogando para si a condição surrealista de instâncias definitivas do ordenamento jurídico brasileiro arvorando-se em inquisidores das decisões da Suprema Corte brasileira sempre que ela manda para trás das grades algum figurão do partido, mostra os meandros sórdidos de mais uma conspiração petista e revela o grau de periculosidade à democracia de uma soma de aventureiros que se instalou nos saguões protetores do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto, e, de lá, manipula o submundo da política de acordo com seus desejos e suas necessidades.

Se nos dedicarmos a uma leitura mais aprofundada às inúmeras notas publicadas contestando de forma arrogante e inconsequente o veredito do STF condenando companheiros mensaleiros e prendendo comparsas do petrolão, agravadas pelos ataques asquerosamente racistas carregados do mais refinado ódio ao então presidente do STF, Ministro Joaquim Barbosa, poderemos, também, vislumbrar nas entrelinhas uma advertência sombria chamando a atenção para a possibilidade de uma ruptura marcada por dias de tensão, cujo desenlace poderá desembocar em irrecuperável retrocesso democrático.
Sem cair na ingenuidade de subestimar a irresponsabilidade do petismo liderado por Lula, o destempero dos representantes das duas agremiações evidencia nuances da fragmentação de um partido político que teve a audácia de querer implantar um governo pautado somente por seus valores absolutos, seus princípios inquestionáveis e sua verdade definitiva. Presunçosos, duvidaram da capacidade de indignar-se do brasileiro e, por isso, se veem, agora, presos na própria ratoeira e se negam a aceitar o fato de que a maioria da população descobriu a farsa em andamento e, convencida que seu conceito de valores contrapõe-se aos contemplados na filosofia petista, não está disposta a pagar o preço demasiadamente alto dessa aventura doidivanas. Reféns do desespero, procuram de todas as maneiras manipular a realidade crua que teima em mostrar a verdade absoluta evidenciando que entre os seus princípios o maior é não ter nenhum e que sua verdade vã se decompõe fragorosamente ante a grandeza de sua mentira indisfarçável.
A ascensão do Partido dos Trabalhadores, entretanto, não se fez da noite para o dia, nem, menos ainda, foi um fortuito incidente político. Ilustres arquitetos do autoritarismo se reuniram em torno do mesmo ideal e elaboraram o mais ambicioso projeto de dominação. A saga petista no encalço à perenização do seu governo remonta há mais de três décadas.
Premido pela volúpia de galgar o comando, entoou por anos o mantra malandro do “povo no poder” sob o comando de um operário.  Cansada da mesmice que predominava o cenário político pós-ditadura, a sociedade se deixou encantar com a mensagem muito bem articulada de um partido que, liderado por um ex-trabalhador, se intitulava o emissário do Brasil renovado, senhor de todas as virtudes, arauto da magnificência administrativa e cidadela indevassável da retidão. Derradeira oportunidade de redenção de todos os brasileiros.
Traída, no entanto, não demorou muito para descobrir que, forjada na têmpera podre da falsidade, a decantada probidade imaculada dos petistas não resistiu a mais do que dois anos à frente do governo. Os rastros deixados pelo dinheiro sujo derrubou a máscara que escondia a verdadeira face de democratas de araque e deu visibilidade a ação devastadora da mais sórdida canalha que se instalara nos porões da politicalha brasileira. Dos administradores formidáveis noticiava-se como única realização oriunda de sua lavra distorcida um dos maiores espetáculos de corrupção escrito, dirigido e protagonizado pela alta cúpula petista que ficaria eternizado como  “o mensalão do PT”.  Inconformados com a prisão dos “heróis do povo petista”, decidiram mostrar àqueles que ousaram desafiá-los quem estava no comando elaborando sofisticado plano de malversação do dinheiro público batizado de Petrolão, insanidade que por pouco não fere de morte uma das mais sólidas empresas brasileiras, cuja magnitude remeteu  o Mensalão ao juizado de pequenas causas. Encerrava-se ali o discurso de um partido que menosprezara sua real capacidade de corromper-se.
Embora o escândalo do Petrolão já seja tratado pela justiça como o maior de todos, foi a partir do episódio do Mensalão que a mácula da desonra incorporou-se  à sua história para sempre. Por uma questão de sobrevivência, o partido estrelado passou a experimentar um processo célere de degeneração ideológica e a debacle evidente serviu de justificativa para que seus dirigentes intensificassem uma campanha avassaladora que tinha como objetivo a dominação absoluta. Para atingir esse fim, os meios, liberados, encontraram na receita da promiscuidade o fermento mais indicado para fazer crescer a massa indigesta. Sem o menor trauma de consciência, cercaram-se de inimigos viscerais para inaugurar a forma mais abjeta de amizade, trouxeram para debaixo de suas asas parte significativa da imprensa e fizeram da fome seu maior trunfo eleitoral. Pilantrópicos, tomaram para si a tutela de vários milhões de miseráveis e jamais demonstram a menor iniciativa em alforriá-los. Em nome da dignidade surrupiaram a cidadania. Dispostos a percorrer as últimas instâncias da inconsequência desbravaram os caminhos da corrupção como jamais ninguém ousara.
Num repente, encantaram-se com a biografia de José Sarney e a partir do ano da Graça de 2005, o consagraram como um dos políticos mais respeitáveis do país. Este, por sua vez, tocado pela deferência fez do Maranhão uma extensão do palanque petista e do Senado, que presidia, reduto dos interesses do governo federal. Abriram mão do caráter que por ventura algum dia tiveram e não demonstraram o menor constrangimento ao rastejarem publicamente implorando o apoio de Paulo Maluf, protagonizando uma das cenas mais indecentes da história recente da política nacional. Fotos que, confesso, me fizeram vítima do constrangimento alheio, registraram para a posteridade o abraço da infâmia. Embora os dois agentes daquele cenário improvável e desaconselhável aos fracos de estômago tentassem deixar transparecer algum traço de naturalidade, o sorriso amarelado pela promiscuidade e o caloroso cumprimento selado sob sórdida inspiração oportunista definiram a moral daquela história insólita:  uma mão suja lava a outra.
Unidos pelo mesmo fervor na defesa intransigente da coisa pública que sempre foi o ponto alto de suas irretocáveis carreiras políticas, e, naturalmente aliançados pela convergência ideológica que sempre os caracterizou, Lula, Sarney e Maluf percorrem, abraçados com a felicidade, os caminhos da indigência moral cujas veredas pantanosas inexoravelmente os remeterá à vala rasa da canalhice, último reduto reservado aos hipócritas e aos cafajestes.

DILMA LEVA PARA SEGUNDA DIVISÃO - by Carlos Alberto Sardenberg




 O Globo, 17/12/15

Carlos Alberto Sardenberg
Carlos Alberto Sardenberg

 Não sei se repararam, mas está em curso uma derrama fiscal. E não é só em Brasília. A partir de 1º de janeiro, por exemplo, os moradores de nove estados e mais o Distrito Federal pagarão impostos mais caros sobre os serviços de telecomunicações. Nos demais estados, não haverá aumento por uma razão simples: as alíquotas já estão no teto.

O consumidor brasileiro já pagava os impostos mais altos do mundo sobre telecomunicações. Com os últimos aumentos, vai pagar, na média, o dobro do que paga o segundo colocado, o consumidor argentino.

O brasileiro residente em Roraima pagará R$ 63 de impostos em cada conta de R$ 100 por serviços de telecomunicações. Os que pagam menos são os consumidores de São Paulo, Santa Catarina e de outros quatro estados, apenas 40%. Pela Constituição, essa carga tributária não poderia ser superior a 26%.

Em todos os estados, está subindo o ICMS para diversos produtos, a começar dos suspeitos habituais, bebidas e cigarros. São os produtos do mal, dizem, logo o imposto deve ser alto mesmo, até para desestimular o consumo.

Pois então, a carga tributária sobre telecomunicações está no mesmo nível. É um assalto ao consumidor, uma brutal elevação do custo Brasil.

Vários outros assaltos são cometidos em Brasília. No calor do impeachment de Dilma e da cassação de Eduardo Cunha, entre uma operação e outra da Lava-Jato, Câmara e Senado discretamente promovem a derrama, nas várias modalidades de impostos, taxas e contribuições. Sobem impostos sobre bebidas (de novo!) e produtos de informática — de maneira que o consumidor vai pagar mais ao governo federal na compra do celular, tablet e computador, e mais um tanto ao governo estadual quando utilizar os serviços.

Sobe também a carga tributária em quase todas as aplicações financeiras e sobre ganhos de capital, na venda de um imóvel, por exemplo. Dirão: renda financeira é coisa de rico, eles que paguem. Mas o Tesouro Direto aceita  aplicações de 30 reais, de gente que está tentando salvar dinheiro da inflação causada pelo governo.

Tem mais. Agências reguladoras, como a Anvisa, estão aumentando as taxas que cobram por serviços, como o licenciamento de produtos.

Não faltam expedientes para arrecadar mais.

Tudo somado, e ainda sem contar com a CPMF, o governo federal arranjou nada menos que R$ 1,25 trilhão para gastar ao longo do ano que vem. Isso dá algo como 20% do PIB. Repetindo: só o governo federal. Acrescente as administrações estaduais e municipais, e o setor público gasta algo entre 35% e 40% do PIB. Ou cerca de R$ R$ 2,3 trilhões.

É muito ou pouco? Depende do que o governo faz com o dinheiro, não é mesmo? E pelo jeito, não faz nada bem.

Hospitais públicos suspendem cirurgias por falta de dinheiro. Universidades suspendem a limpeza, por falta de dinheiro. O Exército não pode fornecer tropas para combater o mosquito da dengue por falta de dinheiro.

E todos que trabalham nesses serviços — e em todo o setor público — pedem mais verbas. Daí, mais impostos.

Mas, caramba, onde gastam aqueles trilhões? Há duas décadas, o governo federal gastava 10% do PIB. Dobrou o gasto, aumentou duas vezes e meia a carga tributária — e ainda falta dinheiro? E ainda os serviços são precários?

Pensando do mesmo modo, o governo da presidente Dilma acaba de dizer que não tem como fazer o superávit primário no ano que vem. Reparem, diz que não consegue economizar uns trocados, pois o que são 20 bilhões, que era a meta, num orçamento de R$ 1,25 trilhão?

Resumo da ópera: o governo está tomando mais impostos, gastando mais e, ainda assim, quer mais dinheiro. Simplesmente isso, mais dinheiro. E consegue, porque deputados e senadores acabam pensando do mesmo modo.

Ninguém ali sequer pensa em fazer, digamos, uma grande auditoria para saber como se gasta o dinheiro do contribuinte. Nas universidades, nos hospitais, nas diversas repartições, ninguém fala em reforma administrativa, busca de eficiência e produtividade. Em trabalhar mais, por que não? Em mérito. Em pagar mais para quem trabalha mais e melhor.

Ou ainda, não se discute sobre quais serviços o governo deve ou não prestar. O que deve ser de graça? O que se deve cobrar? O economista Ricardo Paes de Barros foi direto ao ponto em entrevista na “Folha”, no último dia 14: não dá para oferecer serviço de saúde grátis para todo mundo; ou faculdade de graça para quem pode pagar, isso é burrice.

Não é por acaso que o Brasil cavou de novo um buraco nas contas públicas.

O país ficou a vida toda na segunda divisão mundial. Com o real, a lei de estabilidade fiscal, os seguidos superávits primários, a redução da dívida pública, o Brasil tornou-se grau de investimento em 2008, por três agências. Primeira divisão. Ontem, a Fitch foi a segunda agência a rebaixar o Brasil para grau especulativo. Apenas nove anos na primeira.O governo Dilma terminou de estragar tudo.


Carlos Alberto Sardenberg é jornalista

SARCÓFAGOS - by Miranda Sá


MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Os embalsamadores removiam primeiro o cérebro, por que os antigos egípcios acreditavam que o pensamento vinha do coração e, portanto, o cérebro era supérfluo...” (Charlotte Booth)
Tenho me preocupado com as múmias stalinistas que escaparam das ruínas do Muro de Berlim e voltam como zumbis, e como num filme de terror insistem em ressuscitar uma deperecida ideologia, acumpliciados aos bandidos do narco-populismo bolivariano.
Felizmente não há muitos mortos-vivos entre os jovens, conforme pesquisa de opinião recente. Mas ainda encontramos alguns amigos, colegas e ex-colegas de trabalho, parentes e – coisa triste – pessoas que participaram de antigas lutas patrióticas e hoje abjuram a Pátria Brasileira, submetendo-se à confusa e intangível Pátria Grande.
Abandonaram este funesto desfile as melhores cabeças do esquerdismo aqueles que, quando jovens, acreditaram na faraônica utopia stalinista. Abriram as mentes e enxergaram a realidade, repudiando a farsa dos pelegos lulo-petistas.
Outros, porém, trazendo da origem o DNA da fraude, aceitaram tornar-se cópias de papel carbono da pelegagem no poder, alguns se mantiveram lucrativamente na militância mercenária e caricata que definhou por motivos óbvios.
Mantêm-se também as múmias que mamam nas tetas do corrupto PT-governo os privilégios dos empréstimos a fundo perdido, no aparelhismo da administração pública ou nas bolsas subserviência que vão da miséria real à exploração de uma cultura suspeita. Esses perderam pelos próprios interesses a visão histórica da vida em sociedade.
Conheço alguns que em mansões ou do alto de apartamentos de milhões de reais por metro quadrado usam a máscara da solidariedade pela miséria alheia para lucrar com isso; outros, afundados em poltronas com a boca escancarada, cheia de dentes, ouvem nostálgicas músicas de protesto dos anos 1960.
Esses esquerdopatas participam de cruzeiros em transatlânticos de luxo nos mares helênicos discursando sobre os emigrantes fugidos das ditaduras que eles mesmos defendem metaforicamente...
As múmias stalinistas esperam uma vida futura, sem acompanhar a evolução que ocorre no exterior das sólidas, mudas e frias paredes de pedra dos seus túmulos. Cegas e surdas não reagem aos estímulos da realidade.
Estimulam suas tropas de choque a brigar por $0,30 nas passagens dos transportes públicos, mas não veem nem mostram indignação diante do faraó da iniqüidade, Lula, o pelegão que após afastar-se da Presidência da República deixou o Brasil roubado e ainda levou consigo o acervo do Palácio do Planalto.
Na chegada em Brasília, Lula trazia uma mão na frente e outra atrás; na saída, levou onze caminhões baú, sendo um climatizado; como constou no edital de licitação para o respectivo transporte. Para não falar das propriedades adquiridas suspeitosamente. E parece aos felás da idiotice tratar-se de uma coisa normal, por que não esboçam um protesto...  Nunca no correr dos séculos se viu algo semelhante!
A mudança de Lula, claro, foi toda paga com dinheiro público. Entre os objetos, levou para casa duas bicicletas e duas esteiras ergométricas da presidência (que foram devolvidas posteriormente). Levou a cama do Alvorada, uma peça de cristal com o primeiro artigo da Constituição Americana dada por Obama, um conjunto de taças de prata presente da rainha Elizabeth, uma coleção de jóias da família Real ofertada pelos Emirados Árabes, 9 mil livros e obras de arte diversas.
Trata-se de um capítulo para acrescentar ao perfil de um pelego, cujo primarismo convive com a sagacidade inegável e uma desonestidade comprovada na trajetória sindicalista e no exercício da política, onde as tramóias sempre estiveram presentes.
Esta personalidade é cultuada pelos “socialistas bolivarianos”, que adotaram a indefinível e escorregadia moda narco-populista na infelicitada América Latina.
Foi fácil para marxistas dos Irmãos Marx (ou do Frei Boff) da turma do PCdoB, que na corrida desesperada de mortos-vivos correram de Stálin morto e denunciado por crimes, para Enver Hoxha – o tirano albanês – e deste para Mao-Tse Tung...
Na tresloucada tentativa de ressuscitar no século 21, as múmias stalinistas sem cérebro assistem o final da Era Petista, autocorrompida e autodestruída pela corrupção desenfreada, a inaptidão para o trabalho e a incompetência para gerir a administração pública. Seu destino já está traçado pela História: à volta aos sarcófagos.