domingo, 10 de março de 2013

Nostalgia marca nova coleção da Schuster



Anos 1950, 1960 e 1970 foram as fontes dos designers


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Amélia Tarozzo com o carrinho bar Barolo (Foto: Divulgação)
Afirmando-se cada vez mais como marca que investe no novo (e bom) design brasileiro, aSchuster apresentou na semana passada sua coleção 2013, recheada de pequenas joias. Intitulada Híbridos Sonhos, a linha reúne peças assinadas por 11 designers e estúdios convidados pela marca de Santo Cristo (interior do Rio Grande do Sul), sob coordenação da diretora de criação Mila Rodrigues.
Outro bom exemplo da coleção é a mesa lateral Pensamento, de Bernardo Senna, de madeira, com tampo circular e estrutura em alumínio, inspirada na escultura de um astronauta da Apolo 10, que pisou na Lua em 1969 (um bonequinho parecido ao que foi deixado no solo lunar “senta” na borda da base da mesa). “O bonequinho nos convida a considerarmos a reflexão, sempre, como companheira da ação”, explica Mila.A inspiração veio do estilo do mobiliário dos anos 1950, 1960 e 1970, com seus pés palito ou mistura de formas retas e arredondadas, além do uso intenso da madeira, aqui empregada com leveza e simplicidade. “A nostalgia é um elemento marcante na coleção, devolvendo a lembrança de se estar na casa dos pais e avós”, explica Mila. Um dos destaques é a linha Tropicália (inspirada no movimento Tropicalismo), da Fetiche Design, que conta com banco, banqueta, mesa de centro com formas geométricas e acabamento de laca e uma mesa com formas orgânicas e veios na madeira que remetem às folhagens.
Nome oriundo da moda que frequenta cada dia mais os círculos do design de mobiliário, Jum Nakao também assina peças para a nova coleção da Schuster. Reafirmando uma parceria iniciada na Casa Cor do ano passado, o designer colocou em produção móveis que tinha testado naquela mostra, todos de caráter mais experimental, com forte base conceitual e ênfase no trabalho manual como força motriz da criação.
Andressa Ceretta e aparador Vírgula (Foto: Divulgação)
Aparador Boas Vindas! (Foto: Divulgação)
Bernardo Senna com as mesinhas Pensamento e Plano (Foto: Divulgação)
Carolina Armellini e Paulo Biacchi, da Fetiche Design, com as estantes e bancos da linha Tropicália (Foto: Divulgação)
Fernanda Brunoro e luminária Surpresas (Foto: Divulgação)
Leandro Garcia e aparador Cascas (Foto: Divulgação)
Leonardo Lattavo e Pedro Moog e cadeiras Loop (Foto: Divulgação)
Luminaria Cono de mesa - Rejane (Foto: Divulgação)
Poltrona e pufe Aconchego! (Foto: Divulgação)
Poltrona e pufe Aconchego! (Foto: Divulgação)
Roberto Hercowitz e Mariana Betting da EM2, na cadeira Infinito (Foto: Divulgação)

PSICANÁLISE DA VIDA COTIDIANA João Cabral de Melo Neto: o poeta diplomata e sertanejo



CARLOS VIEIRA
João Cabral de Melo Neto
O Poeta diplomata e sertanejo
João do Recife, primo de Manuel Bandeira e Gilberto Freire, segundo Roniere Menezes, compõe o maravilho trio – Cabral, Vinicius e Guimarães Rosa, diplomatas que cantaram em versos e prosa a condição do Sertanejo. (O Traço. A Letra e A Bossa – Literatura e diplomacia em Cabral, Rosa e Vinicius – Ed.UFMG). Um Brasil excluído, atolado em sua carência primária: fome, falta de habitação, exclusão social, perseguidos mortos pelas “facas e espingardas”, além da exploração escrava da organização mafiosa dos Coronéis em conluio com o Governo. 
Chama-me a atenção a origem de João Cabral, seu nascimento, descrito de maneira lírica, realista, religiosa e filosófica pelo próprio poeta. Ao vir ao mundo, o bebê Cabral traz em sua aparição, preconcepções de um homem que intui a condição existencial do animal humano. Em seu poema “Autobiografia de um só dia” contido em seu livro: “O Artista inconfessável”, para mim uma negação, pois a confissão é descarada ainda que numa linguagem rebuscada e simbólica, e canta em versos o “nascimento”, a chegada ao mundo penso, não somente dele, mas de todos nós. 
“Os netos tinham que nascer no quarto dos avós”! Nada mais afetivo, lírico e sublime: um nascimento dentro de uma referência ancestral, mítica no sentido do acolhimento daqueles que são dos pais, são pais dos pais, e geralmente exalam a experiência e a sabedoria filogenética. João Cabral foi um “enviado” já após o seu nascer, intuindo a profunda condição da natureza humana: “nascemos eu e minha morte contra o ritual daquela Corte”. Lembro-me de um texto filosófico de Sêneca em seu livro “Cartas Consolatórias”. Quando acalentando Marta através de uma missiva, deprimida melancolicamente pela morte de seu filho, lembra : quando uma mãe dar a luz de um filho, anuncia sua morte. 
O vir ao mundo, mesmo dentro de uma cerimonial familiar, num clima religioso, “minha mãe no quarto-dos-santos/ misto de santuário e capela”, não imunizava o menino Cabral de sentir ao sair do “útero paradisíaco”, o impacto da mudança de ambiente; a cesura entre o interno e o externo; a angústia da perda da gravidade. Clama em seu poema citado: “se soubesse o que teria/ de tédio à frente abortaria”. Mais adiante exclama: “de que nada de um homem sabia:/ que ao nascer esperneia e grita. Parido no quarto dos santos,/ sem querer, nasci blasfemando.” Como diz Roniere: nascia outro poeta gauche! A sensibilidade, a precocidade de uma alma de gênio, trazendo já em suas fantasias inconsciente a agrura e o prazer de nascer. Cabral termina esse premonitório poema denunciando um realismo forte, pontual, às vezes árido, seco, mas profundo em suas intuições de uma forma poética, diferente de Rosa e Vinicius. Seus versos finais emitem palavras e melodias ásperas, mas reais: “pois são blasfêmias sangue e grito/ em meio à freirice de lírios./ mesmo se explodem (gritos e sangue), de chácara entre marés e mangues.” 
João Cabral estreia nesse poema autobiográfico, a beleza, a dureza, o “paraíso perdido, o susto do inédito, nascendo para um mundo nem sempre acolhedor. Seu arquétipo sertanejo já anunciava a secura, a frieza, a carência, a dor da dúvida da sobrevivência e um futuro quase descrente do sertanejo. 
No entanto, esse mesmo homem “enviado de deus”, continha já em seu coração a intuição poética junto com a função social da arte. 
Meu autor de referência para escrever esse pequeno e despretensioso ensaio, remete a pensar e sentir a alma generosa de Cabral, sua urgência em doar uma arte intrínseca, de uma forma afetiva, ungida por um sentimento de compaixão e generosidade para com seus irmãos sertanejos. O poema que nos emociona e nos faz lacrimejar, é o escrito sobre, ainda criança, que João Cabral vai reunir naquelas simples e sensíveis pessoas do Engenho para ouvir poesia, como diz, “em forma de alto-falante”. O poema é “Descoberta da Literatura” fazendo parte do conjunto de poemas “Infância e Adolescência”. 
“No dia a dia do engenho,/toda a semana, durante,/ cochichavam-me em segredo:/ saiu um novo romance. E da feira do domingo/ me traziam conspirantes/ para que os lesses e explicasse um/ um romance de barbante.”...Embora as coisas contadas/ e todo o mirabolante/ em nada ou pouco variassem/ nos crimes, no amor, nos lances,/ e soassem como sabidas/ de outros folhetos migrantes,/ a tensão era tão densa,/ subia tão alarmante,/ que o leitor que lia aquilo/ como puro alto-falante,/ e sem querer, imantara/ todos ali, circunstantes/ receava que confundissem/ o de perto com o distante, / o ali com o espaço mágico...” 
João Cabral já tinha em si uma das funções e compromissos dos Poetas: o compromisso de uma arte social. Cabral jamais poderia ser um poeta romântico. Ele foi e é o poeta da dissonância, da crueza da vida sertaneja, da dor da miséria e dos excluídos. Das pedras, das facas, da condição dos explorados nordestinos pelos os donos das Usinas e Engenhos. Ah, se a política de educação e cultura do nosso governo pudesse ter o compromisso de ensinar e desenvolver o sentido estético, tanto da população excluída de cultura quanto aos nossos jovens universitários, que em sua maioria não têm recursos, interesses e apreensão do sentido estético, sublime e social das Artes.. 
Termino lembrando Otto Lara Resende: “A poesia de João Cabral é aquela joia, é o máximo que se consegue de beleza com o mínimo de material.”
Carlos.A.Vieira, médico, psicanalista, Membro Efetivo da Sociedade de Psicanálise de Brasilia e de Recife. Membro da FEBRAPSI e da I.P.A - London.

Ministros demitidos estão de volta da faxina ética de Dilma



  • Para garantir apoio dos partidos à reeleição, presidente reabilita Lupi e Nascimento, afastados em 2011
BRASÍLIA — Um ano e meio depois da faxina promovida pela presidente Dilma Rousseff no primeiro escalão do governo, em resposta à crise ética gerada pelas suspeitas de irregularidades em vários ministérios, dois dos sete ministros que caíram estão sendo reabilitados pelo Palácio do Planalto: os presidentes do PR, senador Alfredo Nascimento, e do PDT, Carlos Lupi. Eles foram chamados pela presidente para discutir a prometida reforma ministerial, que será feita para garantir o apoio de todos os partidos da coalizão governista à reeleição, ano que vem.
Dos processos abertos contra os ministros que deixaram o governo em 2011, acusados de irregularidades, poucos andaram. Afora censuras e advertências sem efeito prático na vida pública dos acusados, não houve punições. Alguns inquéritos se arrastam na Justiça.
Além de Nascimento e Lupi, perderam o cargo sob suspeita ao longo de 2011 os ex-ministros Antonio Palocci (Fazenda), Wagner Rossi (Agricultura), Orlando Silva (Esporte), Pedro Novais (Turismo) e Mário Negromonte (Cidades). Todos voltaram à vida política ou empresarial. Como Palocci, que retomou com força sua atividade de consultor — motivo da demissão —, assumindo recentemente um trabalho para o grupo CAOA, que controla a Hyundai no Brasil.
Mas o ex-todo poderoso ministro do governo petista não tem mantido atuação político-partidária. Deputados petistas, inclusive os paulistas, afirmam que nunca mais falaram com Palocci. Ele tem se mantido tão distante da política que sequer apareceu para votar na eleição de Ribeirão Preto, no ano passado.
Outro que também está sumido da política é o peemedebista Wagner Rossi, que optou por uma discreta passagem na convenção nacional do PMDB que reelegeu Michel Temer, no fim de semana passado. Na Câmara, Negromonte e Novais mergulharam no ostracismo e se escondem na multidão de 513 parlamentares. Orlando Silva continua na política, como vereador em São Paulo pelo PCdoB. Quem conseguiu se recolocar na órbita de Dilma deve essa retomada ao poder que exerce em seus partidos.
— Acho que a presidente sentiu saudade de mim. O partido teve muita resistência à forma como foi conduzida (a minha sucessão), se sentiu desprestigiado. Agora voltamos a conversar. A presidente está mais solta, mais destravada, mais politizada — contou Alfredo Nascimento, que já esteve com Dilma três vezes este ano.
— A presidente quer uma aproximação maior da bancada do PDT, falou da nossa história comum — confirma Lupi, que responde ação civil pública por improbidade administrativa por ter pego carona no avião de um empresário com negócios no ministério. — Daquilo tudo, o que ficou foi o “eu te amo Dilma”. Muitos me encontram na rua e gritam “eu também te amo”.
Contra Negromonte e Orlando Silva investigações da Comissão de Ética foram arquivadas por falta de provas.
— Eu me sinto injustiçado porque sei que não há nada contra mim — disse Orlando
— Mantenho minha atuação como parlamentar, mas estou desencantado. Vasculharam tudo, fizeram papel de FBI e não encontraram nada — disse Negromonte.

Questão de modos, por Elio Gaspari



Elio Gáspari, O Globo 
Ninguém está livre de ter um piti e o doutor Joaquim Barbosa mostrou que é chegado a um descontrole.
Da próxima vez que ele mandar alguém “chafurdar no lixo” e decidir desculpar-se, poderá fazê-lo pessoalmente. Pedir desculpas por intermédio da assessoria de imprensa é coisa de barão de uma elite que se julga acima da choldra.

FotoAndré Coelho / O Globo

Em 2009, um policial de Boston foi chamado a uma cena em que um negro forçava a porta dos fundos de uma casa. Ao interpelá-lo, teria sido insultado. O negro era o professor Henry Louis Gates, professor de Harvard e dono da casa. Por causa do insulto, prendeu-o e o companheiro Obama disse que o policial agiu “estupidamente”.
Ao contrário do que aconteceu com Barbosa, no episódio a bola estava dividida, mas o presidente dos Estados Unidos deu-se conta de que não devia ter dito o que dissera. Convidou Gates e o policial para tomarem uma cerveja na Casa Branca.

Bolívar seria fã, por Luis Fernando Verissimo



Luis Fernando Verissimo
O baseball é aquele esporte em que os jogadores passam mais tempo ajustando o boné do que jogando. E o críquete consegue ser ainda mais chato. Claro, esta é a opinião de um preconceituoso assumido, que prefere a plasticidade e a ação contínua do futebol.
E, mesmo sendo jogos aborrecidos, o baseball e o críquete têm histórias curiosas, num contexto que tem menos a ver com esporte do que com política, imperialismo e os paradoxos do colonialismo cultural.


Os dois países americanos em que o baseball é mais popular, além dos Estados Unidos, são Cuba e Venezuela. Fidel foi jogador de baseball, Chávez não sei se jogou, mas era fã. Nos dois países mais anti-Estados Unidos da região, o esporte nacional é o mais típico dos esportes dos Estados Unidos.
É verdade que o gosto pelo baseball antecede os acidentes históricos que deram no antagonismo de hoje. O baseball de Cuba teve origem na ocupação do país pelos americanos no fim do século dezenove.
Sobreviveu ao fim da ocupação e, mais tarde, ao fim da influência americana, com a expulsão de Batista e a ascensão de Fidel.
O baseball cubano nunca ligou para a História. Na Venezuela não houve ocupação americana, mas houve anos de intenso colonialismo cultural numa elite e numa classe média voltadas para exemplos e hábitos americanos, parte da mentalidade desafiada pelo bolivarismo chavista. Mas a popularidade do baseball permaneceu intocada. Bolívar, presume-se, também seria fã.
O críquete e o futebol são — simplificando — os esportes da aristocracia e do proletariado inglês. Era de se esperar que em todo o “commonwealth” que restou do imperialismo britânico o críquete fosse execrado como símbolo da presença imperial e da prepotência do homem branco. Mas por toda a Ásia e a Oceania, até em lugares em que o império nunca esteve, o críquete é popular.
Seus melhores jogadores são ídolos nacionais. Suas regras e excentricidades, como partidas que duram uma tarde inteira com intervalo para o chá, são as mesmas da ex-metrópole. E os times do ex-império constantemente humilham times ingleses, e ninguém chama de vingança. Vá entender.

Em memória de Eliza



RUTH DE AQUINO

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RUTH DE AQUINO  é colunista de ÉPOCA raquino@edglobo.com.br (Foto: ÉPOCA)
É um tapa na cara das mulheres a punição de mentirinha imposta ao goleiro Bruno. Antes capitão adorado do Flamengo, hoje Bruno é mais um ídolo dos assassinos covardes e cínicos. A condenação esperada para o homicídio, sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio era de 28 a 30 anos de prisão. A sentença final, de 22 anos e três meses, seria condizente com o crime hediondo se fosse toda cumprida. Mas a lei brasileira – ah, a lei... – pode deixar Bruno livre, leve e solto para churrascos e peladas daqui a menos de três anos. Quem sabe um contrato com um clube?

A confissão tardia reduziu a pena. O trabalho e o bom comportamento na cela livrarão Bruno do cárcere com pouco mais de 30 anos de idade. Ele, que deu festão no dia seguinte ao homicídio, posou de triste e acabrunhado para o país no julgamento desta semana. Durante anos, repetiu que não havia crime: “Torço para que ela possa aparecer viva”. Agora, orientado pela defesa, confirmou que sabia de tudo: “Eu sabia e imaginava”. Bruno “imaginava” que a ex-amante e mãe de seu filho Bruninho seria sequestrada, enforcada, esquartejada e jogada aos cães?

A sentença foi proferida na madrugada do Dia Internacional da Mulher. Não sou fã de datas especiais para “minorias” – ainda mais porque somos maioria. Mas admito que o 8 de março seja um bom pretexto para examinar estatísticas globais de emprego, salário, jornada dupla e violência contra a mulher, como agressões, espancamentos, estupros e assassinatos.

Segundo a ONU, sete em cada dez mulheres no mundo sofrerão algum tipo de violência física ou sexual ao longo da vida. É um número espantoso, amedrontador. Eliza, ao engravidar de Bruno e exigir reconhecimento e pensão, candidatou-se a engrossar as estatísticas da ONU. O Brasil é, no ranking mundial, o sétimo país em assassinatos de mulheres. E ainda há quem ache que garota de programa merece castigos assim: “Ela estava pedindo”.

Bruno, hoje com 28 anos, tem uma conexão estranha com o Dia Internacional da Mulher. Na véspera do 8 de março de 2010, o então supergoleiro do Flamengo, ídolo do time com 33 milhões de torcedores, cotado para a Seleção, defendeu desastradamente seu colega Adriano, que batera na namorada: “Qual de vocês nunca saiu na mão com a mulher? Não tem jeito: em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”. Depois, pressionado pela família e pelo clube, voltou atrás: “Peço desculpas a todos pelo que foi dito. Tenho filhas e as amo muito. Todas as mulheres merecem carinho”.O “carinho” que o goleiro de 1,91 metro dispensou a Eliza teve vários capítulos. Primeiro, ele tentou obrigá-la a abortar. Ameaçou-a. Eliza, grávida de cinco meses, foi à Delegacia Especial de Atendimento à Mulher no Rio, denunciou Bruno, pediu proteção e foi gravada pelo jornal carioca Extra. “Ele me deu dois bofetões... Enfiou uma arma na minha cabeça... E me disse: ‘Sou frio e calculista. Vou deixar a poeira baixar e vou atrás de você. Se eu te matar e te jogar em qualquer lugar, as pessoas nunca vão descobrir que fui eu’.”
Quase um ano depois, Eliza foi levada para o sítio de Bruno, ficou em cativeiro e foi morta com requintes de crueldade – o bebê escapou do mesmo fim por sorte ou compaixão. Bruno foi para o campo do clube treinar e deu entrevista, riu. Disse que Eliza sumira “para resolver questões pessoais”. Ainda se mostrou religioso: “Deixei nas mãos de Deus, Deus sabe o que faz”.

Bruno tinha certeza da impunidade. Estava errado. Não contava que seria traído por primos e pelo amigo e cúmplice Macarrão. O comentário nas ruas era: “Como um cara pode ser tão burro como o Bruno e jogar a vida no lixo?”. Burro é pouco, muito pouco, para defini-lo. A juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues considera Bruno “frio, violento e dissimulado”. Para ela, o crime foi “uma trama diabólica meticulosamente calculada”. O maior exemplo disso foi o sumiço do corpo: “A supressão do corpo humano é a verdadeira violência (...), um ato de desprezo e vilipêndio”.

A mãe de Eliza, dona Sônia, que hoje cuida do neto Bruninho, teme por sua vida e pela do garoto, quando Bruno sair da prisão. Insiste em perguntar algo que ninguém respondeu: “Onde está o que restou do corpo da minha filha? Meu neto vai crescer e também vai querer saber”. Ela não acredita que os pedaços do corpo de Eliza tenham sido consumidos por cães sem deixar vestígios. Ela quer ver e enterrar o que sobrou da filha. Dona Sônia e Bruninho têm o direito de saber.

A sociedade tem o direito de não gostar de que Bruno seja solto após sete anos de prisão, como aconteceu com o ator Guilherme de Pádua. Ele matou a golpes de tesoura a atriz Daniella Perez, filha de Gloria Perez, em 1992. Consolou a família no enterro, mas saiu livre em 1999. Tudo de acordo com a nossa branda lei para crimes tão perversos. 

Thelonius Monk, John Coltrane, Wilbur Base e Shadow Wilson



em Ruby, my dear

Dilma, o veto e o voto, por Mary Zaidan



Ninguém em sã consciência poderia criticar redução de impostos, especialmente dos que incidem sobre alimentos. Portanto, acertou a presidente Dilma Rousseff ao desonerar a cesta básica. Aliás, já poderia ter feito. Há apenas seis meses, a mesma Dilma vetou um projeto idêntico de autoria do deputado Bruno Araújo (PSDB-PE).
Nada surpreendente. Seria muito querer que alguém que briga pela paternidade do cadastro básico que permitiu colocar o Bolsa Família em pé entregasse de barato para seus adversários o barateamento da cesta básica.
A isenção, na verdade, só viria em maio. No dia 1º, claro, como manda o figurino de quem hoje só pensa em 2014. Mas o medo do dragão da inflação, que insiste em fazer fumaça, obrigou mudanças de planos. Rapidamente o marqueteiro de plantão fez o anúncio coincidir com a mágica data do Dia Internacional da Mulher para que a primeira mulher presidente proclamasse o alívio nas contas das donas-de-casa.
Tudo sob medida.
O pronunciamento da sexta-feira para propagandear a mesma isenção que vetara há seis meses - 11 minutos em rede de rádio e televisão - aconteceu exatos 36 dias depois de Dilma ocupar o mesmo espaço para anunciar redução na tarifa de energia. Duas redes nacionais em horário nobre em pouco mais de um mês.
Imaginem isso multiplicado por 18 meses, tempo que nos separa das urnas. Nem de longe seus concorrentes conseguirão chegar perto de tal exposição. Muito menos para entregar benesses, algo que Dilma não se cansa de fazer, ainda que com o chapéu alheio – desta vez, e mais uma vez, com um chapéu tucano.


Sem qualquer pudor, Dilma vai repetindo o que aprendeu com o seu padrinho Lula. Mesmo sem cancha, desajeitada, sobe em palanques, fala bobagens.
Corre para ocupar todos os espaços possíveis e, atabalhoadamente, tentar colocar a economia em pé, ainda que a fórceps, ameaçando o futuro próximo. Precisa desesperadamente de algum êxito nessa seara, sem o qual não conseguirá convencer nem mesmo o PT, quanto mais aliados que já namoram o inimigo futuro.
Nos pronunciamentos oficiais, segue à risca o script. Nem se constrange quando diz às mulheres: governo com a mesma responsabilidade que você e o seu marido governam a sua casa, com a mesma sensibilidade e cuidado que vocês devotam à sua família.
Isso dito no momento em que o País exibe baixo crescimento, inflação em alta, obras do PAC empacadas, quando não superfaturadas - basta olhar os canteiros da Transnordestina ou a transposição do Rio São Francisco -, é quase um acinte.
Para o bem do País, felizmente as famílias brasileiras fazem melhor. Na verdade, bem melhor.

Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa'. Escreve aqui aos domingos. @maryzaidan

Charge do Sponholz



Contradições e contradições e contradições



Carla Kreefft
As contradições de uma sociedade talvez sejam a maior expressão da natureza humana (ou desumana). Fato é que não raro, especialmente na política brasileira, é possível deparar com algumas situações que, de tão inusitadas, causam risos, mas na verdade são verdadeiros dramas. É que o Brasil ainda não perdeu – e pode ser que nunca perca – o título de lugar da piada pronta.
A indicação do pastor Marco Feliciano para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal é um excelente exemplo. É claro que não cabe aqui nenhuma redução da representatividade do deputado Feliciano. Ele foi eleito de forma legítima e tem o direito de representar o pensamento de seus eleitores. Mas também é preciso questionar o motivo pelo qual alguém que já tem posição – e bastante radical – tomada sobre as questões ligadas às minorias tem que assumir a presidência da comissão. Esse não deveria ser uma cargo para alguém que fosse capaz de mediar e buscar o consenso entre os pensamentos das diversas representações?
O que não é possível aceitar é a justificativa de que o ritual e a burocracia da Câmara têm que ser respeitados e, por isso, a indicação de Marco Feliciano não poderia ser alterada. Se a burocracia deprime a possibilidade de saídas democráticas, é de se esperar, no mínimo, que ela seja alterada.
Mas é assim que o Congresso anda. José Genoino, João Paulo Cunha, condenados pelo mensalão, e Paulo Maluf integram a Comissão de Constituição. O maior produtor de soja transgênica do país, Blairo Maggi, é o presidente da Comissão de Meio Ambiente. E até mesmo João Magalhães, um dos chamados “anões do Orçamento”, ocupa a Comissão de Finanças e Tributação. São as raposas tomando conta dos galinheiros.
(transcrito de O Tempo)

DOCUMENTO HISTÓRICO



Anhangüera
Uma verdadeira raridade! Respondendo a um pedido do governo estadunidense, que buscava a todo custo uma aproximação com o Brasil, WALT DISNEY e seu estúdio criou, entre muitos outros que fizeram a alegria de nossa infância,walt disney este curta metragem antológico, um desenho animado. Era 1950, após o fim da 2ª grande guerra mundial e o governo da america do norte temia que o Brasil pudesse se tornar um país que girasse em torno da União Soviética, como um satélite, assim como aconteceu com Cuba, nove anos depois.
Esta pequena maravilha foi criada inteiramente à mão, sem computadores nem outro tipo de ajuda como os efeitos especiais do cinema de hoje em dia. Para terem uma ligeira idéia, cada simples movimento necessita de 24 frames (24 desenhos) por segundo, que é a velocidade com que nosso olho consegue ver o movimento. Espero que, pelo menos, nosso grupo de delinqüentes geriátricos fiquem felizes com a lembrança.http://www.youtube.com/watch_popup?v=_mQHr8bAojU&vq=small

UMA ESCOLA PARA NEGROS.



A única escola exclusiva para crianças pretas e pardas que existiu no Brasil funcionou na Rua da Alfândega, de 1853 a 1873, no Rio de Janeiro. Não há registros de outros colégios que privilegiaram o estudo dos negros no país. Diferentemente dos Estados Unidos, onde a população negra criou espaços próprios, aqui a exceção pode estar na escola de Pretextato dos Passos e Silva. Era em uma casinha pequena, teve cerca de 15 alunos de famílias de origem humilde: a maioria dos pais não tinha sobrenome ou assinatura própria. O nome dos alunos, até hoje, é um mistério, bem como o paradeiro deles.

Tudo o que se sabe da escola termina por aí. A historiadora Adriana Maria Paulo da Silva, que estudou a existência desse colégio, gostaria de ter a chance de conhecer mais sobre Pre­­textato, o que poderia responder a tantas indagações, mas até mesmo o nome deste homem é uma incógnita. “A origem da palavra Pretextato é de alguém que protesta. Ele poderia ter usado o nome com este objetivo”, diz Adriana, que é professora do departamento de Métodos e Técnicas de Ensino da Univer­sidade Federal de Pernambuco. Ela se deparou com a existência de Pretextato e de sua escola em documentos do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro durante sua dissertação de mestrado.

As três maneiras de descobrir coisas sobre os habitantes do tempo do Império são a partir de inventários da época, de documentos de alguém que abriu um processo judicial ou foi processado. Quem não passava por um desses trâmites desapareceu na história – é a explicação que se tem para o nome das crianças negras e pardas. Pretextato abriu um processo solicitando ao então inspetor-geral da Instrução Primária e Secundária da Corte, Eusébio de Queirós, algumas concessões para a continuidade do funcionamento da escola. Ele pediu ainda a dispensa das provas de capacidade (um exame oral e escrito), que era uma exigência para o exercício do magistério. “Para escapar da prova, ele recorreu ao processo. E não conseguiu apenas a dispensa, mas a chance de continuar com a escola aberta”, explica Adriana. Pretextato deveria fazer os exames na frente do que seria hoje o então ministro da educação, porém, como era muito tímido, se defendeu dizendo que isso o impedia de fazer os testes.

Ele declarou nos documentos ser um homem preto. Não se sabe como Pretextato conseguiu ter formação educacional para ensinar os alunos, mas, no processo da escola, dois pais o defendiam dizendo que era um bom professor. No processo, Pretex­tato argumentou ainda que era importante a escola continuar funcionando porque havia muito racismo nas escolas da corte, nas quais os pretos e pardos eram impedidos de frequentar ou eram emocionalmente coagidos. Aliás, era proibido aos escravos frequentar a escola, apenas negros alforriados tinham essa prerrogativa e, mesmo assim, de difícil conquista. A silenciosa autorização de Eusébio, apesar deste cenário, é outra questão inexplicável sobre a existência e permanência da escola de negros do Rio.

O colégio funcionou até 1873, data em que Pretextato foi despejado da casa onde lecionava por dever dois meses de aluguel à Santa Casa de Misericórdia. “Há registros de que os pais pagavam uma mensalidade para a escola. Mas deveria ser um valor irrisório”, diz Adriana. Na escola, os alunos aprendiam o básico: ler, escrever, saber as quatro operações matemáticas e um pouco de religião.

(Fonte: Facebook/Solange Maria)
Transcrito do Blog http://silnunesprof.blogspot.com.br/

FUMAÇA rsrs


INTERNACIONAL - CAMPEÃO COPA PIRATINI


O ovo como habitação




Um ovo como uma casa? Sim, isso mesmo, ela 
fica na Bélgica, onde, depois de várias experiências
e estudos da empresa de arquitetura dmvA 
Architecten, criaram assim um protótipo de uma 
casa ideal para o modo de vida nômade, em 
estreito contato com a natureza.


Inicialmente, foi planejada uma unidade de 
alojamento fixo, mas as autoridades do governo 
belga não tinha gostado do projeto, ao contrário 
do design especial e esforços dos arquitetos para 
chegar a uma manobra para contornar o mau gosto
 dos governantes: nasceu assim a casa de ovo 
móvel.


Inicialmente concebido como uma simples casa, escritório, a unidade é coberta com poliéster do lado de 
fora, com um espaço de ar entre o painel de isolamento em madeira e exterior de poliéster, e finalmente, um 
grande espaço interior que no caso são exploradas de uma forma ideal.


O design interior é feito para aproveitar o máximo cada espaço, sem sacrificar todos os confortos: cozinha,
 banheiro, quarto e um sistema de iluminação LED. As formas arqueadas e a cor branca do interior 
contribuem para criar uma sensação de espaço muito maior do que o real.





O ovo foi chamado de “Blob vB3″ e, assim como um trailer, pode ser usado como uma casa móvel, 
escritório ou espaço para um simples lazer em que para reunir suas idéias e encontrar um momento para si 
mesmo, talvez em contato com a natureza e com silêncio.
















Fonte: http://www.engenhariae.com.br


Read more: http://www.jornaldoimovelbrasil.com/2013/03/o-ovo-como-habitacao.html#ixzz2NAN7QAHM

SEGURANÇA MÍNIMA



Adauto Medeiros (1)
Os presos em regime semi-aberto trabalham a semana toda e dormem presos. Os que estão em prisão de segurança mínima (vocês entenderam não é?), fingem que trabalham três dias, e viajam todos os fins de semana para suas casas e ainda tem os assessores que bem querem – oh desculpem – tem os parentes que bem querem e amigos travestidos de funcionários, mas que na verdade não sabem nem mesmo onde fica Brasília.
As segundas -feiras no Plenário
As segundas -feiras no Plenário
Penso mesmo que esses “funcionários” só vão a Brasília para algumas passeatas e se for as para pedir aumento salarial. E isso apenas com a intenção de mostrar aos bestas, ou melhor, a nós, os contribuintes, que eles trabalham, pois para manter as suas vagabundagens eles precisam mesmo de muito dinheiro.
Ora os nobres Congressistas precisam sim de uma pequena fortuna mensal para manter casas, apartamentos, passagens de avião, bons restaurantes, empregos para familiares e amigos, cartão corporativo até para pagar uma tapioca. Incrível, para quem não lembra, o Ministro que pagou a tapioca com o cartão corporativo era do PC do B e eu que pensei que o “B” fosse de “Besta”, mas agora sei mesmo que deve ser de “Sabido”, portanto acho que deveria mudar o nome da sigla e ser mesmo PC do S, ficaria mais honesto, ainda que eu ache que honestidade não entre nesse caso.
Ora meus amigos, como os Congressistas trabalham 144 dias por ano, o resto do ano, ou seja, os 221 dias mais 30 dias de férias é chamada de “produção” de um congressista, indo para as “bases”. O que você acha disso? A resposta imediata que eu acho que você dirá é: graça. O que podemos fazer? Nada, claro, ainda que este nada seja o que gera toda sorte de sacanagem contra o eleitor.
E eu que sempre achei que estávamos morando em um país dito democrático. Só que temos uma democracia que nos obriga a votar e a única justificativa que “eles” dão é que se não fosse obrigado a votar teriam que comprar o eleitor duas vezes, a primeira para votar no candidato e a segunda no dia da eleição para ele ir ao local da votação. Realmente fazendo as contas fica o dobro do gasto e ai mais uma vez o contribuinte, nós, seriamos chamados a pagar a conta, logo por questão de economia é melhor ficar com está.
Mas deixo a pergunta: será que não sairia mais barato não ter eleições? Este é o meu medo, pois do jeito que a coisa anda, está marchando para isso. É uma pena.
(1) Engenheiro civil e empresário. adautomedeiros@bol.com.br

CHARGE DO WILLIAM


MAIS UMA BOCARRA



Charge de Roque Sponholz e Texto de Giulio Sanmartini
O Partido dos Trabalhadores recebeu o governo do país com 24 ministério (1). Lula ao assumir logo criou mais dois, pegou gosto  e deixou para Dilma Rousseff 38 repartições com status de ministério, o que representou um aumento de 58%.roque tetas
O ministérios deixaram de ser seções destinadas a fazer o país funcionar e  tornaram-se moeda de barganha com os políticos, fato que a levou a atual mandatária a fazer mais um, que recebeu o pomposo nome de Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa.
A criação desse novo ministério foi aprovado pelo Senado nessa quinta feira (7/3), como o projeto de lei, já havia sido aprovado pela Câmara dos Deputados (/11/2012), o texto seguirá direto para a sanção presidencial.
O orçamento estimado da pasta é de quase R$ 8 milhões por ano.   E o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), comemorou a aprovação da proposta. Segundo ele, dar prioridade para as micro e pequenas empresas é uma das estratégia do governo Dilma para aquecer a economia do País em 2013.
Mentira, a presidenta atualmente tem um só objetivo, aquele de reeleger-se e o país que solenemente “sifu”.
Quem mandou votar nela?
(1) Ministério e órgãos com o status, deixados por  Fernando Henrique Cardoso: Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Casa Civil, Ciência e Tecnologia, Comunicações,  Controladoria Geral da União, Cultura, Defesa, Desenvolvimento Agrário, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Educação, Esporte e Turismo, Fazenda, Gabinete de Segurança, Institucional da Presidência da República, Integração Nacional, Justiça, Meio Ambiente, Minas e Energia, Planejamento, Orçamento e Gestão, Previdência e Assistência Social, Relações Exteriores, Saúde,Trabalho e Emprego, Transportes,  Secretaria-Geral da Presidência da República.