terça-feira, 24 de julho de 2012

TST: maconha, na hora do almoço, não pode!


Mônica Bérgamo
O TST (Tribunal Superior do Trabalho) considerou legítima a demissão por justa causa de um funcionário que fumava maconha na hora do almoço e fora do ambiente de trabalho. A decisão afirma que o "poder disciplinar" do empregador tem base na "relação interpessoal e na confiança" e que o "mau comportamento" justifica a demissão.
VOZ E IMAGEM
O funcionário, que trabalhava numa indústria mecânica de Minas Gerais, negou que estivesse fumando maconha. Um vídeo gravado pela polícia nas cercanias da empresa foi analisado por um perito que atestou que ele consumia a droga. O trabalhador venceu a causa no Tribunal Regional, mas foi enfim derrotado pelo TST.

O coronel do PSB inventou um partido que é de direita, é de centro e é de esquerda



Primeiro a mostrar que tipo de serviço a ministra Ana Arraes se dispunha a fazer no Tribunal de Contas da União, Reinaldo Azevedo foi também o primeiro a denunciar a obscena decisão que favoreceu os mensaleiros Marcos Valério e Henrique Pizzolato. Nesta segunda-feira, de volta ao assunto, meu amigo e vizinho constatou já no título do post que “a prática velha de Ana Arraes dá a cara de Eduardo Campos, o ‘novo‘”. E abriu o texto com o recado mais que pertinente: “A reação da oposição e da imprensa àquela que, entendo, foi uma das maiores agressões à institucionalidade em muitos anos foi modesta. Não! Foi pífia!”
Os jornais noticiaram preguiçosamente a jogada que transformou o TCU em avalista da inocência do gatuno Marcos Valério. E não associaram o relatório de Ana Arraes, que deixou o gerente-geral da quadrilha menos intranquilo, à informação divulgada por VEJA neste fim de semana: a mais perigosa caixa-preta do país vinha ameaçando revelar detalhes de encontros que teria mantido com Lula antes da descoberta do mensalão.
Se a imprensa cochila, a oposição oficial dorme profundamente o sono dos otários que se acham malandros. Caso acordem, os líderes do PSDB, do PPS e do DEM poderão ser instados a comentar o que fez a mãe de Eduardo Campos. E não convém melindrar o dono de um partido que, se já não é sócio, pode vir a sê-lo. O prefeito Gilberto Kassab, como se sabe, inventou um partido que não é de esquerda, nem de centro e nem de direita. Eduardo Campos foi mais esperto que o fundador do PSD: conforme as circunstâncias, o PSB é de esquerda, é de centro ou é de direita.
Isso permite a Eduardo Campos estar com o PT em São Paulo, com o PSDB em Belo Horizonte e contra os dois no Recife. Tratado como inimputável pelo governo e pela oposição, o governador de Pernambuco não ouviu sequer uma interjeição de espanto ao mostrar-se capaz de uma ousadia que jamais passou pela cabeça dos coronéis da velha guarda. Para levar vantagem nos acertos que faz, o moderno coronel nordestino põe até a mãe no meio.

Brasileiras denunciam esquema de exploração de modelos na Índia



Atualizado em  24 de julho, 2012 - 05:37 (Brasília) 08:37 GMT
Duas semanas após chegarem a Nova Déli, capital da Índia, para trabalhar como modelos, a paulista Monique Menezes, de 21 anos, e a gaúcha Thelma Kaminski, 19, estranharam quando sua agente disse que elas passariam a noite numa festa.
No evento, que terminou de madrugada e não estava previsto no acordo fechado no Brasil, afirmam que tiveram de servir uísque na boca de homens, que as assediaram e tentaram acariciá-las.

As condições, porém, se agravaram. Segundo elas, em vez dos US$ 2.100 que deveriam receber por mês da agência Be One Talent, gerida pela francesa Sabrina Savouyaud, ganhavam US$ 160.
Foi o primeiro sinal de que a viagem, até então encarada como uma valiosa chance de ascensão profissional, não acabaria bem. "Depois daquele dia, ficamos assustadas, mas continuamos trabalhando", diz Menezes à BBC Brasil. "Estava lá para juntar dinheiro, pretendia comprar uma casa quando voltasse."
As sessões de fotos eram progressivamente substituídas por novos trabalhos em festas como hostesses ou balconistas, quando eram continuamente assediadas. Savouyaud, dona da casa onde estavam hospedadas, passou a maltratá-las.
"Ela nos insultava, dizia que estávamos gordas", conta Kaminski. "Uma vez, tomou a comida das nossas mãos."
Monique Menezes (Arquivo Pessoal)
A paulista Monique Menezes diz que sofreu assédio e maus tratos durante temporada na Índia
A falta de higiene na residência, dizem as modelos, fez com que adoecessem. "A casa tinha 18 cachorros e três gatos. Os cachorros comiam nas nossas panelas e os gatos urinavam nas camas", afirma Menezes.
Alarmadas com a situação, buscaram na internet informações sobre a agente. Encontraram numerosos relatos na imprensa indiana de outras modelos que acusavam a francesa de maus-tratos.

Multa

Em fevereiro deste ano, pouco após completarem um mês na Índia, as duas procuraram o consulado brasileiro em busca de ajuda. Só então souberam que os contratos que haviam assinado ainda no Brasil, em inglês, previam multa de US$ 500 mil caso abandonassem o trabalho antes do prazo de seis meses. Os acordos haviam sido propostos por "scouters" (olheiros) brasileiros. Por temer represálias, elas preferem não nomeá-los.
"Ele me explicou que eu ganharia 50% de todos os trabalhos que fizesse, mas não disse nada sobre a multa nem sobre as festas", diz Menezes. "Como não falava inglês na época, assinei na base da confiança."
Os diplomatas lhes disseram que o exagerado valor da multa invalidava os contratos e ofereceram ajuda para hospedá-las caso quisessem deixar a casa da agente. Antes, porém, as duas procuraram Savouyaud para exigir os cachês pelos trabalhos, que, conforme o contrato, só seriam pagos no final da viagem.
Menezes calcula que tinha US$ 5 mil a receber; Kaminski, US$ 10 mil. "Mas ela disse que, como tínhamos quebrado o contrato, não pagaria nada e ainda cancelou nossos bilhetes de volta", diz Menezes.
As duas deixaram a casa e se hospedaram no hotel pago pelo consulado. A passagem de Kaminski foi comprada por seus pais; a de Menezes, por um empresário indiano que se compadeceu ao ouvir a história. "Ao entrar no avião, nos abraçamos e choramos", lembra Kaminski.
A BBC Brasil tentou contatar a Be One Talent, mas as mensagens enviadas à agência não foram respondidas.

Relatos frequentes

Segundo o Ministério de Relações Exteriores, relatos como esse têm se tornado cada vez mais comuns. "É um fenômeno recente, estimulado pelo grande sucesso das tops brasileiras nos últimos anos", diz à BBC Brasil Luiza Lopes da Silva, diretora do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior.
Ela diz que, nos últimos anos, ao menos 20 modelos brasileiras relataram ter sofrido maus-tratos na Ásia. Lopes afirma, no entanto, que "essa é apenas a ponta do iceberg".
"Calculamos que entre 100 e 200 modelos brasileiras possam estar nessa situação na Ásia neste momento." Além da Índia, país com maior número de queixas, já foram registrados casos na China, Coreia do Sul, Filipinas, Malásia e Tailândia.
"Pouquíssimas denunciam as condições, por temerem represálias no Brasil", diz a diplomata. "Como muitas estão irregulares, acham que não têm direitos."
Segundo Lopes, o Itamaraty tem orientado sua rede consular a colher o máximo de informações sempre que receber denúncias de modelos no exterior, para identificar outras brasileiras que estejam na mesma situação. Os esforços do órgão, no entanto, têm se concentrado na prevenção.
"Fazer o trabalho de detetive é difícil e o faremos, mas sem uma ação de prevenção estaremos enxugando gelo."

Cartilha

Para evitar novas ocorrências, o Itamaraty lançou em maio uma Cartilha de Orientações para o Trabalho no Exterior. A publicação, disponível na internet e distribuída à rede consular brasileira, têm como principais públicos-alvo modelos e jogadores de futebol.
A cartilha faz uma série recomendações a quem receber oferta de trabalho no exterior, como preferir a negociação com empresas de grande porte e registrar-se na Embaixada brasileira assim que chegar ao país de destino.
O compêndio também lista entidades privadas e representações diplomáticas que podem auxiliá-lo se enfrentar dificuldades. Nos casos em que a vítima estiver debilitada e não puder arcar com a volta, diz a diplomata, o Itamaraty poderá bancá-la.
Segundo Lopes, entre as modelos, as principais vítimas estão no começo da carreira. Costumam ser recrutadas por olheiros em shoppings, concursos de beleza e discotecas. No exterior, o trabalho consiste geralmente em sessões fotográficas em galpões nas periferias de grandes cidades, para estampar catálogos de lojas e sites. Vivem confinadas e recebem menos do que deveriam.
A diplomata afirma que não foram identificados casos de modelos aliciadas para exploração sexual, mas que algumas dançarinas brasileiras na Turquia disseram ter sido pressionadas para se prostituir.
Embora ainda pouco denunciados, os casos de modelos brasileiras exploradas na Índia estão sendo tratados por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara dos Deputados que investiga o tráfico de pessoas. Em sessão fechada no último dia 19, a modelo Ludmila Verri, de 21 anos, relatou ter enfrentado no país asiático condições semelhantes às denunciadas por Kaminski e Menezes.
O caso de Verri, que passou três meses em Mumbai em 2010 com duas colegas, também é objeto de uma ação do Ministério Público Federal (MPF).

Fim da carreira

Enquanto o MPF age para desnudar o esquema, Monique Menezes diz tentar reorganizar sua vida em São Paulo. Após voltar da Índia, ela deixou de ser modelo e perdeu o contato com os pais.
"Eles tinham muitas expectativas com a viagem e não aceitaram minha volta antes do prazo", ela conta. "Acham que voltei porque fui fraca, porque quis."
Hoje, a jovem trabalha como recepcionista de uma transportadora. "Além de voltar sem nada, essa experiência destruiu minha vida."
*Colaboraram Luís Guilherme Barrucho e Jessica Fiorelli da BBC Brasil em São Paulo.

Renan Calheiros quer voltar a presidir o Senado


Líder do PMDB, quase cassado em 2007, teria ex-presidente Lula como fiador


BRASÍLIA - O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), resolveu ignorar as denúncias que quase resultaram na sua cassação em 2007 e deseja retornar à presidência da Casa para suceder José Sarney (PMDB-AP). Aliados dizem que Renan resolveu não levar em conta uma eventual reação negativa da opinião pública, principalmente depois que o ex-presidente Lula — seu maior cabo eleitoral junto à presidente Dilma Rousseff — apareceu cumprimentando o deputado Paulo Maluf (PP-SP), denunciado pelo Ministério Público por suposto desvio de milhões de reais da prefeitura de São Paulo.
As pretensões pessoais, entretanto, esbarram em parte considerável do PMDB, que tem receio de que a volta de Renan ponha de novo o partido na berlinda, e considera que o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão — o preferido de Dilma —, seria a melhor opção. O grupo de Renan e ele próprio reconhecem o risco de desgaste para todos, mas nem assim pretendem abandonar a ideia tão cedo. Ainda querem negociar uma compensação.
O temor é que sejam ressuscitadas as denúncias de que o líder peemedebista teria despesas pessoais pagas pelo lobista de uma empreiteira, que lhe custaram a presidência do Senado em 2007. Mesmo assim, os aliados de Lobão admitem, resignados, que Renan flertará até a última hora para encarar a disputa.
No PMDB, os senadores Eunício Oliveira (CE), Vital do Rêgo (PB) e até o ministro da Previdência, Garibaldi Alves, potiguar licenciado do mandato, também aparecem como virtuais candidatos. Alves tem menores chances de se viabilizar, ainda mais com a candidatura do primo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), à presidência da Câmara.
Um aliado de Renan afirma que Lula tem sido importante para convencer Dilma a aceitá-lo como presidente do Senado. A presidente prefere Lobão e já ofereceu em troca apoio a Renan na disputa para o governo de Alagoas em 2014.
— O interlocutor do Renan não é Michel Temer, nem José Sarney. É o Lula. Ele é o interlocutor que Dilma não tem com o Congresso. Já fez muito favor para a presidenta e vai fazer muito mais — diz um aliado fiel de Renan Calheiros.
Renan se animou para disputar a vaga de Sarney após a cassação de seu maior algoz, o ex-senador Demóstenes Torres, e do episódio Lula/Maluf.
— Renan está quase que nem Maluf. O Lula, ao apertar a mão de Maluf, deu-lhe um atestado de idoneidade — compara outro senador.
Embora grande parte do PMDB goste da alternativa Lobão, houve um mal-estar com o fato de Dilma tentar impor seu nome. A movimentação da presidente foi interpretada como uma interferência do Executivo.
É no projeto para eleger o ministro Lobão que crescem também outras especulações, como a de que o governador Sérgio Cabral poderia assumir o Ministério de Minas e Energia, em 2014.

Laudo médico diz que Cachoeira não está deprimido e pode depor


Advogados do bicheiro pediram, às vésperas do depoimento, que ele fizesse exames


BRASÍLIA - Exame médico concluído na noite desta segunda-feira informa que o bicheiro Carlos Augusto Cachoeira não tem problemas psicológicos que inviabilizem a participação dele em interrogatório na Justiça Federal que acontecerá nesta quarta-feita em Goiânia. Nos últimos dias surgiram rumores que Cachoeira estaria deprimido e os advogados do bicheiro pediram, às vésperas do depoimento, que ele fosse submetido a um teste médico.
As análises médicas indicam que ele tem plenas condições de ser interrogado pelo juiz Alderico Rocha Santos, substituto da 11ª Vara Federal de Goiânia. Cachoeria é acusado de corrupção, exploração ilegal de jogos, lavagem de dinheiro, entre outros crimes. Durante o dia, em conversas com policiais, Cachoeira demonstrou preocupação com a aparência. Segundo os relatos, o bicheiro quer aparecer na audiência de quarta-feira com a melhor aparência possível. Cachoeira também teria dito que não fará revelações durante o depoimento.

A defesa das operadoras de telefonia, por Joaquim Falcão



São três os principais argumentos das operadoras de telefonia diante do público. Primeiro, o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviços Móveis Celular e Pessoal (Sinditelbrasil) vai à televisão e culpa os governos. Acusam as prefeituras de atrasarem as licenças para colocação das antenas indispensáveis.
Segundo, afirmam que houve um enorme aumento de demanda que os teria pego de surpresa.
Terceiro, que a Anatel não explicitou os critérios usados para fundamentar a punição.
Um mínimo de história pode ajudar. Os militares criaram a Telebrás por questão de segurança nacional e porque se esperava que o Estado saberia gerir bem. A Telebrás no entanto não foi capaz de atender a demanda, na época de telefonia fixa apenas.
Era difícil conseguir linha para telefonar. Telefones eram privilégios de poucos. De tão escassas e valiosas as pessoas deixavam suas linhas em testamento. O culpado era o governo.
Veio então a ideia de que empresas privadas em concorrência regulada teriam como consequência natural melhor serviço para o consumidor. Não tem sido verdade.
Se é para continuar culpando governos, não se precisava de privatização. Se é para não prever a expansão do mercado, suprir bons serviços, ficaríamos com a Telebrás. Se é para as empresas não terem recursos suficientes para investir, por mais que invistam, ficaríamos com o governo federal.
A defesa das operadoras contra a Anatel não faz jus nem ao modelo regulatório, nem à infinita paciência que os usuários têm tido com ambas: operadoras e Anatel.
O problema de fundo é: regular a concorrência não é fim. É meio. A qualidade do serviço financeiramente acessível é a finalidade que justifica o modelo de privatização.
Sem dúvida as operadoras conseguiram universalizar os serviços. Conseguiram constante atualização tecnológica. Mas estão longe de prover a qualidade de serviço e um menor preço ao consumidor, que prometem à população.
Quanto ao último argumento, de que Anatel não fundamentou os critérios da punição, basta atentar para o crescente número de processos contra as operadoras no Judiciário.
O patológico crescimento dos juizados especiais que ultrapassou a justiça de trabalho em casos enviados ao Supremo, deve-se em grande parte a reclamações dos consumidores de telefonia.
Agravado pela cultura do recurso a qualquer custo dos departamentos jurídicos das telefônicas.
Como desabafou um magistrado do Rio de Janeiro diante do crescente número de ações de telefonia que ele tinha que decidir: “Estou cansado de trabalhar para operadoras de telefonia ineficientes”.

Sem massa na rua, por Ilimar Franco



Ilimar Franco, O Globo
A expectativa de petistas que integram o governo Dilma é que o PT não promova nenhum tipo de manifestação pública durante o julgamento do mensalão. Consideram que iniciativas deste tipo, em favor dos réus petistas, são de “extrema burrice” e só vão contribuir para “acirrar” os ânimos da sociedade organizada. Dizem que esses atos não mudariam muita coisa e se chocariam com o desejo dos réus, de um julgamento técnico em vez de um veredito político.

OBRA-PRIMA DO DIA - OBJETOS DE ARTE Porcelana Oriental - Garrafas (c.1700/1720)


Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 
24.7.2012
 | 12h00m
A massa de argila branca especial, fina, preparada pela cozedura em um forno, tem como resultado a porcelana, produto cerâmico impermeável e translúcido. A argila especial é composta de caulim, quartzo e feldspato. Depois de receber a forma que o artesão escolheu, vai ao forno, pode ser vitrificada ou não, conservar sua cor original, ou receber as mais diversas pinturas.
A chamada verdadeira porcelana (pasta dura) surgiu no Japão e na China. Somente no início do século 18 em Meissen, na Alemanha, os europeus conseguiram fazer objetos de porcelana comparável em qualidade às porcelanas japonesas e chinesas. Na Inglaterra foi somente a partir de 1740.
A japonesa Arita, famosa por ser uma das cidades onde mais se fabricava peças em porcelana, enviava as peças para Imari, porto do Japão ocidental; de lá, as que seriam transportadas para o exterior pelos mercadores holandeses e chineses, eram enviadas para Deshima, uma ilha pequenina no porto de Nagasaki.
De 1639 até meados de 1850, mercadores da Companhia das Índias Orientais eram os únicos com permissão para comercializar no Japão, devido à política de isolamento do governo japonês. No período mencionado, foi quando essa orientação foi mais forte.
Isso explica porque durante tanto tempo as peças vindas do Oriente fizeram tanto sucesso na Europa e porque as duas Companhias holandesas, das Índias Ocidentais e das Índias Orientais, alcançaram um êxito que lhes rende fama até hoje e ganharam fortunas comerciando porcelanas orientais.
Os holandeses negociaram com o Japão e a China a partir de 1650. Os europeus, habituados ao azul e branco das louças chinesas, quando viram as cores vibrantes da porcelana japonesa, ficaram alucinados. Os tons escuros ou vibrantes de azul, vermelho e ouro que vemos nessas garrafas são típicos da porcelana que o Japão exportava exclusivamente do porto de Imari.
 
O par de garrafas do período Edo (foto acima) pertenceu à coleção do Duque de Marlborough, mantida em seu palácio de Blenheim. A tampa, que lembra um pequeno crisântemo, combina com os desenhos que aparecem em uma de suas quatro faces. Nas outras três há peônias, ameixas e um esquilo escondido em uma videira. No século 18 o esquema de cores de Imari foi muito copiado pelos europeus.
Medidas: altura 24 cm; largura 10,8 cm; profundidade 10,8cm. Na base, em vermelho, está escrito “shin” (agitar)

Acervo Victoria and Albert Museum, Londres

Serra convida Haddad para uma disputa de rolimã


HUMOR


AVENIDA JACU-PÊSSEGO - Na dianteira da disputa eleitoral, o candidato José Serra fantasiou-se de lebre e convidou seus adversários para uma corrida. "Andei testando o rolimã como alternativa para o caótico trânsito paulista. Promoverei uma corrida para jogar holofotes sobre este fabuloso meio de transporte alternativo", anunciou o tucano, de boné, enquanto fazia uma manobra radical com seu novo skate.

 
 José Serra conta com a ajuda de correligionários no treinamento para a corrida

Fernando Haddad aceitou o desafio, mas impôs condições: o trajeto deve contemplar viadutos e avenidas construídos por Paulo Maluf. Gabriel Chalita anunciou que permitirá que dois animais de cada espécie embarquem em seu rolimã em caso de enchente. Soninha anunciou que promoverá uma "volta pacífica de rolimã pela cidade em favor da liberação da maconha".
Já Paulinho da Força costurou um empurrão extra das centrais sindicais, da Fiesp e do MST antes de seguir ladeira abaixo. Fantasiado de tartaruga para enganar os rivais, Celso Russomano declinou da competição, mas negocia os direitos de transmissão da corrida.

Cartas de Buenos Aires: Humor em tempos de crise


CRÔNICA


Está fazendo um sucesso danado em Buenos Aires a última edição da revista Barcelona, de humor altamente ácido. A capa faz uma sátira ao tom apocalíptico adotado pela mídia e traz a manchete “Basta de incertezas -Crise já”.
O texto argumenta que os argentinos estão cansados de não saber o que vem pela frente. “Se o país vai explodir, que exploda o quanto antes. É melhor que tudo se dane logo de uma vez, para a gente ver qual é, do que seguir esperando que tudo se vá à merda a qualquer momento”.
Mal saiu a versão digital, e a página começou ser replicada na internet, com comentários ainda mais divertidos.
Essa revista surgiu em 2002, justamente durante a pior crise econômica do país, quando a população fazia fila para fugir para a Espanha. Justo por isso se chamaBarcelona e tem como slogan “uma solução europeia para os problemas dos argentinos”. Ao celebrar seus dez anos de edição, isso não deixa de ser uma ironia.
O mesmo tom de sátira “pré-fim-do-mundo” da Barcelona foi adotado esta semana pelo cartunista Daniel Paz, na ilustração que compartilho abaixo na coluna:

 

A Argentina tem extensa tradição de fazer rir – e fazer pensar.
A primeira caricatura política nacional foi publicada no semanário Argos, em 1842. A partir daí os imaginativos desenhistas e humoristas hermanos não pararam mais!! Ainda bem.
Tanto é que ganharam um museu inteirinho dedicado ao humor. Inaugurado em junho em Puerto Madero, o espaço abriu com uma exposição que reúne cerca de 200 desenhos, histórias e caricaturas dos principais humoristas nacionais, com peças do princípio do século XX até hoje.
Tem como conselho curador cinco grandes nomes – Quino (criador de Mafalda), o uruguaio Hermenegildo Sábat, Carlos Garaycochea, Manuel García Ferré e Guillermo Mordillo.
Com esse espaço, Buenos Aires entra para a lista das poucas cidades que não tem medo do riso e que contam com um espaço fixo dedicado ao humor. Entre os escassos antecedentes estão o Museu da Caricatura, em Frankfurt, o Museu da Caricatura e Desenho Animado da Basiléia e a Fábrica do Humor de Alcalá de Henares, em Madri.
Nada mais merecido. Um traço ao lado do outro, no momento certo, é informação analítica, sintética e contextualizada.
Além disso, com crise ou sem, a vida aqui continua cheia de graça.

Gisele Teixeira é jornalista. Trabalhou em Porto Alegre, Recife e Brasília. Recentemente, mudou-se de mala, cuia e coração para Buenos Aires, de onde mantém o blog Aquí me quedo, com impressões e descobrimentos sobre a capital portenha

Quem se abala?, por TT Catalão



TT Catalão
O Brasil tem até uma bancada da dita cuja no Congresso: a bala. Bala de prata é aquela de misericórdia que encerra o ato macabro do fuzilamento. Bala com bala cantou João Bosco. Balas em gôndolas de supermercados (a barbárie em Columbine foi municiada pela liquidação do WallMart). E agora, o mais recente psicopata na tragédia de Batman afirma ter adquirido seu arsenal pela internet.
O tal “cavaleiro das trevas”, o da HQ, não é chegado a matanças coletivas e é sombrio só pelos traumas dos morcegos e cavernas pós-assassinato dos seus pais. Batman chegou a ser um herói cafonérrimo na fase da série de TV com seu amiguinho íntimo Robin em trejeitos pra lá de suspeitos no padrão virilidade.
Foi Frank Miller que o fez retornar às origens traumáticas em seu universo obscuro de inimigos patológicos nutridos no asilo Arkham. Local de onde deveria ter saído o cara que se fantasia de matador. Ato que teve direito a uma glamurosa “reconstituição” computadorizada na TV cujo efeito só deve alimentar o “charme” psicótico dos futuros tresloucados no desejo mórbido de ser notícia e sair do zero para ser alguma coisa.
O cara não oferecia traços de tamanha perversão. É sempre assim: bons vizinhos que não incomodam ninguém, esquisitões sem provas de afeto, aspecto saudável no caminho do mercado de trabalho etc. Mas tem armas e balas em promoções espetaculares ao lado do novo iPad.
Não que a facilidade (ou a ocasião) faça o crime. Na clandestinidade se consegue balas e armas sem maiores restrições. Na raiz estão valores que reforçam o isolamento totalitário ante tudo que possa significar relação com o próximo, percepção do outro, compartilhamento, compaixão (sentir junto), convivência, enfim, algum encantamento com o que está fora do meu mundinho.
E quem se abala? Surge a enxurrada de culpas e porquês exatamente nas áreas que não percebem o quanto uma indústria da morte se alimenta de doses diárias de narcose, narciso e morbidez oferecidas diariamente para reforçar o ovo da serpente.
Nos valores que são idolatrados como alto padrão de vida e consumo ou signo de celebridade.
Sem generalizar não há explicação simplória para tamanha complexidade entre causa e efeito.
Não há padrão para comportamentos em desvio tão profundo. Principalmente por ocorrer com “gente que tinha tudo para dar certo”. Talvez este tudo, muito sobrecarregado em tanto ter, colabore na alienação do muito que precisamos ser para nos tornarmos seres humanos. É lutar antes para evitar LUTO depois!


TT Catalão é jornalista

Entre picaretas, como um deles


MEMÓRIAS DO MENSALÃO


(Comentário aqui publicado às 9h09m de 7.6.2005)
O ministro Aldo Rebelo, da Coordenação Política, confirmou que Roberto Jefferson, presidente do PTB, se reuniu com Lula em março último; e que Jefferson contou a Lula sobre o pagamento de um mensalão a deputados para que votassem de acordo com o governo. Diante disso, o que fez Lula?
Ainda segundo Rebelo, pediu informações sobre o que ouvira a ele, Rebelo, e a Arlindo Chinaglia, então líder do PT na Câmara dos Deputados.
Os dois disseram mais tarde que o caso já havia sido investigado pela Câmara em setembro de 2004, quando uma notícia do Jornal do Brasil dera conta de que o deputado Miro Teixeira (PT-RJ) denunciaria o mensalão. Na época, Miro recuou da denúncia.
A investigação da Câmara foi engavetada em menos de 24 horas - na verdade, nem chegou a ser feita. E pronto. E foi tudo. Ou seja: não foi nada. Nadinha.
O relato de Rebelo permite ao mais idiota dos mortais concluir que Lula não deu ou não quis dar a menor importância ao que Jefferson lhe dissera. Como já não dera ao que ouvira em maio de 2004 do governador de Goiás, segundo testemunho do próprio governador.
Ao ouvir que deputados recebiam mesada para votar com o governo, Lula respondeu ao governador que o costume fora inaugurado no período Fernando Henrique Cardoso pelo ministro Sérgio Motta, das Comunicações.
Ora, um presidente da República cioso de suas atribuições, empenhado em combater a corrupção onde quer que ela se manifeste, e que alardeia comandar um governo que não rouba e que não deixa roubar, jamais poderia ter reagido como Lula reagiu ao saber por um governador e por um presidente de partido que deputados se vendiam e eram comprados.
E se vendiam para quê? Para apoiarem o governo do presidente. E quem os comprava? Só podia ser alguém interessado em ajudar o governo.
O governador de Goiás não mencionou o nome do comprador de deputados. Jefferson garante que mencionou, sim - Delúbio Soares, tesoureiro do PT. E que Lula chorou ao ouvir a história.
Rebelo desmente a menção ao nome de Delúbio e o choro. O senador Alozio Mercadante (PT-SP) alega que Lula não é homem de chorar tão facilmente. Só se o Lula de Mercadante for outro. Porque o que conhecemos chora com facilidade como tantas vezes já vimos. O que é bom.
No essencial, portanto, o que disse Jefferson em entrevista publicada pela Folha de S. Paulo não foi refutado por ninguém. Por ninguém mesmo. E como ficamos então?
Lula foi displicente, relapso e irresponsável por não ter mandado apurar com rigor o que primeiro ouviu do governador de Goiás - e o que depois ouviu de Jefferson.
O que respondeu ao governador de Goiás (que a compra de deputados datava do governo Fernando Henrique) prova que sabia, sim senhor, sabia o que se passava a poucos metros do Palácio do Planalto. E que aparentemente não estava nem aí, nem aí.
Afinal, no passado ele não apontara a Câmara dos Deputados como um reduto de 300 picaretas? Em Roma, como os romanos. Vai ver que entre picaretas, como um deles.
Cabe à Câmara dar razão ao Lula que se indignava com a picaretagem. Ou ao Lula que agora parece conformado com ela.

Notícias da CPI


Dora Kramer
No balanço que fez dos primeiros três meses de trabalho da CPI que apura a rede de ilegalidades envolvendo um operador de jogatina, políticos, governantes e obras públicas, o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo, ficou no feijão com arroz.
Negou a inegável influência do embate partidário, apresentou informações irrelevantes - como a quantidade de sessões realizadas, de pessoas ouvidas e testemunhas caladas -, mas deixou de falar sobre o papel que a comissão teve na divulgação de fatos que, sem a repercussão própria do foro político, hoje seriam de conhecimento exclusivo da política e da Justiça e provavelmente não teriam gerado consequência alguma.
Não havendo CPI seriam grandes as chances de Demóstenes Torres ser ainda senador, de Carlos Cachoeira ter saído da cadeia por meio de habeas corpus e de a construtora Delta ter sido vendida a um frigorífico com participação do BNDES.
Foi só quando se começou a falar em quebra dos sigilos da Delta que a J&F, controladora do frigorífico JBS, desistiu de comprar a empreiteira e o banco oficial recuou do negócio.
A necessidade de Cachoeira continuar preso também se impôs diante das evidências sobre a capacidade dele de obstruir as investigações.
Quem ainda estaria prestando atenção ao caso se a única matéria-prima fossem os inquéritos da Polícia Federal? Quantos senadores não poderiam ter se valido do voto secreto no plenário para absolver Demóstenes se não estivesse aberta uma tribuna permanente de reverberação política?
Por essas e várias outras, entre as quais uma venda de imóvel cuja conta não fecha envolvendo um governador de Estado, não é certo reduzir a CPI a palco de testemunhas silentes e picuinhas entre PT e PSDB embora estejam presentes na composição do cenário.
Descontadas as manobras de percurso, houve consequências importantes. Desvendaram-se algumas das razões pelas quais uma empreiteira sai do zero e em dez anos torna-se a 6.ª no ranking nacional, revelou-se como partidos se movimentam no jogo de proteções e condenações, além de se contar a maneira pela qual um ex-presidente da República tenta manipular um instrumento de fiscalização do Congresso para ações de vingança.
A primeira fase não foi, portanto, improdutiva. Agora em agosto inicia-se a segunda etapa, os três meses finais em que as coisas podem se complicar, justamente porque a CPI tende a ficar em segundo plano na vista do público - o corretor de rumos mais eficiente -, dividindo as atenções com o julgamento do mensalão e as campanhas eleitorais.
O cruzamento de dados prossegue no recesso e a troca de informações entre o Congresso, a polícia e a Justiça também.
Há fios que começam a ser puxados, mas a dúvida é se as injunções partidárias permitirão que sejam desenroladas as meadas até o fim. Dois deles ainda em fase de investigação: a associação de parlamentares com Carlos Cachoeira em negócios no exterior e os detalhes de uma casa num condomínio de luxo em Angra dos Reis (RJ).
Se confirmadas as suspeitas em torno das quais se movimenta a polícia, ao menos um candidato a prefeito de capital e um governador tomarão conta da cena, levando a CPI a caminhos ainda não navegados

Andressa Cachoeira: tô entendendo nada!…


by Fábio Pannunzio

Adressa Cachoeira, a linda primeira-dama da jogatina, sobre o marido Carlinhos Cachoeira em O Globo desta terça:
"Que mal esse homem fez ao Estado, à União, às pessoas? Ele é uma pessoa maravilhosa que só ajuda as pessoas!"

Lula ordenou Mensalão, dirá Roberto Jefferson no julgamento



by Fábio Pannunzio

A defesa do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), um dos 38 réus do mensalão, vai centrar fogo no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em sua sustentação oral no julgamento, previsto para começar no próximo dia 2, no Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado de Jefferson, Luiz Francisco Corrêa Barbosa, dirá que Lula não só sabia da existência de todo o esquema como “ordenou” a sua execução:
— (Lula) Não só sabia (do mensalão) como ordenou toda essa lambança — revelou Barbosa ontem ao GLOBO. — Não é possível acusar os empregados e deixar o patrão de fora.
A tese da defesa, no entanto, contraria as declarações do próprio Jefferson, em 2005, durante seu depoimento na Comissão de Ética da Câmara. À época, antes de ter seu mandato cassado, o presidente nacional do PTB contou que foi ele quem avisou Lula sobre a existência do mensalão:
— Eu contei e as lágrimas desceram dos olhos dele. O presidente Lula é inocente nisso — afirmou Jefferson, na ocasião.
No mesmo depoimento, ao se referir ao ex-chefe da Casa Civil José Dirceu (PT), outro réu no processo e apontado na denúncia como “chefe da quadrilha”, Jefferson voltou a defender Lula:
— Zé Dirceu, se você não sair rápido daí (do governo), você vai fazer réu um homem inocente, que é o presidente Lula. Rápido, sai rápido, Zé, para você não fazer mal a um homem bom, correto, que eu tenho orgulho de ter apertado a mão.
Nesta segunda-feira, porém, Barbosa desconversou sobre a mudança de tom:
— Não respondo pelas palavras do Roberto. Sou o advogado dele.