Enquanto construtoras afundam em bolsa e lutam por resultados, imobiliárias têm resultados recordes.
O desaquecimento nas vendas de imóveis novos não deve afetar as imobiliárias, que aos poucos voltam sua atenção para o que era o patinho feio dos negócios: os imóveis usados.
É ao crescimento de dois dígitos desse segmento que os analistas creditam perspectivas positivas nos balanços financeiros da Lopes e da Brasil Brokers e, consequentemente, impacto nas ações em bolsa.
Enquanto o Índice Imobiliário (Imob), composto principalmente por incorporadoras, apresenta avanço de 22,43% este ano depois de ter apanhado 27,70% no ano passado, as duas únicas imobiliárias listadas na bolsa brasileira mantêm ritmo acelerado. A Lopes já avançou 38,88% este ano e a Brasil Brokers, 33,69%.
No ano passado, a Lopes registrou recorde histórico de vendas, segundo a prévia operacional. Foram R$18,2 bilhões, 16% acima de 2010. Em unidades, a empresa contabilizou crescimento de 12%, com 63,1 mil unidades vendidas.
Para Luiz Maurício Garcia, analista da Bradesco Corretora, os papéis das imobiliárias são menos relevantes dentro do setor de construção civil, mas se apresentam como alternativa.
"As imobiliárias oferecem potencial de crescimento menor quando comparadas às demais empresas do setor, porém embutem risco menor uma vez que não estão envolvidas em possíveis preocupações quanto à execução dos projetos", exemplifica.
Ainda de acordo com o analista, por terem baixa necessidade de capital de giro, são consideradas boas pagadoras de dividendos.
As ações também devem se beneficiar em um cenário no qual o repasse de preços feito pelas construtoras é benéfico às incorporadoras, uma vez que sua comissão também será elevada.
"Por outro lado, a grande oportunidade de expansão está segmento de imóveis usados, que representa 60% de todo o mercado imobiliário, mas que responde entre 15% a 22% dos imóvel vendidos", completa.
Entre as ações da Lopes e Brasil Brokers, Garcia prefere a segunda "por apresentarem desconto em relação à principal concorrente listada em bolsa".
O preço-alvo para as ações da Lopes é de R$ 37,40 para o final deste ano, ante cotação atual de R$ 36,11, enquanto o preço-alvo para os papéis da Brasil Brokers é de R$ 9,40, hoje cotada a R$ 7,46.
Já Esteban Polidura, analista do Deutsche Bank, tem preferência pelas ações da Lopes dada a plataforma para desenvolver o mercado secundário em parceria com o Itaú Unibanco e a CrediPronto.
No ano passado, a joint venture assinada entre a Lopes e o Itaú financiou R$ 1,3 bilhão, expansão de 118% em relação a 2010, segundo a prévia operacional da companhia.
"O mercado ainda não reconheceu o valor que a CrediPronto tem. Além disso, a Lopes tem um dos maiores retornos sobre o patrimônio (ROE) do mercado de construção civil e tem potencial para produzir o fluxo de caixa livre positivo em breve", ressalta.
O preço-alvo do Deutsche para os papéis da Brasil Brokers é de R$ 7,20, com recomendação de manutenção, e de R$ 38,00 para os da Lopes, com recomendação de compra. Para as ações da Lopes, o analista aponta R$ 38, sendo R$ 30,00 referente à Lopes e R$ 8,00 à CrediPronto.
Para Brasil Brokers, o analista do Deutsche considera forte crescimento nos próximos três anos, mas dependência de acordos com parceiro financeiro.
"O potencial de renegociação do acordo de geração de financiamento imobiliário com o HSBC poderá resultar em termos menos vantajosos do que os assumidos atualmente", diz.