quinta-feira, 19 de julho de 2012

As milícias nas urnas



Por Mauro Malin em 19/07/2012 na edição 703

Comentário para o programa radiofônico do OI, 19/7/2012

A campanha eleitoral deste ano é a quarta desde que a repórter Vera Araújo denunciou no Globo a existência, em favelas e bairros pobres do Rio de Janeiro, de grupos criminosos formados por policiais civis, militares e bombeiros. São as chamadas milícias.
Na segunda-feira (16/7), Vera e o repórter Sérgio Ramalho assinaram reportagem que foi a manchete doGlobo. Denunciava a participação de milicianos na campanha eleitoral para as eleições municipais. No dia seguinte, o Tribunal Regional Eleitoral fluminense reagiu. Já havia sido montada uma força-tarefa para vigiar as milícias durante a campanha. Anunciou-se, então, que esses policiais e agentes vão rastrear policiais e bombeiros candidatos, para verificar se têm ligações com milícias. Demorou, mas é uma providência que pode ajudar a liberar o eleitor dessas comunidades para votar de acordo com sua consciência. Vera Araújo falou ao Observatório da Imprensa:
“Principalmente para as pessoas não se sentirem coagidas a votar nesses candidatos. O que acontece: esses candidatos que têm seus redutos eleitorais nas comunidades pressionam os moradores a votar neles pela opressão. Nas eleições anteriores os milicianos obrigavam as pessoas a fotografar o voto com o celular. Nessas eleições de agora o presidente do Tribunal Regional Eleitoral determinou que fosse proibida a entrada de celulares dentro das sessões, isso já é uma forma de evitar [a coerção].
Agora esse trabalho de levantamento dos policiais que são candidatos, tanto policiais como bombeiros, é uma segunda etapa importantíssima, porque eles não sofriam pressão nenhuma. Isso eu consigo perceber já nas próprias comunidades onde eu tenho entrado. Percorrendo alguns locais para fazer fotos desses candidatos que são ligados à milícia, que são policiais que a gente conhece, nós não os vemos mais. O que eu percebo é que eles estão mudando de tática.
Quando você começa a fechar o cerco em relação aos celulares, começa a fechar o cerco com relação àqueles policiais que viram alvo, que de certa forma passam a ser olhados, investigados pela polícia, com certeza eles vão mudar de tática, e uma delas é essa, eles não estão mais se expondo como faziam antes, quando você encontrava um monte de propaganda de candidatos policiais ligados a milícias. Não estou dizendo que todos os policiais são ligados às milícias, mas com certeza alguns acabam tendo essa ligação por coagirem os moradores, e essa pressão em cima dos moradores é terrível, porque eles não tinham a quem recorrer. De certa forma a imprensa está fazendo o papel de fiscalização junto aos órgãos que acabam sendo pressionados.”

Após ataques, jornal desiste de cobrir crime organizado



19/07/2012 na edição 703
Tradução: Larriza Thurler (edição de Leticia Nunes)

O jornal mexicano El Mañana afirmou que não cobrirá mais as violentas disputas do crime organizado no país depois de sofrer um segundo ataque em apenas dois meses. No dia 10/7, três edifícios no norte do país onde funcionam jornais – incluindo oEl Mañana – sofreram ataques com granadas. Outros jornais já haviam adotado, de maneira discreta, políticas semelhantes de não cobrir a violência dos carteis de drogas para proteger suas equipes contra ameaças e ataques violentos. O anúncio do El Mañana foi atípico por ser público.
O diário não deu os nomes de quem acredita estar por trás dos ataques, tampouco divulgou um possível motivo para os incidentes. “Pedimos a compreensão do público e vamos evitar, pelo tempo que for necessário, publicar qualquer informação relacionada à violência em nossa cidade ou em outras regiões do país”, escreveu o jornal, em editorial.
Violência crescente
A cidade de Nuevo Laredo, como boa parte do estado de Tamaulipas, vem sendo palco de batalhas sangrentas entre a gangue Zetas e o cartel do Golfo, apoiado por aliados do cartel Sinaloa. “Os conselhos administrativo e editorial foram forçados a tomar esta decisão lamentável por circunstâncias as quais estamos familiarizados e pela falta de condições adequadas para exercer livremente o jornalismo profissional”, declarou o El Mañana.
Desde 2000, 81 jornalistas foram mortos e 16 foram sequestrados no México por conta da guerra do narcotráfico. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas, com sede em Nova York, alega que 48 jornalistas foram mortos ou desapareceram desde que o presidente Felipe Calderón lançou uma ofensiva contra carteis de drogas em dezembro de 2006. Informações da AP [11/7/12].

Resistentes ao Alzheimer - FERNANDO REINACH



O ESTADÃO - 19/07


O envelhecimento não perdoa nenhum de nossos órgãos, e o cérebro não é exceção. No Ocidente, a demência atinge 5% das pessoas com 60 anos, sendo que dois terços dos casos são causados por Alzheimer.

A frequência de pessoas com essa doença praticamente dobra a cada cinco anos de idade. Assim, entre as pessoas com mais de 90 anos, a frequência do Alzheimer chega a 25%.

No cérebro das pessoas com Alzheimer vão se acumulando, aos poucos, placas amiloides. Esse acúmulo está relacionado à perda das funções mentais. Ainda há dúvidas se o acúmulo das placas é a causa da doença ou uma de suas consequências. O fato é que um número enorme de cientistas estuda o processo de acúmulo dessas placas e, ao mesmo tempo, tenta desenvolver drogas capazes de reverter, estancar ou retardar o acúmulo das placas amiloides no cérebro.

Há alguns anos foi descoberta uma mutação no gene que produz a proteína das placas amiloides. Essa mutação torna mais rápido e previsível o acúmulo das placas e o desenvolvimento da doença. O gene do precursor da beta-amiloide (APP, na sigla em inglês) produz uma proteína longa, que é cortada em dois pontos distintos por duas outras enzimas. Nas famílias portadoras dessa mutação, a proteína APP é cortada mais rapidamente, gerando mais cedo grandes quantidades da proteína beta-amiloide, que acumula e forma as placas. As poucas famílias portadores dessa mutação desenvolvem mais cedo, e com mais frequência, a doença de Alzheimer.

Resistência. A novidade é que foi descoberta uma segunda mutação no mesmo gene. Mas, nesse caso, as pessoas portadoras da mutação não desenvolvem Alzheimer e demoram mais para perder suas habilidades mentais. Na prática, essas pessoas são resistentes à doença.

Essa mutação foi descoberta quando os cientistas pesquisavam a diversidade de formas do gene APP. Como todos os genes, o da APP também ocorre de diversas formas, em diferentes populações humanas.

Inicialmente foram analisados os genomas de 1.795 habitantes da Islândia (pois é o único país onde o pedigree de cada um de seus habitantes é conhecido e onde quase todos doaram sangue para pesquisas genéticas). Com base nesse estudo inicial foram identificadas diversas novas formas do gene da APP.

No passo seguinte, pessoas idosas portadoras dessas mutações foram comparadas com outras da mesma idade, e o desenvolvimento da doença de Alzheimer foi analisado. Por meio desse processo foi identificada uma variante do gene da APP na qual uma única alteração na sua sequência (uma alanina havia sido substituída por uma treonina na posição 673) tornava seus portadores resistentes ao Alzheimer.

Essa mutação é extremamente rara, ocorrendo em aproximadamente 3 em cada 1 mil pessoas de origem nórdica e 1 em cada 10 mil pessoas na população dos EUA. Em um trabalho exaustivo, diversas famílias portadoras dessa mutação foram identificadas e as pessoas idosas portadoras da mutação foram estudadas. Os idosos com a mutação praticamente não desenvolvem Alzheimer antes dos 85 anos de idade e têm sua capacidade cognitiva mais bem preservada.

Casos extremos. Os cientistas acreditam que a grande maioria das formas da APP, presente em cada um de nós, nos leva a desenvolver Alzheimer mais cedo ou mais tarde. Essas duas mutações são casos extremos: um deles adianta muito o desenvolvimento da doença e o outro retarda de maneira significativa os sintomas.

O interessante é que a mutação que retarda o aparecimento da doença está localizada, na APP, ao lado do local onde proteína é cortada para produzir a beta-amiloide. Essa alteração torna mais difícil e lenta a produção da proteína que se acumula nas placas de amiloide presentes no cérebro das pessoas com Alzheimer. Esse é o aspecto mais importante da descoberta, pois sugere que, se for possível desenvolver uma droga capaz de inibir o corte da APP, isso poderia reduzir o acúmulo das placas de amiloide e, consequentemente, o desenvolvimento da doença.

Essa descoberta abre a possibilidade de uma droga capaz de inibir o corte da APP retardar o desenvolvimento do Alzheimer. Muitas drogas com essas características estão em desenvolvimento. Com esse novo resultado, tanto o ânimo dos cientistas, quanto o orçamento das empresas que desenvolvem esses medicamentos vai aumentar, e muito.

DE ONDA A TSUNAMI Por Carlos Chagas


DE ONDA A TSUNAMI

Por Carlos Chagas


                                               É preciso  insistir no assunto. Por que, em pouco mais de dois meses, o país foi tomado por  monumental onda de greves, prevendo-se para depois de agosto  um tsunami de proporções asiáticas?
                                               Vale, de início, a ressalva: porque os assalariados, públicos ou privados, sentem a cada dia diminuir o valor do que recebem pelo seu trabalho, em proporção aritmética, ao tempo em que suas despesas aumentam em proporção  geométrica. Não se fala, por certo, das minorias incrustadas no aparelho estatal, do tipo ministros, procuradores, parlamentares e penduricalhos.  Sequer vale citar os  vigaristas das estruturas privadas, do tipo banqueiros, empreiteiros, empreendedores, bem nascidos  e similares. Estes, como aqueles, constituem a casta de quantos, milenarmente,  vivem às custas da maioria.
                                               A indagação vai por conta da gente comum, da massa de funcionários públicos, professores, trabalhadores, operários e até  integrantes das profissões ditas liberais que de repente protestam contra o modo de vida a que se encontram reduzidos. Pouco importa se componentes das massas miseráveis subiram de patamar, claro que não tanto quanto a propaganda oficial alardeia, porque na hora das greves são eles a integrar os primeiros contingentes do protesto.
                                               Do que se indaga é das razões de porque, de um dia para outro, despertou a indignação dos oprimidos, alguns, até, sem motivos para indispor-se tão depressa assim  diante de injustiças milenares.
                                      É nessa parte da equação que se questiona a  forma, não o fundo. Alguma influência  exógena terá precipitado  a reação  natural e justa  das camadas oprimidas, acima e além de seus reclamos naturais.
                                      Aqui pode  repousar  a resposta dessa charada envolta  num mistério circundado por um enigma de proporções mais do que definidas: estão querendo despertar forças naturais através de métodos canhestros cujo objetivo é domínio do  poder. Quem? Aqueles empenhados em desempenhar o   papel  de defensores dos oprimidos,  ainda que pretendendo oprimi-los um pouco mais. A  CUT e  o PT e seus serviçais. Com que objetivo? De retomar o controle do Estado e de suas instituições,  que um dia,  durante  os  oito anos do governo  Lula,  mantiveram através da contenção dos movimentos sociais, conseguindo sufocá-los.
                                      Descobre-se  a chave para a compreensão dessa nova realidade. Querem enquadrar  a presidente Dilma,  transformá-la no  marionete que era quando escolhida pelo primeiro-companheiro para sucede-la, transformando-se numa sombra.  Acontece que a  presidente, se não  libertou-se, ao menos sacudiu a crosta em que pretendiam envolve-la. Estrilou e discordou do modelo engendrado para torna-la mero interregno entre dois mandatos do Lula.
                                      Como combate-la? Ironicamente,  com as armas  que serviram para derrotar a ditadura.  Estimulando greves que não tiveram lugar nos dois mandatos anteriores.  E   que não teriam agora  caso a personalidade de Dilma fosse outra. Na verdade, imaginaram deter o poder integral. Contrariados,   tratam-na como adversária. 
                                       Ninguém se iluda, vem mais por aí, atingindo outras categorias do serviço público e, em especial, estendendo-se à área privada. Metalúrgicos e  bancários estão sendo preparados.                                         

Chávez intimida e censura, e Dilma finge não ver



O governo brasileiro tomou as dores dos “princípios democráticos” para admoestar o Paraguai, após a destituição constitucional do ex-presidente, mas não age do mesmo modo com o semi-ditador Hugo Chávez na Venezuela. Relatório da Human Rights Watch, organização internacional de promoção dos direitos humanos, mostra que Chávez comete abusos, intimida os cidadãos, censura a imprensa, persegue os adversários, asfixia a democracia, e a presidenta Dilma finge não ver.

Flu se acerta com time dos Emirados, compra Sóbis e atacante fica por 3 anos


Time das Laranjeiras conseguiu diminuir pedida do Al Jazira e não vai perder o atacante

iG Rio de Janeiro  - Atualizada às 
Photocamera
Atacante Rafael Sóbis é do Fluminense até 2015
Depois de muitas negociações, o Fluminenseconseguiu o seu principal objetivo nesta janela de transferências internacionais, que se encerra nesta sexta-feira: o atacante Rafael Sóbis, que foi comprado pelo time tricolor e irá permanecer nas Laranjeiras por mais três anos.
Nesta quarta-feira, uma reunião entre o jogador, o seu empresário e o diretor executivo do clube carioca, Rodrigo Caetano, em um hotel na zona oeste do Rio de Janeiro, definiu o contrato, selado no final da tarde desta quinta-feira. Questionado sobre a situação do atacante, Machado foi breve: "Sóbis é do Fluminense até 2015", confirmou.
Os valores oferecidos ao Al Jazira, dos Emirados Árabes Unidos, clube que detinha os seus direitos econômicos, não foram revelados pelo empresário. No entanto, o Flu teria desembolsado bem menos do que os R$ 15 milhões pretendidos pelos árabes, que recusaram duas ofertas tricolores na semana passada. A Unimed, parceira do Fluminense em negociações, pode ter parcelado o valor dado ao Al Jazira. 

Iceberg gigante se desprende de geleira na Groenlândia



Bloco de gelo tem o dobro do tamanho da Ilha de Manhattan e desprendimento seria mais um indício do aquecimento global

AFP 
AFP
Nasa
Imagem de satélite da Nasa mostra a rachadura na Geleira Petermann
Um enorme iceberg se desprendeu de uma geleira na Groenlândia, segundo imagens de satélite da agência espacial americana Nasa, no que seria o mais recente indício dos efeitos do aquecimento global.
As imagens divulgadas nesta quarta-feira (18) mostram um bloco de gelo de cerca de 119 km², o dobro do tamanho da ilha de Manhattan (Estados Unidos), desprendendo-se da Geleira Petermann, na costa noroeste da Groenlândia. A geleira já havia perdido um iceberg com o dobro desse tamanho em 2010.

A Nasa afirma que a rachadura na geleira era visível desde 2001, e que o seu satélite de observação Aqua registrou o rompimento entre 16 e 17 de julho.
O oceanógrafo Andreas Muenchow, da Universidade de Delaware, afirmou que a maior parte do desprendimiento dos icebergs ocorre a 600 metros de profundidade, onde a água é mais quente do que na superfície.
"Mas, ao contrário do que se poderia pensar, a perda deses bloco de gelo terá pouco efeito direto nos níveis do oceano, já que a plataforma de gelo flutuante entre 100 e 150 metros de espessura se encontra em águas oceânicas próximas do ponto de congelamento", explicou em seu blogicyseas.org.
Muenchow destacou que as águas do Atlântico que estão derretendo a geleira parecem estar mais quentes, segundo registros feitos até 2003.

Como fazer uma análise de mercado



Afinal, qual o significado de uma análise de mercado?Após uma semana conturbada, estamos de volta com nossos artigos. O tema de hoje é algo que assombra muitos empreendedores, mas que no final é essencial para quem está pensando em lançar um novo produto: a análise de mercado.

 por 



analise-de-mercado
A análise serve para você chegar a duas, e apenas duas, conclusões.
O que os seus clientes querem? (Confira artigo completo aqui)
Não importa muito se você acha o produto genial, lindo e maravilhoso, você precisa saber o que seu potencial cliente acha. Se você está querendo lançar um produto já existente, descubra o que as pessoas gostam nele e copie ou faça melhor do que o já existente. Descubra os problemas enfrentados pelos clientes e evite que sua versão tenha esse problema.
O que os seus concorrentes oferecem? (Confira artigo completo aqui)
Lembre-se que se você acha que não terá competição há algo errado. Mesmo sendo um produto totalmente novo, ele precisa satisfazer uma necessidade já existente. Imagine que você era um vendedor de celulares na antiguidade, sua concorrência seriam os treinadores de pombos-correio. Baseado no que os clientes querem, analise como você está em relação aos concorrentes. Aqui vale muito a criatividade para pensar em como superá-los.
Na prática, existem 2 formas de conseguir essas informações.
Pesquisa de gabinete: Procurar informações em internet, jornais, etc. pode ser uma boa possibilidade, mas dificilmente te dará ideias muito específicas. Recomendo essas fontes apenas para dar uma noção do potencial de mercado, as informações mais úteis virão na pesquisa de campo.
Pesquisa de campo: Em algum momento será necessário perguntar diretamente ao cliente o que ele quer, reuniões presenciais são a melhor opção. Cara-de-pau e um bom papo farão muita diferença. Afinal de contas, as pessoas são ocupadas, não é fácil pedir para elas pararem suas vidas por um tempo só para te passar informações. Também nunca se esqueça da ética no processo.
Logicamente dependendo do tipo de negócio as informações serão obtidas de formas diferentes, mas no final não são as planilhas, relatórios, estudos, etc. que importam, são as conclusões criativas sobre como satisfazer o cliente de uma forma melhor do que ele é satisfeito hoje em dia.
Caso tenham histórias ou sugestões sobre como fazer melhores análises de mercado, por favor nos mandem.
Abraços,
Millor Machado (lutando contra um bicho de 7 cabeças)
P.S.: Recomendo fortemente a leitura do livro Estratégia do Oceano Azul para quem pretende surpreender os clientes e tornar a concorrência irrelevante.

Esta Europa não tem crise nenhuma: a Europa da indústria do superluxo. Confira os números incríveis



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Não só o vaso sanitário, mas também o reservatório de água são revestidos de cristais da Swarowski (Áustria). Preço: 160 mil reais
Dentro da Europa imersa em uma gravíssima crise econômica e financeira, imersa na paralisação, no desemprego e do desalento, existe uma outra Europa, que cresce a taxas chinesas — 10% ao ano nos anos recentes, perspectivas que oscilam entre 7% a 9% neste ano e nos próximos –, emprega 1,5 milhão de pessoas que não deverão perder seus postos de trabalho e aporta a espantosa cifra de quase meio trilhão de dólares ao PIB europeu: a Europa da indústria do luxo.
Capas para notebook modelo Bentley, assinada pela empresa holandesa de produtos de luxo Ego. Preço: 42 mil reais cada
Capas para notebook modelo Bentley, assinada pela empresa de produtos de luxo Ego (Holanda). Preço: 42 mil reais cada
Esses dados constam do relatório O Valor das Indústrias Culturais e Recreativas para a Economia Europeia, divulgado pelo vice-presidente da Comissão Europeia e comissário europeu de Indústria e Empreendedorismo, o italiano Antonio Tajani.
O estudo foi encomendado à consultoria multinacional Frontier Economics pela Aliança Europeia de Indústrias Culturais e Recreativas (ECCIA, de sua sigla em inglês), que reúne entidades do gênero das cinco maiores economias do continente — Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Espanha.
Relógio Moon Dust Red Mood, da grife suíça Romain Jerome, com fundo reproduzindo parte da geografia da Lua e com pequena porção de poeira lunar legítima em seu interior. Preço: 58 mil reais
Relógio Moon Dust Red Mood, da grife Romain Jerome (Suíça), com fundo reproduzindo parte da geografia da Lua e contendo porção de poeira lunar legítima em seu interior. Preço: 58 mil reais
O uso da palavra “luxo” vem sendo discutido pelos integrantes da ECCIA, uma vez que é disso que se trata sob o eufemismo de “indústrias culturais e recreativas”: joias, alta moda (incluindo calçados, bolsas e todo tipo de assessórios), perfumes, cosméticos, produtos de beleza, relógios, mobiliário, objetos de decoração, tapeçaria, bebidas exclusivas, chocolateria, bebidas finas, automóveis, barcos e mais um sem fim de produtos.
Alguns setores temem o sentido pejorativo da palavra. Tajani, o comissário europeu, porém, considera que “o luxo pertence ao patrimônio cultural europeu, e não é apenas dinheiro: é qualidade, é um cartão de visitas da Europa para o mundo”.
A francesa Elisabeth Ponsolle de Portes concorda: “A qualidade é uma característica europeia”.
Chocolate com trufas com receita do chef chocolatier dinamarguês Fritz Knipschildt. Preço: 500 reais por peça pouco menor que um bombom
Chocolate com trufas com receita do chef chocolatier Fritz Knipschildt (Dinamarca). Preço: 500 reais por peça pouco menor que um bombom
Tal como Tajani, o espanhol Carlos Falcó acha que o luxo abre caminho para outros produtos europeus, e lembra que, nos países asiáticos, luxo “é sinônimo de êxito”. Não por acaso, a maior economia da Ásia e a segunda do mundo, a China, já absorve 10% de todo o mercado de luxo do planeta, percentual que deverá chegar a 45% em 2020.
Nesse cenário, o futuro parece risonho para uma indústria, como a europeia do luxo, que, faturando meio trilhão de dólares (ou 440 bilhões de euros) em 2010, ocupa 70% do mercado mundial e representa uma fatia de 10% de tudo o que os países da União Europeia exportam.
(As fotos utilizadas neste post excluem, de propósito, produtos da França e da Itália, tidos como baluartes da indústria do luxo, para oferecer uma pequena mostra do que podem fazer outros países, como a Áustria, a Holanda, a Suíça e a Dinamarca).

Construção tem apartamentos subterrâneos de luxo para proteção contra o apocalipse por R$ 4 milhões cada


Todas as unidades do Survival Condo, feito em um silo abandonado no Kansas, Estados Unidos, foram vendidas. Obra deve ficar pronta em outubro de 2012

Que tal passar pelo apocalipse em um apartamento de luxo embaixo da terra? Ficou interessado? É só entrar na lista de espera por um dos flats de US$ 2 milhões (R$ 4 milhões) do Survival Condo. Todas as unidades da construção em um silo abandonado no Kansas, Estados Unidos, foram vendidas.

























Além dos apartamentos com a maior proteção física possível, infraestrutura para energia, água, ar (painéis solares, turbina de vento), o Survival Condo tem áreas comuns com horta, piscina, spa, sala de ginástica, biblioteca e sala de cinema.


















De acordo com os criadores do Survival Condo, a construção serve para aqueles que querem se preparar para dezembro de 2012, quando previsões apontam para o  fim do mundo, para o colapso da economia ou para um grande desastre natural.


















São 15 andares com seis apartamentos por andar e dois apartamentos de meio andar. As unidades maiores têm três quartos, dois banheiros, cozinha, sala de jantar e sala de estar. O menor custa US$ 1 milhão (R$ 2 milhões) e tem um ou dois quartos, um banheiro, uma cozinha e uma sala de estar.

A construção do Survival Condo deve terminar em outubro de 2012.

Empresários transformam religião em um bom negócio



Site de relacionamentos para evangélicos já tem mais de dois milhões de usuários

Do Portal Terra
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Os nichos de mercado são formados para atender necessidades específicas de determinados públicos-alvo. E atento a uma demanda que não estava sendo atendida, Carlos Vinicius Buzulim, junto com mais cinco sócios, criou em 2003 o site de relacionamento Amor em Cristo. "Este é um local para que pessoas com a mesma fé evangélica se conheçam. O objetivo é que, a partir daí, saiam casamentos pautados no que diz a religião", explica.
Dados divulgados em junho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o número de evangélicos no País aumentou 61,45% em 10 anos. Em 2000, 26,2 milhões de pessoas se disseram evangélicos, enquanto que, em 2010, esse número saltou para 42,3 milhões. No entanto, o Brasil segue com maioria católica, religião declarada por 64,6% da população, o equivalente a 123,3 milhões de pessoas. 
Carlos, que também é evangélico e hoje é presidente do site, conta que ele e os sócios tinham o desejo de juntar duas paixões: a religião e a tecnologia. "Não que seja obrigatório, mas no geral evangélicos se relacionam com seus pares. Isso explica o motivo de eles não serem atendidos pelos sites tradicionais de relacionamento", afirma. Na época do inicio da operação, já havia portais voltados para esse público no Canadá e nos Estados Unidos. 
Hoje, o Amor em Cristo tem cerca de dois milhões de usuários cadastrados - em 2009 esse número era de 600 mil. Carlos estima que, por mês, entre 400 mil e 500 mil usuários acessem o site. O cadastro é gratuito, mas para que se consiga uma interação maior - como um bate papo exclusivo do portal - é preciso pagar. A receita do site vem do pagamento por esses produtos. 
O caráter religioso do portal fica claro na interação com os usuários. Além da equipe de tecnologia, o site também conta com a consultoria de pastores que ajudam a responder as questões enviadas por internautas. Carlos conta que não é raro receber e-mail de pessoas que reclamam porque ainda não encontraram um parceiro. "Então respondemos, pautados na Bíblia, no fato de que Deus tem planos para cada um", diz. 
No começo, a maior parte dos usurários pertencia às classes C e D, que, não coincidentemente, também era o nível socioeconômico da massa de evangélicos. "Mas hoje isso mudou. Atingimos predominantemente as classes B e C, o que também é reflexo de uma ascensão como um todo não só dos evangélicos, mas da população", aponta Carlos. 
Próximos passos
Para que o site cresça, os sócios investem em divulgação. Carlos diz que recentemente a empresa terceirizou a parte do que eles chamam de "Google". "É esse parceiro quem cuida da maneira como somos achados nos sites de busca. Ele trabalha para otimizar o uso de palavras chave, por exemplo", explica. 
Recentemente, foi criado um canal no YouTube para o Amor em Cristo com o depoimentos de cinco casais que se conheceram por meio do site e, hoje, estão casados. "Nossa maior divulgação é mostrar os casos reais", aponta Carlos.

O novo sócio, por Miriam Leitão


Miriam Leitão, O Globo

A Venezuela, que está entrando no Mercosul, exibe a lamentável situação política descrita no relatório do Human Rights Watch. Na economia, o PIB cresce este ano puxado, principalmente, pelo aumento do gasto público. A construção de casas populares está sendo turbinada por razões eleitorais. O país exporta petróleo, por isso, os grandes beneficiários da integração podem ser Brasil e Argentina, mas até quando?
Dado que a Venezuela não cumpre o requerimento político básico para entrar no bloco, a grande pergunta é: na economia será um bom negócio? Num primeiro momento, pode ser bom para Brasil e Argentina, na opinião do economista Pedro Palma, da consultoria Ecoanalítica e professor do Instituto de Estudos Superiores de Administração (IESA) de Caracas.
Ele baseia sua tese no argumento de que a Venezuela tem importado cada vez mais para suprir a redução da capacidade produtiva provocada por uma política econômica hostil às empresas. Com o dólar artificialmente baixo, o país consegue reduzir o preço das importações; com um forte controle de preços, tem atingido diretamente a capacidade de produção interna.
A Venezuela vive há muitos anos com inflação anual entre 25% e 30%, a maior da América Latina. Segundo o último dado divulgado, agora está em 21,3% e deve terminar o ano entre 22% e 23%, de acordo com as previsões. O controle de preços é para evitar piora desse problema.
— Podemos exportar muito pouco além do petróleo, devido ao ataque persistente do governo à atividade produtiva privada, que destruiu boa parte da estrutura de produção interna e desestimulou investimentos. As expropriações e estatizações fizeram com que a produção em diversas áreas se tornasse pouco eficiente. Isso é verdade na agricultura, agroindústria, atividade manufatureira básica, como cimento e aço. Isso restringiu a capacidade de geração de oferta interna. Paralelamente a isso, o governo aumentou muito o gasto público — diz Palma.
Os dados mostram essa disparada: no primeiro semestre, a elevação foi de 24% em termos reais, descontada a inflação, na comparação com igual período do ano passado.
Em 2012, o país está crescendo forte. Segundo a previsão do FMI, o PIB deve ter alta de 4,7% este ano — bem acima, por exemplo, da projeção feita para o Brasil (2,5%). No primeiro semestre, a expansão foi de 5,6% em relação ao mesmo período do ano passado. O PIB da construção civil cresceu quase 30%. As importações aumentaram 48% em valor e 38% em volume para atender à demanda criada pelo governo para construir um ambiente favorável nas eleições. E está conseguindo. Hugo Chávez, que tenta o terceiro mandato, continua em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais, bem à frente do candidato da oposição, Henrique Capriles.
O quadro político é resultado daquele lento desmonte do arcabouço institucional descrito no relatório “Apertando o cerco: concentração e abuso de poder na Venezuela de Chávez”, da Human Rights Watch.
Na economia, a receita tem sido aumentar os gastos públicos, atender a demandas sociais que, de fato, existem, mas que são atendidas como favores paternalistas, e não como direito e, assim, criar o ambiente favorável.
A conta certamente virá em aumento da inflação. Se a desaceleração mundial derrubar o preço do petróleo, o país tem queda do crescimento. Esse tem sido o padrão recente e o ponto de preocupação dos analistas. Pedro Palma comenta que os últimos anos terminados em 3 foram de profunda crise na Venezuela. Ele teme que 2013 seja assim também.
— O ano pode ser muito adverso, devido à queda do preço do petróleo e aos profundos desequilíbrios presentes na economia. Uma piora da crise europeia e a desaceleração nas economias dos EUA e da China podem traduzir-se em severas limitações às possibilidades de exportar dos países emergentes, no aprofundamento da queda dos preços das commodities e em restrição e encarecimento do financiamento internacional — afirma.
Apesar de a Venezuela estar com gordos números de crescimento a apresentar num ano difícil, já houve o oposto. Anos em que a América Latina inteira cresceu, menos a Venezuela. O país tem tido um crescimento errático, uma política econômica intervencionista, uma tolerância com níveis de inflação muito altos. Para manter sua popularidade, Chávez aumenta gastos públicos usando as receitas do petróleo e até o caixa da PDVSA, uma empresa que tem tido dificuldades de manter o investimento.
A Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, foi imaginada para ser um investimento conjunto, mas a parte da Venezuela foi sendo sucessivamente adiada. Porém, como ela foi projetada para refinar o petróleo daquele país, que é mais pesado, não se pode mais voltar atrás. O Brasil terá que processar lá o produto a ser importado da Venezuela.
Os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram como está o intercâmbio entre Brasil e Venezuela: em 2011, a corrente de comércio atingiu US$ 5,9 bilhões, o que representou um aumento de 25% sobre 2010. Entre janeiro e junho deste ano, já chegou a quase US$ 3 bi.
Na lista dos principais produtos exportados pelo Brasil, há bovinos vivos, carne congelada, aquecedores, peças para veículos. Para a Venezuela, exportamos mais produtos manufaturados, o que não é a regra. Pelo menos, isso.

Por que não me entusiasmo com os “democratas” da Síria


19/07/2012
 às 17:18


O Conselho de Segurança, que não quis nem sequer discutir o atentado à cúpula de segurança da Síria, certamente não imporia, um dia depois, sanções ao governo. Com que legitimidade? Se o fizesse, seria o mesmo que aderir a um dos lados da guerra civil. E o que se tem lá é uma guerra civil, com os insurgentes recorrendo a métodos terroristas — análogos ao terrorismo de estado, este a serviço do regime de Bashar Al Assad.
Chegam a ser engraçadas algumas reações dos cretinos, aqui no Brasil, a textos que tenho escrito sobre a dita “Primavera Árabe”. Alguns petralhas latem: “Vai lá, Reinaldo, se juntar a Assad”. Outros rosnam: “Assad, não permita que os estadunidenses tomem conta da Síria”. “Estadunidense”? Coisa de gente chulé. O Bananão já se chamou “Estados Unidos do Brasil”, mas o patronímico mais óbvio e fácil na nossa língua era mesmo “brasileiros”, como “american” é o mais óbvio, fácil e sintético, em inglês, para quem nasce numa terra denominada “The United Stats of America”. Afinal, o nome indica que os “United Stats” então na América, não que toda a América pertence aos “United Stats”. A menos que se ache que, há quase 250 anos, eles tomaram a decisão precoce de dominar as Américas e o mundo… Tenham paciência! Ainda que seja raro, pode haver uma diferença entre anti-imperialismo e burrice. Mas me desviei. Volto ao ponto.
O fato de eu não ter uma opinião exatamente convencional sobre a Primavera Árabe tem gerado algum ruído. Chamo de convencionais — que não emprego como sinônimo de “erradas” necessariamente — as duas visões majoritárias. A primeira é esta: está em curso o florescimento de uma opinião pública no mundo árabe, mais afinada com os valores das democracias ocidentais, e isso é positivo, razão por que devemos dar apoio, moral que seja, aos levantes contra ditadores asquerosos. É a mais simpática, sem dúvida, e a que tem juntado os que considero equivocados de boa-fé. A outra análise apela a alguns clichês mentais do esquerdismo chinfrim: os Estados Unidos e seus títeres estariam por trás dessas manifestações e, ao darem apoio aos insurgentes, desrespeitam a soberania dos países. Já houve, sim, claro, desrespeito à soberania — a Líbia foi o maior exemplo disso. Mas me parece absolutamente despropositada a suposição de que o “imperialismo” tenha algo a ver com aquilo. Quando menos porque a onda derrubou governos que eram apoiados pelos EUA. Assad é uma exceção. De todo modo, era considerado a moderação possível na Síria.
A minha síntese dos dois grupos pode não ser perfeita — seus respectivos representantes certamente reivindicam opiniões mais complexas e informadas do que isso —, mas serve para esclarecer o meu ponto de vista ao menos. Infelizmente, não acho que o espírito que anima os levantes seja a adesão a valores da democracia ocidental. Ao contrário até: entendo que o que se fortalece nesses países é o radicalismo islâmico. A adesão a instrumentos de consulta da opinião pública — como eleições, por exemplo —, acho eu, é uma etapa na formação de estados religiosos. Repugna-me a ditadura? Ora, é claro que sim! Mas vejo, em estado larvar, uma outra, bem mais perversa. As mesmas mentalidades — as mesmíssimas — que hoje cantam as glórias da Primavera Árabe já cantaram as glórias da “Primavera Iraniana”. Já comentei aqui o entusiasmo com a revolução islâmica liderada pelos aiatolás de um intelectual como Michel Foucault. A quantidade de bobagens que escreveu a respeito, lidas agora, à distância, é uma coisa fabulosa.
JornalismoIncomoda-me ainda, e aí é incômodo também profissional, a visão ingênua do jornalismo sobre esses levantes, tratados todos como se fossem da mesma natureza e com as mesmas características. O do Egito, por exemplo, conduzido desde sempre pela Irmandade Muçulmana, não foi armado — não com armas de fogo ao menos. Os “mártires” ofereceram o próprio corpo ao sacrifício, certos da recompensa eterna. Na Líbia, desde o início, assistiu-se à deflagração de uma guerra civil, e os insurgentes, a exemplo do que acontece na Síria, estavam fortemente armados. Quem os financia? De onde saem os recursos? Com quais propósitos? Certamente não são alimentados pelo, sei lá, “Fundo Tocqueville de Apreço Pela Democracia”.
Conheço, já contei aqui, famílias sírias no Brasil que têm parentes em seu país de origem. Desde o começo do levante, relatam a espantosa violência dos insurgentes. Como Assad é um ditador, suas versões sobre os fatos, e não por maus motivos, sempre caem no descrédito. Mas o fato é que também os que se opõem ao governo recorrem a execuções sumárias, ações terroristas, barbárie. Não vou abrir meus braços para essa gente e saudar: “Bem-vinda à democracia!”
Mais: a Síria é uma espécie de síntese ou emblema de todas as questões que têm se mostrado até agora insolúveis no Oriente Médio, a começar de sua própria composição interna. Os Assad pertencem à minoria alauíta — 10% da população —, um ramo do xiismo odiado, igualmente, pela maioria sunita e pelos xiitas. São hoje parte da elite dirigente do país. A chance de que essa e outras minorias — como a cristã, por exemplo — venha a ser esmagada é grande. E isso pode se dar sob o silêncio cúmplice da imprensa ocidental, a exemplo do que se verifica no Egito. O assassinato de cristãos naquele país “democrático” se tornou corriqueiro. Estão sendo expulsos de suas propriedades. As igrejas estão sendo incendiadas. Nada disso é notícia!
Assad, por óbvio, não é um ditador simpático a Israel, mas encontrou ali um lugar que eu definiria de passiva beligerância. Não há um só motivo para acreditar que os que querem derrubá-lo investiriam na paz. O atentado, saudado por representantes da oposição síria, foi praticado por um grupo islâmico fundamentalista.
Nego-me a me comportar como o Foucault de Higienópolis, entenderam? Assad é um assassino asqueroso, como era o xá Reza Pahlev, no Irã. Vejam lá a maravilha de mocracia e tolerância em que se transformou o Irã… Os métodos a que aderiram os insurgentes sírios não me animam, e não vejo uma trilha virtuosa caso cheguem ao poder — o que parece, a esta altura, inevitável. De resto, entendo que o Oriente Médio e a África islâmica passam, infelizmente, é por um processo de “desocidentalização”, não o contrário. Mais do que Bush, parece ser Barack Obama a alimentar a ilusão de que pode impor o “nosso modelo” aos países árabes. Vamos ver.
A democracia não se resume ao modo como se escolhe o governante. Sem eleição, é certo, o que se tem é ditadura. Mas não basta haver eleições para que o regime seja democrático, como prova o Irã. A depender da natureza do jogo, as urnas podem ser apenas um dos instrumentos de uma tirania — e da pior delas: a que conta com o entusiasmo da maioria. Os Estados Unidos certamente erraram no apoio a ditadores que estariam lá para evitar o pior: o radicalismo islâmico. Obama decidiu corrigir esse erro com outro maior — o que não considero surpreendente: passou a considerar que o ódio profundo ao Ocidente, traduzido na superfície pelo ódio ao ditador de turno, interessa à democracia e à paz. 
Para encerrar: como sempre, espero estar certo quando sou otimista, e errado, quando pessimista.
Por Reinaldo Azevedo

BC indica que ciclo de queda nos juros continua


Saiu a ata da última reunião do Copom, o comitê do Banco Central que define o vaivém da taxa de juros. O documento tem pouca utilidade. São duas as principais serventias: divertir os repórteres e instigar os operadores que ganham e perdem dinheiro no mercado. O texto empilha enigmas para essa gente decifrar. Eis o miolo da ata:
“Mesmo considerando que a recuperação da atividade vem ocorrendo mais lentamente do que se antecipava, o Copom entende que, dados os efeitos cumulativos e defasados das ações de política implementadas até o momento, qualquer movimento de flexibilização monetária adicional deve ser conduzido com parcimônia.”
Traduzindo para a linguagem de um carpinteiro: para não correr o risco de martelar o dedo, a turma do BC segura o cabo do martelo com as duas mãos. Por um lado, reconhece que sua política monetária não produziu o PIB dos seus prognósticos. Por outro, admite que não lhe resta senão continuar manusendo a tesoura, “com parcimônia.”
O vocáculo “parcimônia” já esteve presente em atas anteriores. Nas reuniões seguintes, os mandarins do Copom passaram na lâmina 0,5 ponto percentual. Assim, os decifradores de enigmas do BC intuem que, no encontro de agosto, a taxa de juros passará dos atuais 8% para 7,5% ao ano. Desde a criação do Copom, em 1996, é coisa nunca antes vista na história desse país.





Ata do Copom mostra um leve sorriso do presidente do BC

qui, 19/07/12
por Thais Herédia |
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A leitura da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do BC, divulgada nesta quinta-feira (19), é capaz de criar uma imagem do presidente da instituição, Alexandre Tombini, com um leve sorriso no canto da boca, estilo Monalisa de Leonardo da Vinci.
O documento que justifica a decisão de baixar os juros para 8% ao ano não chega a ser otimista. Mas não tem mais o tom pessimista com as expectativas sobre a economia internacional e, principalmente, a brasileira.
Ao analisar o que está acontecendo aqui no Brasil, a ata do comitê reafirma o que o BC vem dizendo em entrelinhas, em recados pela imprensa e/ou nos encontros com executivos e economistas de mercado. O BC acredita que a economia brasileira vá crescer com mais força a partir desse segundo semestre, reagindo a todos os pacotes, pacotinhos e pacotões anunciados este ano pelo governo.
Numa lista superficial, é possível contar mais de 15 medidas adotadas ou reforçadas em 2012, para estimular o PIB brasileiro. Entre elas estão as  desonerações de folha de pagamentos, de impostos que incidem sobre a produção, o lucro e as exportações de vários setores; medidas protecionistas para inibir importações; gastos extras do governo federal; redução de impostos cobrados em operações financeiras ligadas ao crédito; intervenções no mercado de câmbio para desvalorizar o real; mais dinheiro para o BNDES financiar empresas; e, finalmente, a redução dos juros aos níveis históricos que temos hoje.
Em 2011, quando a economia crescia a um ritmo insustentável para inflação, o governo lançou as medidas macroprudenciais para esfriar a fervura. O mercado não deu muita bola e ninguém conseguiu prever que elas conseguiriam derrubar o ritmo da economia como acabou acontecendo, levando o crescimento do PIB a cair de 7,5% em 2010 para 2,7% no ano passado. Os freios foram substituídos por incentivos e é na eficácia de todos eles na economia real neste segundo semestre que o BC coloca suas fichas.
Assim como aconteceu com as macroprudenciais, parece que o BC está se antecipando ao enxergar “terra à vista” quando o mercado ainda está sob alguma neblina. Ora, na visão do BC, se a inflação está comportada, se a economia internacional não vai passar por uma “ruptura”, o caminho à frente só pode ser o da recuperação.
Como prudência nunca faz mal, principalmente quando se trata da comunicação do BC com o mercado, a sinalização de que o Copom vai continuar baixando os juros continua acompanhada da “parcimônia”. Na leitura de alguns analistas, os juros ainda podem chegar a 7% este ano, mas os passos serão dados com cautela e muita informação.