sexta-feira, 19 de julho de 2013

REVISTA DO AVIÃO DA FAB: Evo Morales pede desculpas, piora a situação falando em intrigas — e seu chanceler mete os pés pelas mãos

Ricardo Setti

Evo Morales: (Foto: infolatam.com)
Não sei se vocês viram no noticiário de hoje o pedido de desculpas formulado publicamente pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, ao Brasil, a seu governo e “ao povo brasileiro” pela ação de revistar um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) em missão oficial ao país, no final de 2011 — fato revelado esta semana e que comentei aqui.
“Peço desculpas ao povo brasileiro, a seu governo”, disse Evo — para quem não se inteirou do noticiário a respeito. “[A vistoria ao avião] não foi instrução do presidente, do vice-presidente, nem do gabinete”, garantiu, no curso de uma entrevista coletiva. O presidente lançou a responsabilidade a oficiais das Forças Armadas da Bolívia, ao dizer: “Sinto que alguns oficiais exageraram. Sob pretexto de luta contra o narcotráfico, não respeitam os aviões oficiais”.
O ex-líder dos plantadores de coca garantiu que o incidente será investigado e que os responsáveis serão punidos.
Mas começou a pisar na bola em que, esquecendo-se, aparentemente, de que a notícia sobre a vistoria de 2011 partiu do Ministério da Defesa do Brasil, afirmou:
– Sinto que, no Brasil e na Bolívia, querem nos confrontar. Alguns subalternos estão interessados em nos confrontar. Não vão conseguir nada porque existe uma confiança única, antes com Lula e agora Dilma. Esta confiança vai continuar.
Espere aí!
“Querem” “nos” confrontar quem, cara-pálida?
Quem são os “subalternos”?
O ministro da Defesa, Celso Amorim?
O comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Juniti Saito?
Sim, porque TODA a informação sobre o episódio veio de altas autoridades do governo brasileiro.
Usando a demagogia bolivariana de sempre, o que Morales quer, mesmo, é varrer o episódio — que provocou indignação no Brasil — para baixo do tapete.
Pior foi o comentário inteiramente cretino do chanceler da Bolívia, David Choquehuanca, em entrevista agência de notícias France Presse:
– Às vezes, os agentes da Força Especial de Luta Contra o Narcotráfico cometem algumas infâmias porque não sabem se é um avião VIP ou não. Houve uma reclamação (do Brasil) e esclarecemos isto.
A esdrúxula utilização de linguagem de coluna social pelo chanceler não nos deve distrair do principal: uma aeronave da Força Aérea Brasileira, com tripulação, documentos oficiais e insígnia da Força Aérea Brasileira não constitui território brasileiro, gozando, assim sendo, de extraterritorialidade — e, portanto, estando imune de ações como a revista por militares bolivianos?
O que é que vale, para a Bolívia: ser uma aeronave oficial, em situação absolutamente regular, de um país (supostamente) amigo, ou ser “VIP”?
Vamos aguardar qual será a reação brasileira a isso tudo. A julgar pelos antecedentes, começando pela ocupação militar das refinarias da Petrobras por ordem de Morales, em 2006, já sabemos a resposta: nenhuma.

A carta de Fernando Tibúrcio, advogado do senador boliviano Roger Pinto Molina, escancara a arrogância afrontosa de Evo Morales e seus comparsas

Augusto Nunes

Advogado do senador boliviano Roger Pinto Molina, enclausurado na embaixada brasileira em La Paz desde 28 de maio de 2012, Fernando Tibúrcio enviou à coluna uma carta que escancara a arrogância afrontosa do tiranete Evo Morales. Enquanto exige que as nações possam conceder asilo a quem desejarem, o Lhama-de-Franja (com o apoio dos comparsas) continua impedindo que o parlamentar oposicionista viaje para o Brasil, que o contemplou com o status de asilado.
Integrante da Associação Bolivariana Cucaracha (ABC), o governo lulopetista faz o que determinam os mandamentos da entidade. Um deles avisa que só merece ser tratado como perseguido político quem contraria os interesses dos Estados Unidos e seus aliados. Figuram nessa categoria, por exemplo, Julian Assange e Edward Snowden. Políticos que se opõem aos estadistas de hospício agrupados na ABC nunca são perseguidos. Não passam de inimigos da pátria que viraram criminosos comuns. Nada merecem além de cadeia.
Leia o que escreveu Fernando Tibúrcio e os documentos que complementam o texto. São peças com vaga assegurada no acervo do museu que mostrará o que foi a política externa da cafajestagem:
Caro Augusto Nunes,
Quem lhe escreve é o advogado do senador boliviano Roger Pinto Molina, asilado há treze meses na Embaixada do Brasil em La Paz. Excelente a cobertura que VEJA e seus colunistas vêm dando ao tema.
No último domingo, o articulista Mac Margolis, do Estadão, revelou o paradoxo que existia em Evo Morales apoiar o asilo a Julian Assange e negar a concessão de um salvo-conduto ao senador Roger Pinto Molina, algo que o meu amigo Tuto Quiroga, ex-presidente da Bolívia, qualifica de “dupla moral”. Hoje foi a vez da BBC e do El País falarem de paradoxos. É paradoxo que não acaba mais.
Na sexta-feira, na reunião de cúpula do Mercosul, em Montevidéu, os mandatários ali presentes aprovaram uma declaração que, em seu ponto 9, fala o seguinte:
“Las Presidentas de la República Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, y de la República Federativa del Brasil, Dilma Rousseff, el Presidente del Estado Plurinacional de Bolivia, Evo Morales, el Presidente de la República Oriental del Uruguay, José Mujica Cordano, y el Presidente de la República Bolivariana de Venezuela, Nicolás Maduro Moros, reunidos en Montevideo, el día 12 de julio de 2013, en ocasión de la XLV Reunión Ordinaria del Consejo del Mercado Común:
9. Repudiaron las acciones que puedan menoscabar la potestad de los Estados de conceder e implementar de forma plena el Derecho de Asilo, y en ese sentido rechazar todo intento de presión, hostigamiento o criminalización de un Estado o de terceros sobre la decisión soberana de cualquier nación de conceder asilo.”
O problema é que essa bem-vinda declaração foi feita pensando em Edward Snowden. Ninguém se lembrou, ou era incômodo lembrar-se, de Roger Pinto Molina.
Também no domingo Cláudio Humberto publicou uma notícia bombástica. Evo teria mandado revistar o avião da Força Aérea Brasileira que levou o então e agora ministro da Defesa Celso Amorim à Bolívia no fim do ano passado, à procura do senador Roger Pinto. Ou seja, Evo teria usado o mesmo condenável expediente que o embaixador espanhol em Viena tentou usar contra ele. Essa história eu já tinha ouvido de uma fonte respeitável na Bolívia (uma fonte, no jargão jornalístico, tipo 1). Tal fonte não tinha a certeza se a busca no avião da FAB fora mesmo a mando de Evo e também se o objetivo era pegar no pulo o senador. Mas considerava as duas premissas possíveis.
Na terça o Ministério da Defesa confirmou, em nota, que a inspeção de fato aconteceu, mas que teria sido em 2011, antes do senador Roger Pinto Molina buscar proteção na Embaixada do Brasil em La Paz. Escrevi no mesmo dia uma “nota da nota”, comentando as explicaçõesdo ministro Amorim, que tenta, dentre outras coisas, explicar por que mesmo em 2011 era possível que as autoridades bolivianas já estivessem à caça do senador (sem contar o fato de que, mais tarde, o próprio ministro reconheceu que outras inspeções ocorreram).
Gostaria que você tomasse conhecimento do teor do habeas corpus extraterritorial que impetrei em favor do senador e que tem como precedente uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos em favor de Lakhdar Boumediene, um ex-prisioneiro de Guantánamo (veja aqui a petição inicial). O habeas corpus deve ser julgado agora no mês de agosto pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal.
A título de curiosidade, comento que a arrogância boliviana – ou melhor, bolivariana – foi tal que acabou virando assunto de família. Minhas filhas, estudantes de direito da UnB e também estupefatas com o que está acontecendo com o senador – mais do que eu, já que elas têm ainda aquela energia da juventude – decidiram em sinal de protesto (protestar está na moda!) enviar em 17 de junho uma carta ao presidente Jimmy Carter. É preciso ressaltar que Jimmy Carter foi convidado por Evo Morales para mediar a questão do acesso ao mar da Bolívia. A carta não obteve resposta e aí está outra contradição. Carter, um notório defensor dos direitos humanos, fez também vista grossa a um notório caso de violação de direitos humanos. Um abraço.
Fernando Tibúrcio Peña

Mais triste que um blues


Enquanto aguardava minha mãe coar um cafezinho no seu velho e desgastado coador de pano — ela insistia em não aderir aos desodorantes roll-on, ao telefone celular e aos moderníssimos filtros descartáveis com seus impressionantes poros microscópicos — pensava que, na verdade, eu deveria mesmo era ir-me embora pra casa, ficar a sós, curtir melancolia em carreira solo, colocar um blues antigo pra tocar na vitrola (Minas e vitrolas não há mais, caro poeta; hoje em dia, só hardwares, softwares, redes sociais, bisbilhotagem caseira e internacional, além, é claro, da vida passando mais apressada que o habitual), e tomar uma garrafa de bourbon. 
Naquele dia, especificamente, os olhos embaçados do cão doente, prostrado no canto da cozinha, não estavam mais tristes do que os meus, posso lhes assegurar. “Penso que de hoje o coitadinho não passa”, lamentou minha mãe, ao mesmo tempo em que depositava duas colheradas e meia do pó preto dentro do seu famigerado, porém, combativo coador.
Enquanto, por pura falta de assunto mais agradável, alinhavávamos nomes de pessoas queridas que já tinham desaparecido, tornamos aquele café ainda menos atrativo para mim (ou seria para ambos? ela não parecia afetada com o tema). Com uma gana insensível, a melancolia invadiu, tomou conta do ambiente, mais do que aquele fedor perigoso de gás metano. “Mãe, tem que mandar trocar esta mangueira. Ainda tá vazando gás, percebe?!”.
O cachorro moribundo, com o seu visgo terminal, até que teve sorte, ainda que na iminência de ser guilhotinado da face da terra pela tal doença do carrapato. Compreendesse mesmo, a fundo, nas minúcias, a linguagem dos seres humanos, o bicho possivelmente deixar-se-ia engasgar com uma lasca de osso, a fim de escapulir daquele colóquio infrutífero (se a conversa matava tempo, ao menos, não matava cachorros, só os importunava), sem pé nem cabeça, pior de tudo, sem conclusões contundentes.
Na sua simplicidade, naquele otimismo alvissareiro que flutuava entre a ingenuidade e o fanatismo religioso, mamãe supunha que, do lado de lá, descidos a tal mansão dos mortos, possivelmente, num espaço reservado lá em cima, por detrás das nuvens, por detrás das visões das lunetas e das retinas dos astronautas, nalgum lugar especial, haveríamos de reencontrar parentes, não na forma convencional, mas, na forma gasosa, supostamente, qual um espírito, entenda-se: seria uma espécie de sombra, um perfil, uma silhueta de pessoa, uma pista apenas, um semblante, quem sabe, mesclado aos odores particulares, facilmente identificáveis, além, é claro, das vozes e dos quereres inconfundíveis dos indivíduos.
Impertinente desde o parto (embora minúsculo, passivo, e 100% dependente de uma mulher e sua placenta, eu produzi nela dores imensuráveis durante a peleja da desova) questionei se o tal resort das almas não seria por demais enfadonho, frustrante, uma vez que desprovido de colorido, abortado de matéria sólida que se apalpasse, minguado de luminosidade de se regozijar os olhares. Ela riu repleta de misericórdia, e o movimento brusco da gargalhada fez com que derramasse café sobre o forro de linho branquinho. “Porcaria!” — ela xingou, obtendo o meu irrestrito apoio.
Falar, debater, lucubrar a respeito de determinados temas controversos nem sempre é uma missão agradável: a morte, a traição amorosa, a falta de fé num credo que seja, o acometimento das hemorróidas. Tudo é segredo. Tudo é tabu ou mistério. Então prosseguimos o nosso papo grunge, entremeado com o meu sempre inconveniente sarcasmo, enquanto o totó mantinha uma luta canina para se sustentar.
Mais pegajoso e assoberbado com teorias conspirativas do que um sociólogo de esquerda mal humorado, eu testei a vocação materna daquela senhora, ao levantar duas alternativas, digamos, bastante plausíveis.
A primeira delas: se houvesse, de fato, vida após a morte, a doutrina kardecista, de longe, parecia a mais palatável, digerível, porquanto fizesse crer que cada ser humano imperfeito possuía uma espécie de recall espiritual, além de outras vivências futuras de lambuja, a fim de depurar o espírito.
A segunda: a vida seria uma só, e ponto. Morreu, estava morrido, acabado. “No more lonely nights”.  Nada de almas, nada de sombras, nada de silhuetas, nada de reencontros emocionantes nesta ou noutras esferas.
Enquanto sapecávamos os lábios com um café fumegante, eu reiterei a minha crença na segunda opção, como se ela tivesse exigido de mim uma escolha. Mamãe pigarreou, fez careta, reclamou que o café tinha ficado muito amargo, quando, na verdade, o amargo ali era eu, e não a cafeína.
Saí daquela casa com a barriga cheia de biscoitos e a cabeça vazia de respostas. Fui acompanhar uma manifestação, dentre tantas que pipocavam pelo país nas últimas semanas. Desta feita, eram centenas de médicos, estudantes de medicina e simpatizantes da causa trajando roupas e jalecos brancos.
Ri sozinho, enquanto maquinava: se existia um Céu, por causa da brancura, deveria ser parecido com aquele cenário, a não ser pelos cartazes que traziam mensagens ambíguas do tipo “Ei, Dilma, vai tratar no SUS” e “Queremos hospitais padrão FIFA”. Sem contar que, nos últimos dias, de acordo com a mídia, médicos e o Governo estavam mais para capetas do que para santos.
Enquanto a multidão branca ganhava a avenida, o telefone celular tocou (sim, eu era sim adepto às maravilhas da modernidade, como as bonecas infláveis que sussurravam “fuck me, yeah” em cinco idiomas de surround sound, o débito automático em conta, e a síndrome do pânico). Apesar dos apupos da multidão, ouvi minha mãe chorando do outro lado da linha (ela quase gania): “O Bartolomeu morreu”.
A passeata prosseguiu. A vida também prosseguia — e prossegue — entremeada com nascimentos, mortes, perrengues mil, e muita ignorância. Por exemplo, só pra lhe atazanar: haveria vida em Marte? E mais: havendo vida em Marte, haveria vida após a morte para os que vivessem em Marte?
Não satisfeitos com as dúvidas terrenas mais irrisórias, do tipo “quem está com a razão: os médicos ou a Presidenta Dilma?”, buscamos pistas noutros planetas, qualquer migalha esotérica que nos conforte, qualquer mínima evidência que nos acuda de uma vez para sempre: sim, há vida depois da morte, e ela é muito boa, bem melhor que esta aqui.

No Rio de Janeiro, um governador de merda, comandando uma polícia de merda


Carlos Newton
É difícil saber quem é o mais incompetente e patético:  o governador Sergio Cabral ou a Polícia do Estado do Rio de Janeiro, seja Civil ou Militar. Chegamos a uma fase de esculhambação social, por falta de autoridade, já que a Tropa de Choque da PM não consegue impor a ordem nem diante da residência do chefe do governo.
Menino de classe média baixa, criado no subúrbio de Cavalcanti, na Zona Norte, filho do jornalista Sérgio Cabral, meu colega no antigo Diário de Notícias, o atual governador tinha tudo para dar certo. Era estudante de Comunicação, nunca trabalhou em jornal algum. O pai se elegeu vereador, com o voto dos sambistas, e Serginho entrou para a política. Nunca trabalhou. Casou-se com uma sobrinha-neta de Tancredo Neves e seu primeiro emprego foi um cargo público: diretor da TurisRio, onde criou os Albergues da Juventude.
Estruturou sua carreira defendendo os jovens e a Terceira Idade, fazia bailes para idosos, acabou se elegendo deputado estadual pelo PSDB em 1990, usando o nome do pai (seu material de propaganda trazia apenas o nome Sergio Cabral, propositadamente). Era metido a ético, não aceitou o carro oficial, comprou um Voyage e ele mesmo dirigia, falava mal da mordomia dos outros políticos, parecia mesmo ser diferente.
Aí foi candidato a prefeito duas vezes, ficou rico com as sobras de campanha, virou presidente da Assembléia e aderiu definitivamente ao bloco dos corruptos, tornando-se um de seus maiores destaques. Enriqueceu tão ilicitamente que o ex-governador Marcello Alencar, seu antigo protetor, mandou fazer um dossiê dele, mas acabou não revelando nada, porque Cabral disse que também tinha um dossiê sobre o enriquecimento do filho mais velho de Marcello, Marco Aurélio, e o jogo ficou empatado.
Senador, governador duas vezes, cada vez mais rico, Cabral mostrou ser um mestre em marketing. Suas maiores realizações, as UPAs, unidades de atendimento de saúde, tornaram-se um escândalo de negociatas em parceria com o secretário de Saúde, Sérgio Cortes, também enriquecido ilicitamente, vizinho de Cabral em Mangaratiba e dono de um apartamento triplex na Lagoa, pago em dinheiro vivo.
Outra grande “realização”, a instalação das UPPs nas favelas,  foi fruto de um acordo com os traficantes, que tiveram proteção oficial para continuar vendendo drogas, desde que não houvesse mais balas perdidas, máscaras ninjas nem tiroteios nos morros. E assim foi feito. Nenhum traficante foi preso, nem mesmo na hollywoodiana ocupação do Complexo do Alemão, com a Polícia correndo atrás dos criminosos sem prender nenhum.
Agora, a baderna se instalou diante da residência desse governador de fancaria. Toda autoridade (como o próprio nome indica) precisa ser respeitada. Mas Cabral não tem autoridade nem se dá ao respeito. É um governador de merda, comandando uma polícia de merda, que também não impõe autoridade.
Uma coisa é permitir manifestações pacíficas. Outra coisa é deixar vândalos e criminosos usarem máscaras, escondendo os rostos, e fazerem o que bem entenderem nesta cidade. Só existe uma ordem a ser dada: “Prendam, para averiguações, todos os que estiverem de rosto encoberto”. Simples assim. Mas não existe autoridade nesse governo. Só há malfeitores e corruptos. Uma podridão total

Charge do Duke


Charge O Tempo 19/07

O desgovernador Sergio Cabral


Fernando Orotavo Neto 
As vezes me pego pensando – mau hábito que tenho – se o sistema de freios e contrapesos (checks and balances), pilar do princípio da separação dos poderes, previsto no art. 2º da Constituição, adotado por inspiração dos gregos, que conceberam o seu primeiro modelo, e, depois, pela genialidade de Montesquieu, que o aprimorou, vem sendo utilizado de modo eficaz pelos poderes constituídos, principalmente para refrear práticas evidentes de mau uso do patrimônio público ou, como prefiro chamar, de desgovernança patológica.
Este princípio – explico para quem é leigo, em apertada síntese – visa a tripartir as funções dos poderes constituídos (executivo, legislativo e judiciário,) propiciando a fiscalização permanente, por todos, dos atos praticados por qualquer um deles individualmente, de modo a evitar que um deles se sobreponha aos demais, tomando, abruptamente, para si, o controle absoluto dos rumos do governo. Perdoe-me Alexandre Dumas – que escreveu os Três Mosqueteiros, os quais, na verdade, eram quatro (o que torna mais assemelhado, ainda, o exemplo escolhido, já que a imprensa é considerada por muitos o quarto poder constituído) – pela variação que trago da sua célebre frase; mas, para entender melhor o princípio, é como se pudéssemos bradar, tal qual seus personagens, conquanto diferentemente deles: Um por todos, e todos fiscalizando um!
É esta teoria que, em última análise, permite que a Assembléia Legislativa possa aprovar o impeachment do Governador (como aconteceu no Caso do Presidente Fernando Collor de Mello, em virtude da atuação das duas Casas legislativas do Congresso Nacional), ou que o judiciário possa exercer o controle da legalidade dos atos do executivo e do legislativo (como aconteceu no famoso caso Marbury versus Madison, julgado em 1803, pela Suprema Corte do Estados Unidos da América do Norte, que fez escola no nosso STF), decidindo, inclusive, acerca de ações de improbidade administrativas dirigidas contra seus agentes.
PRAÇA DE GUERRA
No caso específico do Estado do Rio de Janeiro, que se tornou uma praça de guerra, devido às manifestações e protestos do povo, contrariado que está com as mais variadas denúncias de corrupção que circulam nas redes sociais, nos jornais, nos blogs, na televisão, e nos demais veículos de comunicação, acerca do suposto enriquecimento ilícito do Governador do Estado – seja pelas supostas parcerias benevolentes, firmadas com determinados agentes privados, seja pelo suposto deszelo no trato da coisa pública, seja, finalmente, pelos supostos favorecimentos auferidos pela primeira dama; intriga, espanta e admira que os demais poderes constituídos da República nada façam, ou tenham feito, até agora, para refrear os desmandos administrativos e políticos que assombram tantos quantos deles têm notícia.
Que o Judiciário ainda não se tenha pronunciado a respeito é justificável, até porque, por princípio, o judiciário não pode se pronunciar de ofício, senão quando provocado (judex ne procedat ex officio - art. 2º do CPC). Porém, o que não se concebe é que, diante de tão ostensivos indícios de favorecimento, enriquecimento ilícito e corrupção, o legislativo estadual se omita em votar o impeachment do Governador do Estado do Rio de Janeiro (ocasião em que poderá investigar e apurar a veracidade ou falsidade das denúncias midiáticas), bem como a Procuradoria Geral do Estado poste-se inerte, demitindo-se do seu dever de instaurar o inquérito civil que precede à propositura da ação de improbidade administrativa, para fins outros e correlatos, tal como o de obter o ressarcimento civil dos prejuízos causados ao erário, na hipótese de serem comprovadas, na ambiência do inquérito, as denúncias de malversação do patrimônio público levadas ao conhecimento do povo, todos os dias, às escâncaras.
Que não haja prova da culpa até se pode admitir, mas que há indícios suficientes a justificar a pronta atuação dos poderes legislativo e judiciário, visando o controle dos atos do executivo estadual, isto há; o que já seria suficiente para legitimar a promoção das medidas antes elencadas e indicadas.  Ou não se pode chamar de indício as nababescas viagens a Paris com fornecedores e prestadores de serviço privados do Estado, todos portando guardanapos na cabeça em frente ao Ritz?
Ou não se pode chamar de indício as licitações ganhas sempre por uma mesma construtora, cujo dono viagem a Paris com o Governador? Ou não se pode chamar de indício a utilização de helicópteros de propriedade do Estado para fins particulares? Ou não se pode chamar de indício duas propriedades suntuosas em Angra dos Reis, paraíso dos milionários? Ou não se pode chamar de indício a existência de cavalos milionários na hípica? Ou não se pode chamar de indício o noticiado desvio de verbas da saúde pública, dentre tantas outras que não caberiam aqui citar, pois, pelo tamanho, que vai longe, sequer conseguiriam espaço nas finadas listas amarelas? Mais que indícios, tais práticas constituem violenta bofetada na cara do povo do Rio de Janeiro; do qual não se pode exigir limpamente, isentamente, honestamente, que a tudo assista de forma passiva e acovardada.
SINAIS DE RIQUEZA
O povo tem o direito de saber como um jornalista que morava em Cavalcanti, subúrbio do Rio, e sempre auferiu vencimentos decorrentes do exercício de cargos públicos, pode ostentar tantos sinais aparentes de riqueza. Portanto, Sr. Governador, o quebra-pau que acontece, insistentemente, na Zona Sul do Rio de Janeiro, não se deve a incitação de outros partidos políticos tentando desestabilizar o seu Governo. Porque, disto, já cuidou o senhor. Daí a razão do seu esperneio, a olhos vistos, não passar de uma desculpa esfarrapada, que de balela não passa.
A mobilização que Vossa Excelência assiste na rua, atônito, todos os dias, na porta da sua casa, tem origem na indignação. No verdadeiro e justo sentimento de indignação de um povo que cansou de ver o senhor jantar no Antiquarius, em Paris, andar de helicóptero com seu cachorrinho (ou cachorrinha, sei lá) deslocando-se à Angra dos Reis, para descansar em sua mansão no fim de semana, enquanto milhares de pessoas morrem nos hospitais, sem remédios e atendimento, enquanto os bombeiros e professores percebem remuneração de fome, enquanto o cidadão comum não pode andar nas ruas sem ser assaltado. Quem pode lhe explicar o que está acontecendo Governador é, talvez, a frase do sublime poeta Murilo Mendes: “O cúmulo da miséria moral é explorar a miséria alheia”.
Até porque Governador, pelo menos para o senhor, eu não preciso responder à pergunta feita no início deste artigo, já que o senhor sabe, melhor do que ninguém, que o sistema de freios e contrapesos não está sendo utilizado de forma eficaz no Rio de Janeiro. Trocando em miúdos, o senhor bem sabe que, diante de todos os indícios apontados diuturnamente nos jornais, o senhor não está respondendo a processo de impeachment, perante o legislativo estadual, ou respondendo a ações de improbidade administrativa, perante o Judiciário, pelo simples fato de que a sua bancada possui maioria na Assembléia Legislativa, e de que foi o senhor mesmo quem nomeou o Procurador Geral do Estado, agente do Estado que detém competência funcional para processá-lo – embora devesse, pois ele é procurador do Estado, vale dizer, do povo do Rio de janeiro, e não do Governo, ou seja, do senhor, que, ao menos aparentemente, tem dinheiro suficiente para contratar os melhores advogados do País, enquanto 90% da população que almeja justiça, ao contrário, tem que pegar senha e esperar sua vez para ser atendido na defensoria pública. Por isso, e não por melhor razão, o senhor está blindado, Governador.
Na minha opinião, chegou a hora de protestar pela abertura do processo de impeachment, na porta da Assembléia, e pela abertura dos inquéritos tendentes à ensejar a propositura de ações de improbidade administrativa, na porta da Procuradoria Geral do Estado, sob pena de o movimento de indignação vir a se enfraquecer pela ausência de realização de medidas práticas e proficientes.
Cabral é um nome cármico da nossa história: um descobriu o Brasil; já o outro, enxovalha o Rio de Janeiro.
Aqui me despeço, Desgovernador, e espero que o povo do Rio de Janeiro responda aos seus devaneios e invectivas nas urnas, em 2014.
Fernando Orotavo Neto é Advogado, Jurista e Professor Universitário.

LUIZ GARCIA - Manter a ordem


É muito fácil falar mal da polícia, aqui e na maioria dos países — mesmo nos mais adiantados, com a possível exceção de democracias tranquilas, tipo Suíça ou Noruega. 
Em geral, quem reclama e se queixa é a opinião pública — da qual a imprensa é, ou tenta ser, porta-voz tão fiel quanto eloquente (ou, na opinião de alguns, simplesmente barulhento). É por isso notável o comportamento do nosso governo estadual, a propósito da reação da PM às manifestações populares de dias recentes. 
É indiscutível que, por mais justa que fosse a causa, a rapaziada caiu na bagunça. Talvez seja mais correto dizer que, no meio de uma manifestação legítima e em boa causa, havia grupos que perderam o controle, se é que já não saíram de casa sem ele. E seu comportamento obviamente prejudicou a visão da opinião pública sobre um protesto absolutamente legítimo. Não é fácil, para os legítimos líderes dos eventos, evitar que isso aconteça — mas devem ter essa preocupação, evitá-lo tanto quanto possível. 
A ação dos policiais, embora legítima na sua origem e na sua intenção, foi prejudicada, na opinião pública, pela falta de controle de alguns deles. Principalmente no caso de uma moça de 26 anos, atingida por uma bomba lançada por um PM, que lhe causou a perda da visão num olho. 
É notável — e raro — que as autoridades tenham reconhecido que os policiais reagiram com força excessiva. Talvez seja necessário incluir na formação de policiais a consciência de que a energia usada na repressão a criminosos profissionais não pode ser a mesma empregada no restabelecimento da ordem em protestos legítimos de cidadãos. 
Pode ser possível — na verdade, indispensável — incluir, na formação dos nossos PMs, a consciência de que deve haver uma nítida diferença entre o combate a bandidos e a manutenção da ordem no caso de manifestações de reivindicação ou protesto de cidadãos honestos. É provável ou talvez inevitável que, nesta segunda hipótese, baderneiros ou mesmo criminosos profissionais entrem em ação. 
Cabe à polícia — e reconhecemos que não é muito fácil, às vezes quase impossível — distinguir uns de outros. Manter a ordem já não é simples; restabelecê-la, bem mais complicado. 
Mas não custa lembrar que também é dever e interesse dos manifestantes legítimos fazerem o possível para não serem confundidos com baderneiros, amadores ou profissionais.
Publicado no Globo de hoje.

NELSON MOTTA - Fazendeiros do ar


Eles podem até acreditar que é tudo inveja e ressentimento dos que estão fora do ar, como devem lhes dizer seus assessores, mas os abusos de aviões da FAB pelos presidentes da Câmara e do Senado se tornaram um símbolo do ponto de saturação a que chegamos e de como estamos longe — e eles mais longe ainda — das transformações exigidas pelas ruas e que eles fingem que ouviram, votando projetos populistas de afogadilho, mas fazendo tudo para atrasar o fim de seus privilégios. 

Diante de tudo que aconteceu ultimamente, a melhor justificativa que eles poderiam dar para voar em jatos da FAB para casamentos e jogos de futebol seria a segurança, a que têm direito por lei. Como enfrentar um aeroporto lotado, escondido nas salas VIP e cercado de assessores e seguranças? Como entrar num avião de carreira sob vaias e insultos? Para os mais conhecidos já está difícil ir a bares e restaurantes, e os cinemas, mesmo escurinhos, ficam perigosos quando a luz acende. Estádios, nem pensar. Está dura a vida dos políticos brasileiros. 

Todo politico adora ser conhecido, ter um rosto familiar, ser cumprimentado nas ruas, afinal eles vivem disso. Mas agora, com raras e notórias exceções, eles querem passar despercebidos, se possível invisíveis, como se fossem, ó ironia, cidadãos anônimos e comuns. Mas suas fotos caíram na rede e vai ser arriscado enfrentar as multidões nas festas juninas do Nordeste sob a ameaça de vaias e insultos a qualquer parada da música ou imagem no telão. A quadrilha não pode parar. 

Mas eles não mudam, é da sua natureza, só vão trocando de nome e de partido. O presidente da Câmara, Henrique Alves, é o arquétipo do politico profissional brasileiro, com incontáveis mandatos, a mais completa tradução das oligarquias nordestinas e dos velhos políticos execrados pelas ruas. Ele não se contenta com um avião da FAB exclusivo para transportá-lo, faz questão de dar carona a amigos, parentes e correligionários, distribuir assentos e privilégios no velho estilo coronelesco, para impressionar provincianos deslumbrados e demonstrar seu poder. É como se o avião fosse a sua fazenda.
Publicado no Globo de hoje.

Governo de amadores, por Ricardo Noblat


Não pensei que viveria para ver o PMDB cobrar de um presidente da República a redução do número de ministérios.
Foi o que ocorreu ontem
Em entrevista a Fernando Rodrigues, colunista da Folha de S. Paulo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara dos Deputados, disse que considerava um exagero a existência de 39 ministérios.
O PMDB, segundo ele, apoiaria a extinção de pelo menos 14 ministérios.
O governo ficaria mais enxuto. E mais ágil. Haveria economia de recursos.
""Eu não consigo vislumbrar nenhuma modificação na estrutura de governo feito pela presidente Dilma. Eu quero inclusive avaliar, quero perguntar melhor para o PMDB em que consiste essa proposta", respondeu, hoje, a ministra Ideli Salvati, da Articulação Política.
É um governo de amadores!
Henrique saiu do episódio como o cara do bem - preocupado com despesas desnecessárias, com cargos desnecessários e com a modernização do governo.
Ideli, como a cara do mal. Muito parecida com a cara que o PMDB sempre teve.
A proposta de Henrique não era para valer - nunca foi. Era apenas para jogar no colo do governo a culpa por um ministério tão inchado.
Deu certo.

Um ruidoso silêncio, por Sandro Vaia


A voz das ruas às vezes é tão rouca que fica difícil entendê-la.
Com exceção dos últimos atos de vandalismo no Leblon, perto da casa do governador do Rio, Sérgio Cabral, o resto do Brasil parece ter entrado numa espécie de compasso de espera, entre o rumor da conquista da Copa das Confederações e a expectativa da visita do papa.
O resultado prático das manifestações foi manter o preço das passagens do transporte coletivo paradas por mais algum tempo (o que segundo alguns prefeitos ameaça cidades de falência, mas ninguém se comove com isso) e mostrar que o País das Maravilhas de Alice só existia na cabeça de João Santana e sua trupe de animadores de auditório.
A verdade é que o país permanece essencialmente o mesmo, ainda que vitimado por algumas gritantes barbeiragens gerenciais, mas a percepção sobre ele mudou do dia para a noite, sem que ninguém consiga avançar sobre a essência do problema.
Ontem estávamos às portas do Paraíso, hoje vislumbramos o inferno cada vez mais próximo.
As condições econômicas objetivas do mundo mudaram bastante, em nosso prejuízo, e não existe ninguém disposto a bancar a ideia de que tudo não passa de uma “marolinha”, pois quem fez isso no passado sabe muito bem que hoje estamos sofrendo as consequências da irresponsabilidade e da leviandade de ontem.
Num texto escrito para o jornal “Valor Econômico” e debatido na Feira Literária de Paraty, o economista André Lara Rezende, um dos pais do Plano Real, resumiu com uma frase aquilo que estamos sentindo, mas não sabemos explicitar com clareza: o “mal estar contemporâneo”.
Ele deixa claro que esse mal estar não é o mesmo das praças árabes, nem do Occupy Wall Street, nem dos desempregados da crise europeia.
É alguma coisa especificamente brasileira e que a classe política que nos dirige, com sua rudimentar insensibilidade e seu primarismo pragmático, não soube nem de longe decifrar ou traduzir e menos ainda administrar.
As tentativas de solução que apareceram, como um arremedo ridículo de reforma política, a proposta de reforma constitucional exclusiva ou de plebiscito limitado, não tangenciam nem de longe os problemas do mal estar.

 
Foto: Pedro Ladeira / AFP

O governo, em sua turrona insistência em dizer que tudo vai bem quando tudo ameaça desandar, mostra sua falta de grandeza e a sua miopia estratégica, guiada exclusivamente pelo faro das urnas, deixando claro que seu projeto de transformação da sociedade não passa de um projeto de manter-se no poder a qualquer custo.
A oposição não é muito melhor do que isso. A diferença é que seu projeto envolve outros nomes.
No intervalo entre o clamor da vitória no futebol e a visita do papa, há um estranho silêncio pairando no ar, quebrado apenas pelo fragor dos vândalos do Leblon.
As ruas parecem ter mais algo a dizer. O que será?

Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez. E.mail: svaia@uol.com.br

A segurança pública em xeque (Editorial)


O Globo
Os atos de vandalismo que têm feito parte do final de manifestações ultrapassam todos os limites aceitáveis, já são um grave problema de segurança pública, e não apenas no Rio.
Aqui eles ganharam características próprias na noite de quarta e madrugada de ontem, por transcorrerem a partir de mais um protesto nas proximidades da residência do governador Sérgio Cabral, provocando uma onda de destruição no Leblon, um dos bairros-símbolo daquilo que a cidade tem de mais positivo.
O problema, porém, cresce de dimensão desde junho, e há o risco de o vandalismo entrar no roteiro das cidades, algo impensável, por ser a negação do estado de direito. São Paulo, Brasília, Porto Alegre e centros menores têm enfrentado a mesma dificuldade.

Foto: Sergio Moraes / Reuters

O avanço desta violência requer um profundo exercício de reflexão das autoridades, assim como da sociedade, para que democracia não passe a ser entendida como sinônimo de insegurança e anarquia — que não é.
Trata-se de aperfeiçoar a atuação das forças de segurança, de forma integrada, e num sentido amplo. Afinal, vive-se um momento grave na segurança pública. E não é uma crise qualquer, como outras já enfrentadas.
Depois da reunião de emergência convocada pelo governador fluminense para ontem de manhã, a cúpula da Segurança do estado concedeu entrevista coletiva na qual a chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, interpretou uma pergunta como de crítica à polícia e, com voz emocionada, explicou que nada pode ser feito à margem da lei. Por suposto.
Há, de fato, trâmites exigidos pela legislação que devem ser cumpridos. “Dano ao patrimônio”, por exemplo, explicou a delegada, requer a representação da vítima contra o acusado. E poucos se dispõem a ir à delegacia depor contra alguém. Martha Rocha lamentou, ainda, que pedidos encaminhados pela Polícia sobre vândalos não foram acolhidos pelo Ministério Público e Justiça.
Assim deve ser. Nem tudo o que a Polícia pede é razoável. Mas vivem-se tempos diferentes, que exigem uma operação fora do padrão. O momento é indicado à criação de um “gabinete de crise” em que, ao lado das polícias, já integradas, e outros organismos de segurança, haja também representantes da Justiça e do MP. Algo como o anunciado ontem pelo governo.
É inconcebível que pessoas disfarçadas de “manifestantes”, com vestimentas já características e inseparáveis mochilas, continuem a transitar em liberdade na área de passeatas, apenas à espera do momento de atacar. E não importa a sua motivação — se da delinquência da política regional, do crime organizado ou de delirantes organizações ideológicas.
Também partidos e organizações que, com legitimidade, têm ido às ruas levar reclamações justas precisam entender que se transformaram em pretexto e escudo para ações de banditismo.

Ó HENRIQUE ALVES, LARGA DE SER SACANA!


Giulio Sanmartini
O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, só podia estar de sacanagem quando, nesse dia 18, reagindo às vaias no plenário afirmou: “Aqui ninguém é  picareta, não!”henrique alves largapicareta
Todavia, os fatos mostram que os  picaretas começam por ele: a empresa de um seu assessor recebeu recursos por meio de emendas parlamentares indicadas por ele, sendo que tinha como sede um lugar vigiado por um bode. Também é investigado pelo Ministério Público Federal, por repassar R$ 357 mil para duas locadoras de automóveis.
Esses fatos acima aconteceram antes que ele fosse o presidente da Casa, nesse cargo também foi pegado com a boca na botija, quando usou um avião da FAB para levar a noiva, parentes dela, enteados e um filho ao jogo da seleção brasileira no Maracanã, domingo (30/6), para assistirem a final da Copa das Confederações.
Ele reconheceu  a culpa pois, quando o abuso tornou-se público, em nota comprometeu-se a reembolsar os cofres públicos com os valores correspondentes às passagens aéreas dos parentes e amigos.
Além dele, Um em cada cinco deputados responde a algum tipo de processo no Supremo Tribunal Federal (STF). Dos 566 deputados que assumiram mandato em 2011, entre titulares, suplentes e licenciados, 114 são alvos de investigação na mais alta corte do país. Esses parlamentares acumulam 243 inquéritos e ações penais. (Veja a relação dos deputados com pendências no STF).
Fica difícil saber o que o deputado entenda por picareta. O Dicionário Houaiss, ensina que picareta  é uma pessoa aproveitadora, que utiliza meios condenáveis para obter o que deseja. Exatamente como vem fazendo em sua vida política Henrique Alves

Novas tecnologias atraem clientes para lançamentos




Hot sites, QR Codes, aplicativos para dispositivo mobile se tornam instrumentos dos corretores na hora de vender um imóvel. Comunicação facilitada mostra as vantagens de cada empreendimento e se tornam tão básico quanto os folhetos de venda.

Na hora de ir em busca de um novo cliente, os corretores de imóveis já acrescentaram aos tradicionais materiais impressos outras ferramentas que permitem apresentar empreendimentos com qualidade e agilidade. Com a invasão das novas tecnologias no dia a dia das pessoas, as informações virtuais se tornaram essenciais para as estratégias de marketing e, mesmo à distância, é importante mostrar ao público alvo os diferenciais de um lançamento. Dos já tradicionais hotsites, passando pela presença agressiva nas redes sociais, as construtoras e imobiliárias começam a aderir a novidades, como QR Codes e aplicativos para mobile para divulgar os empreendimentos.

Para o lançamento do Portal das Flores, no Setor Negrão de Lima, Goiânia, a CMO Construtora imprimiu em todo o material de circulação, mais de 60 mil impressos, um QR Code para ser usado por clientes e corretores na hora de conhecer o novo empreendimento. A tecnologia é um código de barras em 2D, que pode ser escaneado pela maioria dos aparelhos celulares que têm câmera fotográfica. Esse código, após a decodificação, dá acesso a um vídeo publicado no youtube com o projeto do condomínio clube.

Os QR Codes já vem sendo usados, nacionalmente, em revistas, campanhas publicitárias e até em games para divulgação de mensagens e dicas do jogo. Mas ainda é uma novidade para o mercado imobiliário goiano. De acordo com gerente de Marketing da CMO Construtora, Rafael Vilela Garcia, o objetivo principal é oferecer aos corretores um instrumento diferenciado, que apresente o empreendimento. Ao acessar o QR Code, qualquer portador de um dispositivo mobile irá assistir a um vídeo produzido sobre o Portal das Flores.

Além disso, na estratégia da construtora, foram criados um hotsite acessível para dispositivos mobiles com as informações sobre o novo produto. “A ideia é que, onde quer que este cliente esteja, possa ser atraído pela novidade e conheça o Portal sem precisar sair de casa”, explica Rafael. A construtora investiu em uma consultoria para marcar sua presença nas redes sociais, com produção exclusiva de conteúdo e promoções.


Fonte: Luisa Dias - Segs 

4 lições para criar líderes





Grande parte do sucesso de uma empresa é medido pelo número de líderes que ela desenvolve

Todos nós podemos reconhecer os líderes natos. Mas esse tipo de líder é (muito) difícil de ser encontrado. A grande verdade é que a maioria dos líderes são feitos.
Se você é, ou conhece alguém que tem o perfil e o potencial de se intensificar como líder mais ainda não conseguiu, há algumas coisas que você pode fazer para desenvolver esse potencial.

#1. Forneça às pessoas oportunidades de decisão

Bons líderes têm a confiança necessária para tomarem decisões por conta própria.
Uma das melhores maneiras de construir essa confiança para os outros funcionários é dar-lhes o poder de tomar algumas decisões importantes por conta própria.
Isso não apenas capacita e incentiva seus funcionários a tomar decisões e reforçar a sua confiança, bem como lhes permite pensar criticamente no melhor interesse da empresa.
Quando um funcionário é responsável por tomar decisões sem depender de um gerente, isso os obriga a ponderar melhor o interesse dos envolvidos e ficar em sintonia com as metas da organização.
A responsabilidade da tomada de decisão da aos funcionários um maior senso de propriedade e responsabilidade sobre o seu trabalho, o que leva as pessoas a aumentarem seu envolvimento no trabalho.
Da próxima vez que alguém perguntar a você como deve agir, em vez de dar uma resposta pronta, pergunte o que ele acha que deveria ser feito.
Um líder precisa aprender a fazer as escolhas certas.
Um líder precisa aprender a fazer as escolhas certas.

#2. Incentive as pessoas a seguirem suas paixões

Não há melhor motivação para realizar grandes coisas do que amar o que você faz. Outra maneira de transformar funcionários em líderes é conversar com eles sobre o que eles são apaixonados e onde eles gostariam de estar ou chegar na empresa.
Isso lhes permite enxergar através de projetos que irão ajuda-los a alcançar seus objetivos.
Saber o que realmente motiva as pessoas e dar a elas a chance de caminhar em direção aos seus objetivos vai, certamente, ajuda-los a se sentirem mais satisfeitos.
Mesmo que o sonho de seus funcionários sejam atividades fora do escritório, como futebol, ou voluntariado, incentive-os a organizar essas atividades e envolver os colegas de trabalho.

#3. Facilite a aprendizagem

O conhecimento constrói a confiança e capacita as pessoas. Bons líderes estão continuamente aprendendo e questionando como as coisas podem ser feitas de um jeito melhor.
Ao sugerir livros, artigos e blogs para ler, os funcionários podem se tornar pessoas motivadas e continuar aprendendo sempre.
Incentivar as pessoas a participar de webinars, assistir vídeos, ir a eventos de networking e workshops também pode ajudar a enfatizar a importância da aprendizagem.
Quanto mais experiências e conhecimento aprendemos, mais as pessoas podem contribuir para o crescimento e o sucesso das suas ideias e de seu trabalho.
Grandes líderes têm paixão pelo conhecimento.
Grandes líderes têm paixão pelo conhecimento.

#4. Reconheça as realizações

Reconhecer o trabalho duro das pessoas não apenas ajuda a construir a confiança deles, bem como alimenta um sentimento de orgulho no que eles estão fazendo.
Investir tempo e dinheiro no bem-estar e felicidade das pessoas também vai reforçar a cultura da empresa e trazer à tona as habilidades de liderança.
Quer se trate de um reconhecimento público em uma reunião, uma premiação no final do ano, ou um vale presente, os sinais de apreço são encorajadoras maneiras de assegurar um funcionário que ele está no caminho certo.
Além disso, quando as pessoas observarem o reconhecimento aberto por parte dos líderes, estarão mais suscetíveis a incentivarem seus colegas de trabalho.
Bons líderes, são peça fundamental nas empresas de sucesso. Como um empreendedor ou executivo é importante que a sua empresa promova um ambiente de trabalho onde líderes possam prosperar.
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Este artigo foi adaptado do original, “Developing employees who aren’t born ‘leaders’ do Smart Blog.

Autor

Enrico Cardoso – escreveu  posts no Jornal do Empreendedor.
Enrico Cardoso trabalha com storytelling para construção de marcas. Acredita que toda empresa tem uma única oportunidade de se transformar em uma grande marca: contando histórias.