quinta-feira, 14 de junho de 2012

A imprensa e o Santo Daime


12/06/2012 na edição 698 - Observatório de Imprensa

Santo Daime: por trás de um estigma, de André Penteado Ricci e Yarin Kurkdjibachian, ed. Rima, 2012, 90 pp., São Carlos, SP
[do release da editora]
No dia 12 de março de 2010, a religião do Santo Daime virou manchete no país, seja na televisão, no rádio ou na internet. No dia seguinte, estamparia os principais jornais. E, em seguida, o assunto seria aprofundado, discutido e rediscutido por grandes revistas. Os editores não estavam, no entanto, interessados em contar a história da doutrina, mas sim, em cobrir a morte do cartunista Glauco Vilas Boas, de 53 anos, famoso pela publicação de charges com diversas temáticas no jornal Folha de S.Paulo e praticante da doutrina. Ele e o filho Raoni, de 25 anos, foram assassinados na casa deles, dentro de uma comunidade daimista em Osasco, na grande São Paulo.
Naquela noite, Glauco estava em casa quando foi surpreendido pelo jovem Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, de 24 anos, acusado do assassinato. Segundo relatos publicados na imprensa, o jovem teria ido até o cartunista em busca de ajuda, pedindo que Glauco dissesse a seus pais que o filho era Jesus Cristo. Agitado, o jovem teria agredido o cartunista e sua esposa, Beatriz Galvão Veniss, de 50 anos, que também estava na casa.
Carlos Eduardo, que já havia frequentado a comunidade religiosa “Céu de Maria”, presidida pelo cartunista, ameaçou se matar, sendo impedido pelas palavras de convencimento de Glauco, que teria cedido e concordado em conversar com a família do jovem. Ao sair da residência, a dupla teria deparado com Raoni. O rapaz, assustado ao ver o pai sujo de sangue após as agressões do acusado, teria tentado intervir e acabou morto, junto com o pai, a tiros. Quatro disparos contra cada um, que colocaram a religião Santo Daime em evidência em todo o país.
Olhares diversos
Na época, Carlos Eduardo disse à polícia que estava sob efeito do chá ayahuasca, tido por muitos como droga e utilizado para fins religiosos por adeptos da doutrina do Santo Daime. O pai do acusado, Carlos Grecchi, ajudou a sustentar na mídia a versão de que o chá havia influenciado o crime e teria contribuído para piorar a situação do filho, que já demonstrava indícios de distúrbios mentais.
A partir desse caso, muito se discutiu e inúmeras versões foram contadas. Este livro não pretende defender ou criticar qualquer uma delas. Pelo contrário. O objetivo é mostrar que, por trás do alvoroço causado pelo assassinato, existem visões diferentes sobre a religião circulando na sociedade brasileira. Gente que acredita e segue os preceitos pregados pelo Santo Daime, lutando contra o preconceito estabelecido por conta do assassinato; gente que expõe sua opinião mesmo sem conhecer a religião; gente que observa e leva o assunto para as páginas dos jornais e revistas. Todas essas ajudarão a elaborar a reportagem que compõe esta obra. Para garantir que elas sejam as mais sinceras possíveis, as identidades dos entrevistados não envolvidos diretamente com o tema serão preservadas. Serão divulgados os nomes dos personagens cujos depoimentos ajudam na compreensão das características da religião, como adeptos do Daime e profissionais que fornecerão informações relevantes para a confecção do livro.
Apesar de a morte de Glauco ser o nosso ponto de partida, o foco não será, necessariamente, este, mas sim, o aspecto religioso do chá ayahuasca. Depoimentos de adeptos, leigos, especialistas, advogados, médicos e jornalistas foram reunidos para que se busque uma compreensão de como se dá o uso do chá pelos adeptos do Santo Daime, vertente pouco explorada pela mídia por ocasião do crime – que, aliás, é considerado um fato isolado pelos praticantes da religião. Dessa forma, será possível confrontar, comparar, fazer dialogar diversos olhares sobre o tema com a abordagem do uso do chá feita pela imprensa.
Vozes e visões
Paralelamente à religião, existem, por exemplo, estudos científicos em curso acerca dos componentes encontrados nas plantas que dão origem à ayahuasca e que, segundo os praticantes do Daime, poderiam comprovar que o chá não foi o motivador da morte do cartunista. Um desses estudos demonstrou, ainda que de forma preliminar, os benefícios do chá em tratamentos de ordem psíquica. A pesquisa, desenvolvida na USP (Universidade de São Paulo), campus de Ribeirão Preto, reduziu problemas crônicos decorrentes da depressão em duas mulheres e se mostrou eficaz, também, em outros seis pacientes, de acordo com o professor e pesquisador Jaime Eduardo Hallak, do Departamento de Neurociência e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina, que coordena o estudo.
Vozes e visões diferentes, opiniões diversas, histórias vividas por quem acredita – ou não – no chá serão, então, a partir de agora, o fio condutor das páginas seguintes de Santo Daime – Por trás de um estigma.

No Dia do Designer de Interiores saiba mais sobre o que faz esse profissional


Criativo, este profissional combina visão estética com conhecimentos técnicos

Dia 30 de outubro é o dia do Designer de Interiores, profissional criativo, que combina visão estética com conhecimentos técnicos e habilidades práticas. Ele quem cria e executa ambientes de acordo com padrões de estética e funcionalidade, sejam eles residências, salas comerciais e espaços em locais públicos.
Este profissional pode ser responsável pelo desenho de imóveis (criando peças de acordo com as necessidades do cliente), pela decoração e paisagismo (decorando ambientes residenciais e comerciais internos), pelo projeto em si (elaborando plantas e maquetes indicando cores, estilo e a disposição de móveis e objetos em certo espaço) e pelo gerenciamento (acompanhamento da compra de móveis e acessórios, realização de orçamentos).

O profissional de Design de Interiores pode ainda se especializar em um ou mais segmentos de atuação, sejam eles residencial, comercial ou o Design Sustentável, este último uma grande tendência mundial.
Para marcar a data, separamos alguns projetos interessantes de diferentes designers ao redor do mundo. Confira:
Mesa Giselle Criada pela designer de interiores e produtos russa, Anna Neklesa, a mesa chamada de Giselle foi inspirada por dançarinos de balé russos. Com apenas duas pernas de madeira pintada, a Giselle tem tampo feito de aço ou alumínio e escaninhos onde você pode colocar revistas e jornais.
30 de outubro é o dia do designer de interiores



Console Bookshelf
Que tal juntar dois móveis em um só? Foi isso que fez o designer Stanislav Katz, da Letônia. A peça criada por ele tem inspiração barroca e permite que você relaxe cercado por seus livros favoritos. São duas partes: uma feita de poliuretano macio para que você possa sentar e deitar e outra dura, feita de MDF colorido.
30 de outubro é o dia do designer de interiores



Flying Carpet
Os espanhóis Ana Mir e Emili Padrs, do Emiliana Design Studio, criaram essa espécie carpete/travesseiro de chão. É um espaço tridimensional onde você pode sentar, se esticar e relaxar. Por dentro, o tapete tem espuma e por fora é feito totalmente de lã.
30 de outubro é o dia do designer de interiores


















Bookinist
Criar uma cadeira móvel feita especialmente para ler. Essa é a proposta do designer alemão Nils Holger Moormann com a Booknist. Cerca de 80 livros não muito grandes podem ser armazenados nos braços e encosto da cadeira. Há ainda uma lâmpada de leitura e uma roda, para você levar a cadeira para onde quiser.
30 de outubro é o dia do designer de interiores





















A Escada Flutuante
 
O italiano Guido Ciompi resolveu fazer uma escada diferente para o hotel Gray, de Milão. A escada parece estar flutuando no ar. Os degraus são em forma de caixa e parecem prateleiras com um design clean e único.
30 de outubro é o dia do designer de interiores














Aquário marinho é ponto central de projeto de arquitetura ousado



Destaque da área de estar de apartamento em Porto Alegre, objeto precisou de cálculos específicos para garantir a segurança do prédio

Ele atende pelo nome palhaço ocelaris, mas você o conhece por Nemo. Neste aquário marinho, em privilegiada área de estar no sexto andar de um prédio emPorto Alegre, Nemo vive na companhia dos peixes palhaço black, yellow tang e powder blue tang, da estrela-do-mar, do cavalo-marinho e do casal de camarões.
 Essa população veio no mesmo voo de São Paulo para aterissar no aquário com 2,20m de largura, 55cm de altura e profundidade de 40cm. A simulação das profundezas do mar inclui pedras e corais (certificados pelo Ibama) que se abrem parecendo flores.
Tudo lindo, muitos cálculos depois. As arquitetas acionaram o engenheiro estrutural do edifício para fazer as contas do peso que a laje suportaria para depois projetar a marcenaria para o aquário com 485 litros de água: embaixo, ficam as máquinas e, em cima, o sistema de iluminação e resfriamento. Para a manutenção precisa, que requer filtragem especial da água, a tarefa está interligada com o sistema de automação da casa.
Quando é acionado o comando ligar TV, a população marinha vê o aparelho se posicionar à frente do tanque para atender a um grupo diferente daquele da sala da lareira. De frente para o aquário, as crianças desfrutam de momentos de lazer, a poucos metros dos adultos, entretidos na zona da gourmeteria. Se o filme for ruim, Nemo distrai a turma.

CPI aprova convocação da mulher de Carlinhos Cachoeira



Dona de uma loja de lingeries em Goiânia, Andressa Mendonça será ouvida pela Comissão que está investigando os negócios de seu marido

Do Portal Terra
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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga as ligações de políticos com Carlinhos Cachoeira aprovou, nesta quinta-feira, por unanimidade, convocar a mulher do bicheiro, Andressa Mendonça. A data do depoimento de Andressa ainda não foi definida. A votação foi considerada simbólica, pois já existia um acordo para ela ir à comissão.
 
Ao todo, a CPI aprovou a convocação de 10 pessoas, entre elas o assessor especial do governador Marconi Perillo (PSDB-GO), Lúcio Fiúza, e o jornalista Luís Carlos Bordoni. Responsável pela campanha eleitoral de rádio do governador de Goiás, Bordoni alega ter recebido recursos de uma empresa de fachada do esquema de Cachoeira. Fiúza teria intermediado o pagamento.
 
Carlinhos Cachoeira 
 
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
 
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais. Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
 
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário. 
 
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Leitor, você tem contra a sua cabeça uma arma, a Constituição, o Código Penal e a Estatuto da Criança e do Adolescente! Que o Brasil seja um país reacionário como o Canadá, a Holanda, a Finlândia, a Suécia, a Noruega…



14/06/2012
 às 18:41


Ele tem 16 anos e lidera a quadrilha responsável por pelo menos 12 de 17 arrastões a restaurantes e bares na cidade de São Paulo desde fevereiro.
Ele participou pessoalmente de seis desses doze.
Ele tem liderado as ações que estão servindo ao baixo proselitismo político. Os que não se conformam com o fato de a capital e o estado exibirem alguns dos mais baixos índices de violência do país (homicídio, o mais grave, em particular) estavam e estão usando as ocorrências para tentar demonstrar que a eficiência da política de segurança pública é uma balela, que tudo caminha para o caos, que as coisas estão fugindo ao controle. Petistas em particular parecem mais felizes do que pinto no lixo. Vocês sabem como é…
Ele foi preso em fevereiro, depois do assalto ao bar Nello’s. Mas foi posto em liberdade pela Justiça, que cumpriu a lei, diga-se. Solto, deu curso às suas aventuras — desventuras para as vítimas — em série.
Ele não esconde o rosto, não, embora saiba da existência de câmeras em muitos estabelecimentos porque, afinal, os únicos que têm algo a temer são os clientes e donos dos estabelecimentos assaltados.
Ele pratica seus assaltos armado com um revólver e com os artigos 27 do Código Penal e 228 da Constituição, que garantem a inimputabilidade penal aos menores de 18 anos. Nós todos somos, então, assaltados e aviltados em nossos direitos fundamentais pelo revólver dele e pelos artigos 27 do Código Penal e 228 da Constituição.
Pois é… Recorro à anáfora com o propósito óbvio de deixar claro que eu não posso citar o nome dele. No máximo, o apelido: “Didi”. A lei o protege também disso. E é bastante severa. Leiam o que diz o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA):Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
O estatuto era tão dedicado à defesa do adolescente ao qual se “atribui um ato infracional” que o parágrafo 2º do Artigo 247 trazia isto:
“Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação ou a suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem como da publicação do periódico até por dois números.”
Uma Ação Direita de Inconstitucionalidade acabou suprimindo essa parte. Como se nota, até a livre circulação de ideias podia ser suprimida para proteger esta expressão da doçura adolescente que é Didi, um verdadeiro pastor amorável de Virgílio…
Vigarice intelectual e moralA vigarice intelectual e moral no Brasil decidiu fazer um pacto com o crime ao estabelecer a inimputabilidade penal aos menores de 18 anos. É como declarar um “pratique-se o crime” para os bandidos abaixo dessa idade. Didi, ora vejam, pode votar! Pode eleger presidente da República. E também pode apontar um arma para a nossa cabeça e encarar as câmeras na certeza de que nada vai lhe acontecer.
“Ah, como Reinaldo é reacionário! Só mesmo os reaças defendem essa tese”! Então vamos rever o limite da inimputabilidade em alguns dos países mais “reacionários” do planeta:
Sem idade mínima
- Luxemburgo
7 anos
- Austrália
- Irlanda
10 anos
- Nova Zelândia
- Grã-Bretanha
12 anos
- Canadá
- Espanha
- Israel
- Holanda
14 anos
- Alemanha
- Japão
15 anos
- Finlândia
- Suécia
- Dinamarca
16 anos
- Bélgica
- Chile
- Portugal
Até na querida (deles!!!) Cuba, a maioridade penal se dá aos 16 anos. Os países civilizados tendem a achar que o que determina a punição é a gravidade do crime e a consciência que o criminoso tem do ato praticado. A Inglaterra julgou e condenou Jon Venables e Robert Thompson, os dois monstros de 11 anos que, em 1993, sequestraram num shopping o bebê James Bulger, de 2. A vítima foi amarrada à linha do trem, depois de espancada e atingida por tijoladas. Os dois confessaram que queriam saber como era ver o corpo explodir quando o trem passasse por cima. Viram.
A Inglaterra pode julgar assassinos a partir dos 10 anos. Se condenados, dada a idade, a pena fica a cargo da Justiça. Pegaram 15 anos. Depois de idas e vindas, acabaram soltos em 2001, após a intervenção da Corte Europeia de Direitos Humanos. Por alguma razão, os que acabam se especializando nos tais “direitos humanos” parecem fatalmente atraídos pelos direitos de desumanos ou, sei lá, de inumanos. Os dois ganharam nova identidade, mas foram condenados a prestar contas à Justiça sobre os seus passos… pelo resto de suas miseráveis vidas!!! Em 2010, aos 28 anos, Venables voltou a ser preso por ter violado os termos do acordo.
As fotos dos monstrengos e de sua vítima correram o mundo. No Brasil, bandido é bibelô. No fim das contas, há mais organizações empenhadas em garantir os direitos de quem transgride a lei do que daqueles que têm seus direitos violados. Quantas vezes vocês viram ONGs especializadas em direitos humanos falar em nome das garantias de que dispõem os homens comuns?
As chances de que “ele” seja posto de novo na rua são enormes. Livre, leve e solto, voltará a fazer arrastões porque a relação custo-benefício lhe é amplamente favorável. Se ficar internado na instituição Casa (antiga Febem), ganhará a liberdade aos 18 anos. Aí, na imaginação dos cretinos do miolo mole, será tomado por um enorme senso de decência e procurará trabalhar com carteira assinada, certo? Tenham paciência!
Sim, claro, claro! Eu sou um grande reacionário por escrever essas coisas, e reacionário deve ser o sistema penal de países “fascistas” como a Finlândia, a Suécia e a Dinamarca. Por lá, a inimputabilidade acaba aos 15 anos. O tal “Didi” ficaria um bom tempo impedido  de apontar a arma, a Constituição, o Código Penal e o ECA contra a cabeça de pessoas de bem.
PS — Outro dia um desses vagabundos da subimprensa que se querem passar por progressistas ironizou o fato de eu empregar a velha expressão “homens de bem”. Emprego, sim, ora essa! E acho que o contrário dos “homens de bem” são os “homens do mal”.
Por Reinaldo Azevedo

Sobral Pinto ensina ao defensor de Cachoeira que um advogado é o juiz inicial da causa. Não pode agir como comparsa


14/06/2012
 às 17:34 \ Direto ao Ponto


“Serei eu o juiz do meu cliente?”, pergunta Márcio Thomaz Bastos no título do artigo publicado na Folha desta quinta-feira. O cliente em questão é, segundo o doutor, “Carlos Augusto Ramos, chamado Cachoeira”, que contratou em março os serviços do ex-ministro da Justiça capaz de  enxergar inocentes até em serial killers americanos. “Não o conhecia, embora tivesse ouvido falar dele”, informa no quinto parágrafo. Ouvira o suficiente para saber que o candidato a cliente valia R$15 milhões.
Depois de derramar lágrimas imaginárias pelo martírio imposto a um homem de bem por policiais perversos, promotores sanguinários e juízes desalmados, o doutor tenta responder à pergunta do título. “Serei eu então juiz de meu cliente?”, repete. “Por princípio, creio que não. Sou advogado constituído num processo criminal. Como tantos, procuro defender com lealdade e vigor quem confiou a mim tal responsabilidade”.
Conversa fiada, demonstrou o grande Heráclito Fontoura Sobral Pinto numa carta escrita em outubro de 1944. Trecho: “O primeiro e mais fundamental dever do advogado é ser o juiz inicial da causa que lhe levam para patrocinar. Incumbe-lhe, antes de tudo, examinar minuciosamente a hipótese para ver se ela é realmente defensável em face dos preceitos da justiça. Só depois de que eu me convenço de que a justiça está com a parte que me procura é que me ponho à sua disposição”.
No artigo, Márcio Thomaz Bastos não vê diferenças entre clientes ou causas. Assim, vale tudo para conseguir a absolvição tanto de um ladrocida compulsivo quanto de um sacristão engaiolado por ter bebido o vinho do padre. “Não há exagero na velha máxima: o acusado é sempre um oprimido”, afirma. “Ao zelar pela independência da defesa técnica, cumprimos não só um dever de consciência, mas princípios que garantem a dignidade do ser humano no processo. Assim nos mantemos fiéis aos valores que, ao longo da vida, professamos defender. Cremos ser a melhor maneira de servir ao povo brasileiro e à Constituição livre e democrática de nosso país”.
Quem colocou o gabinete de ministro a serviço da quadrilha do mensalão não pode disfarçar-se de guardião do Estado Democrático de Direito. Quem procura enterrar em cova rasa as provas contra Cachoeira, colhidas pela Polícia Federal que chefiou, está convidado a dispensar-se de declarações de amor à Justiça. Sem imaginar como seria o Brasil da segunda década do século seguinte, Sobral Pinto desmoralizou as falácias desfiadas por Márcio:
“A advocacia não se destina à defesa de quaisquer interesses. Não basta a amizade ou honorários de vulto para que um advogado se sinta justificado diante de sua consciência pelo patrocínio de uma causa. O advogado não é, assim, um técnico às ordens desta ou daquela pessoa que se dispõe a comparecer à Justiça. O advogado é, necessariamente, uma consciência escrupulosa ao serviço tão só dos interesses da justiça, incumbindo-lhe, por isto, aconselhar àquelas partes que o procuram a que não discutam aqueles casos nos quais não lhes assiste nenhuma razão”. 
Na Folha, o advogado de Cachoeira tortura a verdade: “Aconteceu o mais amplo e sistemático vazamento de escutas confidenciais”, fantasia. “A pródiga história brasileira dos abusos de poder jamais conheceu publicidade tão opressiva. Estranhamente, a violação de sigilo não causou indignação. Dia após dia, apareceram diálogos descontextualizados, compondo um quadro que lançou Carlos Augusto na fogueira do ódio generalizado. Trocou-se o valor constitucional da presunção de inocência pela intolerância do apedrejamento moral”.
Na carta, o príncipe dos advogados coloca em frangalhos, com quase 70 anos de antecedência, a tese forjada para justificar a parceria entre márcios e cachoeiras: “É indispensável que os clientes procurem o advogado de suas preferências como um homem de bem a quem se vai pedir conselho.  Orientada neste sentido, a advocacia é, nos países moralizados, um elemento de ordem e um dos mais eficientes instrumentos de realização do bem comum da sociedade”.
Sempre que Márcio Thomaz Bastos ganha uma causa, a Justiça é derrotada e a verdade morre outra vez. Gente com culpa no cartório escapa da cadeia, cresce a multidão de brasileiros convencidos de que aqui o crime compensa e se torna mais consistente a suspeita de que lutar pela aplicação rigorosa da lei é a luta mais vã. É o que ocorrerá se os argumentos invocados pelo ex-ministro na Folha forem acolhidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que julgará na terça-feira o pedido de habeas corpus impetrado em favor de Cachoeira.
Todo acusado, insista-se, tem direito a um advogado de defesa. Mas doutor nenhum tem o direito de mentir para livrar de punições o acusado de crimes que comprovadamente cometeu. O advogado, resumiu Sobral Pinto,  é o “juiz inicial da causa”. Não pode agir como comparsa.

O Profexô (Luxemburgo) levou uma aula!!!! - Airton Gontow


 

Por AIRTON GONTOW
Bom de entrevistas e vencedor de cinco Campeonatos Brasileiros, Luxemburgo passou as últimas semanas explicando como um time faz para ganhar um mata-mata.
Segundo o técnico gremista – e grande parte da mídia – o importante para quem joga em casa é antes de tudo não tomar gol.
Mas essa história de que não tomar um gol é o mais importante, é uma pura falácia.
Na Libertadores de 1995 (quando não havia o critério do gol marcado fora valer dois), o Grêmio venceu por 5 a 0 em Porto Alegre. E perdeu por 5 a 1 em São Paulo. Os mais apressados podem julgar que a classificação gremista veio devido ao gol marcado no estádio palmeirense.
Mas é claro que não foi isso!  Na época, se o Grêmio tivesse vencido no Olímpico por 2 a 0, mesmo com o gol marcado em São Paulo teria sido eliminado pelos paulistas.
O garantiu a classificação foram os gols marcados no Olímpico!
O fato é que na Copa do Brasil e na Taça Libertadores  vencer em casa por 1 a 0 é melhor do que ganhar de 2 a 1.
Mas fazer 3 a 1 é melhor do que fazer qualquer vitória por 1 a 0.  É o óbvio ululante que Luxemburgo parece desconhecer.
Na partida de ontem à noite, o  Grêmio entrou no estádio Olímpico apático, preocupado em, fiel à teoria do professô, não levar gol.
Em nenhum momento o time gremista assustou o Palmeiras, equipe em incrível crise técnica e de relacionamentos entre jogadores, comissão técnica e dirigentes. Não pressionou. Não forçou o adversário a dar chutões e fazer faltas próximas a área. Não amassou o time rival.
A própria torcida gremista, conhecida por não parar de cantar durante toda a partida, pouco conseguiu incentivar a equipe.
Além de engessar o time com seu discurso vazio, Luxemburgo errou nas escolhas.
O maior exemplo é a escalação do fora de forma Kleber. Também não dá para entender porque insistiu tanto com o “gladiador” e com o inoperante Marco Antônio, que há muitas partidas não consegue articular uma única jogada, levando a torcida ao desespero.
Quem assistiu ao jogo sabe que o azar não pode servir em momento algum de desculpas para o resultado.
O tricolor gaúcho atuava para não levar gols, mas era o perigo era iminente à cada investida do Verdão sobre a insegura defesa do Grêmio.
Em todo o segundo tempo o time paulista foi mais perigoso, merecendo o resultado positivo.
O  time de Luxemburgo perdeu.
E perdeu ridiculamente, sem ao menos lutar com a conhecida garra gaúcha. O professô recebeu uma aula.
Se é mestre em pontos corridos, onde desde cedo descobriu que empates fora de casa pouco servem, com exceção das jogos contra candidatos ao título, no mata-mata Luxemburgo segue perdendo muito mais do que ganhando.
Em seu currículo há derrotas incríveis, como a vexatória eliminação do escrete brasileiro para a Seleção de Camarões, que atuava com dois jogadores a menos, nas Olimpíadas de Sidney, em 2000.
Em mata-mata, o Luxa tem de rever seus conceitos.
Do contrário ele e os gremistas continuarão a amargar o Felipão que o diabo amassou.
* Airton Gontow, 50 anos, é jornalista e cronista gremista

A independência do STF


MERVAL PEREIRA
14.6.2012 9h56m

A tese de que os Ministros do Supremo Tribunal Federal marcaram o julgamento do mensalão para agosto cedendo à pressão da opinião pública, vocalizada pela mídia tradicional, que os petistas estão difundindo pelas redes sociais, foi mais uma vez gerada pelo criminalista Marcio Thomaz Bastos – ele que, quando Ministro da Justiça de Lula socorreu o governo com a tese de que o mensalão não passara de um crime eleitoral de caixa 2 -, defensor de um dos réus do mensalão, e tem base em vários pareceres de juristas que circulam entre os petistas. 
Entre eles, há um do criminalista Nilo Batista que se refere a casos ocorridos nos Estados Unidos, em que julgamentos criminais foram anulados devido à influência da imprensa na opinião pública, gerando uma sentença que, segundo os defensores dessa tese, não passa de “averbação judicial de um veredicto já anteriormente ditado: a mídia já julgara”. 
É a situação que se chama em inglês de trial by the media, e que o ex-ministro Thomaz Bastos chamou de “não julgamento” ou “uma farsa”. O próprio Thomaz Bastos deu exemplos de casos acontecidos no Brasil, como a condenação do casal Nardoni pela morte da menina Isabella, que ele considera estão enquadrados nessa situação. 
O ex-ministro da Justiça de Lula admitiu em sua entrevista que essa influência da mídia se verifica com maior intensidade em julgamento de primeira instância ou no júri popular, mas destacou que os ministros do Supremo “não vivem em Marte” e são influenciados pelo ambiente em que vivem e pelos comentários que ouvem de pessoas próximas. 
A mesma advertência que Nilo Batista em seu parecer faz, citando o jurista Martins de Andrade: “O juiz (togado ou leigo) é um membro integrado e ativo da sociedade (...) suscetível às influências culturais e ideológicas (... como) aquelas exercidas pelos órgãos da mídia”. 
Sobre a imparcialidade dos juízes do Supremo e a capacidade de se manterem alheios às influências externas de motivação política, é importante ter conhecimento de um texto primoroso de um dos grandes juristas que o país já teve, Victor Nunes Leal, cassado em janeiro de 1969 com base no AI-5. 
Seu depoimento está no livro “Umas lembranças do Supremo Tribunal Federal na Revolução”, que o jurista e historiador Alberto Venâncio Filho pesquisou no Instituto Victor Nunes Leal. 
No Brasil, nos períodos autoritários, houve intervenções no Supremo, sendo que duas delas ocorreram no regime militar: o Ato Institucional n 2, de 27 de outubro de 1965, ( e não 1967 como escrevi na coluna de sábado) aumentou o número de ministros de 11 para 16, na tentativa de controlar suas decisões, e em janeiro de 1969, com base no Ato Institucional n 5, foram aposentados compulsoriamente os ministros Vitor Nunes Leal, Hermes Lima e Evandro Lins e Silva. 
Em protesto, também renunciou ao cargo o então presidente do STF, ministro Gonçalves de Oliveira e pediu aposentadoria o ministro Lafayette de Andrada, o mais antigo da Corte (decano). 
Na sequência, o Ato Institucional n 6, de 12 de fevereiro de 1969, reduziu o número de ministros para 11, que permanece até hoje. Pois Victor Nunes Leal, ainda no governo de Castello Branco, soube que havia um boato de que os militares estavam dispostos a intervir no Supremo devido a um suposto trabalho de três ministros no sentido de formar um bloco hostil ao governo militar. 
Ele então escreveu uma carta a um amigo, em 16 de junho de 1964, que sabia ter boas relações com Castello Branco e lhe faria chegar suas observações. “Quem chega ao Supremo Tribunal Federal tem um passado pelo qual zelar, na advocacia, na magistratura, no magistério, em funções administrativas ou políticas, e está atento ao julgamento dos contemporâneos e da posteridade. O juiz, mormente do Supremo Tribunal, não recompensa benefícios, mas exerce uma elevada função que exige espírito público e dignidade”, afirma Victor Nunes Leal. 
Ele compara a imposição da toga à investidura do speaker da Câmara dos Comuns, “cuja tradição é o escrupuloso e voluntário desligamento de sua anterior atividade política. No juiz, com mais forte razão, essa desvinculação tem de ser completa. ( ...) O dever do juiz é cumpri-las (as leis), em confronto com a Constituição”. 
Na carta, Victor Nunes Leal faz a definição da missão de julgar: “Decerto, essa delicada tarefa não é um trabalho mecânico. Valemo-nos de nossa formação profissional, e da observação da realidade econômica, social e política. Mas nessa busca, por vezes tormentosa, nossa lealdade é para com a Constituição, as leis, o interesse coletivo e a nossa consciência, porque sem independência, que é o ônus e a prerrogativa do juiz,não se pode falar em autêntico Poder Judiciário”. 
Para Victor Nunes Leal, “não estaria à altura do cargo quem pensasse em organizar maioria de juízes contra este ou aquele Governo. Cada um de nós é cioso de sua responsabilidade pessoal, de sua reputação, do seu compromisso com o país, da sua autonomia no julgamento”. 
Em sua carta, Victor Nunes Leal analisa “as vicissitudes normais do Supremo Tribunal, que não se pode engajar em contrário, nem a favor do Governo”. Diz ele: “Quando rumores de todos os lados inquietavam nosso espírito e nos perturbavam o trabalho, era natural que nos preocupássemos com o destino de nossa instituição, que é fiel do equilíbrio federativo, da harmonia dos poderes, dos direitos individuais e, portanto,chave do regime democrático-representativo em que vivemos. (...) Assumir posições políticas, num ou noutro sentido, seria totalmente contrário à missão constitucional do Tribunal, prestigiada pela venerável tradição que todos estamos empenhados em preservar”. 
Victor Nunes Leal soube que sua carta chegara ao conhecimento do presidente Castello Branco, e talvez por isso sua cassação e a dos outros dois ministros só tenha acontecido anos depois, já no governo Costa e Silva, com base no Ato Institucional n 5. 


OBRA-PRIMA DO DIA - PINTURA Edward Hopper - Nighthawks e Quarto de Hotel em NY


Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 
14.6.2012
 | 12h00m


Hopper tornou-se um poeta com as tintas, registrando a desolação e a vastidão dos EUA. Algumas vezes expressava esses aspectos de forma convencional, em telas com faróis em praias desertas ou com as paisagens rústicas da Nova Inglaterra; de outras vezes, Nova York era o tema, com suas paisagens urbanas eloquentes, ruas vazias, mortas ou com pessoas sem elo umas com as outras.
Reproduziu hotéis, trens, autoestradas, locais públicos ou onde o público fosse um possível visitante: restaurantes, teatros, cinemas, estações e escritórios.
Mesmo nesses quadros ele acentuava a sensação de solidão – seus teatros estão quase sempre semi vazios, poucos espectadores à espera da cortina se levantar ou com atores isolados na luz crua do palco. Hopper era um apaixonado por cinema e há uma qualidade cinematográfica em sua obra.
Com o passar dos anos, entretanto, ele começou a ter dificuldade em encontrar temas que falassem sobre o que sentia. A cidade agigantou-se, a sensação de solidão desaparece, embora ficasse sempre latente. Quando o elo entre o mundo que ele via e seu mundo interior se desfez, Hopper ficou incapaz de criar.
Em Nighthawks (acima), o que aqui chamaríamos 'os corujões', Hopper retrata um típico “diner” americano, restaurante simples e pequeno, frequentado por pessoas que trabalham à noite ou gostam de viver na madrugada.
O quadro começou a ser pintado logo após o ataque a Pearl Harbor e a sensação de solidão e vazio das ruas ainda é mais acentuada pela melancolia e tristeza difundidas por todo o país.
A rua está deserta e lá dentro os três clientes não falam uns com os outros e o atendente olha por entre os fregueses para a rua. A solidão do homem de costas é acentuada pela presença do casal desconhecido.
Olhando com atenção, vemos que o balcão é um triângulo sem saída para o atendente. É de se notar também que não se vê porta de saída para a rua, o que aumenta a sensação de confinamento e captura.
A luz fluorescente acabava de ser criada e isso talvez explique porque a luz do restaurante ilumina a escuridão da noite de um modo que parece acentuar a melancolia profunda que ali impera.
Já em Quarto de hotel em NY (acima) ele fala da solidão a dois, talvez a mais pungente forma de solidão...
Jo certa ocasião disse dele: Algumas vezes, conversar com Ed é como jogar uma pedra em um poço, só que não se ouve o baque dela lá no fundo.
Homem sempre relutante em falar de si mesmo, ou de sua arte, Hopper resumiu tudo numa frase: A resposta para todas essas perguntas está ali, na tela.

Quarto de hotel em NY, óleo sobre tela, 1932, Sheldon Memorial Art Gallery, Lincoln, Nebraska 
Nighthawks, óleo sobre tela, 1942, Art Institute of Chicago

Servidor afastado do Banco do Nordeste diz que ‘briga’ do PMDB com o PT prejudica a instituição




Afastado da chefia de gabinete da presidência do Banco do Nordeste sob denúncias de irregularidades, Robério Gress do Vale quebrou o silêncio. Concedeu ao diário cearense ‘O Povo’ uma entrevista radioativa.

Revelou que a casa bancária estatal, às voltas com um escândalo que envolve o desvio de mais de R$ 100milhões em empréstimos fraudulentos, é gerida por uma diretoria integralmente aparelhada por PT e PMDB, os dois maiores partidos da coligação de Dilma Rousseff. Disse que as legendas travam no banco uma “briga” por espaço.
“Essa briga está sendo muito prejudicial ao Banco do Nordeste, nos cargos estatutários, porque é um grupo daqui, um dali, é o PMDB que quer ganhar mais espaço e quer foder com o PT”, afirmou Robério. “Então essa questão, eu acho, acaba deixando muitas vezes em xeque a própria administração do banco.”
Robério, ele próprio um apadrinhado político do deputado federal José Guimarães (PT-CE), deu nome aos bois. Citou cada um dos seis diretores do banco, vinculando-os aos seus patronos. Eis a teia de vinculações:
1José Sydrião Alencar Júnior, diretor de Gestão do Desenvolvimento: foi indicado pelo deputado petista José Guimarães. Ele “não esconde”
2Stélio Gama Lyra Júnior, diretor Administrativo e de Tecnologia da Informação: apadrinhou-o outro deputado federal do PT cearense, Eudes Xavier.
3Isidoro Morais de Siqueira, diretor de Controle e Risco: de acordo com Robério, foi ao posto “bancado particularmente pelo PMDB do Aníbal Gomes [deputado federal cearense] e do Henrique Eduardo Alves [líder do PMDB na Câmara].”
4Fernando Passos, diretor Financeiro e de Mercados de Capitais: “Aí fica claro que apadrinharam o Passos o Renan Calheiros [líder do PMDB no Senado] e o senador Vital do Rêgo [do PMDB paraibano, presidente da CPI do Cachoeira] e o próprio Michel Temer [vice-presidente da República].
5Paulo Sérgio Rebouças Ferraro, diretor de Negócios: “Tem a chancela do governador [petista da Bahia] Jaques Wagner”, disse o ex-chefe de gabinete da presidênca do banco.
6Luiz Carlos Everton de Farias, diretor de administração de Recursos de Terceiros: “É uma pessoa próxima ao senador Wellington Dias [ex-governador petista do Piaui].”
Exonerado pelo telefone, Robério viu-se enredado no escândalo porque algumas das operações suspeitas envolveram a concessão de empréstimos a empresas de dois de seus cunhados. Coisa de R$ 11,9 milhões.
Ele confirma que Marcelo Rocha Parente e Felipe Rocha Parente, os donos das empresas encrencadas, são irmãos de sua mulher. Reconhece que tinha conhecimento das operações dos cunhados com o banco. Mas toma distância dos malfeitos sob investigação: “Não contou com a minha participação”.
Perguntou-se a Robério se os cunhados não o consultaram. E ele: “Eu sabia que eles estavam com planos de colocar uma indústria de reciclagem, me perguntaram e eu disse: rapaz, o banco está aberto, acho que não tem nenhum impedimento de vocês serem meus cunhados. Mas de nada tratei a respeito nem fiz nada politicamente.”
Acrescentou: “Agora, errou, paga! Se eu errar, eu pago! Pago com meu emprego, pago! Agora eu acho que, por enquanto, ser cunhado de alguém que não adotou um procedimento correto não é motivo para fazer essa carnificina comigo.”
Robério insinua que seu afastamento visa encobrir problemas maiores. “O alvo não sou eu, eu sou um elemento que dá manchete.” Qual seria, então, o alvo? “Eu acho que as coisas vão aparecer. Eu, hoje, tenho forte sentimento de que isso é para desfocar de uma questão maior. De uma questão maior operacional. Para desfocar de uma questão maior.”
- Ilustração via Orlandeli.