quarta-feira, 30 de julho de 2014

6 ações que te deixarão mais inteligente


Não são só os genes e a escola que formam sua inteligência. A forma como você leva a vida e as informações que chegam ao seu cérebro também contribuem para seu potencial mental.
1. Escreva o que você aprende. Não precisa ser algo longo ou elaborado, mas reserve um tempo para refletir e escrever sobre o que você aprendeu durante o dia.
2. Faça uma lista de coisas feitas.Em vez de fazer uma lista de coisas que você precisa fazer, escreva o que você já fez. Confiança e felicidade estão diretamente relacionadas à inteligência, e lembrar todas as coisas que você já conseguiu lhe deixará satisfeito.
3. Leia bastante. Não há um consenso sobre qual o melhor tipo de leitura, pode ser o hábito de ler jornais todos os dias ou ler uma variedade de ficções e não-ficções, mas todos concordam que a quantidade é importante.
4. Explique para os outros. A melhor maneira de saber se você realmente aprendeu algo é tentando explicar. Tente sempre explicar aos outros coisas que você aprendeu. Adquirir novos conhecimentos é fácil, difícil é mantê-los.
5. Faça coisas novas inesperadas.Você nunca sabe o que será útil no futuro. Tente coisas novas, sem saber realmente como lhe servirão. No futuro, coisas que antes eram aleatórias podem se ligar e se tornar experiências importantes.
6. Descanse um pouco. É muito importante tomar um tempo para deixar sua mente livre de qualquer estimulação. Dê espaço para que ela processe tudo que aprendeu. Sente em silêncio, exercite-se, passe algum tempo apenas pensando.
Fonte: Administradores

Cacoete autoritário limita análises econômicas


O Globo
Podia-se creditar apenas ao estado de nervos no núcleo da campanha da presidente Dilma a reação violenta dela, do seu partido e do ex-presidente Lula à análise feita para clientes preferenciais do banco Santander em que altas da Bovespa são relacionadas a pesquisas eleitorais negativas para o projeto da reeleição.
Para o PT, segundo seu presidente, Rui Falcão, tratou-se de “terrorismo eleitoral”. A própria Dilma considerou “inadmissível para qualquer país”, disse em sabatina na “Folha de S.Paulo”, a “interferência” do mercado financeiro no processo eleitoral.
Já Lula, em um evento na CUT, pediu a demissão da analista responsável pelo texto. Talvez seja o primeiro político de origem no sindicalismo a defender publicamente a demissão de um assalariado.
Mas a explicação para reação tão violenta não é conjuntural. O vozerio petista tem a ver com o cacoete autoritário de frações hegemônicas no partido contra a liberdade de expressão.
Mesmo de departamentos de análise de instituições financeiras, as quais, daqui para a frente, praticarão a autocensura, como foi obrigada a fazer a imprensa durante a ditadura militar. Talvez este seja o objetivo da resposta petista em uníssono.
A imprensa profissional conhece esta reação típica petista diante de informações que não agradem ao partido. Foi assim no escândalo do mensalão, em cujo início o próprio presidente Lula pediu desculpas ao país.
Logo depois, ele e partido passaram a negar o malfeito e a acusar a divulgação dos fatos como parte de um projeto “golpista”. O Santander, grupo financeiro espanhol, sabe agora o que significa contrariar o PT. O presidente mundial do banco, Emilio Botín, por coincidência em viagem ao Brasil, acompanha de perto a pedagógica experiência.
Para azar do banco espanhol, no Brasil, em que o Estado tem grande ingerência na economia, o setor financeiro é particularmente vulnerável à ação regulatória dos governos. A mudança de uma resolução do Banco Central, numa penada, pode produzir milhões: em lucros ou prejuízos.
Entende-se, portanto, que mesmo campanhas publicitárias de grandes conglomerados financeiros privados reproduzam um certo ufanismo nacionalista típico da visão que o Planalto tem do país nesses tempos eleitorais. O que aconteceu na Copa do Mundo foi típico.
Em alguma medida, o Brasil de Dilma lembrou a Argentina de Cristina Kirchner. Lá, quando a economia estava subordinada ao truculento secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, escritórios de consultoria que divulgassem estimativas independentes da inflação eram punidos com pesadas multas. Moreno e Casa Rosada queriam impedir comparações com a inflação oficial, manipulada.
O Brasil, felizmente, devido a suas instituições, está muito distante da Argentina kirchnerista. Mas os governos têm cacoetes muito parecidos.

O quanto pode uma ex, por Zuenir Ventura

POLÍTICA


 Zuenir Ventura, O Globo
O deputado federal Rodrigo Bethlem, às voltas com um considerável escândalo, parece que não deu importância ao que já foi dito e escrito muitas vezes — que a moral e os bons costumes políticos devem muito a ex-mulheres, graças às quais alguns malfeitos foram conhecidos depois de terminado o casamento.
O folclore sobre o tema criou até máximas: “Ex-mulher é para sempre.” “Político não deve se separar.” “A pior vingança é a de uma ex contrariada.” Há diversos exemplos, como o que ocorreu em 2000, quando Nicéa, mulher por 30 anos do então prefeito de São Paulo, Celso Pitta, denunciou-o em represália a um processo de separação litigiosa movido por ele.
Ela foi à televisão e o acusou de ter distribuído fortunas aos vereadores para encerrarem uma CPI. Outro caso famoso foi o dos quatro auditores paulistas acusados de desvios de R$ 500 milhões. A ex de um deles escancarou em entrevistas a vida de dissipação que levavam com o dinheiro das propinas. Segundo ela, ele não tinha vergonha de dizer: “Ah, eu roubo mesmo.”
A ex da vez é a bela Vanessa Felippe, filha do presidente da Câmara de Vereadores do Rio e que, aos 22 anos, em 1994, foi eleita a mais jovem deputada federal pelo PSDB. Em 2011, ela gravou escondido uma conversa de horas com o ex-marido, guardou as explosivas fitas e há pouco resolveu entregá-las à revista “Época”.
Ao saber disso, o advogado de Bethlem apressou-se em fornecer à redação um atestado médico e uma declaração em que Vanessa voltava atrás e declarava sofrer de problemas psiquiátricos. A intenção da pressurosa operação era evidentemente tentar desqualificar as acusações de corrupção, um recurso comum em casos assim, quando é difícil desmentir testemunhas.
A questão, porém, é que as revelações que o incriminam são feitas por ele, não por ela. É Bethlem quem diz: “Você está careca de saber que fui à Suíça abrir uma conta. Não seja hipócrita.”
É ele também quem confessa em outro trecho quanto embolsava por mês do convênio entre uma ONG e a Secretaria municipal de Assistência Social, da qual era titular: “Em torno de R$ 65 mil, 70 mil”, ele informa à ex-mulher.
O mais curioso é que, em nenhum momento, ele sugere ou insinua que ela estivesse com algum transtorno de personalidade. Ao contrário, quem confessa andar “paranoico” é ele, quando ela pergunta por que estava falando tão baixo ao revelar que seus rendimentos eram de R$ 100 mil por mês. Ele então explica que anda preocupado com a possibilidade de estar sendo grampeado por algum “inimigo”.
Não imaginava que o “inimigo” estava ao lado. 

Deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB / RJ) - Foto: Mauro Pimentel / Terra 

Zuenir Ventura é jornalista

Erro do TCU livra Graça Foster de punição pelo caso Pasadena

PETROBRÁS


O GLOBO - EDUARDO BRESCIANI
Presidente foi excluída da lista dos diretores que causaram prejuízo e TCU diz que poderá corrigir equívoco
BRASÍLIA Um erro do Tribunal de Contas da União (TCU) deixou de fora da relação de diretores da Petrobras responsáveis pelo prejuízo com a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, a atual presidente da estatal, Graça Foster. O órgão de controle responsabilizou em lugar de Graça um ex-diretor que já tinha deixado a companhia quando foi tomada uma das decisões sobre Pasadena consideradas irregulares. A troca poupou a presidente da Petrobras de ter os bens declarados indisponíveis por um ano, medida adotada em relação aos outros responsáveis.
Ildo Sauer e Nestor Cerveró foram citados no acórdão e condenados a responder por US$ 92,3 milhões de prejuízo pela decisão tomada em 2009 pela diretoria executiva de descumprir a sentença arbitral que obrigava a Petrobras a comprar a segunda metade da refinaria nos EUA. Mas Sauer já tinha deixado a Petrobras em 2007, dois anos antes da decisão, e Cerveró fora transferido para a BR Distribuidora em 2008.
Compunham a diretoria em seus lugares Graça Foster e Jorge Luiz Zelada, esse último da área internacional da estatal.
Procurado ontem pelo GLOBO, o TCU afirmou que "se for constatado equívoco", ele será "devidamente corrigido por meio de nova decisão a ser proferida em plenário". Hoje, Zelada presta depoimento à CPI mista da Petrobras.
O ministro José Jorge, do TCU, relator do caso, destacou em seu voto, proferido na semana passada, que o descumprimento da sentença arbitral fez com que no fechamento do negócio, em 2012, a Petrobras tivesse que pagar US$ 92,3 milhões a mais. No acórdão, proposto por ele, e aprovado por unanimidade, são responsabilizados os integrantes da diretoria executiva que "a despeito de deterem informação acerca das prováveis consequências do não cumprimento da sentença arbitral, aprovaram proposição no sentido de que a Petrobras não cumprisse tempestivamente tal decisão".
Ao citar a composição da diretoria, no entanto, o acórdão lista os diretores de 2006, data da compra da primeira metade da refinaria. Além de Sauer e Cerveró, são responsabilizados nesse item o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli e os ex-diretores Paulo Roberto Costa, Renato de Souza Duque e Guilherme Estrella. O então gerente jurídico da companhia, Carlos César Borromeu de Andrade, e os dirigentes da Petrobras América Gustavo Tardin Barbosa e Renato Tadeu Bertani também são citados.
O acórdão diz ainda que Cerveró foi o "autor do resumo executivo que propugnou por tal decisão". O parecer de Cerveró que é alvo de questionamento é o apresentado em 2006 na compra da primeira metade da refinaria, apontado pela presidente Dilma Rousseff, que dirigia o Conselho de Administração, como "técnica e juridicamente falho".
Os dois ex-diretores que não participaram da decisão de prolongar a disputa com a Astra respondem, entretanto, por outras causas do prejuízo. Sauer e Cerveró estavam na reunião de fevereiro de 2006 em que se decidiu pela compra da primeira metade da refinaria, o que causou prejuízo de US$ 580,4 milhões nos cálculos do tribunal. Cerveró é ainda citado por ter enviado à Astra uma carta de intenções de compra da segunda metade, em 2008, o que elevou o prejuízo em US$ 79,8 milhões nas contas do TCU.
O TCU abriu tomada de contas especial para avaliar a necessidade de devolução de US$ 792,3 milhões aos cofres da Petrobras devido ao prejuízo com a operação. Os conselheiros, entre eles Dilma, foram excluídos do rol de responsáveis. Procurada pelo GLOBO, a Petrobras não retornou até o fechamento da edição.
Publicado no Globo de hoje.

PSICANÁLISE DA VIDA COTIDIANA Ariano Suassuna, Sertão e Mar


CARLOS VIEIRA
“Ora, existem alguns escritores brasileiros do Mar, e existem outros do Sertão, isto é uns são da Tigre marinha verde-azul, e outros do Jaguar-de-ouro sertanejo mosqueado de negro e de vermelho... Foi então para que se cumprissem as Profecias que eu tive esse ambíguo nascimento marinho e sertanejo, bifronte, dilacerado e contraditório, muito característico aliás, do enigmático Signo de Gêmeos que é o meu.” (O Rei Degolado: As infâncias de Qauderna, folheto 20.
Ariano foi e sempre será o homem que nasce na tragédia da morte de um pai (tinha três anos), João Suassuna, assassinato cometido por questões políticas na Governadoria da Paraíba. Poderia esse fato transformá-lo num cabreiro vingador, mas a educação que sua Mãe, Dona Maria Rita lhe deu, e a todos os filhos não apontavam para vingança, muito pelo contrário. O amor predominou sobre o ódio, o ressentimento não escolheu o ato vingativo para desfazê-lo. Certa ocasião, numa entrevista à TV, Ariano disse uma frase que me emocionou: “Até que enfim perdoei o matador de meu pai, e isso me tirou um grande peso e me fez mais livre.”
O “Cavalheiro Nordestino”, um Cervantes da nossa literatura, no meu entender, resolve passar sua vida “brincando” de escrever tragédias com parceria pitoresca, mostrando a cultura de um país, particularmente, a cultura  do sertanejo, da pedra, do reino encantado. Sua literatura, seu som Armorial, suas peças, principalmente o Auto da Compadecida, seus versos de Cordel e sua poesia alicerçaram e ficarão para sempre como elementos não menos importante para a formação cultural do nosso Brasil.
Braulio Tavares em seu livro – “ABC de Ariano Suassuna”, no capítulo dedicado à letra I, fala de inspiração, coisa que ele, Ariano Suassuna acreditava e seu companheiro e amigo João Cabral de Melo Neto abominava. Somos levados a considerar que a Arte de Suassuna seria pobre se não tivesse a dádiva da inspiração, que por sinal ele não chamava de inspiração – aproveitava Nô Caboclo, escultor pernambucano que dizia: “tudo que faço sai do córrego”. Então é esse “córrego” que todo artista tem de ter, do contrário ele não escreve. O próprio João Cabral, se não tivesse, não faria aqueles poemas extraordinários.
Ariano, o artista, o escritor, o dramaturgo e o gênio  de muitas artes era um eterno Saltimbanco. Sua alma circo se cristalizava em suas magníficas andanças por esse Brasil afora dando suas Aulas Espetáculos, onde, tal como o fazer artístico de Shakespeare, tinha a sabedoria e a astúcia de mostrar a tragédia da natureza humana através do belíssimo “palhaço” que era. Adriano era um Gênio e um Astuto. Suas aulas sempre traiam seus esquemas antecipados, o preparo das mesmas, pois, quando Suassuna subia ao palco, o que aparecia era a sua capacidade de improvisação, sua eterna forma de composição.
Rubens Tavares nos conta uma experiência transformadora em Ariano, e que teve importância na vida do dramaturgo tanto como a bravura e coragem de sua mãe. Certa vez disse a Dona Zélia na Fazenda Carnaúba(Taperoá), setembro de 2000 – “ Eu era um homem fechado, inclusive só escrevia tragédias, até eu conhecer Zélia. Eu digo sempre que a impressão que tenho é depois que eu conheci Zélia a minha alma se desatou, vivia trancada com um nó-cego e ela desatou esse nó.”
O Brasil, o país, a juventude brasileira perdem um guerreiro, um homem ousado, corajoso, tímido, afetivo. Do outro lado do seu ser, uma pessoa preocupada com a Cultura do Brasil, denunciando tudo quanto era preciso, e sempre, como andarilho, ensinando, dando aulas, falando aos jovens e adultos como se sua missão maior fosse “ensinar a viver”, atravessar esse caminho por entre veredas, sempre driblando a inevitável condição humana, a mortalidade. A morte morrida e a morte matada. Mas Ariano tinha sua arte, tinha seus arranjos para minimizar a angústia existencial de todos nós e a dele. 
Numa matéria que Gerson Camarotti publicou na Revista Época  dessa semana, Ariano , segundo Gerson: “...nunca negou que tinha dificuldade em falar da morte. Nenhum, disse Adriano, acredita na nossa própria morte.” Para ele, a arte era uma tentativa de buscar uma precária e bela mortalidade: “O poeta morre, mas, se fizer uma coisa bonita, ele fica. Esta é a busca de todo artista: a imortalidade por meio da arte. A arte é uma espécie de protesto contra a morte”.
Essa lição nos deixa o Mestre, que não gostava de ser chamado de Mestre: O ser humano precisa desenvolver uma área de criatividade para lidar com menos sofrimento pelo fato de ser mortal.
Ariano, encantado, agora, perto de Bandeira, João Cabral, Graciliano, José Lins do Rego e Euclides da Cunha, conversam mais à vontade sobre o Sertão, a alma do brasileiro, quem sabe, sem sentir a dor da Injustiça Social.
“...Da terra sai um cheiro bom de vida/ e nossos pés a Ela estão ligados./ Deixa que teu cabelo, solto ao vento,/ abrase fundamente as minhas mãos.../ Mas, não: a luz Escura inda te envolve,/ o vento encrespa as Águas dos dois rios/ e continua a ronda, o Som do fogo.
Ó meu amor, por que te ligo à Morte.”
Versos de Ariano Suassuna, do seu poema “Noturno”, incluído no livro  “O Pasto Incendiado”.
Aqui fica minha homenagem ao nosso “Cabreiro”, e como tenho enfatizado ultimamente: que os “pseudos escritores desse nosso País não deformem sua grande obra, com anuência e gastos de verbas públicas, liberada pelo MEC. para que os nossos jovens possam ler Adriano através das palavras do dicionário dos nordestinos.”
Carlos de Almeida Vieira - psicanalista e psiquiatra.

Santander atendeu a pressão de Dilma, Lula, CUT e PT, demitindo um dos seus trabalhadores

.http://polibiobraga.blogspot.com.br/2014/07/santander-atendeu-pressao-de-dilma-lula.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+JornalistaPolibioBraga+(Jornalista+Polibio+Braga)

O governo Dilma Roussef e o PT finalmente conseguiram o que queriam, que era a demissão do trabalhador do Banco Santander que baseado em análises econômicas constatou o que todo mundo já sabe e recomendou cuidado com o dinheiro de cada correntista no caso da reeleição da presidente, porque ela se mostra incapaz de mudar a rota desastrosa atual:

. "A pessoa foi demitida porque fez uma coisa errada", justificou o presidente mundial do banco espanhol; no Rio de Janeiro para encontro educacional promovido pela instituição. Emílio Botín se referiu ao relatório a clientes de alta renda com a recomendação de ter cuidado com o crescimento da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas, porque isso significaria piora na situação econômica.

.  Iinadmissível", classificou a presidente. O banqueiro foi criticado pessoalmente pelo ex-presidente Lula, que o chamou de 'querido'.  "Para ele (Lula), só tenho elogios", disse Botín, confirmando a demissão do analista identificado como responsável pelo texto.

. O governo Dilma Roussef e o PT, aplacados, podem agora passar novamente o chapéu diante do banqueiro, que na eleição anterior entregou R$ 1 milhão para a campanha presidencial petista.

Cidade subterrânea do Hamas desafia Exército


Operação já destruiu 31 túneis, mas extensão de rede pode ser bem maior que o esperado

Por Daniela Kresch/Especial para o Globo

TEL AVIV — "Gaza de baixo", "cidade subterrânea", "metrô de Gaza". É assim que o emaranhado de túneis subterrâneos escavados pelo Hamas e por outros grupos islâmicos da Faixa de Gaza é chamado pelos israelenses, que, ao que tudo indica, se espantaram com o labirinto de escavações que estão encontrando na região. Os militares revelam ter descoberto 31 túneis desde o começo da fase terrestre da operação "Limite Protetor", no dia 17 de julho. Mas especialistas apontam para um número bem maior, no que consideram ser um dos maiores esforços de construção do Hamas nos últimos anos.

Cada túnel tem várias entradas e ramificações, que os israelenses chamam de "artérias". A maioria tem paredes de concreto, eletricidade, telefonia, comida e fontes d'água, além de arsenais de armamentos, uniformes e até mesmo algemas e seringas com tranquilizantes (que seriam usados em tentativas de sequestro). Um dos túneis, de mais de um quilômetro e meio de extensão a 18 metros abaixo da terra, descoberto em 2013, utilizou mais de 500 toneladas de concreto a um custo estimado de US$ 10 milhões, suficientes para a construção de um prédio de três andares. Outras escavações têm até 2 quilômetros, mas a média de extensão é de 400 metros. Segundo o governo israelense, o dinheiro para as obras vem, atualmente, do Qatar.

Para não serem detectados, os construtores desenvolveram seus próprios métodos. Quase todas as entradas para os túneis clandestinos ficam dentro de prédios, incluindo casas de civis, repartições públicas ou estufas, o que facilita a retirada de terra sem que os israelenses detectem por via aérea.

- Temos que entrar em áreas urbanas para proteger nossas tropas que procuram por esses túneis - alega o general Gadi Shamni a jornalistas numa entrevista sobre as construções, admitindo que Israel não tem tecnologia, atualmente, para detectar essas obras.

Os túneis também são usados como depósitos de armamentos e esconderijos de militantes, o maior objetivo é ações de infiltração em Israel. Foi o que admitiu o porta-voz do Hamas, Abu Obeida em entrevista à rede de TV Alj-azeera.

- Os túneis são apenas uma arma usada pela resistência. Eles podem ser usados como posições de defesa, mas são transformados em posições de ofensiva a qualquer momento.

Os túneis começaram a ser construídos há décadas, mas tinham como objetivo primordial o contrabando de armas. Em 2007, no entanto, o Hamas tomou o controle da região, levando Egito e Israel a fecharem as fronteiras. Os túneis, então, se transformaram em meio de entrada de todo e qualquer produto a Gaza, de comida a carros. Em seu auge, entre 2007 e 2010, mais de 1,5 mil túneis movimentavam US$ 800 milhões e empregavam 7 mil pessoas.

De acordo com um relatório divulgado em 2012, o esforço de construção fez pelo menos 160 crianças como vítimas fatais. Isso porque muitos dos "ratos de túneis", como são chamados os trabalhadores dessas construções, são crianças. Segundo o documento "O fenômeno túnel de Gaza: A dinâmica involuntária do cerco de Israel", do Instituto de Estudos Palestinos, as autoridades locais não agiram para impedir o trabalho infantil.

Mas as escavações passariam por outra transformação a partir de 2011, depois que o Egito destruiu quase todos os túneis em sua fronteira: a infiltração de militantes em Israel para ações terroristas ou de sequestro A maior vitória do Hamas e de outros grupos islâmicos é justamente o fato de que israelenses foram pegos de surpresa. No dia 17 de julho, 13 militantes do Hamas conseguiram se infiltrar em Israel por um desses túneis, emergindo do outro lado a menos de 100 metros do Kibutz Sufa. Outras cinco tentativas aconteceram.

- A operação Limite Protetor é um milagre, uma campainha de alerta que ecoou e revelou o que estava sendo construído do nosso lado, em baixo dos nossos narizes – diz Ban Caspit, colunista do jornal Maariv.

Para Caspit, trata-se de uma negligência histórica israelense, até porque, em 2006, o soldado Gilad Shalit, sequestrado por islamistas, foi levado para a região por um desses túneis. Moradores das comunidades em torno da fronteira há anos afirmam escutar escavações debaixo da terra. Já se fala da instauração de uma comissão de inquérito em Israel para investigar o assunto.