quarta-feira, 4 de julho de 2012

Confira dicas de como organizar o armário para a chegada do frio


O Pense Imóveis pediu sugestões a Patrícia Damiani da Ordenare Casa Organizada para ajudar você a guardar as roupas de verão e a organizar as de inverno da melhor maneira

Com a chegada do frio, vem também a necessidade de se reorganizar as roupas no armário. Blusas de tecidos leves e bermudas dão lugar a casacos pesados, mantas e blusas de lã. O Pense Imóveis pediu dicas a Patrícia Damiani da Ordenare Casa Organizada para ajudar você a fazer essa mudança e organizar seu closet.

Sai o verão, entra o inverno
Uma das primeiras coisas a se fazer é tirar o cheiro de guardado das roupas de inverno, que ficaram guardadas na parte de cima do armário por mais de seis meses. Patrícia sugere que se coloque essas roupas em cabides e depois no sol. Isso, segundo ela, muitas vezes faz o cheiro sumir. 

Se isso não acontecer, a saída é levar as roupas novamente, seguindo as instruções e cuidados de cada peça. "A lavagem depende muito de como as roupas foram aguardadas anteriormente", explica Patrícia.

Atenção na hora de guardar as roupas de verão. "Nunca se guarda em sacos comuns ou capas plásticas a roupa de uma estação para outra", afirma Patrícia Damiani. A organizadora aconselha que se use esses novos sacos plásticos, os space bags. Essas embalagens à vácuo, além de reduzirem o espaço ocupado, protegem as roupas contra fungos, bactérias, odores, pó e insetos. 

Outra solução é guardar as peças em caixas transparentes. "Sempre visualizando o que tem dentro da caixa, no caso de ter que pegar alguma peça fora da estação", explica ela.


Mantas, echarpes e pashiminas
Uma das maiores dificuldades na hora de arrumar o armário de inverno é como organizar mantas, echarpes e pashiminas que, geralmente, não sou poucas.

No caso de não haver gaveteiros suficientes para todas as peças, Patrícia aconselha que se use caixas transparentes. "Elas podem ser de acetato ou plásticas", diz ela, sugerindo que as mantas fiquem ordenadas por cores. Se a pessoa preferir, pode usar cabides, mas cuidado: não se coloca mais de uma peça em um cabide, o correto é uma em cada um.

Dicas valiosas
- "A organização ideal é aquela em que tudo que é visto é lembrado", afirma Patrícia Damiani.
- A técnica das dobras faz com que caibam mais roupas nos armários, prateleiras, gavetas e cômodas;
- Na hora de cabides pendurados, o segredo é usar cabides de tamanho padrão. Uma peça por cabide.

Uma das melhores críticas sobre a criação nos tempos atuais



Quino, autor da Mafalda, desiludido com o rumo deste século no que diz respeito a valores e educação, deixou impresso no cartum o seu sentimento:



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"A estupidez é infinitamente mais interessante que a inteligência. 
A inteligência tem limites, mas a estupidez, não".      Claude Chabrol

Você conhece mesmo o PT? - FELIPE MELO


O Partido dos Trabalhadores governa oficialmente o Brasil desde 2003, quando Lula foi eleito presidente. Em dez anos, nunca antes da história deste país viu-se tanto desmando, tanto desbunde, tanto desbrio, tanto descalabro, tantos desvios de verbas e de caráter. O PT teve a proeza de destronar da vida pública de modo praticamente definitivo todas aquelas características que eram vistas, desde os idos da Grécia clássica, como essenciais para o exercício da política: verdade, hombridade, maturidade, honra e honestidade. Se antes aqueles que se desviavam dessa linha-mestra eram vistos como incidências abjetas na vida política brasileira, hoje o próprio desvio é que se transformou em linha-mestra.
Por mais que se repise essa constatação, há grande resistência por parte de uma multidão (para não dizer manada) de gente bem-intencionada, excessivamente ingênua e facilmente enganável, em admitir que, na última década, o nosso país piorou sob todos os aspectos – político, econômico, social, jurídico e cultural. O PT ainda é diuturnamente tratado como a grande vítima das próprias impropriedades que cometeu, como se os planos meticulosamente traçados para se obter e manter o poder no Brasil fossem ora apenas deslizes cometidos por uma minoria aloprada, ora métodos tortos cujo objetivo era apenas garantir o bem do povo ao se buscar a perpetuação do partido no governo.

Há um sem-número de documentos emitidos pelo próprio PT que indica de maneira incontestável o projeto de poder do partido. O radicalismo socialista troglodítico foi substituído por um radicalismo socialista sofisticado, cheio de finesse e com ares de alta intelectualidade, mas o objetivo continua sendo um e o mesmo: enredar a nação em seus tentáculos pegajosos indefinidamente. Esse afã pelo poder não é um “privilégio” apenas do Partido dos Trabalhadores aqui no Brasil: diversos outros partidos, organizações, institutos e que tais, aqui e lá fora, possuem o mesmo objetivo, e, ao contrário do que a insistência extraordinariamente estúpida de um exército de analistas e experts garante, esse objetivo é perseguido de modo muito bem articulado a nível internacional. A própria existência de uma organização como o Foro de São Paulo é, de per si, prova cabal desse fato.

Aliás, o próprio documento preparado pelo PT para o XVIII Encontro do Foro de São Paulo, que ocorre em Caracas ao longo dessa semana, é mais uma peça que explicita, naquela típica linguagem melifluamente “progressista e de esquerda”, os objetivos do PT. Todas as citações que aqui farei são traduções livres de trechos do documento do partido, que foi divulgado em língua hispânica.

O primeiro grande destaque do documento é a defesa da necessidade de se instrumentalizar organizações variadas da sociedade civil para que o PT continue no comando da nação. Nesse sentido, o documento afirma que “o PT terá de dedicar-se com mais empenho a organizar as camadas populares, em particular os trabalhadores assalariados, em sindicatos, movimentos populares urbanos e rurais, associações femininas, movimentos de juventude, instituições desportivas e culturais, e em um sem-número de formas criadas por iniciativa das classes e camadas populares.” Quem aponta isso é o próprio presidente nacional do partido, Rui Falcão, que complementa:
Somente com a participação ativa dessas camadas populares, o PT e o governo poderão vencer as resistências que os setores conservadores, na sociedade, no Congresso e inclusive em setores do aparato do Estado, interpõem às reformas indispensáveis ao plano de desenvolvimento econômico e social que façam do Brasil um país verdadeiramente soberano, independente, e com um povo material e culturalmente avançado.
Notem que “PT” e “governo” são utilizados como se fossem a mesma coisa, partes indissociáveis do mesmo organismo. Esse tom é mantido ao longo de todo o documento: o Partido dos Trabalhadores é visto indisfarçavelmente como o único membro legítimo do governo – ou seja, o PT é o governo. Essa visão é acompanhada sempre e em toda parte pela defesa da superioriedade moral do partido, uma vez que ele é o único que pode tornar o Brasil “culturalmente avançado”.
O PT – que, à guisa de personagem orwelliana, será doravante denominado apenas por Partido, com maiúscula – não objetiva, entretanto, o governo, e quem lembra isso muito bem é Iole Ilíada, secretária de relações internacionais do Partido. A conquista do governo não garante a conquista do poder – algo que, segundo Gramsci, dependia da correlação de forças (rapporti di forze) entre burguesia e proletariado. O objetivo do Partido no governo seria, portanto, atuar na alteração da correlação de forças, ou seja, “deslocar a burguesia como classe hegemônica e dominante” e “transferir poder (em suas várias formas: político, econômico, cultural etc.) às classes trabalhadoras”. O Partido, como já se desconfiava, não está no governo para melhorar a vida da população e trabalhar efetivamente para o desenvolvimento nacional: “vale a pena ser governo quando a esquerda é capaz de usar sua presença como um fator de deslocamento da correlação de forças a favor dos trabalhadores”. E Iole é enfática: “Não se trata aqui de pensar em uma alteração da correlação de forças que gradualmente nos conduza do capitalismo ao socialismo, mas em um processo de acumulação de forças que, em algum momento, pode tornar possível a ruptura desejada.”
Há um nome que define muito bem a “ruptura desejada” que o Partido tanto almeja: revolução. Não falamos aqui daquela revolução tradicional, com sublevação armada e derramamento de sangue, ao modo das revoluções francesa e russa, mas de revolução cultural, estrutural, gramsciana. Continua Iole:
O reconhecimento dessa falta de transferência efetiva de poder aos trabalhadores é importante porque a presença da esquerda no governo pela via eleitoral, por mais que a queiramos duradoura, pode ser transitória. Isso faz com que seja necessário que as mudanças se convertam em transformações estruturais, de difícil reversão por parte de governos de direita que nos possam suceder. Mais ainda, tal reconhecimento é importante para ampliar a consciência e a capacidade de organização, intervenção social e luta dos trabalhadores, de modo que a acumulação de forças possa apontar para a necessidade de conquistar não apenas o governo, mas também o poder.
Extrapolando o contexto nacional, o partido reafirma em quase todos os parágrafos do documento ao XVIII Encontro do Foro de São Paulo seu compromisso com a integração regional – não de países, não de nações, mas de organizações “progressistas e de esquerda”, de modo a formarem uma plataforma comum com engrenagens bem azeitadas que girem na sincronia necessária para tingir de rubro todo o subcontinente. Renato Simões, secretário de movimentos sociais do Partido, explica como isso é visto (e quisto) pelo Partido:
Em sua grande maioria, os partidos progressistas e de esquerda da América Latina se organizam no Foro de São Paulo, cuja influência política vem crescendo, ano após ano, para suas responsabilidades partidárias, seja como membros de governos eleitos, seja como as principais forças de oposição a governos neoliberais. [...]

Em vários países, os movimentos sociais buscam avançar em sua organização, superando fragmentações e pulverizações marcadamente impostas pela hegemonia neoliberal. Eles buscam eixos políticos mais nítidos e unificados para incidir na correlação de forças na sociedade e frente aos governos nacionais. No Brasil, há um importante esforço no sentido de consolidar a CMS – Coordenação dos Movimentos Sociais, que hoje integra os movimentos sociais mais representativos do país. [...]

A recente instalação de uma Comissão de Movimentos Sociais junto ao Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo mostra que estamos atentos aos desafios de consolidar estruturas próprias para o diálogo partidário com os governos e movimentos sociais. Como disse a companheira Dilma Rousseff em seu discurso ao Diretório Nacional do PT, antes de assumir a presidência da República, em um terceiro período de governo é essencial aceitar as relações entre o Partido, o Governo e os Movimentos Sociais, trincheiras de uma mesma luta, espaços estratégicos para um mesmo projeto, essencial para a transformação de nossa sociedade.
Uma vez mais, tocamos aqui na simbiose orgânica necessária para a conquista do poder no Partido e sua manutenção: comandar o governo e cooptar os movimentos sociais. O que se busca é a pura instrumentalização ideológica de todos os meios disponíveis para que o Partido tenha controle total e irrestrito sobre a nação. Essa conclusão não é fruto de um delírio que brota de uma mente conservadora (e, portanto, patologicamente perturbada), mas apenas de simples interpretação de texto: é isso o que está escrito, e de modo claro e cristalino.

No entanto, a conquista da hegemonia, dentro da visão gramsciana que permeia o Partido integralmente, só se pode dar de modo seguro e duradouro através da atuação de intelectuais orgânicos – “intelectuais que, além de especialistas na sua profissão, que os vincula profundamente ao modo de produção do seu tempo, elaboram uma concepção ético-política que os habilita a exercer funções culturais, educativas e organizativas para assegurar a hegemonia social e o domínio estatal da classe que representam (Gramsci, 1975, p. 1.518). Conscientes de seus vínculos de classe, manifestam sua atividade intelectual de diversas formas: no trabalho, como técnicos e especialistas dos conhecimentos mais avançados; no interior da sociedade civil, para construir o consenso em torno do projeto da classe que defendem; na sociedade política, para garantir as funções jurídico-administrativas e a manutenção do poder do seu grupo social” (SEMERARO, 2006). 
Como garantir, então, que haja tais intelectuais orgânicos que, ao longo das décadas, atuem para a conquista e a manutenção do poder por parte do Foro de São Paulo? Carlos Henrique Árabe, secretário de formação do Partido, relembra que, durante o XV Encontro do Foro de São Paulo, no México, ocorreu a primeira reunião de escolas e fundações do FSP, que apontou para a necessidade de “abordagem, vinculação, intercâmbio e cooperação entre as fundações, universidades, escolas de formação e outras entidades educacionais e de treinamento dos partidos integrantes do Foro de São Paulo, nas áreas de investigação, formação e divulgação.” O objetivo central eleito pelas organizações que participaram dessa reunião foi a criação da Escola Latinoamericana de Formação Política, uma universidade internacional do Foro de São Paulo para a formação de quadros partidários, lideranças de ONGS e movimentos sociais e, de modo particularmente especial, intelectuais orgânicos.

O Foro de São Paulo tem avançado em praticamente todos os campos em que se dispôs a atuar e, com exceção de algumas incansáveis iniciativas ainda isoladas (e constantemente ignoradas pelos veículos de informação e o público geral), sua própria existência tem passado despercebida. O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, um dos artífices do documento do Partido para o encontro do FSP, faz questão de lembrar: “As mudanças profundas que vêm experimentando nossos países há anos, sobretudo onde as esquerdas estão no governo, são resultado de dinâmicas internas, evidentemente. No entanto, elas também são consequências de um processo político coletivo que teve no Foro um lugar privilegiado.”
A UNASUL (União das Nações Sul-Americanas), a CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), a Telesur, a ALBA (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América), todas essas iniciativas foram gestadas no ventre do Foro de São Paulo. Todas as ações desses grupos são unívocas e convergem para o mesmo objetivo: o controle total do subcontinente americano por uma verdadeira camarilha de genocidas em potencial. Quando se atam os elos soltos, que aparentemente nada tem a ver uns com os outros, vê-se com clareza quão bem se encaixam e como a corrente que formam é coesa e aprumada. E é justamente a ausência de qualquer esforço em larga escala para divulgar os planos do Foro de São Paulo que faz do (ingrato) trabalho daqueles que se propõem a monitorar os passos desse grupo algo tão precioso e necessário. E é um trabalho que precisa melhorar: devemos aumentar a capilaridade do fluxo de informações sobre o Foro de São Paulo e estimular outras iniciativas (dentro e fora do Brasil) que objetivem ao desmascaramento do grupo.
Já escrevi em outros textos e volto a afirmar: estamos em guerra. Cedo ou tarde, ela baterá com força à nossa porta, e, aí, já não poderemos fazer mais nada.


Felipe Melo edita o blog da Juventude Conservadora da UnB.


A economia das falácias - Ubiratan J. Iorio



QUARTA-FEIRA, 4 DE JULHO DE 2012





O governo brasileiro vem promovendo uma verdadeira marcha à ré em termos de intromissão nas liberdades individuais e econômica. A “coisa” chega a impressionar pela intensidade, pela atrocidade e – naturalmente – pela necedade (um eufemismo para burrice).


Semanalmente, para não dizermos diariamente, somos surpreendidos por medidas governamentais que nos fazem pensar que voltamos à metade do século passado, àquele período em que ainda se acreditava que as teorias ditas “desenvolvimentistas” da Cepal poderiam produzir resultados bons. Haja paciência!


Neste artigo, vamos apenas mencionar algumas falácias que serviram de base para muitas dessas medidas, ressaltando a tristeza com que escrevemos isso, já que coisas assim deveriam fazer parte apenas de livros de história, para servirem como exemplo daquilo que não deve ser feito.


A primeira é a ideia de que A é pobre porque B é rico, A e B podendo ser pessoas, regiões, países, etnias, gêneros, etc.. Tal bobagem, derivada da teoria da exploração de Marx, simplesmente desconhece (ou finge desconhecer) que a história é dinâmica. Conduz, por exemplo, à política externa do PT, que parece guiada por um pretenso teorema, segundo o qual o somatório das pobrezas seria igual à riqueza...


A segunda deriva da primeira. É a crença de que a tributação deve ser “progressiva”, algo como um “corolário ou lema de Robin Hood”... Ora, todo e qualquer tributo nada mais é do que uma extorsão praticada por um agressor, no caso, o estado, contra cidadãos e empresas. Se você é rico, a agressão deverá ser maior do que se você for pobre, segundo os gênios que defendem essa teoria (e não são poucos). Se assim é, para que trabalhar ou empreender para ser rico, então? Mas essa pergunta não passa pela cabeça dos que acreditam nesse conto da floresta de Sherwood...


Estas duas primeiras falácias ilustram perfeitamente como é grande a ignorância a respeito das causas da riqueza, que são as recíprocas das causas da pobreza, bem como a absoluta falta de compreensão de que a economia não é um jogo de soma zero.


Uma terceira falácia é a ideia de que a legislação trabalhista e seus penduricalhos, como o salário mínimo, os encargos e os sindicatos protegem os trabalhadores, o que, em um governo que tem nos sindicalistas uma de suas bases de apoio, tem sido levado às últimas consequências. Na verdade, como escreveram Mises, Rothbard, Hayek e praticamente todos os austríacos, essa legislação apenas prejudica os trabalhadores, além de provocar desemprego.


A quarta é que políticas industriais seriam boas para o crescimento da economia. Ora, essas políticas nada mais representam do que escolhas, por parte dos que detêm o poder, de quais setores serão beneficiados e, consequentemente, de quais serão prejudicados. Além disso, partem do pressuposto teórico de que os burocratas são mais bem informados do que o processo de mercado, para ditarem quais setores são merecedores da ajuda do governo e quais devem ser punidos. Claramente, é um convite a lobistas, um desvio da função empresarial e um convite à corrupção.


A quinta é que o protecionismo é bom para enfrentar a concorrência estrangeira. Sem dúvida, esta é uma proposição que mostra que o mercantilismo está mais vivo do que nunca. Querem que você, consumidor, compre, digamos, um carro ou um computador produzido no Brasil, de qualidade duvidosa e preço exorbitante, quando poderia comprar um modelo importado, melhor e mais barato. Ou que voe em duas empresas que oferecem serviços precários e cobram caro, quando poderia voar em outras empresas estrangeiras, com serviços melhores e mais baratos. Sua opção restringe-se a: aceita uma balinha ou uma barra de cereais, senhor?


A sexta é que exportar é “bom” e importar é “ruim”, tolice que equivale a afirmar que “vender é melhor do que comprar”. Haja paciência para suportar tanta ignorância. Em artigo recente no site do IMB, Leandro Roque mostrou a situação ridícula criada pela Receita Federal, que resolveu intensificar a fiscalização nos aeroportos internacionais brasileiros, para evitar que tragamos produtos de “alta periculosidade para a segurança nacional”, como computadores, camisas, vinhos e outros produtos de qualidade superior e que podem ser comprados a preços baixos no exterior. A falácia de que comprar é ruim e vender é bom é, pura e simplesmente, mais um exemplo de mercantilismo regado a teorias “macroeconômicas” de sabor keynesiano. Ou seja, duas bobagens em uma! Mamma mia, será que esses caras não conseguem perceber que países não compram e nem vendem nada? Que quem faz isso são pessoas físicas e empresas? E que, em transações livres, quem compra sai satisfeito, assim como quem vende? Ah, o déficit externo, dirão alguns... Caramba, que se dane o déficit (ou o superávit) externo das “contas nacionais”, até porque, se a taxa de câmbio for flutuante, a tendência é que eles sejam eliminados!


Uma sétima falácia vem sendo usada para sustentar diversos pacotes do governo desde o segundo mandato de Lula: a de que as políticas de estímulos ao consumo seriam ótimas para o crescimento da economia e, de tabela, para esconjurar a maldita “crise internacional”. Ora, assim como Esaú, que trocou os privilégios de sua primogenitura por um mero prato de lentilhas, essas políticas conseguem no máximo proporcionar um boom artificial, logo seguido por recessão ou por uma mistura de recessão com inflação, conforme a Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos (TACE) não se cansa de ensinar.


Uma derivada dessa falácia é a crença de que o governo é que deve determinar qual deve ser a taxa de juros. E que, se a presidente do país obrigar os bancos oficiais a reduzirem os juros (leia-se, a trabalharem no vermelho), os bancos privados também reduzirão suas taxas de juros. Aquela senhora de Brasília parece desconhecer, primeiro, as verdadeiras causas das altas taxas de juros no Brasil (déficit público, inadimplência, elevada taxa de recolhimento compulsório e altos impostos); segundo, que as taxas reais de juros não obedecem a comandos ou ordens de alguma “sargentona”, mas sim a forças de demanda e oferta de fundos; e terceiro, que se pode perfeitamente levar um cavalo até a beira de um rio, mas não se pode obrigá-lo a beber água... Por fim, mostra também absoluto desconhecimento da TACE – o que não é de se estranhar. Juros artificialmente baixos hoje significam necessariamente juros altos amanhã, cara senhora!


Finalmente, a falácia mãe, a de que o estado deve ser o “indutor” do crescimento. Com certeza, os mercados são “burros” e os burocratas iluminados, para quem acredita nisso! Além disso, o conhecimento dos burocratas das circunstâncias de tempo e lugar é infinitamente superior aos dos agentes individuais... Ah, quanta pretensão! Não precisamos mais do que um argumento para rebater prontamente essa falácia: quando alguém lhe disser isso, reaja perguntando a seu interlocutor se ele conhece algum exemplo de economia que conseguiu se desenvolver sob a tutela do estado. Fale da antiga URSS, de Cuba, do caos que está vivendo a Venezuela, da ilusão que foi a Suécia. Enfim, há dezenas de exemplos para refutar essa bobagem estatista.
Dói saber que a economia do Brasil vem progressivamente, sob a batuta do PT, submergindo nessas falácias e nas políticas que elas geram. Vamos precisar, depois, de décadas para consertar tantas asneiras...


Estamos em plena era da economia das falácias. Sinceramente, eu não aguento mais!

OBRA-PRIMA DO DIA - PINTURA Hieronimus Bosch: Os Sete Pecados Capitais (parte 3)


A DO DIA

Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 
4.7.2012
 | 12h00m

Para os que não acompanharam a primeira e a segunda parte, sugiro que aproveitem que estão 'linkadas' e leiam para apreciarem melhor o que vão ver agora:

 
Inveja (Invidia)

Preguiça (Accidia)

Luxuria (Luxuria)

Orgulho (Superbia)

Crédito imobiliário é 5% do PIB, diz Ricardo Amorim


Especialista explica por que o momento para investir em imóveis é agora, mesmo com os preços salgados. Para Ricardo Amorim, os preços tem fôlego para subir, inclusive no segmento de alto padrão


    Como qualquer investimento, a aquisição de imóveis pensando em futura venda ou aluguel também tem sua carga de risco. Embora a valorização seja quase certa, nada garante de quanto será. Outra questão é a liquidez. Uma coisa é ter o apartamento bem avaliado, outra é encontrar um comprador disposto a pagar o valor da avaliação. Para reduzir esse risco, o especialista Ricardo Amorim recomenda o bom e sempre indispensável planejamento.
    Para Ricardo Amorim, os preços tem fôlego para subir, inclusive no segmento de alto padrão. Saiba por quê na entrevista abaixo.
    Com os preços em elevação, o momento não é complicado para a compra de imóveis?
    Baseado na forte elevação dos preços dos imóveis no Brasil nos últimos anos, muitos concluem que os preços estão altos. No entanto, ao contrário do que a maioria acredita, os preços no Brasil não são mais altos do que na maior parte do mundo, pelo contrário. Nenhuma cidade brasileira está entre as 50 com preços de imóveis mais elevados.
    Quem quer comprar para investir não fará melhor se deixar para comprar mais tarde, quando os juros caírem mais?
    Pelo contrário. À medida que o custo de financiamento baixa, mais gente resolve comprar imóveis e mais os preços sobem com o aumento da demanda. Aliás, é isto que vem acontecendo desde 2004, impulsionando o preço dos imóveis. É provável que quem preferir esperar até consiga, efetivamente, pagar juros mais baixos, mas a alta do preço dos próprios imóveis deve acabar deixando a conta mais salgada, mesmo com juros menores.
    Que outros motivos fizeram os preços subirem tanto no Brasil nos últimos anos?
    Os preços eram absurdamente baixos em comparação com o resto do mundo devido à quase total falta de crédito no País, que limitava muito a procura por imóveis. À medida que o crédito começou a se expandir e as taxas de juros a cair, a procura aumentou e os preços subiram.
    A alta chegou ao seu limite ou deve continuar nos próximos meses?
    O ponto é que o total de crédito imobiliário no Brasil é de apenas 5% do PIB brasileiro, comparado com mais de 90% do PIB nos EUA e números similares na Europa e no Japão. Isto indica que o potencial para expansão do crédito imobiliário e, por consequência, de preços ainda é significativo no Brasil.
    O mercado continua aquecido no segmento AA?
    Neste segmento, é possível que se repita um fenômeno que foi importante no final de 2008 e ao longo de 2009, quando muitos investidores, preocupados com potenciais impactos da crise financeira global em seus ativos financeiros, aumentaram investimentos em imóveis, elevando, em particular, o preço de imóveis de alto padrão que, por terem valores mais elevados, funcionam melhor para receberem investimentos significativos rapidamente. Se a crise europeia e seus efeitos negativos em todo o mundo, inclusive no Brasil, piorarem, como acredito que acontecerá, é possível que este fenômeno se repita, favorecendo este segmento do mercado imobiliário.

    O Banco Central e o câmbio



    3 de julho de 2012 | 20h00
    Celso Ming
    Pela primeira vez nos últimos 20 anos, um diretor do Banco Central vem a público para avisar que as cotações do dólar têm de subir. Mais ainda, têm de subir porque o desempenho da indústria não foi satisfatório dois meses antes. Foi o que declarou nesta terça-feira o diretor de Política Monetária, Aldo Luiz Mendes.
    Mesmo depois de 1999, quando foi definida a livre flutuação do câmbio no Brasil, ninguém no governo federal definiu que essa flutuação se faria de modo absoluto, no sentido de que a cotação da moeda estrangeira seria aquela que fosse determinada pela oferta e procura sem interferência das autoridades.
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    Sempre se soube que o câmbio no Brasil – como, de resto, em todo o mundo – opera no regime de “flutuação suja”. A diferença é que, em 2004, o próprio Banco Central definiu que essa intervenção se faria em duas condições: quando fosse preciso neutralizar a excessiva volatilidade das cotações – caso de uma forte entrada ou saída de dólares: ou houvesse necessidade de formar reservas.
    A partir do governo Dilma, sem declaração prévia, essa regra foi alterada. O próprio Banco Central tratou de puxar as cotações para cima para conter a excessiva valorização cambial (baixa do dólar).
    Com isso, as cotações saltaram para acima dos R$ 2 por dólar, chegando ao máximo de R$ 2,0830 no dia 28 de junho. Nesta semana, o próprio Banco Central voltou a vender moeda estrangeira aparentemente porque entendeu que a desvalorização fora longe demais. As cotações voltaram a cair para abaixo dos R$ 2 por dólar, o que parece ter incomodado em especial o diretor de Política Monetária, que nesta terça-feira passou o recado de que o Banco Central terá de voltar a comprar moeda estrangeira, agora no mercado de derivativos.
    A condução da política de câmbio pelo Banco Central está pouco clara. Tanto não lhe interessam cotações acima de R$ 2,10 por dólar como não lhe interessam cotações abaixo de R$ 2 por dólar, o que, por si só, caracterizaria um limite estreito de variação.
    Porém, mais esquisita é a afirmação de um diretor do Banco Central, cuja única função é cuidar da saúde da moeda, de que, no momento, é o desempenho da indústria que tem de determinar a política cambial, não importando muito as causas do seu baixo resultado nem o comportamento do resto da economia.
    Nesta terça-feira, o IBGE divulgou os resultados de sua pesquisa sobre a produção industrial e o que se viu é decepcionante: queda de 0,9% em maio em relação a abril; queda de 4,3% em relação a maio do ano passado; e de 3,4% nos primeiros cinco meses do ano em relação a igual período do ano passado.
    Tanto a presidente Dilma como o ministro Guido Mantega vêm afirmando que o avanço insatisfatório do sistema produtivo (e não só o da indústria) é consequência da crise internacional – fator que não explica tudo. Em nenhum momento foi adiantado que esse fiasco tem a ver com a excessiva valorização do real nem que a desvalorização induzida até aqui teria de ser acentuada para salvar a produção.
    É incompreensível que uma autoridade da área monetária declare que é preciso empurrar o câmbio, qualquer que seja a direção. Mesmo que decididas equivocadamente, essas coisas não se anunciam; simplesmente se fazem.
    CONFIRA
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    Apesar dos sucessivos pacotes de estímulo, a indústria continua andando para trás. Os números da produção física divulgados nesta terça-feira pelo IBGE apontam queda de 4,3% em maio de 2012 em relação a maio de 2011; e de 1,8% em 12 meses.
    O consumo cresce. Esses maus resultados acontecem ao mesmo tempo que o consumo cresce entre 5,0% e 6,0% ao ano. Ou seja, a indústria não consegue dar conta da demanda. Ela própria prefere recorrer às importações para suprir-se de insumos, peças, componentes, conjuntos e parte da produção. A indústria vai perdendo competitividade a olhos vistos e isso não tem a ver com o câmbio.

    PCC e imprensa, o enigma e o tabu


    Por Mauro Malin em 03/07/2012 na edição 701 - Observatório de Imprensa

    No dia 28 de maio, uma segunda-feira, uma unidade da Rota, tropa de choque motorizada da PM de São Paulo, matou seis homens no bairro da Penha. Alguém viu os PMs executarem um homem dominado e três dos policiais foram presos. Essa notícia foi dada na capa do caderno “Metrópole”, do Estado de S. Paulo, e na página 3 do “Cotidiano”, da Folha de S.Paulo, em 30 de maio.
    Seguiu-se uma onda de assassinatos de PMs – seis foram mortos até quarta-feira, 27 de junho − e de queima de ônibus em diferentes pontos da periferia paulistana. Em 13 dias, nove ônibus foram queimados. Tudo feito no estilo do PCC, com uma mudança: os PMs agora são assassinados não em serviço, mas de folga ou fazendo “bico” como seguranças.
    Praticamente sem falhar um dia, os dois jornais foram até onde poderiam para transmitir aos leitores que se tratava de uma reação do PCC. Usaram uma espécie de mantra: “A polícia investiga se as mortes dos seis PMs são uma retaliação do grupo criminoso PCC à operação da Rota que deixou seis mortos” etc.
    Versão oficial
    Também como um mantra, as autoridades negaram essa possibilidade, em nome sabe-se lá de que cálculo relativo à sensação de insegurança da população ou de olho na campanha para as eleições municipais, já em curso. A negativa oficial foi a versão comprada pela Veja São Paulo (4/7), que cita o delegado-geral da Polícia Civil, Marcos Carneiro: “Só com a prisão de envolvidos é possível saber se há conexão entre as várias ações”.
    Carneiro assegurou que “desvendar os crimes” é a prioridade da polícia, como se ela, tecnicamente uma polícia judiciária, pudesse ter outras prioridades. Sempre evitando cuidadosamente citar o PCC, a revista agradece em nome do povo, embora não tenha sido mandatada para isso: “A população espera justamente esse tipo de reação para que não se repita por aqui um pesadelo semelhante ao de 2006” (descrito antes na reportagem).
    A tese por trás dessa recusa a pronunciar a sigla maldita é que assim se evita fazer propaganda involuntária dela.
    Com 158 mortes entre os dias 13 e 27 de junho (ante 57 mortes nos quinze dias anteriores), será que não passa pela cabeça dos jornalistas da Vejinha que “esse tipo de reação” não está funcionando? Que é coisa de esquadrões da morte? Ou será que mortes na periferia não preocupam a revista?
    Em 27 de junho, o repórter Bruno Paes Manso gravou um vídeo para o Estadão Online com explicações sobre a trajetória do PCC. Ele aponta relações espúrias entre PMs e traficantes como um dos fatores que alimentam o clima de tensão. Veja aqui.
    No domingo (1/7), finalmente, o Estadão pôde afirmar: “PCC deu a ordem para matar 6 PMs entre os dias 12 e 23”. Essa confirmação veio de interceptações telefônicas feitas por diferentes departamentos da Polícia Civil paulista. Ainda na terça-feira (3/7), a Folha repetia que "a polícia investiga se as mortes..." etc.
    Dentro e fora das cadeias
    O PCC é um enigma e um tabu. Enquanto a organização criminosa crescia nos últimos anos, pouco se acrescentou ao que já se sabia sobre sua composição, seus métodos, seus laços com a máquina do Estado (polícias, em primeiro lugar). Essa omissão é um dos artifícios que as autoridades de segurança usam para não passar aos cidadãos o quadro real da criminalidade organizada nas cadeias e fora delas. Os dois maiores jornais paulistas aproveitam cada possibilidade que lhes surge para avançar nesse conhecimento, mas não conseguem ir muito longe.
    A negação da existência do PCC acompanha a própria trajetória dessa sigla mafiosa. Eis um resumo da história de seu nascimento.
    Em 1992 houve o massacre do Carandiru – 111 presos (número oficial) foram mortos pela tropa de choque da PM. Em 1993, no Piranhão de Taubaté, à época praticamente a única prisão segurança máxima do estado de São Paulo, nasceu o PCC, cujo nome seria pronunciado oficialmente três anos depois pelo então deputado estadual Afanázio Jazadji, que presidia uma CPI. Assim, o Primeiro Comando da Capital entrou no Diário Oficial do estado.
    Facção não era ficção
    Mas a imprensa levou mais um ano para mencionar a sigla e o grupo. Só em 1997, a jornalista Fátima Souza, então na TV Bandeirantes, fez uma reportagem em que era pronunciado o nome da organização. Fátima foi enfaticamente desmentida. O secretário da Administração Penitenciária da época, Benedicto Marques, em entrevista à rádio Jovem Pan, disse que a jornalista tinha inventado a sigla para ganhar ibope. Segundo Fátima, Marques afirmou que se tratava “de uma ficção, não de uma facção.” O governador Mario Covas ecoou a declaração do auxiliar.
    Em 2001 houve uma primeira megarrebelião em 29 unidades prisionais paulistas. Faixas com o nome Primeiro Comando da Capital e com a sigla PCC foram estendidas.
    Em maio de 2006, a suposta ficção, o PCC – com a ajuda de emissoras de rádio e televisão sensacionalistas –, parou a maior cidade do país, após ter dado ordem para rebeliões que eclodiram em 74 unidades prisionais, algumas delas de outros estados.
    Monopólio da violência
    A edição de domingo (1/7) do Estado de S.Paulo ouviu a socióloga Camila Nunes Dias, que em 2011 defendeu na USP tese de doutorado com o título “Da pulverização ao monopólio da violência: expansão e consolidação do Primeiro Comando da Capital (PCC) no sistema carcerário paulista” (a tese pode ser lida aqui). Ela atribui a “pacificação” de São Paulo (um dos fatores que contribuíram para a redução dos índices de homicídio no estado nos últimos anos) a “um equilíbrio precário de forças, envolvendo os agentes do ‘mundo do crime’, as forças policiais e o sistema prisional”.
    Sua opinião sobre a política do governo estadual (Geraldo Alckmin, em 27 de junho, desafiou os bandidos a entrarem em confronto com a polícia, disse que eles estão desesperados, que serão presos, que, se enfrentarem a polícia, “vão levar a pior”): “As ações do governo são, a meu ver, desastrosas”.
    Explicação: não há controle das polícias, que aceitam corrupção e violência ilegal; as polícias civil e militar vivem em guerra (adivinhe, plácido leitor, qual é o pomo da discórdia); a expansão do sistema prisional paulista só piora o quadro. “Isso forma o caldo necessário não apenas para o aparecimento de grupos como o PCC, mas para seu fortalecimento e para explosões cíclicas de violência”, afirma a socióloga, professora da Universidade Federal do ABC.
    O PCC já tentou eleger seu deputado estadual. Nisso, não teve o sucesso de um Carlos Cachoeira, que supostamente ajudou a eleger governador, senador, deputado, prefeito, vereador em Goiás e Tocantins. Deixado na sombra, o PCC tem melhores condições para se aprimorar no campo político. É o destino de toda máfia.

    Itamaraty à deriva



    by Fábio Pannunzio

    Fernando Rodrigues
    A crise produzida pela deposição-relâmpago de Fernando Lugo no Paraguai, no mês passado, tem sido útil para a presidente Dilma Rousseff. Ajudou a tornar ainda mais evidente um problema gerencial grave no Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
    O Itamaraty desenvolveu um defeito crônico: não informa ao Planalto de maneira eficaz nem rápida sobre o que se passa no mundo. Some-se a essa anomalia gerencial a má vontade da presidente quando tem de tratar com seus diplomatas.
    Só depois de a Câmara dos Deputados do Paraguai já haver votado o impeachment de Fernando Lugo é que Dilma foi informada sobre o fato. O Brasil e alguns parceiros latino-americanos reagiram enviando uma comissão de ministros das Relações Exteriores a Assunção.
    Passado algum tempo, sabe-se que foi um ato patético. Não foi pior porque os políticos paraguaios foram magnânimos e tiveram a grandeza de não humilhar os diplomatas estrangeiros em público.
    Essa incapacidade de gerir informações no Itamaraty não é de hoje. Numa ocasião, o ex-presidente Lula comandava uma reunião na qual seria decidido se o Brasil concederia mais benefícios ao Paraguai pelo uso da energia de Itaipu.
    Lula citou uma pesquisa na qual a imagem brasileira no Paraguai aparecia muito associada a Itaipu. Teria de ceder. O então ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, não conhecia o estudo. Indagou de onde era. E a resposta: da embaixada brasileira em Assunção.
    É claro que há muita gente competente no Itamaraty. Mas esse preparo formal não tem se traduzido em bons resultados para o país.
    O cenário fica mais grave, e até dramático, por causa do desprezo quase público que a presidente nutre pelos diplomatas. Ao agir assim, ela opta pelo caminho mais curto em direção a outras decisões temerárias na sua política externa.

    Paraguai exibe “provas” de ação de Chávez



    by Fábio Pannunzio

    O novo governo paraguaio apresentou ontem vídeos que, segundo ele, comprovam que o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, se reuniu com o alto comando militar do Paraguai antes da deposição de Fernando Lugo da Presidência.
    Além do ministro do governo Hugo Chávez, o embaixador equatoriano Julio Prado estaria no encontro.
    "Tenho certeza de que serão entregues [cópias das gravações] aos órgãos responsáveis", afirmou a ministra da Defesa do Paraguai, María Liz García, durante entrevista.
    Ela e o presidente Federico Franco acusaram na semana passada os governos da Venezuela e do Equador de tentar promover levante dos militares paraguaios para que Lugo permanecesse no poder.
    As imagens divulgadas ontem mostram que os comandantes das Forças Armadas paraguaias e o chanceler venezuelano estavam presentes no palácio do governo, em Assunção, no dia 22 de junho, momentos antes de o Congresso aprovar o impeachment, em processo que durou pouco mais de 30 horas.

    Momento de aflição



    MERVAL PEREIRA4.7.2012 8h24m
    Na política, há um momento em que ninguém é de ninguém que se define com uma expressão trazida da linguagem nordestina: a situação está de vaca não reconhecer bezerro. Brasília vive tal momento de aflição pela expectativa de um futuro tumultuado na economia, que tem naturalmente reflexos na política. 
    Nesses momentos, não há certeza de nada, e muitas especulações povoam o imaginário normalmente fértil dos políticos. Como sempre, o centro de tais especulações é o ex-presidente Lula, de quem depende o futuro de muita gente. 
    Lula está de posse de todas as suas capacidades natas que fazem dele o grande líder político que é, ou a doença deixou-o sem condições plenas de fazer o que mais sabe, articulações políticas para ampliação ou manutenção do poder? 
    A jogada paulistana, com a escolha de Fernando Haddad e a aliança malufista, é um movimento que levará o governo a arrombar a fortaleza tucana, ou será a prova de que o ex-presidente já não é mais o mesmo?
    O que há por trás dos movimentos do PSB de enfrentamento do PT em várias capitais? 
    Lula tem uma agenda própria com o governador de Pernambuco Eduardo Campos ou, ao contrário, Campos prepara-se para abandonar o barco governista diante da expectativa de um futuro que evidenciará a fadiga de material de um partido que completará 12 anos de poder nacional e espraiou sua influência em todos os níveis governamentais, a ponto de tirar o fôlego de seus aliados? 
    E a relação da presidente Dilma Rousseff com seu “criador”, como vai? Em público, a presidente não perde oportunidade para elogiar Lula, prestando-lhe todas as homenagens possíveis. 
    Na prática, vem adotando posturas governamentais que vão de encontro a pontos chaves da política lulista. A mais recente delas é a reviravolta que deu na política de gestão da Petrobrás, recolocando a empresa no caminho da boa gestão corporativa, refazendo orçamentos, cancelando projetos, retirando da empresa qualquer resquício de politização. 
    A presidente Dilma Rousseff, sem fazer alarde, vem tentando, por exemplo, aprovar no Congresso algumas das chamadas “reformas estruturais” de que o país tanto necessita, relegadas pelo governo Lula quando este desistiu delas para encontrar caminhos mais fáceis de lidar com as corporações e os partidos políticos. 
    Em vez das reformas da Previdência, trabalhista, tributária, Lula descobriu o atalho do Bolsa-Família. O governo Lula neutralizou a ação congressual, montando uma enorme aliança política com partidos completamente distintos programaticamente, mas com um ponto em comum: nenhum deles dá mais valor ao programa do que aos benefícios que possa obter apoiando o governo da ocasião. 
    Ao mesmo tempo, o governo tratou de controlar os chamados "movimentos sociais" com verbas generosas e espaços de atuação política quase sempre neutros, popularmente conhecidos como "oposição a favor". 
    A política sindical é o melhor exemplo dessa neutralização dos eventuais adversários. A Força Sindical, de Paulo Pereira, deixou de disputar poder com a CUT, e juntas ampliaram o espaço de atuação sindical. 
    Uma manobra nesse sentido foi a inclusão das centrais sindicais na distribuição da verba do imposto sindical obrigatório, que um dia Lula prometeu acabar. 
    A presidente Dilma conseguiu aprovar, depois de muitos anos, a regulamentação dos fundos de previdência do funcionalismo público, aprovados no raiar do governo Lula, mas nunca colocados em prática. 
    A mudança do sistema de aposentadoria dos funcionários públicos é dos pontos mais importantes da reforma da Previdência. 
    De fato, o governo tem agora uma nova batalha na reforma da Previdência, com a tendência majoritária no Congresso de terminar com o fator previdenciário, mecanismo criado há 12 anos, ainda no governo Fernando Henrique, para inibir aposentadorias precoces do INSS. 
    A presidente já mandou um recado à sua base parlamentar: só aceita o fim do fator previdenciário se conseguir acordo para o estabelecimento da idade mínima de aposentadoria, que seria de 60 anos para mulheres e 65 para homens para os novos trabalhadores, além de uma legislação que obrigue os que entraram recentemente no mercado de trabalho a permanecer mais tempo na ativa. 
    Caso contrário, deverá vetar qualquer proposta que apenas acabe com o fator previdenciário. 
    A ansiedade provocada pela visão que consideram tecnicista do governo faz com que a base aliada crie uma agenda paralela de aumento dos gastos públicos que nada tem a ver com a decisão do governo de manter uma política fiscal rígida durante a crise econômica internacional. 
    Mesmo sem descuidar da parte de crédito, a arma utilizada pelo governo Lula para enfrentar a crise em 2008, o governo Dilma dá grande importância à manutenção do equilíbrio fiscal, para não perder a credibilidade dos investidores. 
    Por isso, a agenda política do Congresso de aumentos de diversas categorias não está em sintonia com a do Planalto. 
    A decisão da presidente de não participar da eleição municipal, anunciada ontem, é mais um sinal do seu distanciamento do dia a dia da política partidária, o que causa desgaste interno, mas aumenta sua popularidade, especialmente junto à classe média da qual provém. 
    A presidente Dilma equilibra-se entre atitudes republicanas que não privilegiam sua base aliada e um populismo intervencionista na economia, que lhe dão credibilidade junto à opinião pública. 
    E vai levando sua base aliada da melhor maneira que consegue, abrindo os cofres eventualmente para acalmar os ânimos. 
    Mas quanto maior sua aceitação pela população, mais se afasta de seus apoios políticos, o que é um paradoxo de difícil solução.