quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O “CARA”



Magu

Tenho visto por aí que empresas começam a cancelar palestras do molusco falante. Parece que a casa do “cara” começa a cair, aos poucos, mas de maneira segura. Aleluia, irmãos! Parece que os céus estão ouvindo a minoria do povo brasileiro, esses que, no sentido contrário da frase antológica de Nelson, são idiotas da objetividade.esse é o caraJorge Serrão, jornalista independente,  em 14 de Dezembro de 2012 conta com melhores detalhes essas ocorrências, com sua pena virtual saborosa.  ”Além da pressão psicológica que pode fazer mal a um tratamento pós-câncer, o palestrante transnacional Luiz Inácio Lula da Silva já começa a sentir os prejuízos das recentes denúncias de corrupção em torno de seu santo nome. Seis grandes empresas cancelaram palestras que fariam com o líder máximo do Instituto Lula. Três eventos foram “adiados” no Brasil.
Dois cancelados em Portugal e outro não mais acontecerá em Moçambique. O Rosegate exala cada vez mais cheiro de esgoto para o lado do mito Lula da Silva. A petralhada mensaleira se borra de vez com a certeira ameaça de que Marcos Valério, Carlinhos Cachoeira e Paulo Vieira vão apontar quem era o verdadeiro chefe que comandava os inúmeros esquemas de corrupção. A temporada de delação premiada tende a evoluir para uma deletação dos principais integrantes do Governo do Crime Organizado. O cagaço é geral na grande fossa em torno do Palácio do Planalto. O medo de sempre é o crime politicamente insepulto de Celso Daniel – prefeito petista de Santo André sequestrado, torturado e assassinado em janeiro de 2002. Agora, o promotor de Justiça paulista Roberto Wider Filho intimará Marcos Valério Fernandes de Souza a confirmar a informação de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi extorquido em R$ 6 milhões pelo empreiteiro de lixo Ronan Maria Pinto. O MP quer saber se o milionário “pedágio” para parar de ameaçar Lula, José Dirceu e Gilberto Carvalho sobre o hediondo crime contra Daniel foi usado por Ronan na compra do jornal “Diário do Grande ABC”, em 2003. O novo medinho vem do baiano Paulo Vieira. O diretor exonerado da Agência Nacional de Águas mandou avisar que não sairá da Operação Porto Seguro como o chefe da quadrilha. Vieira ameaça denunciar “gente graúda” – bem acima dele. O fato concreto e explosivo é que Vieira era parceiro de Rosemary Nóvoa Noronha – apadrinhada de Lula da Silva na chefia de gabinete da Presidência da República em São Paulo. Vieira negocia uma delação premiada que pode tornar ainda mais deficitária a conta moral da petralhada – uma espécie de rato de esgoto que, se não for extinta, deve ser banida da vida pública diretamente para a privada. Como o texto é mais longo, vejam a íntegra: Empresas cancelam palestras com Lula

PASSAPORTES DIPLOMÁTICOS



Giulio Sanmartini
O Itamaraty (ministério das Relações Exteriores) sempre foi uma das mais sérias instituições do país. Teve no Barão do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos Junior  11845/1910) seu expoente maior. Assumindo o cargo em 1902,  percebeu que havia uma defasagem nos quadros do Itamaraty, razão pela qual ampliou o número de funcionários, modernizou a biblioteca e a seção de cartografia, além de investir na beleza do próprio palácio para receber hóspedes estrangeiros.
No passar dos anos sua importância só fez aumentar, especialmente pela qualidade dos ministros que o dirigiram, mas sua derrocada começou em 2003 com a chegado do Partido dos Trabalhadores  ao comando da nação.
Vídeo abaixo, pastor agraciado com passaporte diplomático, fazendo curas milagrosas
Valdemiro Santiago
Valdemiro Santiago
Desde essa época teve dois chanceleres; Celso Amorim (2003/10) e o atual Antonio Aguiar Patriota. Estes caracterizaram-se pela mediocridade e fraqueza, sendo que a direção de fato era exercida pelo secretário geral  Samuel Pinheiro Guimarães Neto (2003/09).
Suas ideologias políticas o fizeram desmontar a máquina e transformar o ministério num relés circo de cavalinhos, onde recitava suas tragicômicas  pantomimas.
Começou a distribuir a valiosas comendas como quem distribui doces em Cosme e Damião. Ontem mesmo citei o escandaloso caso do diminuto larápio Severino Cavalcanti, que foi agraciado com em 2005 com a medalha da “Ordem do Rio Branco” (vide:  Uma vergonha…e das grandes).
Outro escândalo que apequenou a chamada  “Casa de Rio Branco”, foi a distribuição sem critério de passaportes diplomáticos. Começou com a entrega desses,  sem a devida justificativa, aos filhos e enteado do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mas a característica do governo petista está em piorar o que já está muito ruim. Fica-se sabendo que com objetivos políticos do partido, entre os dias 14 e 16/1, foram concedidos passaportes diplomáticos a pastores de estranhas igrejas: Valdemiro Santiago de Oliveira e Franciléia de Castro Gomes de Oliveira, da Igreja Mundial do Poder de Deus;  R.R.Soares, fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus – e sua mulher, Maria Magdalena Bezerra Soares, da mesma congregação religiosa.
Mas tem pior ainda; o “agraciado” Valdomiro Santiago de Oliveira, além de estar sendo investigado pelo Ministério Público, por desvio de dízimos e ofertas à sua igreja,   em 2003 foi preso por porte ilegal de armas. Foram encontradas com ele uma escopeta, duas carabinas e 400 caixas de munição. Após uma batida em sua casa, agentes policiais encontraram e apreenderam mais armas e munição.
Os fatos falam por si.

“PIBE”



Magu
O sinistro da fazenda, o manteiga rançosa, entrou no seu reservado para tirar água do joelho. Estava tão apertado que entrou de cabeça baixa, já olhando para o vaso. Quando estava se aliviando, notou o quadro da moçoila mostrando o tamanho, com podem ver na ilustração. Recolheu até o jato, guardou o pibe, e saiu puto da vida, chamando o aspone.mantepilPerguntou: – Que putaria é aquela no meu banheiro? Tira aquela merda de lá imediatamente. O aspone respondeu: – Não vai dar, chefe. Ele retrucou: –  Como não vai dar? E o aspone: – É que foi a presidenta que mandou colocar ele lá. Vai daí…
Não satisfeito, o sinistro saiu em direção à sala da chefe. Nem pediu licença, já foi entrando. A presidente, que já esperava essa reação, não lhe deu o esporro costumeiro. E ele foi dizendo: – Pô, presidenta, não vai dar para ficar com aquele quadro lá no meu banheiro. E ela: – Não vai dar é o cacete. Aquela porra vai ficar lá. Só vai sair quando o “pibinho virar pibão”.

CHARGE -

Lula.jpg

O desmonte da Saúde (pública e particular)



Paulo Pinheiro (O Globo)
A diferença entre os sistemas público e privado de saúde, hoje, está no local onde são registradas as queixas: numa ouvidoria ou numa delegacia de defesa do consumidor. Bombardeado por propagandas surreais, o cidadão não entende para que serve um helicóptero de última geração ou a logomarca do plano de saúde estampada na camisa de um time de futebol, se a espera por um simples atendimento excede os limites toleráveis. Isso sem falar nos reajustes indevidos de preço e negativas de cobertura.
Não é à toa que nos últimos onze anos os planos de saúde são os campeões de reclamações, segundo o Instituto de Defesa do Consumidor.
Já no setor público, o plantão que mais vem internando pacientes é o plantão judiciário. De que serve alardear que o governo tal inaugurou clínicas da família, novos hospitais ou UPAs se, quando sua filha necessita de atendimento numa dessas instalações, não há profissionais para atendê-la?
INDISFARÇÁVEL CRISE
Em meio a uma indisfarçável crise — no público e no privado — nossos gestores preferem eximir-se de suas responsabilidades, transferindo-as para “supostos” delinquentes ou vagabundos. Se existem culpados pelo caos da Saúde, são exatamente aqueles que oferecem soluções mágicas, através de propagandas enganosas.
Os mesmos que desmoralizam os concursos públicos, propondo salários irrisórios para seus servidores, enquanto optam por pagar quatro vezes mais aos terceirizados, desestruturando o sistema.
Profissionais de saúde e estudiosos da área têm apresentando várias propostas, mas elas não agradam aos governos das soluções maqueteiras. Quando a Saúde é mal administrada a consequência é o desperdício de vidas.
HÁ CURA
É preciso realizar concursos públicos com a mesma remuneração paga pelos intermediários da iniciativa privada. Colocar profissionais com formação em administração pública nos cargos de comando, sem apadrinhamento político. Instituir um plano de cargos e salários para que servidores tenham condição de ascensão através de sua capacitação e tempo de serviço. Com a valorização profissional, torna-se mais fácil cobrar metas e reduzir a rotatividade.
A saúde suplementar vendeu planos para 48 milhões de brasileiros, faturando R$ 90 bilhões/ano. Enquanto isso, o SUS tem sob sua responsabilidade 152 milhões de brasileiros, com uma receita de R$ 88 bilhões para 2013. O subfinanciamento do SUS fica mais claro quando sabemos que a negativa de cobertura dos planos empurra para a rede pública 73% dos atendimentos de alta complexidade.
Há cura, mas, para nivelarmos a Saúde por cima, as autoridades têm que decidir se estamos falando de um bem público ou um bem de consumo, ao alcance apenas de quem tem dinheiro para pagar, cada vez mais, sem garantias.
Artigo enviado por Mário Assis.
Paulo Pinheiro é médico e vereador (PSOL) no Rio

Orfandade política



Ana Luiza Archer e Altamir Tojal
É cada vez maior a parcela da população inconformada com a corrupção e com as ameaças à democracia. Mas é gente que vive na orfandade política: não se sente representada por líderes, partidos e mesmo organizações tradicionais da sociedade.
O Brasil colecionou importantes vitórias para a democracia no ano passado. Houve o reconhecimento dos poderes do Conselho Nacional de Justiça para fiscalizar o Judiciário, a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa, a vigência da Lei do Acesso à Informação e o julgamento do Mensalão. Houve também frustrações como a pizza do Cachoeira, a desmontagem da Comissão de Ética da Presidência da República e a crescente submissão do Congresso Nacional ao Executivo.
As vitórias de 2012 tiveram o empurrão dos brasileiros que fizeram a diferença atuando nas redes sociais e nas ruas, denunciando a relação direta da corrupção com a injustiça social, a degradação dos serviços públicos e a ameaça à democracia. Mas o bom resultado para a cidadania acuou personagens poderosos. A aliança de oligarquias conservadoras, políticos corruptos, empresários desonestos e mentes totalitárias não tem interesse na justiça e na democracia. É uma máquina gigantesca apoiada pela propaganda, pelo silêncio e cumplicidade de beneficiários de verbas, patrocínios e bolsas.
Com exceção de setores da imprensa, da justiça e do ministério público, tudo parece dominado por esse sistema de poder. Ao longo do tempo, a visão crítica na sociedade foi enfraquecida e aumentou a desconfiança pela política. A corrupção tem esse efeito devastador: quanto mais cresce, mais desencanta o eleitor e enfraquece a cidadania, ajudando a reprodução do poder pelos que já o exercem.
RETROCESSO
Este ano começa com José Genoino, condenado pelo Supremo, assumindo vaga de deputado e xingando jornalistas de “torturadores modernos”. Ora, se o ex-presidente do PT está sendo torturado é por sua própria consciência, se é que lhe resta alguma. Chega também a notícia de que Renan Calheiros volta à presidência do Senado. Escárnio. Há a ameaça de condenados do Mensalão e acusados do Rosegate de desmoralizar o STF e impor o controle da mídia, que em bom português quer dizer censura à imprensa. E está na agenda do Congresso Nacional a PEC 37, ou Lei da Impunidade, que retira do Ministério Público o poder de investigar.
É preciso consolidar as vitórias de 2012 e evitar retrocessos. Hoje predomina no país um forte sentimento de repulsa à corrupção e à impunidade, mas ainda é grande o ceticismo quanto a mudanças nessa realidade. Mesmo o cumprimento das sentenças do Mensalão parece quimera.
No ano de 2013 dos nossos sonhos, Genoíno e os outros deputados mensaleiros terão vergonha na cara e renunciarão aos mandatos. O Senado não aceitará a volta de Calheiros. As penas do Mensalão serão cumpridas. A presidente Dilma fará faxina de auxiliares corruptos antes dos escândalos serem publicados na imprensa. E indicará um novo ministro para o Supremo tão independente como Joaquim Barbosa. O PT fará autocrítica e abandonará projetos totalitários, como o controle da mídia. E o Congresso derrubará a Lei da Impunidade.
Queremos acreditar que parlamentares, governadores e prefeitos não se submeterão à União em troca de cargos, verbas e emendas. Queremos confiar na atuação independente de sindicatos, entidades estudantis e movimentos sociais hoje anestesiados por subsídios do governo.
Mas o mundo real do poder não se comove com sonhos e desejos. É cada vez maior a parcela da população inconformada com a corrupção e com as ameaças à democracia. Mas é gente que vive na orfandade política: não se sente representada por líderes, partidos e mesmo organizações tradicionais da sociedade. O jogo ficou mais pesado. Campanhas na Internet e ações nas ruas ajudam mas não bastam. Vemos, neste começo de 2013, apostas da oposição no enfraquecimento da economia e na divisão do campo político no poder, com vistas à eleição de 2014. Mas não vemos políticos e entidades importantes mobilizando a população para a defesa da democracia. Sem isso, corremos o risco de ter saudade de 2012.
Ana Luiza Archer, engenheira, e Altamir Tojal, jornalista, são coordenadores
do Movimento 31 de Julho Contra a Corrupção e a Impunidade.

Livre pensar é só pensar (Millôr Fernandes)

A América sempre precisará de ridículos tiranos?



Sandra Starling (O Tempo)
Diferentemente do que prevê a Emenda 20 à Constituição dos Estados Unidos da América, o presidente Barack Obama assumirá a Presidência daquele país não no dia 20, porque lá não se fazem cerimônias públicas num domingo. Assim, só no dia 21, perante o presidente da Suprema Corte, Obama solenemente jurará que exercerá fielmente o ofício de presidente dos EUA e, com “o melhor de sua capacidade, preservará, protegerá e defenderá a Constituição dos Estados Unidos”.
Como ele foi apenas reeleito para o cargo, poderiam comentar os exaltados chavistas bolivarianos, praticará “uma mera formalidade”. Ocorre que essa “mera formalidade”, como nos lembra o jurista português J. J. Canotilho, cuja inclinação à esquerda ninguém discute, simboliza, em verdade, duas dimensões “antiprivilégio” fundamentais da forma republicana de governo: a temporariedade do acesso ao poder político e o “governo de leis”, e não “governo de homens”, como, aliás, recordou há poucos dias em brilhante artigo a ilustre professora Flávia Piovesan.
Obama fará o mesmo que fez Franklin D. Roosevelt, já gravemente enfermo e eleito para um inédito quarto mandato. Morreria menos de três meses depois de jurar respeito à Constituição e, então, tomar posse do cargo. No caso de Hugo Chávez, pelo visto, algo dispensável, ainda que seu governo venha a durar tanto quanto o de Roosevelt. Ponto para a “democracia burguesa”.
AMÉRICA LATINA
Esse episódio retrata um drama que volta a se abater sobre a América Latina, cuja história apresenta inúmeros processos de sobreposição de figuras carismáticas sobre o que deveria ser o respeito às instituições devidamente estabelecidas pela soberania popular.
Não temos sido capazes de construir mecanismos que levem à prática permanente e inafastável da democracia popular, em que a renovação é o oxigênio do próprio sistema político. Assim, uma democracia que se propõe a assegurar o poder de consumo se mostra mais sedutora que a utopia de um mundo onde todos ditarão o que e como produzir.
E mesmo em matéria de solidariedade entre nossos povos, o que se vê é a preferência descarada por certa espécie de caudilhismo, já que a presidente Dilma Rousseff teve dois procedimentos antagônicos, primeiro, em relação ao Paraguai e, agora, à Venezuela.
Como mudar esse estado de coisas? Ninguém tem uma resposta segura. Mas o filósofo húngaro István Mészáros nos chama a atenção para um aspecto fundamental: é preciso que as massas deixem de ser manipuladas por alguém, desde o local de trabalho até os centros mais nevrálgicos do poder, em todas as suas dimensões.
A transformação que se quer não será a conquista, pelas armas, de um palácio de inverno; será a da vitória natural de milhões de mentes e corações, arrebatados pela utopia de um mundo solidário, justo e ambientalmente equilibrado.

CRÔNICA Cartas de Paris: Um dia pacífico como outro qualquer



Hoje de manhã o termômetro marcava três graus negativos. O metrô vinha lotado desde a primeira parada. Fiquei de pé. Na primeira página do jornal, Leonardo di Caprio apontava uma arma para Samuel L. Jackson, na matéria sobre o lançamento do filme de Tarantino.
Na página oito, entre as manifestações na Índia e a polêmica sobre as crianças de menos de três anos que devem frequentar a escola, um gráfico cumpria sua função e demonstrava cientificamente que 62% dos franceses são favoráveis à ofensiva militar no Mali.
A manchete dizia que os franceses acham que poderiam sofrer represálias terroristas, 86% acreditam que o exército francês vai impedir a expansão de muçulmanos fundamentalistas no país, e 70% acham que a França vai impedir que o urânio do Níger caia em mãos erradas. Agora estão em mãos certas.
A França se divide no metrô, metade em pé, metade sentada, mas é unânime sobre o Mali. Pragmatismo francês.
O metrô não pode parar. Precisa de eletricidade para continuar funcionando. Apesar disso, parou. Por alguns instantes as luzes se apagaram. Olhares angustiados foram reprimidos. O condutor avisou que o trem ficaria parado por alguns instantes para regulação do tráfego. Suspiros de alívio desta vez não foram reprimidos.
O trem voltou a funcionar enquanto meu horóscopo dizia que eu era uma pessoa liberada. Na estação seguinte, pessoas desceram, outras subiram. Eu continuei em pé, ao lado de um homem de gravata, uma mulher que carregava um computador e outra com véu islâmico que também carregava um computador. A manhã provavelmente começaria com atraso para todos, independente de crença e fé.
Na saída do metrô um homem apressado pisou duas vezes no meu calcanhar e pediu duas vezes desculpa. Na entrada da universidade os estudantes fumavam angustiadamente seus cigarros, como de costume.
Durante a reunião, minha orientadora foi desagradável, como já era de se esperar. Na saída falei com meus colegas sobre futuras publicações como é de praxe.
Tudo parecia normal, tranquilo, habitual. Nada como viver em um país onde reina a paz.

Ana Carolina Peliz é jornalista, mora em Paris há cinco anos onde faz um doutorado em Ciências da Informação e da Comunicação na Universidade Sorbonne Paris IV. Ela estará aqui conosco todas as quintas-feiras.

Desde quando o PT ainda é de esquerda?



O ex-ministro José Dirceu criticou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) por estar disposto a concorrer à presidência do Senado enfrentando a candidatura de Renan Calheiros (PMDB-AL), apoiada pelo PT, PMDB, demais partidos da base do governo e até fatias da oposição.
"Como vemos, o PSOL abandonou de fato qualquer veleidade de esquerda e se alia aos piores adversários do PT. Atuam escondidos numa retórica moralista com o único objetivo de desorganizar a base de apoio do governo e a maioria parlamentar construída no Senado pelas urnas", escreveu Dirceu em seu blog.
Por fim o ex-ministro foi taxativo:
- A oposição perdeu nas urnas as eleições para o Senado da República em 2010.
O trecho ficou um tanto confuso.
Dirceu quis dizer que em 2010 os partidos que apóiam o governo elegeram a maioria dos senadores. Por tradição, cabe à maioria eleger o presidente do Senado.
Ocorreu o mesmo na Câmara dos Deputados.
Se dependesse do raciocínio torto de Dirceu, a oposição se limitaria a contemplar passiva ou indiferente as eleições para presidente do Senado e da Câmara.
Não faz sentido o que Dirceu escreveu.
Mesmo para perder ou apenas marcar posição, a oposição pode disputar as duas eleições. E nem sempre ela se dá mal perdendo.
Quando a ditadura militar de 64 ainda estava forte, o deputado Ulysses Guimarãrs resolveu desafiá-la concorrendo à presidência da República. Percorreu o país se apresentando como anticandidato e descendo a lenha no governo.
Na época, os presidentes, todos eles generais, eram eleitos por um colégio controlado pelo regime. E montado sob medida para produzir o resultado desejado.
Fizeram parte do Colégio Eleitoral senadores, deputados federais, estaduais e delegados indicados pelos dois partidos, os únicos existentes - Arena (governo) e MDB (oposição). O povo ficava de fora.
O gesto de Ulysses serviu para começar a enfraquecer a ditadura. Que acabou quando Tancredo Neves, candidato da oposição, foi eleito presidente pelo Colégio Eleitoral que estava pronto para eleger Paulo Maluf, candidato do sistema militar.
Oposição é para se opor - embora a que temos pouco se oponha.
O PT não tem o monopólio dos valores cultivados pela esquerda. Se não teve no passado, muito menos o tem agora.
Até por ter sido o único partido dito de esquerda a chegar ao poder depois da ditadura, ninguém mais do que o PT fez mal à esquerda.
A esquerda - toda ela - se dizia honesta, limpa antes de subir com o PT a rampa do Palácio do Planalto. Bastou subir para que parte dela jogasse fora a máscara que usava.
Lula nunca foi de esquerda. E nunca se declarou de esquerda - reconheça-se.
O próprio Dirceu, certa vez, observou que Lula era um ex-líder sindical, e conservador acima de tudo.
Uma pessoa pode ser de esquerda sem votar no PT. E pode ser do PT sem se comportar como um esquerdista.
Por que o PSOL não pode se aliar com adversários do PT na tentativa de vencer uma eleição? O que tem feito o PT para ganhar eleições? E o que tem feito para governar?

À espera de um inusitado, por Carlos Chagas


A pergunta é se Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves aguentarão quase um mês de tiroteio, prazo até a realização das eleições para as presidências do Senado e da Câmara.Valerá à pena receber todos os dias saraivadas de denúncias, recriminações e acusações de malfeitos, praticados ou não pelos dois parlamentares?
 Par de ases…
A gente fica pensando por que insistem, ou melhor, por que se lançaram? Fama, riqueza e poder valem tanto assim? Afinal conhecidos já são, admirados por uns, execrados por outros. Encontram-se mais do que bem de vida, pode-se dizer ricos, sem problemas financeiros.
Sobra o poder, como meta alternativa. Presidir a Câmara ou o Senado permitirá a ambos nomear um monte de funcionários e correligionários. Ajudarão empresas e empresários amigos em suas postulações, em especial se voltadas para seus estados de origem, Alagoas e Rio Grande do Norte. Decidirão, também, sobre que projetos serão postos em votação e que outros continuarão nas gavetas. Terão influência em atos do Executivo, um pouco mais, um pouco menos, mas deixando óbvio para Dilma Rousseff a necessidade de a Oração de São Francisco ser rezada no palácio do Planalto: é dando que se recebe. Como substitutos constitucionais da presidente e do vice, quando em viagem ao exterior, incluirão em suas biografias fugazes ocupações do poder maior.
INDAGAÇÃO
Permanece, porém, a indagação: por que Renan e Henrique Eduardo se expõem tanto assim, sendo maltratados diariamente pelos jornais, televisões, rádios e pela mídia cibernética? Em nome de que, além da vaidade, admitem ter reviradas suas vidas e trajetórias políticas, aliás, em nada diferentes da grande maioria da classe política?
Trata-se de um mistério, dentro de um enigma, envolto por uma charada. Como integram o mesmo partido, o PMDB, e como provém de pequenos estados da mesma região, há quem suponha um objetivo oculto na resistência de ambos em permanecer candidatos, a um passo da escolha. Há quem suponha fazerem parte de uma trama secreta com nome e endereço no catálogo telefônico: Michel Temer, palácio do Jaburu.
Poderá surpreender-se o ingênuo que achar impossível, inviável e inadmissível a hipótese de o vice-presidente quebrar o acordo com Dilma, Lula e o PT. Dispondo de instrumentos institucionais como as presidências do Senado e da Câmara, como maior partido nacional, o PMDB não deve ser subestimado. Faltará, para essa estranha equação viabilizar-se, uma crise qualquer de grandes proporções. Um inusitado. Como eles costumam acontecer…
INDICAÇÕES OU PRESSÕES?
Em poucos dias ganhou o plano das especulações viáveis a possibilidade de pequenos reajustamentos no ministério. Como por orquestração, a mídia anda cheia de rumores sobre a ida de Gabriel Chalita e de Afif Domingos para o primeiro time da equipe do governo. Ciência e Tecnologia como Pequenas e Médias Empresas, seriam apenas duas hipóteses, entre outras. A presidente Dilma continua muda sobre mudanças capazes de marcar a segunda metade de seu primeiro mandato, mas anda conversando muito com políticos e empresários. Há algo no ar, além das pressões feitas pelos partidos da base oficial para aumentarem seus espaços de poder.
IMPOSSÍVEL NÃO É
Surpreendeu a declaração do presidente do PDT sobre seu partido julgar muito forte a tese da candidatura própria à presidência da República, em 2004, acentuando estar o processo em aberto. Desejaria o quê, o ex-ministro do Trabalho? Enfraquecer seu sucessor, Brizola Neto, contra o qual encontra-se em guerra? Mandar um recado à presidente Dilma de que o partido, se ajuda pouco, pode atrapalhar muito? Em matéria de candidatos, a safra parece pequena. Cristóvam Buarque, com o qual Lupi se desentende?

A pergunta é se Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves aguentarão quase um mês de tiroteio, prazo até a realização das eleições para as presidências do Senado e da Câmara.Valerá à pena receber todos os dias saraivadas de denúncias, recriminações e acusações de malfeitos, praticados ou não pelos dois parlamentares?
 Par de ases…
A gente fica pensando por que insistem, ou melhor, por que se lançaram? Fama, riqueza e poder valem tanto assim? Afinal conhecidos já são, admirados por uns, execrados por outros. Encontram-se mais do que bem de vida, pode-se dizer ricos, sem problemas financeiros.
Sobra o poder, como meta alternativa. Presidir a Câmara ou o Senado permitirá a ambos nomear um monte de funcionários e correligionários. Ajudarão empresas e empresários amigos em suas postulações, em especial se voltadas para seus estados de origem, Alagoas e Rio Grande do Norte. Decidirão, também, sobre que projetos serão postos em votação e que outros continuarão nas gavetas. Terão influência em atos do Executivo, um pouco mais, um pouco menos, mas deixando óbvio para Dilma Rousseff a necessidade de a Oração de São Francisco ser rezada no palácio do Planalto: é dando que se recebe. Como substitutos constitucionais da presidente e do vice, quando em viagem ao exterior, incluirão em suas biografias fugazes ocupações do poder maior.
INDAGAÇÃO
Permanece, porém, a indagação: por que Renan e Henrique Eduardo se expõem tanto assim, sendo maltratados diariamente pelos jornais, televisões, rádios e pela mídia cibernética? Em nome de que, além da vaidade, admitem ter reviradas suas vidas e trajetórias políticas, aliás, em nada diferentes da grande maioria da classe política?
Trata-se de um mistério, dentro de um enigma, envolto por uma charada. Como integram o mesmo partido, o PMDB, e como provém de pequenos estados da mesma região, há quem suponha um objetivo oculto na resistência de ambos em permanecer candidatos, a um passo da escolha. Há quem suponha fazerem parte de uma trama secreta com nome e endereço no catálogo telefônico: Michel Temer, palácio do Jaburu.
Poderá surpreender-se o ingênuo que achar impossível, inviável e inadmissível a hipótese de o vice-presidente quebrar o acordo com Dilma, Lula e o PT. Dispondo de instrumentos institucionais como as presidências do Senado e da Câmara, como maior partido nacional, o PMDB não deve ser subestimado. Faltará, para essa estranha equação viabilizar-se, uma crise qualquer de grandes proporções. Um inusitado. Como eles costumam acontecer…
INDICAÇÕES OU PRESSÕES?
Em poucos dias ganhou o plano das especulações viáveis a possibilidade de pequenos reajustamentos no ministério. Como por orquestração, a mídia anda cheia de rumores sobre a ida de Gabriel Chalita e de Afif Domingos para o primeiro time da equipe do governo. Ciência e Tecnologia como Pequenas e Médias Empresas, seriam apenas duas hipóteses, entre outras. A presidente Dilma continua muda sobre mudanças capazes de marcar a segunda metade de seu primeiro mandato, mas anda conversando muito com políticos e empresários. Há algo no ar, além das pressões feitas pelos partidos da base oficial para aumentarem seus espaços de poder.
IMPOSSÍVEL NÃO É
Surpreendeu a declaração do presidente do PDT sobre seu partido julgar muito forte a tese da candidatura própria à presidência da República, em 2004, acentuando estar o processo em aberto. Desejaria o quê, o ex-ministro do Trabalho? Enfraquecer seu sucessor, Brizola Neto, contra o qual encontra-se em guerra? Mandar um recado à presidente Dilma de que o partido, se ajuda pouco, pode atrapalhar muito? Em matéria de candidatos, a safra parece pequena. Cristóvam Buarque, com o qual Lupi se desentende?

CHARGE DO ALPINO - Ufólogos exigem abertura de documentos militares sobre OVNIs no Brasil



Senadores independentes lutam contra candidatura de Renan à presidência da Casa



José Carlos Werneck
Ainda repercute, em Brasília, o manifesto, lançado na última terça-feira, por senadores que comparam o retorno de Renan Calheiros à presidência da Casa à escolha feita pelos antigos “Coronéis do Interior” na época da Primeira República . “Voltaremos do recesso parlamentar apenas para ratificar o nome, nomeado sem apresentar qualquer proposta que mude o nosso funcionamento.
Cristovam Buarque, responsável pela divulgação do manifesto, disse tê-lo enviado para o gabinete de mais de 30 parlamentares. O senador pedetista salientou que não encaminhou o documento para Renan, porque espera que ele apresente sua própria plataforma de campanha para seus colegas. “Vou esperar ele mandar para mim. Senão mandar, eu mandarei a nossa plataforma”, disse o representante do Distrito Federal.
O documento, intitulado “Uma nova presidência e um novo rumo para o Senado”, é uma série de propostas de modificação no funcionamento administrativo e legislativo do Senado, enfraquecido, nos últimos anos, por diversas crises, como a saída,em 2007, do próprio Renan, da presidência, após ser absolvido de dois processos de cassação em plenário, e os atos secretos revelados pelo jornal “O Estado de São Paulo”, em 2009, que quase derrubaram o atual presidente José Sarney.
RANDOLFE
Mesmo com pouquíssimas chances de impedir a vitória de Calheiros, o jovem senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que também participou da elaboração do texto, vai entrar na disputa, marcada para 1º de fevereiro. “A crítica está aí, mas se a carapuça servir? Eu acho que ele (Renan Calheiros) tem responsabilidades com o maior partido do Congresso, que deve presidir a Câmara e o Senado, partido do qual ele é líder”, enfatizou Randolfe.
“Não é contra o Renan, mas a maneira como o processo está sendo conduzido. Na Câmara, os candidatos estão rodando o Brasil fazendo campanha, enquanto no Senado ninguém fala quem é o candidato”, completou Cristovam Buarque um dos idealizadores do documento.
Entre as 17 propostas de mudança constantes no manifesto, estão a limpeza da pauta de votações, com a apreciação dos vetos presidenciais e do Fundo de Participação dos Estados, o fim das votações simbólicas nas comissões e no plenário, a diminuição do número de comissões temáticas e a criação de um comitê composto por senadores para acompanhar os gastos da Casa.