quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

GOVERNADOS POR GOVERNANTAS



Ralph J. Hofmann
Em junho de 2011, eu e o Blog do Giulio Sanmartini, pobres néscios que somos publicamos um artigo em tom de pilhéria fazendo brincadeiras com o termo presidente/presidenta e governante/governanta.
No mesmo artigo nos aprofundamos sobre as governantas, amantes soficiais de Luízes de França, Madame de Pompadour Madame de Maintenon e Madame Du Barry.
Lula&Rosemary
Lula&Rosemary
Isolados do mundo, Giulio em seu laboratório de alquimia, onde entre um artigo e outro segue adiante com suas pesqquisas para achar a Pedra Filosofal (1) e eu em Porto Alegre tentando criar uma raça de bovinos do tamanho de camundongos ficamos estarrecidos ao saber que Lula realmente tinha uma governanta nos moldes de Madame Du Barry.
Não pelo fato de possuir uma amante. Uma vista de olhos às fotos de Marisa indica que  se Lula fosse um respeitável barão do petróleo texano já teria sido despachada via divórcio para um confortável exílio numa casa em Monte Carlo ou Nice com jovens de 21 anos para servi-la como piscineiros, motoristas ou massagistas.
De fato em primeiro lugar o que surpreende é que sua governanta/amante é um tanto feijão-com-arroz para o cargo de eminência parda de cama-e-mesa.
Em segundo lugar, na França dos Luízes esperava-se que o rei tivesse uma governanta. O casamento do rei era para fins de procriação com uma figura de  nobreza equivalente a sua. A amante era o deleite e o desfrute. Até mesmo o cargo de marido bem remunerado de amante do rei existia (aparentemente os maridos de Rosemary também ocuparam tal cargo).
O que surpreende é que Luiz 51 tenha permitido uma tão clara e escancarada atuação de Rosemary.  Ele um dos mais intuitivos sacanas da política mundial, o “cara”, “the man”. Bem se vê por aí como a imprensa é conivente e como a incapacidade do brasileiro de ficar estarrecido com iniqüidades é infinita. (Vide Renan Calheiros, Vide José Genoino).
Só podemos supor que em 2014 tivesse a intenção de ser coroado rei e instituir o cargo de “Governanta Real”, com direito a régia aposentadoria após fenecer o interesse do Monarca. Talvez com o uso vitalício de algum imóvel do patrimônio real.
(1) Pedra que esfregada contra qualquer metal o transforma em ouro.

Instituições confiáveis?



Gelio Fregapani
Corretamente, nós brasileiros confiamos mais nas Forças Armadas, do que em outras instituições, mesmo nas que têm importância bem maior no seu dia a dia. O Exército já aparecia como a instituição mais confiável, mas sua aprovação saltou para 75%, seguido pela Igreja Católica. Distantes, na sequência, aparecem o Ministério Público, a imprensa, a polícia, o Judiciário, o Governo e o Congresso, e longe, na lanterna, os partidos políticos, com apenas 7% de confiabilidade. Considerando que há pouco o PT alardeava 30% de seguidores, deve ter perdido muito com o mensalão.
A desmoralização das Instituições se agrava com o conflito entre o desgastado Poder Legislativo e o Poder Judiciário, e ficará pior quando, por rodízio, o Lewandovski ou o Toffoli assumirem a presidência do STF. – Que falta faz um “Poder Moderador” como o de Pedro II.
SEM NOÇÃO
Vendo fantasmas, homens que administram o patrimônio público, têm apelado para o “além” para tomar suas decisões… como Eduardo Paes e Cesar Maia , que pedem ao “cacique” Cobra Coral que decida por eles.
CONGRESSO
Além do orçamento de 2013, o ano legislativo do Congresso Nacional terá inúmeras medidas provisórias pendentes de votação. Parece não ter noção de suas obrigações, entretanto tem importância. Só ele pode repudiar a maligna Convenção dos Direitos dos Povos indígenas assinada pelo Executivo. Só ele pode melhorar as iníquas leis existentes e modificar uma Constituição prolixa e incumprível. O que é certo é que este Congresso é caro demais. Melhor seria reduzir o número de parlamentares para um terço do número atual.
DESARME-SE???
Proteja sua família. “Desarme-se” – Aí é que você não terá como proteger a sua família. Melhor seria anunciar: “Senhor bandido, poder vir que não haverá resistência. Leve o que quiser e faça com minha mulher e com minhas filhas o que lhe apetecer. Inclusive matá-las.
Esses programas de controle da venda de armas legais estão a postos para serem colocados em prática sempre que algum evento de apelo emocional ocorre. E o resultado: elevação e não a diminuição da criminalidade. A segurança só aumenta para os criminosos e não para população de bem.
Independente da necessária auto proteção, nossas autoridades deveriam saber que há uma campanha mundial contra a possibilidade de resistência dos “futuros alvos”. A ONU endossa o engodo e compara o desarmamento civil de armas leves aos acordos de não proliferação de armas nucleares entre países. É fácil entender o porquê.
COM QUE INTENÇÕES?
A Europa, sem olhar seus problemas financeiros, se propõe a gastar dinheiro para preservar toda a vegetação nativa da Amazônia, mesmo que isto impeça o desenvolvimento da produção. A imprensa européia, esquecendo suas próprias crises, produz artigos sobre a situação dos Guarani Kaiowá e sobre o “Acampamento Internacional de Observadores dos Guarani-Kaiowá em Mato Grosso do Sul”. Que caras de pau.
O MOTIVO ERRADO
O aumento da capacidade militar do nosso País visaria viabilizar a aspiração a um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU. Isto pouco interessa. Só cumpre decisões desse Conselho quem quer. O verdadeiro motivo é dissuadir aventuras estrangeiras e defender os interesses do nosso País quando necessário. Alguns ingênuos imaginam que o Brasil, ao contrário de países como Rússia e China, não enfrenta nenhuma ameaça de origem externa, capaz de justificar níveis elevados de gastos militares. Ledo engano. Nada há e mais perigoso do que riquezas que não se pode defender.

Charge do Sponholz



Chávez governa de dentro da UTI, por Merval Pereira Merval Pereira, O Globo



A situação mais curiosa desse pastelão em que se transformou a sucessão presidencial da Venezuela é a do vice Nicolas Maduro, que a partir de hoje deixa de ter um cargo oficial, embora seja o sucessor escolhido pelo caudilho Chávez para substituí-lo em caso de necessidade.
Acontece que, na Venezuela de Chávez, o vice é nomeado pelo presidente e pode ser substituído a qualquer hora, como se fosse um ministro. Não aparece na chapa eleitoral e na prática é mais um subordinado do presidente. Deve ser para evitar um acesso de ambição do companheiro escolhido.
Como Chávez teve sua posse adiada, não poderá assinar a formalização de Maduro como vice, e teremos assim um governo em que ninguém detém o poder realmente: o presidente da Câmara, Cabello, não assumirá a Presidência, e Maduro não é formalmente o vice-presidente.
Em toda ditadura acontecem casos como esse, e uma hora a realidade trata de revelar os traços ditatoriais do governo que mantém a aparência democrática, como na Venezuela.
No Brasil tivemos dois casos semelhantes.
Quando o general Arthur da Costa e Silva teve uma isquemia, deveria ter sido substituído por Pedro Aleixo, que havia sido nomeado vice para manter a aparência de democracia no país. Na hora da definição, quem assumiu mesmo o governo foi uma junta formada pelos ministros militares.
No caso de Tancredo Neves, que baixou ao hospital na véspera da posse, quem deveria ter assumido era o presidente da Câmara, Ulysses Guimarães, mas, em vez dele, assumiu a Presidência o vice-presidente José Sarney. Pelo menos Sarney aparecia na chapa eleita indiretamente.
Perguntado por Pedro Simon sobre as razões que o fizeram aceitar decisão tão discutível, Ulysses foi irônico: “Se o maior jurisconsulto do país disse que era o Sarney, quem sou eu para contestar?”
Ulysses referia-se não a Leitão de Abreu, chefe do Gabinete Civil, mas ao ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves, que foi quem interpretou a Constituição a favor de Sarney, que, além do mais, era seu amigo.
Situações assim revelam o caráter de um governo e também daqueles que o apoiam. No Brasil, no caso de Costa e Silva, tratava-se da manutenção do poder com os militares. No de Tancredo, da transição para a democracia, e qualquer passo em falso poderia interromper a passagem do poder militar para o civil.
O próprio Tancredo temia que, se não pudesse tomar posse, o processo de transição fosse interrompido e, por isso, recusou-se a se internar antes.
A interpretação em favor de Sarney foi a saída mais viável, já que era tido como certo que os militares não aceitariam a posse de Ulysses.
O próprio Sarney, que presidira o PDS, o partido do regime militar, até pouco tempo antes, tinha a objeção de muitos militares por ter rompido com o governo e viabilizado a candidatura Tancredo. Tanto que o general-presidente João Figueiredo recusou-se a passar a faixa presidencial a ele.
Na patacoada que se desenvolve na Venezuela, o governo brasileiro avalizou uma reinterpretação criativa da Constituição e se alinhou aos que endossam uma farsa que transforma a figura de Chávez em fantasma onipresente, que governará como presidente eleito de um leito do setor de terapia intensiva de um hospital em Cuba.
Nem mesmo em território nacional o presidente eleito estará hoje, dia 10, quando começa um novo mandato presidencial para o qual foi eleito.
O princípio da “continuidade administrativa” é a base legal da decisão, referendada pela Corte Suprema da Venezuela, que considerou que a posse é mera formalidade que pode ser preenchida a qualquer momento daqui para frente.
Temos então a seguinte situação na Venezuela: um presidente que não aparece em público nem fala desde dezembro, mas que enviou um pedido para não estar presente à sua própria posse; um vice-presidente que não foi nomeado para o cargo; e um presidente da Câmara que é o único a ter cargo oficial, mas que não exercerá a presidência devido a acordo político interno.
Na prática, o que aconteceu foi a prorrogação dos mandatos de Chávez e Maduro que se encerrariam hoje, mas ninguém teve a coragem de assumir.

Renan enfrenta nova investigação no STF



Candidato à presidência do Senado é suspeito de crime contra o meio ambiente em inquérito despachado há uma semana ao gabinete da ministra Cármen Lúcia. Senador é alvo de outras duas investigações na corte

 Pedido de investigação contra o peemedebista chegou ao STF em 2 de janeiro
Prestes a anunciar sua candidatura à presidência do Senado, de onde foi apeado após uma série de denúncias em 2007, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) é alvo de nova investigação no Supremo Tribunal Federal (STF). Chegou ao gabinete da ministra Cármen Lúcia, no último dia 2, pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para apurar se o senador cometeu crime contra o meio ambiente e o patrimônio genético em uma unidade de conservação federal no interior de Alagoas. Caberá a Cármen Lúcia dar andamento ou não ao inquérito autuado sob o número 3589. A nova investigação se soma às outras duas que já correm no Supremo contra aquele que é dado como nome certo para presidir o Senado pelos próximos dois anos.

Como proprietário da Agropecuária Alagoas Ltda, Renan é acusado pelo Ministério Público Federal no estado de pavimentar ilegalmente, com paralelepípedos, uma estrada de 700 metros na estação ecológica Murici, administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), no município de Flexeiras, a 66 km de Maceió. O instituto, porém, não foi consultado e não concedeu qualquer licença ou autorização para a obra. A unidade, de 6 mil hectares, conserva áreas de Mata Atlântica. A estrada liga a Fazenda Alagoas, de propriedade do grupo de Renan, à principal rodovia que corta o estado, a BR-101. ...
 
Pista pavimentada em área ambiental liga fazenda do senador à BR 101, segundo o MPF
As investigações avançaram em novembro do ano passado, quando o Ministério Público Federal em Alagoas entrou com uma ação civil pública contra o senador. O processo (000016334.2012.4.05.8002), que apura a responsabilidade civil do peemedebista, continuará correndo na 7ª Vara da Justiça Federal em Alagoas. Mas como o MPF entendeu que há também indícios de crime, a apuração criminal acabou remetida para o Supremo. É que, como senador da República, Renan só pode ser investigado e julgado criminalmente pela mais alta corte do país. Coube à Procuradoria-Geral da República enviar o inquérito ao STF.

Por enquanto, Cármen Lúcia não terminou a análise do pedido da PGR. Apesar do recesso no Supremo, a ministra está de plantão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), corte que preside desde o ano passado. Informada sobre a matéria, a assessoria de imprensa de Renan disse que o peemedebista não vai se manifestar sobre o assunto. De férias, ele só retorna a Brasília no fim do mês.

Passado à porta

O Supremo já rende preocupações a Renan. O senador responde a um inquérito (Inq 2998) por improbidade administrativa e tráfico de influência, que tramita em segredo de justiça. O caso também é relatado pela ministra Cármen Lúcia.

No outro procedimento (Inq 2593), investiga-se se o senador teve despesas pessoais pagas por um lobista. Essa, aliás, foi a primeira de uma série de denúncias que resultaram na abertura de cinco processos de cassação no Conselho de Ética contra Renan e que o obrigaram a renunciar à presidência da Casa para preservar o mandato. Esse inquérito também apura a autenticidade dos documentos apresentados pelo peemedebista em sua defesa à época para comprovar que podia honrar suas despesas.

Na época, para justificar seus rendimentos, Renan surpreendeu até os próprios colegas ao revelar ser um próspero criador de gado. A nova investigação, curiosamente, também remete ao lado produtor rural do senador. Baseado em laudos da Polícia Federal e do ICMBio, o Ministério Público Federal alega que a pavimentação causou diversos danos ambientais à estação ecológica Murici, como  impermeabilização, erosão e compactação do solo e poluição sonora em razão dos veículos que por ali transitam, o que provocou o afugentamento de animais.

Lucro
 
Imagem registrada pelo Ministério Público Federal mostra área pavimentada sem autorização de órgão ambiental
“Em diversos pontos, a estrada pavimentada ilegalmente está a menos de um metro da floresta; noutros, está dentro da própria floresta”, conta o procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, na ação civil pública. A motivação do ato ilícito, nas palavras do procurador, é claro: o lucro. “De fato, a pavimentação da estrada na unidade de conservação tinha o escopo de facilitar o escoamento de produtos bovinos da Fazenda Alagoas, garantindo o lucro de sua atividade empresarial”, acrescenta.

Com sede na Fazenda Santa Rosa, também de propriedade de Renan, a Agropecuária Alagoas Ltda foi constituída pelo senador e outros quatro sócios em janeiro de 2008. Em 2003, outras três propriedades rurais do peemedebista, entre elas a Fazenda Alagoas, foram incorporadas ao grupo. Segundo o Ministério Público, apesar de ter 49,47% do capital da empresa, o senador fica com 90% de todo o lucro.

“Quanto à autoria, também resta bastante evidente que o demandado José Renan Vasconcelos Calheiros determinou a realização da obra ilegal e utilizou a pessoa jurídica Agropecuária Alagoas Ltda para tentar esquivar-se da responsabilidade civil, administrativa e criminal decorrente de tal ato ilícito”, acusa o procurador. De acordo com a legislação brasileira, a pessoa física deve responder por danos ambientais ainda quando utiliza de pessoa jurídica para cometer atos danosos.

Por Edson Sardinha e Mario Coelho
Fonte: Congresso em Foco - 10/01/2013

Exilado, repórter diz que governo fez 'pouco caso' de ameaças



O jornalista paranaense Mauri König, repórter especial do jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, é considerado inimigo número um da polícia do Paraná. Ele coordenou uma série de reportagens sob o título "Polícia Fora da Lei", que denunciavam supostos desvios de uso do fundo rotativo da Polícia Civil e o uso irregular de viaturas destinadas ao trabalho das polícias Civil e Militar. Desde que o material foi publicado, em maio, König foi ameaçado de morte e teve que se refugiar fora do País junto com a família. O jornalista quer evitar ser o alvo de um ataque anunciado, cujo propósito seria metralhar sua residência. Os mentores do ataque, segundo o autor das ligações, seriam integrantes de uma corporação mantida com dinheiro público para defender a sociedade e que tem como lema "Servir e Proteger". ...

O trabalho jornalístico gerou mudanças nas regras do governo do Paraná para o uso dos recursos destinados à polícia e desencadeou aberturas de inquéritos civis do Ministério Público para investigar o suposto uso irregular do dinheiro. Na PM, um major e um tenente-coronel estão sendo investigados pelo uso irregular de veículo oficial.

Desde a publicação da reportagem, o celular e o telefone da casa do jornalista tocam a qualquer hora, mesmo nas madrugadas, com ameaças de morte. Em dezembro, quando o jornal voltou a publicar matérias sobre o assunto, telefonemas anônimos para a redação e direção da Gazeta do Povo alertaram sobre a presença de policiais do Rio de Janeiro que estariam em Curitiba para "metralhar a casa do Mauri".

Apesar da abertura de sindicâncias, nenhum policial foi punido. A polícia também não avançou nas investigações sobre as primeiras ameaças registradas contra König. Isolado num país distante (que não foi divulgado), intercalando momentos de depressão e de incredulidade diante do caso, König aguarda a hora de retornar ao Brasil em segurança e continuar seu trabalho.

Em nota enviada ao Terra, a secretaria da Segurança Pública do Paraná reiterou que as providências cabíveis no caso foram tomadas e que no mesmo dia em que foram relatadas as ameaças ao jornalista, um delegado da Assessoria Civil da secretaria foi designado para acompanhar o assunto, indo pessoalmente à sede da Gazeta do Povo para colher informações, prestar apoio e dar orientações aos envolvidos. No texto, a assessoria não comentou as críticas de König sobre a atuação dos autoridades de segurança do Estado.

A assessoria de comunicação do Grupo Paranaense de Comunicação, que controla a Gazeta do Povo e uma rede de oito emissoras afiliadas à Rede Globo de Televisão no Paraná, informou que as empresa não vai comentar o assunto no momento, por recomendação do departamento jurídico.

Em Brasília, a presidente do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), ministra Maria do Rosário, encaminhou ofício ao governador do Paraná, Beto Richa, solicitando providências a respeito das denúncias de ameaça de morte contra o jornalista. O ofício assinado pela ministra solicita providências e informações sobre o andamento das investigações das ameaças. O mesmo documento foi encaminhado ao procurador-geral da República e ao superintendente regional da Polícia Federal no Paraná.

Nesta semana, durante quase uma hora, o jornalista de 46 anos e 22 de profissão conversou com o Terra sobre o caso.

Terra - Por que a escolha pela saída do Brasil?
Mauri König -
 A situação ficou crítica quando falaram em metralhar minha casa, onde eu e minha família seríamos o alvo. Uma pessoa que se identificou como policial, mas não revelou o nome, disse que havia policiais do Rio de Janeiro que estariam em Curitiba com este propósito. Neste mesmo dia foram três ligações. Além das ameaças me nominando pessoalmente, também disseram que seria bom a Gazeta do Povo parar de publicar notícias de corrupção na polícia do Paraná, senão seriam tornadas públicas coisas que não interessariam a diretoria do grupo que controla o jornal. Em uma destas ligações, o interlocutor deixou claro que conhecia parte de minha rotina. A saída do País foi decidida principalmente pela segurança da família.

Terra - O senhor deve receber várias ameaças provenientes de diversas denúncias que acabam não se concretizando. O fato é comum no jornalismo investigativo. O que o levou a crer que estes telefonemas poderiam revelar um perigo real?
König -
 Tenho recebido ligações reiteradas desde maio. O telefone toca a qualquer momento com pessoas dizendo que vão me matar, me prender ou que simplesmente ficam em silêncio. Neste caso, porém, em uma das ligações, uma pessoa ligou e disse: eu sou policial e vão metralhar a casa do Mauri. Não era uma ameaça, era um alerta e havia detalhes. Em conjunto com a direção do jornal e entidades de apoio à liberdade de imprensa, decidimos que não valeria correr o risco e preferimos acreditar no alerta. Não posso expor minha família ao perigo.

Terra - O senhor está convencido de que as ameaças tenham partido de setores da polícia do Paraná?
König -
 Não tenho dúvidas disso. Eu acho inclusive que o governo do Estado foi condescendente com esta situação. Ainda em maio, quando houve as ameaças pela internet, a Secretaria de Segurança Pública não moveu um dedo para descobrir o IP do computador de onde partiram as postagens com as ameaças. Estes policiais se sentiram autorizados a fazer novas ameaças, porque ameaçaram antes e não foram investigados. Houve uma negligência do governo do Estado.

Terra - Porque não houve interesse nesta investigação?
König -
 O governo fez pouco caso das ameaças ocorridas em maio, deu pouca importância. Então agora é fundamental que se investigue. Agora, a Gazeta do Povo informou a secretaria de Segurança Pública o número dos telefones públicos de onde partiram as ligações para descobrir quem é o policial que fez o alerta e a partir dele descobrir como ele soube desta informação. Não é uma ameaça de marginais. É uma ameaça que partiu da estrutura do Estado, de agentes públicos de segurança. É mais grave que uma ameaça de delinquentes. Não é porque é um jornalista. A investigação teria que ser feita se fosse ameaçado qualquer cidadão.

Terra - Quais os resultados que as reportagens produziram?
König - 
Houve uns rearranjos internos na cúpula da Polícia Civil. Alguns delegados que foram flagrados utilizando os veículos oficiais em benefício próprio foram remanejados de funções. O Conselho da Polícia Civil, cuja maioria dos integrantes foi denunciada na série de reportagens, sequer abriu sindicância para apurar as denúncias publicadas. Uma autoproteção. Que moral eles teriam para investigar? Um acobertou o outro, houve um corporativismo dentro da polícia. Resumindo: houve punições apenas para policiais que eles supunham que foram nossos informantes. Soubemos que pelo menos quatro policiais civis foram retaliados com transferências compulsórias para lugares considerados piores para o trabalho policial, porque o comando da Polícia Civil acreditou que eles contribuíram com informações para as reportagens.

Terra - Em nota oficial enviada à imprensa, a secretaria de Segurança Pública do Paraná informou que o secretário Cid Vasques tomou conhecimento das intimidações contra a equipe de jornalistas e determinou que o caso fosse acompanhado pela assessoria civil da secretaria e que um delegado já teria realizado contato com a equipe de reportagem para auxiliar nas investigações.
König -
 Em hipótese nenhuma. Não fizeram absolutamente nada. O apoio que recebi foi da Gazeta do Povo e do Comitê de Proteção aos Jornalistas de Nova York, que me deram proteção particular e a possibilidade de sair do País. Não recebi uma ligação sequer da Secretaria de Segurança. Não soube. Ninguém sequer me informou que tenham me procurado. Ninguém me ouviu. Desconheço esta informação. Não fui procurado por ninguém e nem fui atrás. Que segurança eu sentiria em procurá-los? Não tive apoio nenhum. Aliás, o que eu espero do governo do Estado apenas é que investigue as ameaças de que minha casa seria metralhada e localize os autores das ligações.

Terra - Como foi a reação de sua família?
König - 
Eu tenho três filhos. Dois adolescentes e um de três anos. É a situação mais traumática pela qual eu estou passando. Porque isso interferiu diretamente na vida deles. Todos sofreram com medo do que poderia acontecer com o pai. A rotina de meu filho de três anos mudou. Ele passou a ficar muito agitado. Minha mulher ficou traumatizada, insegura em permanecer morando em Curitiba. A angústia se estendeu até parentes preocupados com minha situação. Minha casa hoje está sob vigilância. Ninguém está morando lá, mas está sendo vigiada. É o período mais traumático para mim. Fiquei isolado do restante da família no Natal. Fui obrigado a me excluir do convívio das pessoas das quais eu gosto. Num país distante, diferente, com outra cultura, isolado. É muito deprimente. Deprimente mesmo...

Terra - O senhor escreveria a reportagem novamente se soubesse as consequências pela quais teria que passar?
König -
 Eu refleti bastante sobre isso. Se eu soubesse dessas consequências, eu estaria em dúvida se faria novamente. Isto implica na vida de muita gente. A intenção era contribuir com a sociedade. Mas, tenho dúvidas se faria da forma que fiz novamente. É um preço muito alto. Não interferiu apenas na minha vida. Acaba refletindo na vida da família e aí que preocupa. O que sei fazer é jornalismo e não vou deixar a profissão. Mas, vou repensar um pouco sobre isso.

Terra - Quando o senhor volta ao Brasil?
König -
 Não há data definida. Esperamos que as autoridades do governo do Estado possam investigar o caso e descobrir os autores das ameaças e puni-los. Não posso expor minha família, sem uma solução. Quero voltar e continuar escrevendo. Mas, não sei lhe dizer quais os próximos passos. A situação ainda está complicada.

Por Calos Ohara
Fonte: Terra - 10/01/2013

A volta dos que não foram, por Murillo de Aragão



Nos últimos tempos, macaqueando uma matéria da The Economist que apontou o ressurgimento do intervencionismo estatal no Brasil, alguns passaram a acusar o governo Dilma de adotar posturas voluntaristas e autoritárias no campo econômico.
A revista publicou na edição de 21 de janeiro de 2012 uma matéria especial com o título “The visible hand”, onde informa que a crise do capitalismo liberal ocidental coincidiu com a ascensão de uma poderosa forma de capitalismo de Estado nos mercados emergentes.
No caso do Brasil a matéria cita que o País vive uma fase de intervencionismo insensato e cita exemplos da Petrobras e da Vale.
Não me surpreende o nível das observações, já que a crítica econômica anda rasteira por conta de um evidenciado partidarismo. Melhor: a mais contundente oposição ao governo tem sido feita pela imprensa. Assim sendo, o discurso crítico é um discurso de oposição e não de reflexão.
Tendo acusado de rasteiro o discurso da oposição econômica, cabe agora explicar por quê. Não é difícil. Vamos lá.
Comecemos pela constatação de que a crítica parte da imprensa e não de partidos e políticos, pelo simples fato de que a maioria esmagadora dos políticos brasileiros adora, justamente, o voluntarismo, o intervencionismo, a estatização.
Todos esses aspectos repercutem e ampliam o poder do governo e de políticos sobre a política e a sociedade. São mecanismos de poder, quer dizer, de exercício e perpetuação de poder. Não houve neoliberalismo relevante no Brasil, salvo lampejos na era FHC que culminaram com a quebra do país em 1998.
O político brasileiro – seja do DEM, do PSOL ou de qualquer outro partido – acredita no poder do Estado para resolver problemas. Os seus e/ou os do povo.
Não interessa para a imprensa fazer distinções no meio político porque ela quer, no limite, derrotar o governo. Para tal, precisa de todos os partidos e políticos, que também são voluntaristas, intervencionistas e estatizantes.
Acusar o mundo político não interessa. Interessa, sim, pespegar a pecha de estatizante, voluntarista e intervencionista em Dilma e Lula. Não se iludam, é uma luta política.
O intervencionismo estatal e voluntarista tem raízes antigas na política nacional. Não é de hoje que o Estado é o principal agente das transformações. A sociedade, sempre “acoelhada” e subserviente, trata de conviver com um Estado que cresce de forma galopante para atender às necessidades do crescimento estatal!
Não há no horizonte próximo nenhuma chance de as coisas serem diferentes por aqui. Nenhuma força política com reais possibilidades de poder avançaria em um modelo verdadeiramente neoliberal. Ou que, apenas, reduzisse de modo significativo o “gap” entre os poderes do Estado e os da sociedade.
Para tal, interesses poderosos teriam de ser contrariados de forma expressiva.
Por exemplo, as agências reguladoras precisariam ser controladas por técnicos e submetidas à controladoria externa e independente. Os juízes do STF teriam de ser escolhidos, em lista tríplice, em votação aberta no Congresso. O funcionamento da mídia mereceria ser revisto de forma ampla e dramática. O financiamento de campanhas eleitorais e partidárias necessitaria ser conduzido, apenas e exclusivamente, pela cidadania. Quem quer fazer política que vá para a rua passar a sacolinha!
Voltando ao ponto: o que importa discutir é se o modelo pode ser mais eficiente e transparente. Criticar o intervencionismo sendo, no coração, um intervencionista é fazer farisaísmo.
No momento de nossa história não podemos prescindir do papel protagonista do Estado. O que deve ser perseguido é o seu melhor funcionamento.

CRÔNICA Cartas de Paris: Muamba parisiense



Quando você é brasileiro e mora em Paris, cotidianamente tem que lidar com pedidos de compras feitos por amigos, familiares e adjacentes. Chamados de encomendas, esses pedidos podem ir de simples maquiagens e cosméticos a pesados pneus de moto.
A encomenda mais inverossímil que já ouvi falar foi, sem dúvida nenhuma, uma armadura medieval. O pedido foi feito a uma amiga que mora em Paris, pelo namorado de uma amiga do primo, ou seja, uma pessoa muito próxima. O sujeito, muito generoso, disse que dinheiro não era problema e que pagaria o táxi para o aeroporto. Para a armadura, não para a minha amiga, “bien évidemment”.
Mas tenho que reconhecer que as principais vítimas dos pedidos são os turistas e não os “locais”. Recebi amigas em minha casa em Paris que passaram a maior parte da visita em uma busca frenética pelas encomendas.
Às vezes os pedidos se aproximam perigosamente do assédio moral. Uma amiga recebeu mais de cinco ligações da mesma pessoa dentro do ônibus em Guarulhos, antes de embarcar, e assim que chegou em Charles de Gaulle recebeu mais cinco.
O que mais me intriga é que, muitas vezes, as pessoas que encomendam nunca sequer pisaram em Paris e não falam uma palavra de francês, mas são capazes de explicar em que farmácia comprar os cremes mais baratos ou em qual prateleira e andar das labirínticas Galeries Lafayette posso encontrar a tal bolsa da tal marca da qual eu nunca tinha ouvido falar nos meus mais de seis anos de França.
Comprar um pedido encomendado nunca é fácil. O último do qual fui vítima foi uma sombra e pincéis de maquiagem que, segundo a pessoa que fez a encomenda, “cabiam na bolsa”. Ela afirmou que a loja ficava a dez minutos da minha casa, segundo o Google Maps.
Ou seja, uma bobagem para quem mora em Paris e passa o dia inteiro olhando para a Torre Eiffel sem ter muito o que fazer. Infelizmente este não é o meu caso.
Eu saí do trabalho sob chuva e frio, tive que esperar durante meia hora para ser atendida. Perdi tempo, voltei para casa chateada comigo mesma por não saber dizer não e mais ainda com minha amiga.
Moral da história, as encomendas sempre incomodam por menores que sejam. É pequeno e cabe na bolsa? Mas imagine se 60 amigos pedirem coisas que cabem na bolsa? Você tem intimidade? Olha, se for realmente íntimo deve saber o transtorno que está causando.
Quando seu amigo for passear em Paris, deseje apenas boa viagem, você perde a encomenda, mas mantém o amigo.

Ana Carolina Peliz é jornalista, mora em Paris há cinco anos onde faz um doutorado em Ciências da Informação e da Comunicação na Universidade Sorbonne Paris IV. Ela estará aqui conosco todas as quintas-feiras.

Charge do Duke (O Tempo)



O que fazer com um partido que é a caricatura de Lula



Sandra Starling
Consigo, finalmente, encontrar coragem para fazer uma volta ao passado e me arrepender do que fiz. Sou levada a isso por um antigo companheiro, que me indagou, diante de meu artigo sobre José Dirceu, se a esquerda seria capaz de rever seus erros. Não sei responder essa pergunta genérica. Sei que eu posso e que posso também apontar o erro principal da maioria em meu antigo partido. Ano Novo é para isso mesmo: momento de reflexão sobre o que foi feito e sobre o que se deve fazer.
 (reprodução de Chico/O Globo)
No livro do africano José Eduardo Aqualusa “Teoria Geral do Esquecimento”, sobre a luta pela libertação e pela construção do socialismo em Angola, há um personagem, o Pequeno Soba, cuja descrição me instigou: “possuía mais alento do que talento para as tramas da política”. Viajei na maionese vendo Lula na minha frente. Só que esse, ao contrário, possui de sobra alento e talento para as tramas da política.
O PT nasceu da confluência das comunidades eclesiais de base com as organizações clandestinas de esquerda – leninistas e trotskistas, intelectuais e sindicalistas. Nas quatro vertentes, como acontece em todo lugar, convivem oportunistas, pessoas bem-intencionadas, canalhas e ingênuos. As CEBs sempre endeusaram as classes populares e se maravilharam com Lula, porque ele era um autêntico representante do povo brasileiro. A esquerda – na qual me incluía – vivia, equivocadamente, vendo em um operário – por ser operário – a encarnação do sujeito histórico da revolução.
“INTELECTUAIS”
Os intelectuais adoraram ter um líder não iniciado na militância de esquerda e, portanto, vacinado contra os males do stalinismo. Oportunistas, canalhas e mal-intencionados viram nele a “galinha dos ovos de ouro” há muito esperada. Os ingênuos, afinal, enxergaram alguém em quem poderiam confiar.
Julgo que esse endeusamento de Lula cegou-nos a todos para não vermos desde o início suas grandes virtudes, mas também seus enormes defeitos. Não vou me estender sobre as qualidades. Vou falar dos defeitos. Seu ego imenso, a fuga das “bolas divididas”, os “queridinhos da vez” (Osmarzinho, depois, Jacó Bittar, Olívio Dutra e Guschiken, Weffort, Frei Betto). E seus “escolhidos da vez” ou “descartados da vez”: dentre os primeiros, Dilma Rousseff, agora, Haddad. Dentre os segundos, por exemplo, Humberto Costa, na aventura da Prefeitura de Recife agora, em 2010.
De José Dirceu, ele nunca gostou, tenho certeza. Mas ele pressentia que nada seria sem o comandante incansável, o principal mantenedor da ordem no partido, com capacidade de intervenção fora dele. Deu no que deu. Vencida a fase de consolidação da organização interna, Lula tirou de vez a máscara e se arvorou em dono do partido, processo iniciado com a ajuda do próprio José Dirceu quando Wladimir Palmeira foi impedido de ser candidato ao governo do Rio.
Se José Dirceu for mesmo para a cadeia, e outros problemas não surgirem, será finalmente possível saber o que Lula fará com um partido que virou, como se sabe, caricatura de si mesmo.
(transcrito do jornal O Tempo)

A Charge do Chico Caruso




OBRA-PRIMA DO DIA - ENGENHARIA As Termas Romanas em Arles, França (século IV)




As termas não são criação Romana: eles se inspiraram nos gregos. Na Grécia, 2000 anos antes de Jesus Cristo, as termas já eram populares, sempre associadas ao atletismo. Os banhos gregos eram sobretudo úteis e funcionais: pequenas piscinas, banheiras, banhos para os pés e até uma espécie de chuveiro. E não só na Grécia, no Paquistão há vestígios do Grande Banho em Mohenjo-Daro que data de 2500 a.C.
Mas os Romanos ampliaram a noção e fizeram de suas termas maravilhas arquitetônicas.

Maquete das Termas de Constantino, em Arles

O que levou os Romanos a se apaixonarem pelas termas a esse ponto? Em primeiro plano, o clima. A Itália pode ser muito quente e ter um lugar para se refrescar e retirar do corpo a gordura e a poeira da cidade só podia ser agradável.
E como no inverno pode ser gelada... os Romanos, que conheciam o prazer de mergulhar em fontes sulfurosas nas áreas vulcânicas por onde passaram em suas intermináveis viagens, pensaram num jeito de resolver o problema. Em Roma não havia fontes de águas quentes. Então foi a vez de fazer valer a capacidade desse povo altamente criativo: surgiram os hipocaustos. A partir desse sistema, tudo andou muito depressa.

O hipocausto de Arles

Na Roma imperial elas se multiplicaram com uma rapidez impressionante. No século II d.C já eram milhares espalhadas pelo Império.
Em torno de 33 a.C havia mais ou menos 170 banhos públicos e privados só na cidade de Roma. Conforme o Império crescia, crescia o tamanho das termas. No final do primeiro século de nossa era o banho diário tornara-se uma ocasião social. No final do século IV havia, em Roma, 11 banhos públicos e 926 privados.
Algumas eram imensas. As Termas de Diocleciano, em Roma, construídas em 305 d.C. podia acomodar mais de 3000 usuários! Além do tamanho, havia a sofisticação típica dos Romanos: os banhos, além das temperaturas variadas, em algumas termas podiam ser com água fresca ou salgada. O banhista podia contar com massagistas, barbeiros, lojas e restaurantes. E com as novidades do dia. Nas termas as notícias corriam tanto quanto as águas...
Talvez por isso tivessem ao lado de salões ambientes menores onde assuntos privados podiam ser discutidos e negócios acertados.
As termas não eram privilégio dos ricos. Havia de vários tipos, mas mesmo as mais simples cobravam pelo uso das facilidades. Os banhos públicos cobravam 1 quadranpor hora dentro da piscina, ou se exercitando, praticando algum esporte, encontrando os amigos para papear ou acertar algum assunto.

O exterior do caldarium de Arles, que fez todos pensarem que era o salão de um palácio.

No início do século IV, às margens do Ródano, o Imperador Constantino mandou que construíssem em Arles, na maravilhosa Provence, as termas que fariam parte de um conjunto monumental na parte norte da cidade. 

Ali ficariam o fórum, a arena, as vilas, sendo que uma delas ele mandou transformar em um palácio imperial, que passou a ser uma de suas residências. 

O interior do caldarium

No século XVI eruditos arlesianos estudando as pedras e os vestígios que encontravam às margens do rio pensaram se tratar do palácio do imperador e denominaram as ruínas de Palácio da 'Trouille', do latim trulus, que significava edifício circular com abóbada (as duas fotos acima).
Foi somente no século XIX que escavações acabaram por comprovar que aquelas eram as ruínas das termas de Arles que, junto com as Termas de Clichy em Paris, são as mais bem conservadas das termas que os romanos espalharam pela Gália, das que sobreviveram até nossos dias.

Agravamento do Caso Rose faz Lula adiar o plano de viajar por todo o país, já em campanha eleitoral, a pretexto de fortalecer o PT



Carlos Newton
Em função das novas denúncias envolvendo a ex-chefe do Gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa Noronha, agora suspeita de fazer tráfico de influência também no Banco do Brasil, o ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva já mudou os planos de definir até o dia 15 de janeiro o roteiro de viagens que pretende fazer pelo País em 2013.
Lula tinha resolvido que neste ano viajará por vários Estados brasileiros, a pretexto de “retomar a política partidária e fortalecer o PT”, porque durante 2012 teve de manter um comportamento mais retraído em razão do tratamento contra um câncer na laringe.
“Vamos montar uma boa agenda no Brasil adentro, não afora”, chegou a anunciar Clara Ant, diretora do Instituto Lula, durante a posse do petista Fernando Haddad como prefeito de São Paulo, no dia 1º. Como se sabe, Ant é responsável pela agenda do ex-presidente. “Ele estará mais presente no Brasil”, completou.
Ant negou que o roteiro seja uma retomada das Caravanas da Cidadania, viagens feitas por Lula pelo País nos anos 90, com motivos eleitorais, durante as quais era acompanhado pela imprensa.
Mas agora o planejamento do Instituto Lula mudou e o início das viagens está adiado “sine die”, com se dizia antigamente. Motivo: se o ex-presidente aparecer em público, a imprensa irá logo entrevistá-lo sobre o caso Rose e também sobre as novas denúncias do publicitário Marcos Valério, operador do esquema de corrupção parlamentar do mensalão, que desta vez acusa diretamente Lula.
A prioridade total do PT e do Instituto Lula é blindar o ex-presidente, colocando em prática na mídia um plano de “desconstrução” das acusações de envolvimento dele no caso do mensalão.
FUGINDO DA IMPRENSA
Desde a Operação Porto Seguro, desfechada pela Polícia federal no final de novembro para desbaratar a quadrilha que agia nas agências reguladoras e em outros órgãos do governo, o ex-presidente Lula está fugindo da imprensa e só tem dado entrevista à TVT, uma emissora de televisão criada por sindicatos ligados ao PT. Na Europa, Lula chegou ao cúmulo de escapar pela lavanderia do hotel para se livrar dos jornalistas, vejam só que vexame.
Rosemary Noronha, ex-chefe do Gabinete de Lula em São Paulo, envolvida no esquema de corrupção e companheira de Lula em viagens internacionais a 32 países, também está fugindo da imprensa desde aquela época. Até agora, passados quase dois meses, nenhum jornalista conseguiu entrevistá-la ou fotografá-la.
Ela está escondida em “lugar incerto e não sabido”, como se diz no linguajar jurídico, e não sai para nada, nem mesmo para ir ao salão de beleza, que frequentava duas vezes por semana. Seu reduto só é conhecido de alguns membros da família, de seus três advogados, do comando do PT e da direção do Instituto Lula, que vem atendendo às necessidades básicas de Rose.
No próximo dia 21, ela terá de se apresentar perante o juízo da 5ª Vara Federal de Brasília, e a imprensa fará plantão para entrevistá-la. Se Rose não aparecer, estará confirmada a informação de que a companheira de viagens de Lula está tendo tratamento privilegiado no cartório da 5ª Vara Federal, desobrigada de comparecer, apesar da existência da ordem judicial.