sábado, 11 de maio de 2013

Em artigo publicado no Globo, o jornalista Guilherme Fiúza ironiza a propaganda do PT, sobre o "salto" dos últimos dez anos, e prevê mais uma década de saque ao Estado, uma vez que ainda haveria "muito para depenar"; quanto ódio...


Chá de cadeira em Dilma - EDITORIAL O ESTADÃO



O ESTADO DE S. PAULO - 11/05
A presidente do Brasil é Dilma Rousseff, mas isso parece ser apenas um detalhe. Na fabulação bolivariana, ela não passa de uma nota de rodapé ante os "gigantes" Luiz Inácio Lula da Silva, Hugo Chávez e Néstor Kirchner. Por isso, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, não teve nenhum pudor em deixá-la esperando por quase duas horas, durante sua visita ao Brasil, enquanto se encontrava com o ex-presidente Lula. Não foi apenas Dilma que saiu menor desse episódio. E a própria Presidência brasileira que encolhe a olhos vistos ante o menosprezo de Lula pela liturgia do cargo que ele não mais ocupa, mas do qual não consegue "desencarnar". Dilma, por sua vez, obediente e disciplinada, parece aceitar seu status de presidente ad hoc.
Como se sabe, Maduro veio ao Brasil para obter a legitimidade política que lhe falta na Venezuela, graças à truculência com que ele está tratando a oposição - dona de metade dos votos na controvertida eleição vencida pelo herdeiro de Chávez. Maduro enfrenta resistência também nas próprias fileiras chavistas, porque, com a morte do Comandante, se multiplicaram focos de rebelião daqueles que se sentiram preteridos dentro do Politburo venezuelano e relutam jurar lealdade ao presidente.

Já começam a circular rumores de que os próprios chavistas, principalmente o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, estão conspirando para prejudicar Maduro. Suspeita-se que Cabello - que já está sendo chamado de "ditador em espera", é muito ligado aos militares e não é bem visto pelo regime cubano, padrinho de Maduro - esteja incitando a violência para precipitar a crise.

Tudo isso acontece em meio a uma avassaladora crise econômica, cujo lado mais perverso e politicamente explosivo é o desabastecimento de alimentos - que Maduro atribuiu à "sabotagem econômica", sem reconhecer a óbvia incompetência de seu governo. Não surpreende que já haja pesquisas mostrando que, se a eleição presidencial fosse hoje, o vencedor seria o opositor Henrique Capriles.

Nesse contexto, Maduro veio ao Brasil para pedir ajuda - que se traduzirá em acordos comerciais francamente desequilibrados em favor da Venezuela - e para consultar-se com Lula para saber o que fazer. O ex-presidente não o decepcionou. "Hoje, Lula nos banhou de sabedoria", declarou, entusiasmado, o venezuelano, após a audiência que contou também com a presença do presidente do PT, Rui Falcão, numa deliberada confusão de questões de Estado com interesses político-ideológicos. Lula falou durante uma hora sobre sua "experiência de luta", disse Maduro, que qualificou o petista de "pai dos homens e mulheres de esquerda da América. Latina". Para o venezuelano, "dos três gigantes que começaram este processo de integração da América Latina, Kirchner, Chávez e Lula, só nos resta Lula". Assim, a visita oficial de um chefe de Estado ao Brasil converteu-se em peregrinação para adorar um santo vivo e beber de seus "ensinamentos".

Somente depois de beijar a mão de Lula e de reconhecer- se como seu "filho" é que Maduro dirigiu-se ao Planalto para ser recebido por Dilma, que lhe reservou honras de Estado, a despeito do chá de cadeira que levou. Não contente em fazê-la esperar, Maduro ainda lhe presenteou com um enorme retrato de Chávez, numa cena constrangedora, que tornou a presidente ainda menor em todo o contexto. Restou a Dilma fazer um discurso curto, protocolar, em que exaltou a "parceria estratégica" entre Brasil e Venezuela e chamou de "momento histórico" o fato de que a Venezuela assumirá a presidência do Mercosul no segundo semestre - situação esdrúxula que só está sendo possível graças a um golpe bolivariano para isolar o Paraguai, que se opunha à entrada da Venezuela no bloco.

À vontade, Maduro sentiu-se autorizado a dizer, sem que a mentira fosse contestada, que o projeto do Mercosul "nasceu em essência das ideias de Chávez". No culto à personalidade de Chávez e Lula, Dilma é cada vez mais apenas uma coadjuvante.

Roupa apertada - CELSO MING



ESTADÃO - 11/05

Aumentam em todo o País os índices de inadimplência, situação em que o devedor deixa de honrar seus compromissos financeiros, quase sempre porque não pode. Crescem, também, os índices de endividamento das famílias.

Desta vez, não são somente os números do Banco Central que comprovam esse aperto financeiro do consumidor do Brasil. Também apontam na mesma direção levantamentos da Federação do Comércio de São Paulo (veja mais, na página B1).

São três os principais fatores responsáveis por essa situação. A primeiro deles é a inflação. A alta do custo de vida começa a fazer estragos crescentes no orçamento familiar. É a sobra de mês no fim do salário, que obriga o consumidor a escolher o pedaço de seus custos que fica sem cobertura. Nessas condições, a expansão da dívida não resolve, porque acrescenta carga de juros à relação de despesas mensais.

O segundo fator a elevar a propensão ao calote é a nova pressão dos serviços sobre o custo de vida. Quem compra um carro, por exemplo, não tem de arcar apenas com mais uma prestação mensal. De repente, vê-se tomado por novas despesas, algumas delas imprevistas: combustível, seguro, impostos, mecânica ou assistência técnica, estacionamento, flanelinha, valet. Fica inevitável levar a família para um fim de semana na praia ou para o shopping center e aí as contas se multiplicam.

O terceiro ponto é certo descontrole dos bancos, que passaram muitos anos ganhando com a aplicação em títulos públicos e se desacostumaram com o crédito e com a administração de risco. Quando se viram obrigados a girar sua carteira de crédito, sob pena de perda de rentabilidade e de participação de mercado, tiveram de enfrentar a inadimplência.

O aumento do endividamento familiar é consequência do forte aumento das operações de crédito. No ano 2000, o estoque de crédito prestado pelos bancos no Brasil não passava de 27% do PIB. Agora, já é superior a 50%. Além disso, cresceu substancialmente a utilização dos cartões de crédito, não somente como meio de pagamento, mas também como sistema de crédito complementar.

Por enquanto, o aumento da inadimplência parece administrável. Mas já leva a duas consequências: (1) vem obrigando os bancos a reservar parcelas crescentes de recursos para provisão de créditos de retorno duvidoso; e (2) impõe mais cautela às instituições financeiras nas concessões de créditos novos.

Do ponto de vista da administração econômica, o aumento da inadimplência deveria ser razão suficiente para colocar em movimento políticas de maior controle da inflação.

A corrosão do poder aquisitivo do consumidor por si só cria distorções, como pressões por reajustes salariais e por reindexação da economia, que realimentam a inflação, como já está acontecendo. Além disso, sabota o crescimento econômico, na medida em que reduz o consumo e, portanto, estreita o mercado interno.

Por enquanto, apenas o Banco Central parece determinado a combater a inflação por meio da redução do volume de dinheiro na economia (política monetária). E, no entanto, sem mais austeridade na administração das contas públicas, o alcance da política de juros tende a ser limitado.

Milagre da multiplicação



Nas mãos da Justiça
Tribunal de Justiça da Paraíba decide na terça-feira se um investidor que não resgatou um título de uma quantia equivalente a 15 000 dólares no antigo BMC, em 1985, terá que ser ressarcido em 500 milhões de dólares.
O dinheiro ficou intocado no banco durante quinze anos e o valor foi multiplicado porque um enlouquecido perito judicial aplicou um cálculo de juros sobre juros. Na primeira instância, o investidor teve ganho de causa.
Por Lauro Jardim

Vejam só o nível do debate: Garotinho diz que emenda de Eduardo Cunha “cheira mal” — Cunha responde acusando Garotinho de ser batedor de carteira e grita “pega ladrão”



Anthony Garotinho e Eduardo Cunha: o bate-boca entre os dois foi algo que o presidente da Câmara, Henrique Alves, diz nunca ter visto em 40 anos como deputado (Fotos: Bruno Peres / DA Press :: Ag. O Globo)
UMA NOITE INESQUECÍVEL
Merval Pereira, O Globo
Foi uma noite para ser esquecida, segundo a definição de alguns. Ou para nunca mais ser esquecida. O nível dos debates para a aprovação da medida provisória baixada pelo governo sobre portos ficou tão baixo que o presidente da Câmara, Henrique Alves, disse que, em 40 anos de vida parlamentar, jamais vira espetáculo tão degradante.
Não se poderia esperar outra coisa dos principais combatentes da noite, os deputados Eduardo Cunha, do PMDB, e Anthony Garotinho, do PR, ambos do Rio, antigos aliados, hoje grandes desafetos.
Garotinho acusou a emenda aglutinativa patrocinada por Cunha de cheirar mal, de ter motivações escusas e, nos bastidores, falava abertamente em milhões de reais por baixo da mesa para favorecer interesses de empresários.
Cunha referiu-se a Garotinho como o batedor de carteira que sai gritando “pega ladrão” para distrair a atenção.
A piada no plenário: os dois têm razão
A baixaria foi tão grande que a piada no plenário era que, em vez de citar Tio Patinhas, referindo-se ao autor da emenda, Garotinho deveria falar nos Irmãos Metralha. E a consequência lógica era que os dois tinham razão.
Com a acusação genérica de Garotinho, aconteceu o imprevisível: todos os líderes que se preparavam para aprovar a votação retiraram o apoio, com receio de serem apontados como corruptos.
Não se sabe se a atitude de Garotinho foi apenas contra o adversário Eduardo Cunha ou se tinha um alcance mais amplo que o de impedir que a emenda aglutinativa fosse votada. Nesse caso, estaria fazendo um trabalho para a presidente Dilma, que quer aprovar a medida provisória que enviou ao Congresso com as mudanças negociadas com a base.
Ainda há grande perplexidade no Congresso, e ninguém sabe se haverá condições de aprovar a medida provisória antes que caduque, no dia 16. Como a nova Lei dos Portos foi encaminhada sem uma negociação prévia no Congresso, agora os empresários de várias correntes procuram seus deputados e senadores defendendo seus interesses.
Mesmo que o objetivo seja modernizar os portos, imprescindível para destravar a economia, muitos detalhes encontram objeções entre os setores envolvidos.
O fato de o texto da MP ter recebido nada menos que 645 emendas, sendo que 150 foram aceitas pelo relator, mostra o grau de desentendimento que existe sobre a matéria.
Além do mais, a presidente deixou vazar que não honraria as emendas acatadas pelo relator, o que deixou os interlocutores do Planalto sem voz ativa no Congresso, provocando críticas especialmente às ministras Ideli Salvatti e Gleisi Hoffmann.
As principais críticas à MP são sobre a ação dos sindicatos na contratação de pessoa. E também à ingerência governamental, que mais ou menos recria a Portobras, pois eleva o poder dos burocratas federais, impedindo que um porto estadual, como Suape, continue na boa trilha e acaba com a participação direta de trabalhadores e empresários no Conselho de Autoridade Portuária (CAP).
Uma constatação: a maioria parlamentar do governo não existe
Pela MP, o CAP passaria de deliberativo a consultivo, sem poder decisório algum. No plenário, os deputados lembravam que a Lei dos Portos do presidente Itamar Franco tramitou como projeto de lei, de forma democrática, ao contrário da de Dilma, que tentou fazer o mesmo por MP, por si só impositiva, cheia de erros e geradora de conflitos.
Mesmo os partidos de oposição, que pretendiam votar com o governo porque consideram que é importante modernizar os portos, encontraram dificuldades para defender suas posições diante dos desentendimentos da própria base governista.
Mais importante que o resultado desse embate é a constatação de que a maioria parlamentar do governo na verdade não existe. Cada partido, ou grupo de parlamentares, defende seus interesses e não está alinhado a um projeto de governo.
Mesmo porque não existe uma atuação parlamentar do governo em sintonia dentro do Congresso, pois as discussões ocorridas na noite de quarta-feira aconteceram basicamente entre lideranças de partidos da base aliada, que se encontram cada dia mais estressadas diante da incerteza de um poder futuro.
Com a economia em situação preocupante, a descoordenação da atividade parlamentar e a inaptidão da presidente Dilma para a negociação política, cada um tenta entender onde está a expectativa de poder futuro para se posicionar corretamente na disputa presidencial.
O favoritismo de Dilma vai dando lugar a uma incerteza que coloca sua base partidária em polvorosa.

Murici, a cidade onde a família de Renan Calheiros manda há 30 anos — e chafurda nos piores indicadores sociais e econômicos



SÓ POBREZA -- Portelinha: favelados dependem da prefeitura (Foto: Manoel Marques)
SÓ POBREZA -- Portelinha: favelados dependem da prefeitura (Foto: Manoel Marques)
Reportagem de Gabriele Jimenez, publicada em edição impressa deVEJA
PARADA NO TEMPO
Murici, a cidade onde a família do senador Renan Calheiros se reveza no poder, é privilegiada em verbas federais, mas boa parte da população ainda vive na miséria
Município de 27 000 habitantes situado a 50 quilômetros de Maceió, Murici frequenta com certa assiduidade o noticiário nacional por três motivos – todos lamentáveis: inundações devastadoras, escândalos de desvio de dinheiro público e o fato de sempre ter na prefeitura, em esquema de revezamento, políticos de sobrenome Calheiros.
A família domina há mais de trinta anos (21 deles ininterruptos) a administração municipal, muito embora seu filho mais famoso, o presidente do Senado, Renan Calheiros, 57 anos, só apareça por lá em campanha ou em dia de inauguração. Chafurdado em alguns dos piores indicadores socioeconômicos do Brasil – até mesmo para os padrões alagoanos -, Murici é o resultado da velha política assistencialista, cujas raízes remontam ao coronelismo.
Um terço dos moradores não sabe ler nem escrever, 65% dependem do Bolsa Família para sobreviver e o Índice de Desenvolvimento Humano rasteja em 0,58 (numa escala que vai de 0 a 1). Uma das maiores escolas públicas muricienses, com 560 alunos, funciona em salas de chão de terra separadas por tapumes. As crianças saem uma hora mais cedo porque a escola não oferece merenda. O problema não parece ser, nesse caso, de miséria. Um processo que aponta irregularidades nas verbas de merenda na cidade já chegou ao Supremo Tribunal Federal.
O assunto que alvoroça os moradores é o destino de mais de 2000 ca­sas construídas com verba federal de 95 milhões de reais. Na teoria, seriam destinadas às famílias desalojadas na enchente de 2010, que deixou quase 10000 desabrigados e nove mortos. Na prática, não tem sido assim.
Prefeito de Murici, Remi (entre Renan, à esq., e Olavo Neto) (Foto: Manoel Marques)
Prefeito de Murici, Remi (entre Renan, à esq., e Olavo Neto) (Foto: Manoel Marques)
As casas estão prontas: são dois conjuntos habitacionais novinhos, o Olavo Calheiros – patriarca do clã e primeiro a fincar pé no poder, ao assumir a prefeitura, em 1980 – e o Pedro Raposo Tenório, de família aliada política dos Calheiros.
A maioria desses imóveis foi distribuída segundo critérios duvidosos, que quase sempre privilegiam os mais próximos do poder. O Ministério Público Federal determinou à prefeitura que refaça a lista de cadastrados levando em conta critérios menos clientelistas.

Elio Gaspari faz uma boa proposta para tratar menores criminosos



Menor que foi preso pela Polícia Civil com outros dois suspeitos de atear fogo e matar a dentista Cinthya Magaly (Foto: Adriano Lima / Folhapress)
Menor que foi preso pela Polícia Civil com outros dois suspeitos de atear fogo e matar a dentista Cinthya Magaly (Foto: Adriano Lima / Folhapress)
Amigas e amigos do blog, achei criativa, pragmática e interessante essa proposta do jornalista Elio Gaspari para abordar a complexa questão da maioridade penal no Brasil — mais especificamente, como resolver casos de jovens que são tecnicamente menores, mas já ostentam uma feia folha corrida.
Confiram:
UMA PROPOSTA PARA A MAIORIDADE PENAL
Por Elio Gaspari para o jornal O Globo
Vinte e seis Estados americanos têm leis conhecidas pelo nome de “Três chances e você está fora [de circulação]” (“Three strikes and you are out”).
De uma maneira geral funcionam assim: o delinquente tem direito a dois crimes, quase sempre pequenos. No terceiro, vai para a cadeia com penas que variam de 25 anos de prisão a uma cana perpétua.
Se o primeiro crime valeu dez anos, a sociedade não espera pelo segundo. O sistema vale para criminosos que, na dosimetria judiciária, pegariam dois anos no primeiro, mais dois no segundo e, eventualmente, seis meses no terceiro.
Essa versatilidade poderia ser usada no Brasil para quebrar o cadeado em que está presa a sociedade na questão da maioridade penal. Uma pesquisa do Datafolha mostrou que 93% dos paulistanos defendem a redução da maioridade para 16 anos.
De outro lado, alguns dos melhores juristas do país condenam a mudança. É verdade que a população reage emocionalmente depois de crimes chocantes, como o do jovem que matou um estudante três dias antes de completar 18 anos, mas essa percentagem nunca ficou abaixo de 80%.
Seria o caso de se criar o mecanismo da “segunda chance”.
A maioridade penal continuaria nos 18 anos. No primeiro crime, o menor seria tratado como menor. No segundo, receberia a pena dos adultos.
Considerando-se que raramente os menores envolvidos em crimes medonhos são estreantes, os casos de moleza seriam poucos.
O jovem que matou o estudante Victor Hugo Deppman depois de tomar-lhe o celular já tinha passado pela Fundação Casa [sucessora da Febem] por roubo. O menor que queimou viva a dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza também era freguês da polícia. Estariam prontos para a maioridade penal.

Neil Ferreira: Advertência — a bandidagem do Mensalão pode sair livre, leve, solta



Dirceu O Inocente Injustiçado, “Cumpanhero de armas” da Dilma, já foi absolvido pela imprensa “independente”. Virou um varão de Plutarco; até o Inferno tem seus heróis (Foto: André Dusek / AE)
Dirceu O Inocente Injustiçado já foi absolvido pela imprensa “independente”. Virou um varão de Plutarco; até o Inferno tem seus heróis (Foto: André Dusek / AE)
Por Neil profeta do caos Ferreira, publicado no Diário do Comércio da Associação Comercial de São Paulo
ADVERTÊNCIA: A BANDIDAGEM PODE SAIR LIVRE, LEVE, SOLTA
Esta é um obra de ficção: Montado no meu saber jurídico, superior ao do já esquecido Capinha-Preta Ministro Dias Toffoli, que só abre a sábia boca para pronunciar a sábia sentença “Voto com o Eminente Ministro Revisor”, e o já quase esquecido Lewandowski “O (Coisa)Ruim ”, só lembramos “O Bom”, o xará artilheiro do Dortmund, finalista da Champions League.
Digo eu: prepare o seu coração para esta quase inexorável manchete: “Zé Dirceu Livre”. É o seu Direito Constitucional à Isonomia com Duda Mendonça, ex-principal acionista da “Money Laundry Düsseldorf”, em liberda-a-de, liberda-a-de, abre as asas sobre eles.
Srs. Passageiros, apertem os cintos que vou decolar com a explicação do que entendi desse “imbroglio”. Se entendi errado, aguarde um pedido de desculpas no próximo voo, com serviço de bordo de 1ª Classe: uma suspeita barrinha murcha de cereais e um copo com água morna.
Há em tecedura um tapetão a ser puxado a qualquer momento, tecido por refinadas, habilidosas, cultas e bem treinadas mãos, supostamente abaixo de quaisquer suspeitas.
Mãos como as do quadro-laranja Fonteles, Deputado Federal, PT/Piauí, que nunca abriu a boca na Câmara nem pra bocejar e apresentou um projeto de Proposta de Emenda Constitucional (Pec), que é a cara escrita e escarrada de um golpe de Estado.
Se aprovada pelo Congresso, tirará poderes do STF, Guardião da Constituição.
A republicana igualdade entre os 3 Poderes irá esgoto abaixo, numa descarada manobra bolivariana de quinta categoria, a ser aprovada (será) por uma quadrilha de representantes do Povo – todos votados e eleitos, nenhum deles entrou pulando a cerca.
Só como exemplo: Genoíno O Coitadinho e João Paulo Cinquenta Conto Cunha poderiam vir a julgar as condenações e sentenças que lhes foram aplicadas pelo STF. São os criminosos julgando os Juízes.
Por um absurdo nunca antes visto num Estado Democrático e de Direito, esses criminosos integram a Comissão de Constituição e Justiça e votaram a favor do envio dessa Pec à “discussão” de um plenário pleno com a base comprada com a grana do Mensalão. O crime compensa.
Pode não se tratar de um tapetão de verdade. Aqui no porão da subcultura, onde habito na vizinhança dos mais de 100% do país dos mais de 200 milhões de ignorantes em matéria de Direito, é como se fosse um tapetão — e dos persas.
Certifico com conhecimento de causa por ser eu um tapete vira-latas, pisado pelos que têm o Pudê e a Grana. Eles têm A Força.
Late como tapetão, coça as pulgas como tapetão, balança o rabo como tapetão, é tapetão. Mesmo que se acuse de que é minha imaginação, sabe-se: a realidade é produto da imaginação.
Só como exemplo: Genoíno O Coitadinho e João Paulo Cinquenta Conto Cunha poderiam vir a julgar as condenações e sentenças que lhes foram aplicadas pelo STF. São os criminosos julgando os Juízes (Foto: AE)
Só como exemplo: Genoíno O Coitadinho e João Paulo Cinquenta Conto Cunha poderiam vir a julgar as condenações e sentenças que lhes foram aplicadas pelo STF. São os criminosos julgando os Juízes (Foto: AE)
O que está sendo tecido é perfeitamente dentro da Lei. A Constituição assegura ao réu todo o Direito de Defesa e sua última instância são os embargos, que podem ser apresentados aos votos dos Ministros que contenham dúvidas quanto aos quesitos julgados, sua interpretação e sentenças proferidas. O respeito à Lei é um dos pilares da Democracia.
Os Mensaleiros utilizam essa última instância com base no mais profundo conhecimento do Direito à Chicana: Dirceu O Inocente Injustiçado, “Cumpanhero de armas” da Dilma, já foi absolvido pela imprensa “independente”. Virou um varão de Plutarco; até o Inferno tem seus heróis.
Teve manchete de 1ª página na Falha de S.Paulo quando tentou desmoralizar o Ministro Fux. Teve manchete de 1ª página no Estadãoquando exigiu que o Ministro Joaquinzão fosse impedido de relatar os tais embargos. Quem tem medo do Joaquinzão?
Ganha notícias favoráveis quando pega um bronze na piscina com a atual Primeira Cumpanhera e até quando vai ao banheiro.
Foi acolhido no espaço mais nobre do blog do Noblat, a abertura, para apresentar seu furo de reportagem: “A campanha presidencial foi antecipada em 2 anos pela Oposição para prejudicar a reeleição da presidenta”, afirmou na maior cara de pau; parece piada do “Zorra Total”.
Esses embargos correriam o risco de serem recusados pelo STF, se a história recente dessa Corte fosse levada em conta. Com nove Ministros, as condenações e as sentenças foram proferidas por cinco Ministros pela condenação e quatro pela absolvição – a Gangue dos Quatro: Levandowski, Dias Toffoli e as meninas Carmem Lúcia e Rosa Weber.
Com a nomeação do novo Ministro Carequinha, que desconfio ser Cumpanhero (foi ele quem livrou a cara do Mermão Paloffi no julgamento de um de seus “ malfeitos”) , agora os Ministros são dez.
Na minha paranóia, tenho a quase certeza de que a votação dos embargos ficará nos cinco a cinco. Se der empate, a sentença é pró réu, o que quer dizer que a bandidagem sairá linda, leve e solta — e de ficha limpa.
Dirceu O Inocente agora Justiçado, Capitão do Time e Chefão (Godfather) da Quadrilha, poderá vir a ser até candidato a Presidente da República, a bordo de um Diploma de Inocente e Condecoração de Herói da Pátria – pra eles, Condenação é Condecoração. Fim da ficção, pode voltar ao mundo real.
Hélas pour nous.

‘Sem folga na direção’, de Dora Kramer



PUBLICADO NO ESTADÃO DESTA SEXTA-FEIRA
DORA KRAMER
Volta e meia sai uma pesquisa registrando índices de popularidade inéditos para a presidente Dilma Rousseff, em geral seguida de outra informando que, “se a eleição fosse hoje”, ela estaria reeleita. No primeiro turno.
A mais recente, encomendada pelo PSDB, coincide com os dados divulgados pelo Ibope em março: Dilma tem 53% das intenções de voto. Isso em cenário de múltiplas candidaturas adversárias. Segundo o Ibope, a presidente teria 58% enfrentando três oponentes e 60% se os desafiantes forem apenas dois, Marina Silva e Aécio Neves.
Visto assim do alto, o quadro é extremamente favorável à presidente. Ainda mais se considerados dados do Ibope sobre as intenções de voto de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio da Silva em 1998 e 2006, anos das respectivas reeleições.
FH tinha 25% na pesquisa espontânea e Lula, 27%. Nesse tipo de consulta em que não é apresentada ao pesquisado uma lista de nomes, Dilma apareceu com 35% em março último.
Mas há diferenças significativas. A antecedência da consulta, por exemplo. O índice de Lula foi medido seis meses antes da eleição, o de Fernando Henrique, três meses e o de Dilma, um ano e meio antes.
Na época, Lula estava às voltas com o escândalo do mensalão. FH enfrentava turbulências sérias na economia e na política, pois perdera a majestade com o esforço para aprovar a emenda da reeleição no ano anterior e sua base de sustentação no Congresso dava sinais graves de desgaste que viria a se consolidar depois no afastamento do então PFL (hoje DEM) e na dispersão do PMDB.
Ainda assim foram reeleitos. O tucano em primeiro turno com 53,06% dos votos e o petista no segundo, com 60,83%. Ponto a favor de Dilma? Não necessariamente.
A presidente em tese vive circunstâncias mais vantajosas: não tem oposição forte como tinha o tucano, não está na administração de um escândalo das proporções do mensalão, vive em campanha eleitoral aberta no pleno uso da máquina estatal, em suma: joga sozinha e com as “brancas”.
Nessas condições, 53% de intenções de voto não é grande coisa: o jogo ainda não começou para valer, a economia patina, as insatisfações se explicitam nos setores mais diretamente interessados (empresariado e políticos) e a imagem de grande gestora e governante austera vai batendo de frente com a realidade de resultados parcos e fisiologismo deslavado.
Se o cenário não sinaliza perda do favoritismo, tampouco desenha vitória no primeiro turno.
Ética temporã. A Comissão de Ética Pública da Presidência da República vai examinar o caso do acúmulo de funções do ministro da Micro e Pequena Empresa, o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, no próximo dia 20.
Duas semanas depois de oficializada a escolha. O natural seria que a questão tivesse sido analisada (e resolvida) antes da nomeação e não depois da enxurrada de questionamentos.
Para lembrar dois exemplos em que isso foi feito a tempo e a hora em governo do PT. Gilberto Gil só aceitou o ministério da Cultura mediante sinal verde da Comissão de Ética em relação às suas atividades artísticas. Márcio Thomaz Bastos, da Justiça, passou a administração de seus bens para uma instituição financeira e se desfez das cotas de seu escritório de advocacia, em operação aprovada previamente pela Comissão.
A propósito: a presidente disse ontem que Afif é a pessoa certa no lugar certo. Pode até ser, mas do jeito errado.

Adultério ideológico



Ruy Fabiano
Mais esdrúxula que a adesão de um liberal histórico a um governo que se proclama de esquerda – caso da nomeação de Guilherme Afif Domingos a ministro-chefe da Secretaria da Micro e Pequena Empresa -, é a acumulação de cargos daí decorrente.
Afif, que é do PSD, é também vice-governador de São Paulo, cargo que, num gesto surpreendente, se recusou a deixar ao ser nomeado ministro. Baseia-se num suposto vazio legal quanto à matéria, o que lhe autorizaria a acumulação.
Ainda que assim fosse – há controvérsias -, não há como deixar de considerar alguns fatores, de ordem ética e política, que resultam dessa insólita acumulação de funções.
Do ponto de vista ético (que tem também implicações políticas), quebra-se o princípio bíblico do “não se pode servir a dois senhores”. Afif servirá simultaneamente à presidente Dilma, que é do PT, e ao governador Geraldo Alckmin, que é do PSDB.
Se conseguir levar essa acrobacia até o fim, terá logrado, de quebra, outra façanha, de ordem metafísica: provar o equívoco de uma sentença bíblica. Não é tarefa fácil.
Dentro de um ano, terá início a campanha sucessória, e ambos os “senhores” de Afif – Dilma e Alckmin – serão candidatos à reeleição, sem qualquer chance de aliança: o candidato de Dilma em São Paulo enfrentará Alckmin e este apoiará o tucano (Aécio Neves?) que enfrentará Dilma.
Não se sabe como procederá o ministro-vice-governador Afif, pois, enquanto estiver ministro, terá de ser braço político de Dilma junto aos pequenos empresários, para que estes votem e se engajem na sua reeleição – ou alguém imagina que a presidente criou mais uma pasta (a 39ª!) por razões de ordem técnica?
Criou-a porque sabe que esse segmento é amplo e influente e pode lhe gerar votos, muitos votos. Afif não foi nomeado por ser o especialista que é na matéria. Poderia até não ser.
Afinal, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), ao assumir o cargo de ministro da Pesca, confessou não saber nem pendurar uma minhoca no anzol. “O cargo é político”, disse ele.
De fato, assim têm sido as nomeações, que contemplam partidos da base - ou, como no caso do PSD, partidos que, em decorrência da nomeação, passam formalmente a integrá-la.
Como ministro de Dilma, Afif terá que se engajar no esforço eleitoral que, desde já, move a base governista. Ao mesmo tempo, é vice de um tucano, a quem deve lealdade (pelo menos em tese), e que trabalhará em sentido oposto ao de sua chefe federal.
Esses são os imbróglios ético-políticos, que não costumam ser obstáculo nos dias de hoje a muita coisa (afinal José Genoíno e João Paulo Cunha, condenados pelo STF, votaram há dias na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados a admissibilidade de uma emenda constitucional que tira poderes da Corte que os condenou em instância final).
Mas Afif terá que enfrentar ainda questionamentos judiciais. O vazio legal que, segundo seu entendimento, o beneficia, está sendo contestado por um deputado estadual, Carlos Giannazi (PSol), que pede sua cassação do cargo.
A Constituição do Estado de São Paulo, ao estabelecer direitos e deveres do governador, o impede de acumular cargos. Mas nada diz quanto ao vice.
Ora, se o vice é o sucessor legal e imediato do governador, não é preciso ser nenhum jurisconsulto para entender que, assim como os votos que elegeram o titular se estenderam ao vice, ambos estão submetidos ao mesmo código de conduta expresso na constituição estadual.
Se Alckmin adoecer ou tiver que viajar ao exterior, Afif pedirá licença a Dilma para assumir o governo de São Paulo? À margem de tudo isso (que não é pouco), um constrangedor paradoxo: um liberal, que em princípio defende o Estado mínimo, empenhado em manter-se duplamente a ele apegado. É o que se pode chamar de um adultério ideológico completo.

Ruy Fabiano é jornalista.

Dilma Rousseff explica o segundo emprego de Afif Domingos



“Não vou renunciar ao cargo de vice-governador porque fui eleito”, reincidiu Guilherme Afif Domingos nesta sexta-feira. Mais uma tapeação de quinta categoria.
Em 2010, o eleito foi Geraldo Alckmin, que voltou ao Palácio dos Bandeirantes com o apoio de uma aliança antipetista. Brasileiro vota no cabeça de chapa. Vice vem na garupa.
Afif não foi escolhido pelos eleitores, mas pelos pajés do DEM oposicionista ─ que depois trocaria pelo invertebrado PSD.
Sem ficar ruborizado, o 39° ministro de Dilma Rousseff alega que resolveu continuar no posto que abandonou para não decepcionar os eleitores atraiçoados, que já lhe riscaram a testa com a marca da infâmia.


Quem ouve Afif sem se sentir nauseado deve ter achado muito claro e convincente o palavrório despejado por Dilma Rousseff para justificar a engorda do primeiro escalão.
“E por que um novo ministério?”, perguntou a presidente na cerimônia de posse em que Afif ensinou como deve beijar a mão da dona quem acabou de juntar-se à criadagem da casa-grande. Em países que fazem sentido, a resposta à própria pergunta induziria um bebê de colo a imediata internação da declarante num hospício de segurança máxima.
“No Brasil nós temos de ter e de reconhecer que é necessário um processo de expansão para depois abrir um processo de redução e assinamento”, desandou a Doutora em Nada.
O Brasil que resiste à Era da Mediocridade ficaria menos perplexo se os dois parceiros contassem a verdade. Como sabe até a caxirola que a madrinha dos inventores de araque ganhou de Carlinhos Brown, Afif foi incorporado à multidão de ministros porque contrato é contrato.
Numa das cláusulas do acordo costurado por Dilma e Gilberto Kassab, ficou combinado que parte do aluguel do PSD seria paga com o repasse de um pedaço do primeiro escalão (cofres incluídos) ao ex-adversário que hoje não é de esquerda, nem de direita e nem de centro; é do governo, qualquer governo.
O resto é conversa de 171, número que rima tanto com o vendedor que não diz o que sabe quanto com a compradora que não sabe o que diz.

CHARGE DO ALPINO - Pastor Marcos Pereira é acusado de estuprar fiéis

CHARGE DO AMORIM



Esta charge do Amorim foi feita originalmente para o

Tricotomia do sequestro e da aniquilação da moralidade no Brasil



Gilson Percinotto
Há três fatores de condensação (ou pontos de acumulação) que sustentam a corrupção, a prevaricação e a impunidade.
O primeiro deles corresponde ao mau caráter, tanto de corruptos quanto de corruptores, visto que ambos se consideram titulares do poder (que apenas em tese emana do povo, vislumbrado da mesma forma, enquanto plebe acéfala, desde as civilizações da antiguidade).
O segundo grande fator corresponde à proteção recíproca, ao pacto de mediocridade que caracteriza a apropriação e a corrosão interna das instituições, com peixes grandes, peixadas, “costas quentes”, aquecidas por quem comanda e deve favores, funcionários fantasmas, propinas, pagar a polícia e a segurança para trabalhar arbitrariamente, apropriando-se do Estado, patrimonialismo, neocoronelismo, nepotismos, tráficos de influência, violações à isonomia,ilicitações, pedras no caminho do princípio da eficiência, ironizado enquanto deficiência decorrente não de culpa consciente, mas de dolo eventual.
O terceiro elemento está relacionado a todos nós e se chama omissão. Medo, desapontamento, passividade, comodismo, desesperança. Nem mesmo os canais para as denúncias anônimas funcionam adequadamente diante da infecção omissiva. Todos assistem à “farra do boi”, aos maus tratos e à violação às leis e à moralidade, alguns até pagam para estar na platéia, mas poucos têm coragem suficiente para correr atrás, até mesmo dos seus próprios direitos quando continuamente violados.
Felizmente, há espaços de resistência como esta tenaz, valorosa e determinada Tribuna da Imprensa, com os seus combatentes heróicos (clássicos guerreiros de uma vida inteira) como os incansáveis corações de comentaristas e jornalistas, com focos de exemplar honradez em Carlos Newton e Hélio Fernandes.

Pastor Feliciano vai reabrir discussão da ‘cura gay’ na Câmara



Carlos Newton
Como se sabe, a pedido do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que alegou estar prevista “grande participação popular em agendas da Casa, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, deputado pastor Marco Feliciano (PSC-SP), cancelou a reunião que discutiria quarta-feira passada o projeto de lei da chamada “cura gay”. A decisão atendeu pedido do presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Nesta quarta, seria discutido o chamado projeto da “cura gay”, que altera o texto de artigos da resolução interna do Conselho de Psicologia, permitindo que profissionais da área possam promover o tratamento de homossexuais. A proposta é criticada pelo Conselho Federal de Psicologia.
Estava na pauta ainda a discussão do projeto de lei que pune a discriminação contra heterossexuais, de autoria do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo a Comissão de Direitos Humanos, o colegiado voltará a se reunir na próxima semana e os dois projetos devem voltar à pauta.
Desde que Feliciano assumiu a presidência do colegiado, as reuniões são marcadas por protestos de parlamentares e militantes de direitos humanos contrários à sua permanência. Mas ele diz que só sai depois que os mensaleiros petistas José Genoino e João Paulo Cunha, condenados no mensalão, deixarem a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

Médicos reclamam da ‘situação extrema’ das emergências nos hospitais do Rio



Vinícius Lisboa (Agência Brasil)


A falta de médicos em emergências de hospitais municipais, estaduais e federais foi o principal problema destacado hoje na abertura do 12º Congresso Médico dos Hospitais Públicos de Emergência do Rio de Janeiro, organizado pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj).
A presidente da organização, Maria Rosa Araújo, chegou a classificar a situação de “extrema” e o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Aloísio Tibiriçá, disse que uma das causas da deficiência é a falta de dinheiro. “Todos os problemas têm como pano de fundo a falta de financiamento para a saúde. A base da questão é o financiamento”, defendeu o cardiologista.
Aloísio Tibiriçá tratou também de questões corporativas. Disse que a desvalorização da profissão avança com o aumento do número de médicos temporários, com o pagamento de salários baixos e com as condições de trabalho precárias. “Há um limite para a vocação”, resumiu.
Outras críticas do representante do conselho foram contra o que chamou de várias formas de contratação adotadas principalmente pelo governo do estado. “Não é possível que haja profissionais com seis formas diferentes de contratação trabalhando em um mesmo hospital”, criticou Tibiriçá.
MERITOCRACIA???
A subsecretária de Unidades Próprias, Ana Lúcia Neves, discordou das críticas e afirmou que existem duas formas de contratação: a estatutária e a celetista, por meio de Organizações Sociais, Fundações de Saúde ou a Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde. Para ela, o modelo celetista aumenta a meritocracia: “Não nivela os profissionais por baixo, mas pelo mérito, pela capacitação e pelas responsabilidades que assumem”.
A subsecretária do governo do estado afirmou que o problema de falta de médicos em unidades de saúde não se dá pela falta de vagas, mas pela falta de interessados em preenchê-las. “Está havendo uma inversão, porque existem muitos postos de trabalho e poucos profissionais. Talvez porque sua formação não tenha sido adequada ou porque o mercado de saúde está muito ampliado. Não há pessoas interessadas em salários de R$ 6 mil, 7 mil e até 8 mil. Em qual profissão um recém-formado consegue um emprego com esse salário?”
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O governador Sergio Cabral e o prefeito Eduardo Paes privatizaram os serviços de saúde e instauraram o caos, misturando funcionários públicos e terceirizados em cooperativas fajutas, num mar de corrupção. É uma vergonha. (C.N.)

CHARGE DO THIAGO RECCHIA


Sou a favor da maioridade penal aos 16 anos, mas...


Posted: 10 May 2013 02:44 PM PDT
POR VANDERSON V. SOARES



Dias atrás o Baço explanou bem debochadamente, como lhe é típico, sobre a maioridade penal. Não concordo muito com o jeito que ele escreve, mas concordo com a essência do texto.
Enalteço abaixo que sou a favor da maioridade penal, mas se antes forem observados alguns outros pontos, que considero serem mais corretos e coerentes.

Sou a favor da maioridade penal de 16 anos, se...

1)   Houver uma grande chacoalhada no nosso sistema educacional. Nesta seara há muito que se fazer, seguem alguns pontos críticos:

a)    Revisão do programa didático: Atualizá-lo, aperfeiçoá-lo, adaptá-lo ao novo mundo que se faz mais próximo a cada dia. Excluir a disciplina de ensino religioso (um câncer conceitual no nosso sistema arcaico), inserir matérias como música, teatro, oratória, literatura, outro idioma além do inglês, criação de programas de iniciação científica, produção de conhecimento, etc.

b)    Programa de Inclusão: Não se contentar com um índice menor que 100% de crianças na escola. Criança tem que estar na escola. Ponto. Enquanto uma criança em idade escolar não estiver na escola, nosso sistema ainda será falho.

c)    Amplo incentivo à leitura: A biblioteca da escola não pode simplesmente ser uma salinha que fica no final do corredor mais sombrio. Tem que ser um espaço grande, com vários livros, disponíveis para empréstimo, com espaço para leitura, tanto dentro como fora da biblioteca. Promover concursos de declamação, leitura, produção literária, enfim.

Alguns meses atrás, tive a grata satisfação de participar de um projeto social que buscava o intercâmbio de cartas entre crianças do Brasil e da Romênia. Ambos os lados trabalharam em escolas públicas e as cartas eram escritas em inglês. Ao final do projeto, tive um sentimento ainda meio indefinido para mim, mas um misto de vergonha, compaixão, indignação e vontade de reverter esse quadro. As cartas das crianças da Romênia trabalhavam a escrita de maneira sensacional, detalhavam os pontos turísticos de suas cidades, falavam de costumes da sua região, contos da Romênia, enfim, um show de cultura e domínio do idioma. As crianças daqui, infelizmente, apenas conseguiam escrever seus nomes, onde moravam, e citar pobremente um ou outro ponto já batido do Brasil.

d)    Professor ser levado a sério: analisar, esmiuçar, preparar, dialogar um plano de carreira que faça o professor ter vontade de ser um professor cada vez melhor. Que os estudantes queiram ser professores, que os professores tenham incentivo para se aperfeiçoarem,  se especializarem, pós graduarem, enfim. Serem referências em suas áreas de conhecimento. Lembrando que quanto mais o professor se sentir bem sendo professor, mais a sua aula gerará resultados, mais preparará sua aula com vontade, com gosto, querendo que o estudante se encante pela sua disciplina.

2)    Se antes disso, incentivarmos os jovens a participarem ativamente de suas comunidades. Há tantos grupos associativistas juvenis que esculpem, dia após dia, tantos líderes e pessoas com iniciativa. Precisamos de gente inteligente, mas precisamos de gente inteligente com iniciativa também. O associativismo juvenil proporciona ao jovem, além de uma ampla oportunidade de desenvolvimento pessoal e profissional, a possibilidade da troca de ideias, do debate, das várias perspectivas. Esses grupos podem ser grêmios estudantis, clubes de xadrez, clubes de esporte, Interact Club, Rotaract Club, AIESEC, JCI, Leo Club, grupos de jovens locais, grupos de filosofia, enfim, há uma infinidade de grupos que o jovem pode, e deve, participar.

Vou me restringir a apenas estes dois itens que, por si só, já resolveriam uma boa fatia da criminalidade juvenil.  

Se mesmo assim, o menor for preso, defendo que deve ser enviado a um reformatório juvenil e não simplesmente para uma gaiola. O intuito é reinseri-lo na sociedade e não castigá-lo por anos a fio, de modo que quando saia esteja com mais raiva da sociedade do que quando entrou.

Na realidade, é isso que está faltando. Tratar o ser humano como ser humano e não partir da premissa que ele nasceu mau, mas sim que a sociedade, a exclusão social, o deixou assim. Antes que a extrema direita me acuse de “defender os bandidos”, devo lembrá-los que nem todos tiveram a educação, os privilégios e mordomias que vossos filhos tiveram. Apenas o que defendo é que tem muita, mas muita gente mesmo, não tendo o mínimo, o básico, para iniciar sua vida, para conquistar seu espaço na sociedade.

Valho-me das palavras de Mário Quintana, quando diz que "Democracia é oportunizar a todos o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, depende de cada um."